Início / Romance / Danças Noturnas / Capítulo 21 - Capítulo 30
Todos os capítulos do Danças Noturnas: Capítulo 21 - Capítulo 30
36 chapters
E a Helena descobre
Nos dois dias seguintes alguma coisa na expressão da Lwkwakwa deu a entender ao Betinho que ela não havia apreciado a aventura noturna. Tudo nos seus modos recentes indiciava que escondia vingança.Mas, por causa do medo de ser descoberta, a Lwkwakwa ficou por esses dois dias consecutivos solitária, evitando toda tentativa de aproximação com pessoas conhecidas, o que constituiu preocupação para a Helena que tinha vindo ela própria ao encontro da outra.A Helena tinha vindo muito cedo, pelas sete horas da manhã, mas numa altura em que o Betinho já havia saído para o serviço. Entrou pelo portão do pequeno quintal da amiga, apressada, e sem saudar falou:- Já não me procuras mais, amiga!? Por acaso eu te fiz algum mal?Porém, a Lwkwakwa estava surpreendida pela vinda inesperada da Helena. A presença da amiga transmitiu-lhe uma ambival
Ler mais
Segunda tentativa de estupro
A Helena começava a trabalhar às 7 horas e saía pelas 17, às 18 horas ia para a escola de onde voltava pelas 22 horas. Era curioso que com tantas tarefas assim ela ainda fosse capaz de ter tempo para fazer as suas proezas sexuais. Não se tinha limitado de nada por causa do seu recém adquirido estatuto social, tal como já se referiu, ela continuava a divertir-se como antes. E mesmo assim, o seu desempenho no trabalho e na escola era excelente. Era uma mulher livre que sabia usufruir a sua liberdade. Não queria se casar, nunca tinha pensado em tal. Mas preferia entregar-se em orgias constantes e ou colectivas com quem lhe apetecesse. Fazia-o com jeito e cada vez mais com alguma experiência. Todos os homens que com ela se metiam colavam-se a ela por muito tempo, querendo sempre mais. Até quando ela os dispensava, enxotando-os e ou substituindo-os por outros.Nessa altura a Helena se tinha tornado muito famosa,
Ler mais
Frente-à-frente: Helena e Betinho
Desde que a Tchilombo estava hospitalizada, era raro baterem à porta àquelas horas da noite e o Betinho imaginou que podia ser por motivo que tivesse a ver diretamente com ele, como dono da casa, e ficou agitado pensando que fosse alguém a pedir asilo ou a querer informar-se sobre o estado clínico da Tchilombo; fosse o que fosse, só serviria para embaraçar os seus planos para mais uma noite de prazer sexual.Assim ele levantou-se num ímpeto, muito antes que a Lwkwakwa pudesse se mexer. A criança que esteve a dormir mexeu-se um pouco quando a porta foi batida, mas não despertou. Mal abriu a porta o Betinho apanhou um susto quando descobriu de quem se tratava. Não acreditava que ela soubesse de alguma coisa, mas a presença dela ali, por si só, constituía motivo de ameaça e era digna de desconfiança. Portanto, antes mesmo que tomasse completamente conta da situação, duas impetuosas cabeçadas bem disferidas já lhe tinham atingido o rosto e agitado a razão; foi violentamente impeli
Ler mais
A Helena prepara a amiga para o primeiro ato
Algum tempo mais tarde as coisas tinham voltado ao seu estado normal na casa do Betinho. A esposa tinha voltado, trazendo consigo mais um novo ser a endossar o superpovoamento do Kalohombo; e ele tinha inventado de improviso uma pequena estória para justificar a causa das mazelas que ainda conservava no rosto. Sobre o sucedido ele tinha-se justificado precipitada e amavelmente mal vira a esposa chegada em casa, visando impedi-la de questionar à Lwkwakwa. Dissera que tinha enfrentado um acidente de moto quando um imprudente Kupapata o trazia do serviço, numa certa tarde. A Tchilombo, ingénua que continuava a ser, só ficou um pouco espantada pela repentina afabilidade que o esposo agora manifestava, mas tinha engolido sem macas e com algum agrado a estória que este contara e a tinha considerado verídica; não passou pela sua imaginação buscar mais fontes de informação. Aliás, para uma mulher como ela, esse procedimento era maçante e desnecessário, são coisas para homens.A c
Ler mais
Finalmente a Lwkwakwa conhece a casa do namorado
E quando o dia marcado para o encontro com o namorado tinha chegado, a Helena entregara-lhe a chave do carro alegando que não sairia nesse dia e que a amiga estivesse, assim, à vontade durante todo o dia para usar o carro com o namorado.- Surpreenda o teu namorado, amiga. Não esperes que venha ele te buscar, assim vais tornar o encontro mais excitante! – Tinha dito à amiga, enquanto se despediam.Quando entrou na casa do Henriques, uma enorme casa que este tinha recentemente alugado, a Lwkwakwa ficou maravilhada com o cenário que este estava montando, especialmente no quarto de dormir, para a ocasião. Ficou inebriada de alegria. Ela tinha-se imiscuído despercebidamente na sua casa, e quando o Henriques deu inadvertidamente por ela, apanhou um repentino susto e perdera por alguns instantes a compostura. Não esperava realmente pela sua vinda voluntária; ele já tinha preparado o dinheiro para as
Ler mais
Dia de gratificação
Após a conversa pós coito ela levantou-se, vestiu-se com vaidade para o namorado ver. Estava tarde e tinha de se ir embora para a casa.- Preciso de ir-me embora, os meus parentes podem estar à minha espera para preparar-lhes o jantar.- Está bem, meu amor. Por enquanto vai, mas vamos arranjar formas de acabar com essas tristes despedidas. Queria tanto que ficasses cá pela noite toda ou pela vida inteira! – Disse suavemente este, olhando com ternura para a namorada que se vestia.Para a ocasião a Helena lhe tinha aconselhado para se vestir bem. E agora ela estava ali realmente bem vestida, o que deixava o namorado cada vez mais desejoso dela. Sua roupa interior era atraente, eram pequenas fitas vermelhas que atravessavam o busto e a púbis em linhas sedutoras. A saia também era linda, apertava os quadris e realçava a protuberância das nádegas e anunciava o monte de vénus. Os calçados eram de um feitio simples mas caro, a Helena os tinha escolhido num certo dia numa
Ler mais
Amor é sexo, o resto é mentira
- Diz-me lá, amiga, ele fode bem? – Rompeu assim o silêncio, a Helena.- Ele… - A Lwkwakwa gaguejava; não conseguia se adaptar àquele linguajar libertino da amiga, pois os ensinamentos que recebeu na infância lhe tinham traumatizado – sim, ele é bom de cama. – Acabou proferindo.- Oh, amiga! Que é isso? Depois vais querer dizer também que “eu o amo com todo o meu coração”, mesmo sabendo que estás feliz por causa de uma boa foda, e que a satisfação ou o amor que agora sentes é fruto das atividades dos teus órgãos eróticos e não do teu coração. – Falava pausadamente – A partir de agora tu já és adulta. E tens de te adaptar à linguagem adulta. Porquê fingir mais? Usar de eufemismos e hipocrisias só vai inibir o teu entusiasmo. Você mesma sabe que to
Ler mais
O alambamento
O subúrbio Kalohombo crescia num ritmo incontrolável, justamente no cú do olho de uma das mais prestigiadas cidades do país; havia novas construções em todos os cantos, de cimento e de terra simples. Esse aumento de construções precárias devia-se ao seu constante crescimento demográfico. Muita gente nascia, apesar de muita outra que morria. E cada vez mais a água escasseava, a energia elétrica também só acendia de vez em quando. Havia montões de lixo em becos e à beira das estradinhas que drenavam o bairro. As mesmas estradas estavam ficando cada vez mais decrépitas e acidentadas…No período em que caía chuva, o bairro se transformava em um pantanal. Moscas, mosquitos, baratas e morcegos perseguiam as pessoas a todos os sítios. E o calor intenso que a estação chuvosa causava servia como justificação para as mulheres, jovens e adultas, que se exibiam seminuas pelas artérias do bairro.Quando não caía chuva havia a poeira, uma poeira doentia que ameaçava corroer e macu
Ler mais
Os nus do Kuito-Bié
É comum que depois do alambamento o namorado ganhe mais direitos para com a sua amada e assim também a própria podia beneficiar de muitas liberdades sociais, eximindo-se das restrições a que as jovens são submetidas quando atingem a mocidade; e a Lwkwakwa tinha ganhado mais liberdade de se movimentar depois que o Henriques havia formalizado o relacionamento. A alegação de visitar o Henriques legitimava muitas das suas saídas. Assim passeava mais e aos fins-de-semanas costumava conduzir com a Helena quando saíam para passear ou quando a amiga autorizava ela a usar o carro para visitar o namorado. Por outro lado, um dos direitos fundamentais que o namorado ganhara através do alambamento era o de visitar a namorada em casa desta sempre que lhe aprouvesse ou fosse necessário. E o Henriques era sempre bem-vindo à casa do Betinho. Tanto o Betinho como a Tchilombo gostavam dele e o recebiam com alguma reverência porque sabiam que ele era um homem ilustrado, que frequentava a Universidade.
Ler mais
A Helena adoece
 Foi nessa altura, depois da viagem ao planalto central, que a Helena começou a se queixar da sua saúde. Primeiro fazia febres e dores de cabeça. Ela não gostava de ir ao hospital porque não tinha confiança no sistema de saúde que vigorava e tentou aliviar as dores com medicamentos adquiridos numa pequena farmácia dali no bairro. Mais tarde passou a tossir muito e sentia a coluna e o peito a doerem. Até essa altura já os pais intervieram e a levaram ao Hospital Geral. Os médicos não conseguiram detetar alguma doença, mas tinham-lhe passado uma prescrição. Tomou os medicamentos, a situação tinha abrandado um pouco, mas voltou a piorar mais tarde. A tosse piorou, começou a expectorar abundantemente; perdeu o apetite e emagreceu. Muitas vezes era acometida com o problema de falta de ar. Depois levaram-na a uma das famosas clínicas da cidade.
Ler mais