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18 chapters
Amor, querido
— Eu sou egoísta, não sou?   — Não, não é.   — Eu me sinto como um egoísta se sentiria...   — Está enganado então.   — Todos os dias eu pareço ter problemas mais insignificantes... Dar atenção a eles é ser egoísta, certo?   — Acho que não.   — Mas veja...   Ela continua balbuciando coisas sem sentido, verdadeiramente posso dizer que não estava se escutando, talvez só queira ouvir a própria voz e ter respostas para questões pequenas. Tudo bem, eu vou dar atenção a cada sílaba, como sempre.   Gabriela encara o teto, fazendo caretas para seus próprios pensamentos, eu a olho atentamente, pois se tornou um passatempo divertido acompanhar suas linhas de raciocínio confusas. Deitados um ao lado do outro, sobre o chão frio do meu quarto, horas se passam, dobradas por divagações simples e superficiais.   É
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Amor, efemero
Quantas horas se passaram desde que comecei a olhar para esses blocos de madeira? Talvez dias, pois, para mim, o tempo é tão significante quanto uma folha que cai de uma árvore qualquer. Acho que vi o céu se colorir de azul, laranja, roxo e preto consecutivamente por intermédio das portas da varanda, então presumo já ter se passado um tempo considerável, porém de nada me adiantou, pois nem uma única fagulha de inspiração surgiu.   Antigamente era tão simples para mim criar esculturas com uma vasta gama de materiais, afinal, não é à toa que me consideravam um gênio. Porém, agora, olhar minhas ferramentas enfileirados a minha frente não é o suficiente para me animar. Antes eu adorava a textura da madeira e a variedade notável dos muitos tipos que se pode encontrar por aí, até mesmo o cheiro levemente incômodo da serragem era bem-vindo. Eu me orgulhava de ter sempre as melhores ferramentas e em perfeito estado; claro, era um pouco ciumenta com minhas coisas também,
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Amor, nossas cartas
— Vai sim! — Já disse que não! — Não seja estraga prazeres, essa é sua grande chance de ser notada por algum garoto. — Eu já disse que não tenho interesse nisso! De um lado, estava Mirela, nitidamente emburrada enquanto mastigava alguns palitinhos de queijo, do outro, escancaradamente irritada, Luiza continuava olhando com desprezo as folhas de papel em sua frente, organizadas ao lado de envelopes bonitinhos, adesivos e canetas coloridas. Em plena véspera de Dia dos Namorados, após conseguir fugir várias vezes de Mirela, Luiza acabou ficando sem desculpas e agora estava presa naquela situação. Na verdade, conhecendo a amiga, ela sabia que Mirela realmente só queria companhia, mas exigir que Luiza fizesse uma carta de amor para alguém estava fora de cogitaç&ati
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Amor, nosso egoísmo
Toda a noite ele estava ali, sentado em frente aquela branquidão, horas perdidas a esmo só observando atentamente um pedaço de linho cru. Nada, nem uma única nesga de criatividade lhe dava as boas-vindas. Por fim, seus olhos começavam a arder, pedindo descanso, mas a mente continuava tentando buscar cenas ou motivos que preenchessem aquela tela como sempre fez com naturalidade.   Seu erro era continuar no habitual? Seria bom desenhar apenas alguma banalidade? Florestas? Animais? Pôr do sol? Nada, nada lhe apetecia o paladar, deixando apenas a indigestão de um estômago vazio.   E ele vagava, em loop, do quarto à pia do banheiro, do quadro branco ao espelho, do pincel à água gelada; até que seu corpo não soubesse mais outro caminho. Movimentando-se como uma espécie de zumbi, ele só iria parar quando alguém — aquela pessoa — chegasse novamente, igual fazia todas as tardes, também tão robótica quanto o próprio rapaz.   Seus
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Amor, nosso sonho
Por um segundo, Sandra pôde sentir um golpe de dor em algum lugar de seu corpo, porém, quando seus olhos se abriram, tudo parecia normal. Bem, talvez "normal" não fosse a melhor palavra, pois ela não se recordava do quarto onde acordou. Estava deitado sobre uma cama grande e espaçosa e o chão era de tatame liso e claro, tudo tinha um ar de comodidade, sem sons altos e banhado pela luz que vazava pelas janelas.   Isso era estranho, Sandra se lembrava de estar na faculdade para fazer um trabalho que vinha adiando há um tempo, porém o ambiente não carregava o mesmo frio que os corredores da universidade guardava. Na verdade, algo marcante circulando aquele local era o forte aroma de chá.   De repente, um som alto atrapalhou os pensamentos da jovem. Havia alguém mais ali? Se aquilo era uma hospedaria, então provavelmente deveria ser um de seus amigos? Quem sabe ela desmaiou de cansaço após fazer o trabalho e seus colegas a levaram para um motel
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Amor, desgraçado
De costas, não se vê nada de mais em você; é só uma garota — mais uma estúpida garota — no auge de todo o estrogênio, tão inocente quanto uma noviça. Mesmo de frente, não há muito o que apreciar, é só outro belo rosto, nem seria motivo de disputa em botequinho, muito menos digno de causar uma guerra entre a Grécia e Tróia, pois beleza até uma meretriz tem.   Meretriz, que sinônimo eufemístico para descrevê-la. Você é uma puta, com todas as letras: P-U-T-A. Ah, estou errado? Que outra classe de mulher se deixa tocar por qualquer tipo de homem? Esse é seu problema: vestida — seja de frente ou de costas — é só mais uma mulher, mas quando suas roupas caem, essas bocas e dentes impressos na sua pele a entregam e a condenam. Condenação feita às pressas — até por mim mesmo —, sem embasamento, pois nessas cicatrizes não há nada de vergonhoso. Estou me contradizendo, mas já aprendi que sentimentos confusos são normais para você, então por que não mais alguns? &nb
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Amor, nosso segredo
Eu não deveria ter vindo, definitivamente não deveria ter saído de casa assim que recebi aquela mensagem. Foi imprudente da minha parte, a necessidade me fez de bobo e cegou meus olhos, desta forma, não demorou mais do que algumas falas trocadas a beira das duas da manhã para me convencer de que era uma excelentíssima ideia deixar o conforto do meu lar e me aventurar numa das ruas mais movimentadas da cidade apenas com um endereço em mãos.   Ela disse que estaria me esperando no Café et Thé, uma cafeteria, pelo que me parecia ser, e uma das mais simples e discretas. A fachada era totalmente feita de tijolos queimados e contava com uma pequena vitrine com bolos artificiais expostos na frente. Entrando, não vi mais do que sete mesas e um punhado de cadeiras com porta-guardanapos no centro. Era totalmente impossível não se sentir apreensivo naquele momento.   “Mande chamar o gerente” lembro-me das mensagens daquela pessoa, “Diga que está procur
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Amor, obrigado
Uma baforada congelante flutuou ao redor do rosto de Bruno, afastando os poucos flocos de neve que voavam livres pela cidade.   Era finalzinho de dezembro, mas as luzes ofuscantes conseguiam afastar um pouco do frio. A véspera natalina e de fim de ano sempre parecia remexer com cada canto do país e a maioria das pessoas estavam em suas casas, confortavelmente desfrutando daqueles dias de inverno junto aos familiares, todavia Bruno era diferente, afinal, após tantas reuniões na casa de seu avô materno, ele só queria fugir do resto da família.   Além do mais, Bruno tinha a desculpa perfeita para escapar, afinal, ele precisava entregar algo a uma certa pessoa antes da meia-noite, como mandava a tradição natalina. Particularmente, Bruno não ligava para celebrações em geral, porém decidiu fazer uma exceção só daquela vez.   Voltando ao tempo real, o moreno chegou ao apartamento que tanto visitou nos últimos tempos, espanando
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