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Todos os capítulos do Minha tentação usa terno: Capítulo 221 - Capítulo 230
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Um sequestro do passado
A noite chegou e eu não havia saído do quarto. Mesmo com meu estômago roncando e implorando por comida continuava ali, no mundo de Salma Hernandez, desde quando ela começou a escrever sobre tudo que acontecia em sua vida. “Não há como contar para minha mãe que o homem que a fode todas as noites me toca sem meu consentimento. E não é só pelo fato de que sei que ela não acreditará em mim. Mas porque nunca está sóbria para me ouvir. Por isso decidi contar para Babi, minha melhor amiga. E hoje, mesmo sentindo vergonha, tive coragem de compartilhar com ela o quanto Breno era nojento e desgraçado. Babi me convidou para morar com ela e Beatriz. Claro que ficou preocupada comigo. Mas eu não podia aceitar, embora quisesse muito. Beatriz dava um duro danado para sustentar as duas. Eu seria uma boca a mais. Sem contar que minha mãe e Breno sabendo que eu estava próximo, incomodariam a mãe de Babi e eu não queria tornar a vida de ninguém tão horrível quanto a minha. Elas também tinham seus probl
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Uvas Thompson Seedless
Robin pegou minha mão e me fez sentar novamente. A chama do fogo que aquecia o chocolate na panela de fondue iluminava seus olhos, fazendo a revelação ficar mais inverossímil.- Não sei se consigo... – Revelei.- Eu fiquei sabendo de tudo isto há pouco tempo, Malu. E quero compartilhar com você... Por favor. Precisamos entender o que aconteceu de fato.- Theo sabe de tudo isso?- Não. Isto é entre eu e você.- Mas... Heitor é pai dele também.- Eu estou revelando tudo isto porque é você, Malu. Não teria esta conversa com Theo, entende? Acha que também não tenho vergonha dos fatos? De saber que minha mãe viveu uma vida querendo se vingar por um homem que a traiu com todas as mulheres que cruzaram seu caminho?- Como... Maura soube de tudo?- Daniel prometeu ficar com minha tia depois que conseguisse o dinheiro do sequestro.- Mas ele não conseguiu o dinheiro.- Na verdade, ele nunca voltou depois que pegou você dos braços dela, quando ainda era um bebê.- E... – Incentivei-o.- Ela esp
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Uvas Thompson Seedless (II)
- Esta é Anya. – Anunciei, abaixando-me a procura do álcool debaixo da pia.- Boa noite, Anya Hernandes. Sou Robin Giordano.- O corno?Ele riu e balançou a cabeça, não respondendo.Ela arrastou a perna até a mesa e puxou uma cadeira, sentando-se:- Eu não trairia você em hipótese alguma, Robin. Aliás, quem trairia um homem como você?- Sua neta. – Ele mordeu o lábio e depois deu um meio sorriso, me olhando. – Acho que ela estava com algum problema quando me trocou pelo garoto.- Na cabeça, só pode. Mas sabe como é... Sou avó... Tenho o mesmo sangue que ela. Posso fazer o teste e dizer se você é bom mesmo de cama e chegar a conclusão do que fez de errado.- Onde tem álcool? – Perguntei.- Para que quer álcool?- Passar na senhora, dos pés a cabeça. E depois talvez Robin possa olhar na sua cara, após desinfetada. Já se olhou no espelho hoje? – ri – Ah, esqueci que não tem espelhos nesta casa.- Tem álcool na prateleira de cima da pia – ela avisou – Atrás das xícaras.O olhar de Anya na
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Não se afaste do telefone
Assim que consegui dispensar Robin, pus a velha debaixo do chuveiro gelado, para amenizar o cheiro horrível que exalava dela. Ela até tentava se soltar do meu poder, mas não conseguia, pois já não tinha muita força, além da imobilidade em toda a perna esquerda.Joguei meu shampoo sobre os cabelos dela, obrigando-a a esfregá-los. Ela reclamava e gritava:- A água está fria, porra! Você está tentando me matar, sua maldita?- Bata na parede que talvez a água esquente um pouco. Sugestão das suas netas, que você maltratou por uma vida inteira.Anya bateu a mão de leve na parede, não resolvendo a questão da temperatura da água.- Está me matando... A água está gelada. Pegarei uma gripe e morrerei.- Não morreu com um tiro, com uma queda, com uma pedrada e sequer com fogo. Não será um banho que a matará, Anya Hernandez. Aliás, você não deve ter sete vidas. Numa destas, seu corpo não resistirá.- O que eu fiz de tão mal nesta vida para merecer alguém como você no final dos meus dias?- Quem v
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Não se afaste do telefone (II)
Sem querer, gemi alto, sentindo os olhos arderem de tantas lágrimas, inclusive algumas caindo sobre a folha, manchando as palavras escritas à caneta de ponta porosa.Ela não teria contado a verdade... Em nome do amor que sentia por Bárbara. Deus, ela estava tão certa de que Heitor era o meu pai. Que porra havia dado errado?Voltei algumas páginas, tentando encontrar os homens com quem ela transou antes. Mas ali, naquele caderno, realmente era só sobre Heitor. Porque depois que ela fez o que fez com ele, não dormiu com outro homem a não ser Daniel.Meu telefone tocou. Limpei as lágrimas e atendi Theo.- Oi, Theo.- Por que você está chorando, Maria Lua? – a voz dele era preocupada.- Eu... Estou bem. - Cochilei por alguns minutos e acordei ouvindo seu choro. Irei até aí... Não aguento mais, meu amor! Não posso mais deixá-la continuar com esta loucura.- Theo, eu recebi os diários de Salma. E neste momento, estou sentada no chão do quarto de Sandro, lendo-os. Eu não sei onde estes cade
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Uma revelação
No dia seguinte, liguei para meu pai. Precisava ouvir a voz dele e Babi ou não aguentaria mais. Ficar ali somente com Anya e sem as meninas era entediante. Sem contar que em nada me ajudava no plano, já que a matriarca não era a cabeça dos Hernandez, pelo visto.Não tinha o que fazer a não ser esperar e esperar. E o tempo passava, e eu a maior parte dele lendo os diários e descobrindo quem foi Salma Hernandez, praticamente trancada dia e noite no quarto.- Oi, pai.- Tentei ligar para você inúmeras vezes. E não atendeu.- Não recebi as chamadas, pai. – Achei estranho.- Já faz um tempo que partiu. Quando pretende vir nos visitar?- Em breve, juro.- E será uma visita ou posso esperar seu retorno oficial para casa?Mordi o lábio, confusa:- Eu... Estou estudando, pai.Ouvi o suspiro dele do outro lado da linha:- Sabe que amo você, não é mesmo?- Sim.- E que nada, repito: “nada” do que fizer, poderá esconder de mim.Meu coração acelerou e senti um frio na barriga:- Não sei... Do que
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Uma revelação (II)
Assim que encerrei a ligação, fiquei incerta sobre o que sabiam ou não. Passei toda minha vida ao lado deles. Mal saía para viajar sozinha, só se fossem lugares próximos, que não exigiam muito tempo longe. Sequer tive coragem de morar no apartamento que me deram, para não deixá-los. Claro que eu dependia muito mais deles emocionalmente do que eles de mim. Por isso a decisão de ir morar em Noriah Sul por um tempo me abriu a possibilidade de independência, mesmo que tivesse Theo. Aliás, só aceitei ir porque ele me acolheria. Porque eu era dependente e viciada nos Casanova.Ou seja, eles me conheciam perfeitamente, talvez mais do que eu conhecia a mim mesma.Voltei para os diários, que relatavam abuso sexual e psicológico de Breno contra Salma Hernandez. Na primeira vez ela tinha de 13 para 14 anos e foi em sua cama, no mesmo quarto onde ela dormia junto dos irmãos. Ele a havia tocado sob as cobertas, tapando sua boca, impedindo-a de gritar ou pedir por ajuda.Depois disso houveram outra
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Irei até o fim
Na manhã seguinte levantei e fui diretamente ao quarto de Anya. Já passava das 10 horas e ela ainda estava deitada e roncava feito um trator.- Anya? – Chamei com tom de voz alto e ela sequer deu sinal de vida.Abaixei-me e a empurrei com força, movendo-a de um lado para o outro. Anya abriu os olhos e logo os fechou novamente, o odor de álcool chegando até mim.Vi a garrafa vazia ao seu lado e não era de uísque. Vodca, pura, provavelmente tomada no gargalo. Como ela conseguia, no auge dos seus mais de 70 anos ou quase isso?Como aquela mulher bebia tudo aquilo e seguia ali, viva, enquanto meu pai esperava na fila de transplante por um rim?Eu precisava saber sobre o bebê que Salma teve. O que ela havia feito do filho ou filha? Teria deixado num orfanato? Dado para alguém criá-lo com dignidade, longe dos Hernandez ou teria entregue a criança à Anya, a mulher que destruiu a vida de todos os filhos?Afinal, teria Salma realmente tido a criança?Se Salma tivesse dado a luz a um filho e en
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Irei até o fim (II)
- Qual o seu nome, bebê?Ele me olhou e continuou chorando. Comecei a balançá-lo e perguntar em ritmo musical:- Qual seu nome, bebê?Ele começou a rir, ainda com as lágrimas escorrendo pelo rosto, incerto sobre como reagir. Passei a rir também e pular com ele pela casa, pegando a mãozinha pequena e macia, cantarolando as possibilidades de nome que ele poderia ter.Depois de uns quinze minutos dançando feito uma doida, fui procurar algo para lhe dar de comer. Dentre as poucas coisas que havia na despensa, optei pelo leite.Eu era uma babá de graça para Daltro, que trabalhava enquanto eu cuidava da criança que era sua responsabilidade.Suspirei e toquei o rosto, ainda ardido da bofetada. Ele pagaria pelo que fez. E o preço seria caro. Ficou nítido que ele sabia que eu estava ali somente para infernizá-los. E não estava disposta a voltar para casa. Já havia aguentado um bom tempo. Agora era só esperar o “grand finale”: pegar meu dinheiro de volta, já que ninguém o havia gastado, saber a
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Foda-se
Despertei com a porta do quarto abrindo, arrastando no chão desnivelado, fazendo um som infernal. Abri os olhos com dificuldade, ainda sonolenta. Sentei rapidamente ao ver o rosto de Daltro.Ele pôs o bebê sobre a minha cama e disse, com a voz aterrorizante e que me amedrontava sempre:- Cuide do bebê. Preciso trabalhar.- Que horas você volta?- Tem compromisso? – perguntou ironicamente – Voltar para seu castelo encantado com um carro cor de rosa na garagem?- Aqui é o meu castelo. – Debochei.- O que quer, afinal?- Quero saber o que foi feito do dinheiro que lhes dei.- Não é problema seu.- Quero saber onde está o seu irmão caçula, filho de Breno.- Não lhe diz respeito.- Quero saber quem é a família do bebê.- Ouvi dizer que ele tem o mesmo sangue que você. E que corre o risco de ser sua única herança Hernandez depois da morte da “vovó Anya”. – Debochou.- Me diga a verdade.- Você daria uma boa detetive. Pena que é idiota... E mulher.- Não sua concepção machista, mulheres não
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