Todos os capítulos do Herança maldita: o lobo e a feiticeira: Capítulo 71 - Capítulo 77
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Amanda
Hellen me encarava visivelmente assustada. Me deu uma poção tão logo eu saí do banho e tratou de pentear meus cabelos que mais pareciam um ninho, de tão emaranhados que estavam.— Você nos assustou a todos nós. O mínimo que me deve é contar a história inteira e talvez assim eu te perdoe.— Estou com tanta raiva, Hellen — choraminguei. — Meu irmão é um idiota, mas o advogado dele...— Só conta a história, Amanda — ela disse, já sem paciência.— Tudo bem. — Respirei fundo, sentindo a raiva tentar me desanimar e o fogo correr por minhas veias. — Meu irmão e eu brigamos, mas não foi nada demais. Claro que eu fiquei com raiva na hora, e como o advogado dele estava lá, saí de casa com ele.— Com o advogado?— Sim, e foi a pior coisa que me aconteceu. Pensei que eu voltaria no mesmo dia para a escola, mas o infeliz me prendeu em sua casa e dispensou meus seguranças.— Está me dizendo que o bonitão 1 e 2 obedeceram um cara que nem é o patrão deles? — ela perguntou chocada.— Eu não sei como,
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Amanda
Eu nunca tinha escutado algo que parecesse tão perturbador. Sabia que meu histórico de amizades não era dos melhores, mas Hellen não me inspirou suspeita. Queria ouvir o que ela tinha a dizer e estava aberta a entender o seu lado, afinal ela havia me compreendido e não me julgava.— Diga, Hellen, vou te escutar. — Eu quebrei o sigilo da escola e descobri quem é o seu tutor. Eu fui atrás dele no dia em que você amanheceu no campus da faculdade.— Você o que? — perguntei incrédula.— Desculpa, Manda, mas eu estava preocupada com você. Fui até a Djovig Softwares, conversei com Ricardo e ele me contou tudo.— Tudo? — perguntei para ter certeza de que ela soubesse mesmo toda a verdade.— Tudo. Ele me pediu para cuidar de você, e mesmo que me odeie a partir de agora, foi o que eu fiz durante todo o tempo em que você saiu com Samara.— Você estava me espionando? — Senti minha raiva aumentar, mas a deixaria terminar antes de tomar alguma atitude precipitada. — Eu estava preocupada. Você fo
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Amanda
Senti meu pulso acelerar. Ricardo estava com Suellen e eu a odiava. Não suportava estar no mesmo ambiente que ela, mas precisava falar com meu irmão. Isso estava acima de qualquer ciúme bobo.— Ricardo vai se casar, já sei disso e a julgar pelo local onde estamos, eles estão juntos. — Sim, mas não é só isso, hoje é o dia em que ele a pedirá em casamento.Apertei minha mão na maçaneta do carro. Eu podia lidar com aquilo também. — Obrigado. Me espera aqui?— Claro. Não a deixarei mais, a não ser que me peça pessoalmente.Achei suas palavras tão fofas que o abracei. Saí do carro, respirei fundo e fui até o restaurante. Ao entrar, vi Ricardo e Suellen se beijando, mas não foi isso que fez meus sentidos apurarem e raiva tomar conta de mim.Ricardo me sentiu tão rápido quanto eu o senti. O lobo dentro dele se agitou e ele se levantou, deixando sua noiva confusa e provavelmente com muita raiva ao me ver. Eu não conseguia me aproximar, saber que todo meu pesadelo, meu trauma de infância não
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Amanda
Assenti calada. Um turbilhão de pensamentos passou em minha mente, mas logo a ideia de perder a única família que me sobrou me deixou nervosa. — Se não fizer por ele, faça por si mesma, porque assim que Ricardo morrer, você também estará com os dias contados. Que maravilha. Jerrilly foi muito esperto, não? Um louco, mas um louco esperto.— Tudo bem, faremos o ritual amanhã. Hoje não estou preparada para lidar com Ricardo, Suellen ou o lobo...— Tem uma coisa que pode ajudar.— O que?— As alianças dos seus pais.— Minha mãe tinha uma aliança? — perguntei surpresa. — Como eu nunca a vi usando?— Não era para você saber, menina. O caso é que essas alianças foram enfeitiçadas, de forma que nenhum outro feitiço pode passar por elas.— Por que Ricardo não havia mencionado isso antes?— Porque ele não sabe onde as joias estão, mas acho que sei onde podem estar.— Onde?— Na caixa que sua mãe deixou com as cartas de seu pai para você. Nunca a abriu, não é?Neguei com a cabeça. Eu havia me
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Amanda
Abri a caixa, espalhei todos os envelopes com as cartas de Jerrilly, mas não havia alianças no meio. Senti-me frustrada por um momento, mas meu amigo falou:— Talvez estejam dentro de algum desses envelopes, não custa nada olhar.Assenti e passamos a olhar todos os envelopes, mas nenhum continha as alianças. Senti que apenas perdi um tempo precioso e que eu não tinha procurando algo que não estava ali. Juntei tudo e joguei novamente com pressa na caixa, mas antes de fechá-la, Wendy falou:— Há mais uma aqui, Manda. E está lacrada. Meu coração acelerou. Uma carta lacrada entre as outras, a última carta que meu pai escreveu. A última carta e passei nove meses sem vê-la. Olhei para Wendy, que tirou a caixa de minha mão e se aproximou de mim. Tomei coragem e abri o envelope. Tirei o papel dobrado de dentro e o abri com as mãos trêmulas. A caligrafia de Jerrilly estava lá, tão legível e bonita, que parecia ter sido bordada no papel.“Amanda;Esta é a última carta que escrevo para você, e
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Ricardo
Mais uma vez minha noite não foi fácil. Amanda sabia sobre nós, ou pelo menos parte do nosso passado, mas não sabia tudo e isso era o que fazia a diferença. Cada mínimo detalhe da história contava e eu estava perdido. Mesmo que ela não tivesse atacado, mas fugido, não queria dizer que não faria isso na próxima vez que nos encontrássemos, ou pior, ela poderia me procurar e em uma luta mano a mano entre o lobo e a feiticeira, era óbvio quem morreria primeiro.Eu estava fraco, dentro de dois dias o pouco do feitiço que ainda restava em mim evaporaraia e naturalmente eu morreria. Augusto não me procurou a noite inteira, muito menos atendeu minhas ligações. Wendy e alguns de seus homens cuidavam de minha irmã, que também não tive notícias, e o lobo estava adormecido, então supus que estava tudo bem. Ainda assim passei a noite em claro. Um lobo, mesmo solitário, não podia vacilar. Assim que amanheceu, pedi a um dos meus homens a localização de Amanda e ao saber que ela estava no colégio f
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Epílogo - Amanda
Acordei com uma sensação estranha. Era como se algo estivesse me faltando. Passei a mão em meu pescoço e lá estava a fina corrente que Ricardo mandou fazer com a aliança de mamãe. Ainda assim, havia uma sensação de vazio em meu peito. Levantei-me e olhei pela janela, percebendo que já era noite.Durante a manhã do meu aniversário, ainda na madrugada, Ricardo e eu fizemos o ritual de sangue e foi nesse momento que descobrimos que deveríamos fazê-lo a cada 16 anos e enquanto o ciclo durasse, teríamos vida. Sempre pensei que essa coisa de imortalidade – embora não fôssemos imortais, mas quase isso – era para deuses e vampiros, não sabia que os feiticeiros podiam também desfrutar dessa dádiva.Por um momento imaginei o que aconteceria se minha mãe não tivesse morrido no acidente. Ela seria quase imortal também ou isso se aplicava apenas a mim por causa da minha peculiaridade com Ricardo?“A imortalidade não é garantida, então não vacilem em suas escolhas”, disse vovó antes de sangrar o m
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