Todos os capítulos do Os Dias Escuros de Grace - Volume II: Capítulo 21 - Capítulo 30
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Capítulo 20
Londres, Inglaterra Domingo, 23 de setembro de 2018 Pego os cupcakes que fiz durante a noite e me preparo para ir até o ponto de ônibus. Irei me encontrar com Natan para o jantar. — Tem certeza de que não quer que eu te leve? — Hannah ri, balançando a cabeça ao me ver sofrer para equilibrar tudo. — Estou bem — respondo. — É apenas uma pequena caminhada até o ponto de ônibus. Ela abre a boca para falar algo, mas se cala e assente. Ela sabe que gosto de usar o ônibus quando preciso pensar. — Tenha cuidado, ok? Te vejo mais tarde. Sorrio em resposta. Felizmente, eu não precisei esperar muito tempo. Quando chego no ponto, o ônibus para na minha frente. Faço uma chamada de vídeo com Angela assim que me sento no banco. — Que dia horrível — ela reclama ao atender, parecendo esgotada. Angela está organizando e encaixotando suas coisas para a mudança. — Eu preciso de uma cer
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Capítulo 21
Londres, Inglaterra Domingo, 23 de setembro de 2018 Quando chego ao apartamento de Natan, ele abre a porta antes de eu bater. O jogo já está passando na TV. Natan sorri para mim e entro na sala de estar. Coloco os cupcakes na mesa de café. Os olhos de Natan se arregalam quando vê o curativo: — Grace, o que aconteceu com a sua mão? — Foi só um pequeno acidente no forno — dou de ombros. — Mas você está bem? O olhar em seu rosto sugere que ele não está falando da minha mão. Ele está preocupado, ou talvez apenas curioso. — Eu não quero falar sobre isso. — Ele é um idiota — Natan acrescenta. Forço um sorriso. Não importa o quanto eu concorde com ele, não consigo reagir. — Onde estão todos? — pergunto, mudando de assunto. — Foram buscar a comida. Tinham dito que demoraria uma hora e meia para a entrega, e então foram buscar. Mas é só o Will e o Louis. Ele toma
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Capítulo 22
Depois de terminar o curativo, respiro fundo, pronta para dizer a todos que estou cansada e que irei embora. Mas antes que eu saia da cozinha, Natan para na minha frente e me lança um olhar. — Você não vai embora — sussurra. Aprecio o gesto, mas eu não quero que as coisas fiquem estranhas para os outros. — Eu só acho que é melhor- — Sente com Louis — responde. — Eu acho que ele vai precisar de ajuda para comer aquela comida. — Tudo bem — respondo. — Mas eu vou ser aquela que vai sair se as coisas ficarem estranhas. Ele suspira, mas concorda. Atravesso a sala, e faço questão de evitar Harry. Ele está sentado no sofá ao lado de Will, com a cara fechada e emburrado. — Isso é tão bom — Louis suspira. Ele pega um pacote com hashi na mesa e os entrega para mim, com um sorriso suave. Eu não sei como vou segurá-los. Sou destra, e essa mão está temporariamente fora de serviço. — Você gosta de comida chinesa? — Louis me pergunta
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Capítulo 23
Londres, Inglaterra Segunda-feira, 24 de setembro de 2018 Na manhã seguinte, retiro a gaze da minha coxa e a jogo no lixo. Minha pele arde e repuxa conforme tiro o algodão que estava embaixo da gaze, que grudou no sangue seco. A lembrança do quanto me cortei ontem à noite, me vem à mente: me cortei com força. O jeito como tive que enfiar a lâmina, com rapidez, para abrir a pele e depois arrastar... eu só queria fazer um rio para me afogar. A dor é aguda e abafada ao mesmo tempo; fechei meus olhos com força; uma respiração acelerada saía pelo nariz. Dói para caralho, dói, dói muito. Mas, quando o sangue veio, tudo ficou mais calmo. É um alívio. Sei que preciso parar de me cortar, mas a dor física abafa a dor que há dentro de mim. *** Decido me concentrar nas garotas, e me certificar de que estava dando a elas toda a minha atenção. Eu não estou mais com raiva, estou triste. Só conheço Harry há al
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Capítulo 24
Escada. As cicatrizes nas minhas coxas parecem degraus de uma escada. Eu passo os dedos com creme, dos joelhos até o alto das coxas. Quando termino de passar, meu telefone toca. — Hey Natan — atendo no segundo toque. — Grace, my beauty, estou indo aí para- — Não — digo. — Quer dizer, estou ocupada. — Mas eu estou entediado! Por favor, Grace! Eu sinto falta da minha velha amiga. Coloco o celular no viva voz, e me levanto. Esfrego minhas mãos no rosto e ignoro o quanto elas estão trêmulas. Meu corpo está começando a ficar quente. Estou com medo. Estou com medo do que comecei a fazer comigo mesma. Isso não é certo. — Tenho certeza que você tem outros amigos. — Angela está do outro lado do oceano! — Natan choraminga. Fico em silêncio. — E eu sei que você está sozinha aí nessa casa! Você me disse ontem que Hannah ia viajar. Suspiro, principalmente porque ele está certo. — E
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Capítulo 25
Londres, Inglaterra Hackney, 21 de novembro de 2008.   — Damian! — Minha mãe gritou e entrou no quarto, tentando tirar o cinto das mãos dele. Mas o sargento a empurrou. Mamãe agarrou o cinto mais uma vez e conseguiu arrancar dele. — Seu monstro! — gritou ela, horrorizada e correu para mim. Ela segurou meu rosto com as suas mãos macias, beijou minha bochecha ferida e empurrou delicadamente meus cachos, que cobriam meus olhos inchados. — Mamãe, está tudo bem — menti, fungando. — Não defenda esse merda, sua p**a! — O sargento gritou e a levantou, puxando seus cabelos. — Não ouse chamá-la desse jeito! — gritei. Quase não acreditei que as palavras que eu tinha escrito, estavam saindo da minha boca. O sargento me olhou desconcertado. Então ele empurrou minha mãe em direção à porta e ela gritou quando caiu no corredor. <
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Capítulo 26
Harry Londres, Inglaterra 21 de novembro de 2008 Eu gostava de ler e escrever no meu quarto, depois da aula e antes dos treinos com o sargento. Eu amava escrever, porque eu nunca podia falar mais do que “sim” ou... “sim”. E eu precisava falar as palavras que havia na minha cabeça, elas nublavam minha visão e inundavam minha mente. Esse era o meu segredo e eu gostava disso, significava que eu estava desafiando o sargento em algo, mas eu poderia ser punido se ele descobrisse. Quando eu era punido, ou era uma surra com o seu cinto ou com socos e chutes. Os cortes e contusões ficavam na minha pele por semanas e eu fazia o possível para escondê-los da minha mãe. Mas às vezes eu não prestava atenção e ela os via, então eu mentia dizendo que tinha sido desastrado e havia caído ou batido em algo sem querer. Comecei a ficar muito bom em mentir... A verdade é que Jay Gatsby, de West Egg, Long Island
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Capítulo 27
Ouvi os passos do bêbado descendo as escadas. — Seu monstro! — gritei com toda a raiva que eu tinha armazenado nos últimos anos e pulei contra ele, com a faca na mão, atingindo-o sem parar na barriga. Enfiei a faca profundamente uma última vez. O sargento engasgou e caiu de joelhos, olhando para mim com os olhos arregalados. — Você é meu filho mesmo — sussurrou e sorriu. Quando puxei a faca para fora dele, vi a vida deixar o seu corpo e ele caiu para o lado. Minhas mãos tremiam. Elas estavam sujas de sangue. Agora eram mãos imundas que finalmente fizeram algo contra meu pai; não apenas algo, elas o mataram. E mesmo depois de todos esses anos de ódio e fúria engarrafados, eu me senti ainda pior. Eu senti como se tivesse me tornado ele. Ouvi um soluço e ergui os olhos. Becky estava na porta, aterrorizada. Ela então olhou para mim e depois para as minhas mãos, como se eu fosse a coisa mais nojenta e vergonhosa mundo. — Be-becky — gagueje
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Capítulo 28
Londres, Inglaterra Quarta-feira, 26 de setembro de 2018 — Você foi para a terapia? — Harry pergunta, pegando uma batata frita e passando no ketchup. Depois que saímos do parque, compramos um lanche antes de virmos para o apartamento dele. — Sim — respondo, com a boca cheia. — A terapeuta não fala muito, apenas me pede para falar sobre a minha vida e faz suas anotações — dou de ombros. — Mas tem sido bom. Senti como se um peso tivesse sido tirado do meu peito. — Estou feliz por você — ele sorri e continua: — Estou muito orgulhoso de você, Grace. Fico em silêncio, e só então percebo o quão hipócrita tenho sido. Não contei para ele o que tenho feito comigo mesma. Ele nem sabe sobre o meu passado. — E você? Foi na terapia? — pergunto. Ele fica em silêncio por um tempo antes de responder: — Sim, tenho ido. Eu acho que só preciso me esforçar um pouco mais para me consertar — Harry di
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Capítulo 29
— Você estava estranho na semana passada, e perguntei o motivo... você disse que era o trabalho. — Eu ia te contar... não queria que você se envolvesse nisso, mas... Eu estava esperando que você fosse comigo hoje. Não quero esconder nada de você. Não mais. — Claro que eu vou — respondo e fecho os olhos, com sono. — Que horas temos que ir? — Ele marcou para depois do almoço. Aninhando-se mais perto dele, suspiro. — Que bom. Porque eu não quero levantar. Então Harry passa o dedo do pé dele na sola do meu pé. Afasto rapidamente. — Isso faz cócegas? — Harry pergunta. Não preciso abrir meus olhos para saber que ele está sorrindo. — Sim — murmuro. — Mantenha essas pedras de gelo longe de mim. — Eles não são tão frios. — Até Natan acha que eles são — murmuro. — Ele deveria estar acostumado com o frio... A namorada dele é frígida. Meus olhos se abrem e meu queixo cai. — Hey! Ela não é — c
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