Londres, Inglaterra
Hackney, 21 de novembro de 2008.
— Damian! — Minha mãe gritou e entrou no quarto, tentando tirar o cinto das mãos dele. Mas o sargento a empurrou. Mamãe agarrou o cinto mais uma vez e conseguiu arrancar dele. — Seu monstro! — gritou ela, horrorizada e correu para mim. Ela segurou meu rosto com as suas mãos macias, beijou minha bochecha ferida e empurrou delicadamente meus cachos, que cobriam meus olhos inchados.
— Mamãe, está tudo bem — menti, fungando.
— Não defenda esse merda, sua p**a! — O sargento gritou e a levantou, puxando seus cabelos.
— Não ouse chamá-la desse jeito! — gritei. Quase não acreditei que as palavras que eu tinha escrito, estavam saindo da minha boca. O sargento me olhou desconcertado. Então ele empurrou minha mãe em direção à porta e ela gritou quando caiu no corredor.
<Harry Londres, Inglaterra 21 de novembro de 2008 Eu gostava de ler e escrever no meu quarto, depois da aula e antes dos treinos com o sargento. Eu amava escrever, porque eu nunca podia falar mais do que “sim” ou... “sim”. E eu precisava falar as palavras que havia na minha cabeça, elas nublavam minha visão e inundavam minha mente. Esse era o meu segredo e eu gostava disso, significava que eu estava desafiando o sargento em algo, mas eu poderia ser punido se ele descobrisse. Quando eu era punido, ou era uma surra com o seu cinto ou com socos e chutes. Os cortes e contusões ficavam na minha pele por semanas e eu fazia o possível para escondê-los da minha mãe. Mas às vezes eu não prestava atenção e ela os via, então eu mentia dizendo que tinha sido desastrado e havia caído ou batido em algo sem querer. Comecei a ficar muito bom em mentir... A verdade é que Jay Gatsby, de West Egg, Long Island
Ouvi os passos do bêbado descendo as escadas. — Seu monstro! — gritei com toda a raiva que eu tinha armazenado nos últimos anos e pulei contra ele, com a faca na mão, atingindo-o sem parar na barriga. Enfiei a faca profundamente uma última vez. O sargento engasgou e caiu de joelhos, olhando para mim com os olhos arregalados. — Você é meu filho mesmo — sussurrou e sorriu. Quando puxei a faca para fora dele, vi a vida deixar o seu corpo e ele caiu para o lado. Minhas mãos tremiam. Elas estavam sujas de sangue. Agora eram mãos imundas que finalmente fizeram algo contra meu pai; não apenas algo, elas o mataram. E mesmo depois de todos esses anos de ódio e fúria engarrafados, eu me senti ainda pior. Eu senti como se tivesse me tornado ele. Ouvi um soluço e ergui os olhos. Becky estava na porta, aterrorizada. Ela então olhou para mim e depois para as minhas mãos, como se eu fosse a coisa mais nojenta e vergonhosa mundo. — Be-becky — gagueje
Londres, Inglaterra Quarta-feira, 26 de setembro de 2018 — Você foi para a terapia? — Harry pergunta, pegando uma batata frita e passando no ketchup. Depois que saímos do parque, compramos um lanche antes de virmos para o apartamento dele. — Sim — respondo, com a boca cheia. — A terapeuta não fala muito, apenas me pede para falar sobre a minha vida e faz suas anotações — dou de ombros. — Mas tem sido bom. Senti como se um peso tivesse sido tirado do meu peito. — Estou feliz por você — ele sorri e continua: — Estou muito orgulhoso de você, Grace. Fico em silêncio, e só então percebo o quão hipócrita tenho sido. Não contei para ele o que tenho feito comigo mesma. Ele nem sabe sobre o meu passado. — E você? Foi na terapia? — pergunto. Ele fica em silêncio por um tempo antes de responder: — Sim, tenho ido. Eu acho que só preciso me esforçar um pouco mais para me consertar — Harry di
— Você estava estranho na semana passada, e perguntei o motivo... você disse que era o trabalho. — Eu ia te contar... não queria que você se envolvesse nisso, mas... Eu estava esperando que você fosse comigo hoje. Não quero esconder nada de você. Não mais. — Claro que eu vou — respondo e fecho os olhos, com sono. — Que horas temos que ir? — Ele marcou para depois do almoço. Aninhando-se mais perto dele, suspiro. — Que bom. Porque eu não quero levantar. Então Harry passa o dedo do pé dele na sola do meu pé. Afasto rapidamente. — Isso faz cócegas? — Harry pergunta. Não preciso abrir meus olhos para saber que ele está sorrindo. — Sim — murmuro. — Mantenha essas pedras de gelo longe de mim. — Eles não são tão frios. — Até Natan acha que eles são — murmuro. — Ele deveria estar acostumado com o frio... A namorada dele é frígida. Meus olhos se abrem e meu queixo cai. — Hey! Ela não é — c
Sexo não é algo que eu tinha pensado muito antes, eu só queria estar com alguém em quem eu confiasse. Eu não preciso que seja como em um conto de fadas, ou algo elaborado demais para que seja romântico. Eu só preciso estar com ele, alguém que me faz sentir como uma pessoa completamente diferente apenas por tocar meus lábios. Com uma respiração instável, deslizo minha mão por seu peito, passo por sua barriga, e paro com minha palma pressionada contra sua cueca boxer. Seus olhos se abrem, com uma expressão de pânico. — Eu não quero parar — sussurro. — Grace- Beijo-o rapidamente. — Eu não quero parar. Prendo-o em outro beijo, e ele geme contra a minha boca enquanto eu movo minha mão contra ele, cautelosamente, porque quando se resume a isso, eu não tenho ideia do que fazer. — Eu não... — Harry suspira. — Eu não estava esperando isso quando pedi para você vir aqui. Balanço a cabeça, beijando-o novamente. — Eu sei —
Aceno com a cabeça, mal conseguindo ouvi-lo sobre o batimento alto e rápido do meu coração. — Sim, tenho — finalmente respondo. Guiando-se para dentro lentamente, ele entra em mim. É mais desconfortável do que doloroso. Levo um momento para me ajustar à sensação. — Você está bem? — pergunta. Balanço a cabeça de novo, incapaz de encontrar as palavras. — Eu vou devagar — Harry murmura contra o meu ouvido, e espera eu concordar para se mover em um ritmo agonizante. O olhar de dor no seu rosto sugere que ele não está acostumado com essa velocidade. — Como está? Tudo bem? — Tudo bem — respondo. Não está doendo. É novo e desconhecido, algo que levará algum tempo para me acostumar. O que sei é que essa velocidade não está funcionando para mim também. — Eu acho que você precisa ir mais rápido. Ele acelera - não muito - mas o suficiente para esquecer a pressão monótona que zumbia em mim. — Eu não estou te machucando, estou? — Nã
Quando Harry vira em uma rua, fico perplexa: Kensington Palace Gardens, onde ficam algumas das propriedades mais caras do mundo. Harry continua a dirigir, e poucos minutos depois, estamos diante de portões ornamentados, de metal cinza fosco, fixados em uma parede de arenito de mais ou menos uns cinco metros de altura. Harry para o carro e digita uma senha no teclado ao lado, e os portões se abrem. Na nossa frente, há uma rua larga o suficiente para dois carros. De um lado, uma área densamente arborizada e do outro, um vasto jardim e um chafariz. É lindo e absolutamente tranquilo. A pista faz uma curva e se abre em uma calçada na frente de uma mansão de estilo mediterrâneo, impressionante. Harry estaciona na frente da enorme garagem e respira fundo antes de sair do carro. Subimos as escadas da entrada e Harry abre a grande porta de madeira escura e me guia pelo corredor, até estarmos na cozinha. — Harry — diz uma voz baixa atrás de nós. — George — Harr
— Grace! — Pulo da cama, com o grito de Hannah vindo do andar de baixo. — O que foi? — Harry pergunta rapidamente, um tom alarmado em sua voz. — Eu... eu não sei — corro escada abaixo, ainda com o telefone pressionado na orelha. — O que está acontecendo? Ignoro-o, e arregalo os olhos para Hannah e sua irmã. Elas estão de pé no meio do hall de entrada, Hannah segurando a barriga. Há uma poça muito visível aos seus pés. — Oh, meu Deus! — grito. — Grace?! O que diabos está acontecendo?! — O bebê vai nascer! Te ligo depois — desligo e corro para ajudá-las. — As contrações começaram? Ajudo Judith a conduzir Hannah para a sala. — Sim, começou — Hannah responde, com uma careta de dor. — Eu não tinha certeza de que eram contrações, então não disse nada. Mas agora... Agora eu tenho certeza. Ju e eu a ajudamos a sentar-se no sofá. — Ligaram para a doutora? — pergunto e Hannah a