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Emma                Quando acordei ainda estava escuro, mas havia uma luminosidade diferente refletindo no chão do quarto. Demorei alguns minutos para perceber que a janela havia sido aberta.                Me sentei rapidamente, ainda sem a camisola, e vi Francisco parado na frente da janela. Ele estava somente com a calça, olhando para o lado de fora.                - Francisco? – chamei baixo.                Ele se virou no mesmo momento e veio até mim. Agora eu conseguia ver seu rosto, e a expressão era mortalmente confusa de se interpretar. Ele parecia feliz, mas ao mesmo tempo tomado por uma agonia.     
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Emma                 Francisco seguiu dirigindo por um longo tempo, e eu cochilei um pouco, embalada belo balanço do carro e o som do motor. Parecia o melhor descanso do mundo desde quando o conheci.                - Já vamos parar. – a voz dele me despertou por completo, então me acertei no banco.                - Onde? – observei ao redor.                Estávamos entrando no que parecia um pequeno povoado. Havia algumas casas, pessoas andando de um lado para o outro com cavalos e crianças correndo pela terra. Todos viravam a cabeça para olhar o veículo, levemente interessados.    
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Emma                O casamento aconteceu assim que chegamos de volta à casa, cerca de seis horas da manhã.                Minha mãe me enfiou o vestido amassado e sujo com rispidez, enquanto eu chorava e implorava para que me tirasse daquele lugar. Ela nem mesmo me dirigiu a palavra, parecendo nauseada.                Não havia todos os convidados, a maioria tinha voltado para casa depois do vexame, não teve entrada de braço dado com meu pai e nenhum sorriso. Ninguém se preocupou em disfarçar a raiva e decepção comigo, principalmente Heitor.                Assim que a cerimônia acabou, meus pais der
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Emma                Como, depois de três meses, Heitor não voltou até o quarto onde eu dormia, estava me sentindo mais tranquila em relação a isso. Já não ficava acordando a cada som que escutava, imaginando que seria a porta abrindo.                Meu marido pouco me olhava e não costumava falar comigo. Isso não me incomodava, quase me deixava feliz naquelas circunstâncias, mesmo tendo a certeza de que seria temporário.                Meus pais também não haviam vindo visitar, então eu não tive minha mãe para perguntar sobre as coisas estranhas que andava sentindo, e não me sentia à vontade para conversar com Alice, já que se
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Emma                Não senti nenhuma grande expectativa ou alegria durante a gestação, posso até dizer que me senti um pouco apática. Não que eu não sentisse amor pelo bebê, ficava realmente animada quando ele chutava, mas no restante do tempo pensava no quanto minha vida ficaria ainda mais presa à Heitor.                A situação se agravou quando a gestação começou a se aproximar do final e eu já não tinha mais tanta disposição para andar pela propriedade. Ficar quase o tempo todo em companhia dos outros membros da casa me deixava ainda mais para baixo.                Ainda havia a preocupação com Francisco. Se ele
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Emma                A ideia de Francisco me deixava bem pouco à vontade, mas precisei concordar que parecia ser a que nos daria mais chance de êxito. Eu não poderia correr, nem pular, nem escalar árvores, então esconder deveria ser mais fácil.                O esconderijo dele era um local minúsculo, no chão, bem abaixo de sua cama. Feito por falhas no chão de madeira, mas que agora poderia ter alguma serventia.                Claro que ele não poderia ficar lá embaixo comigo. Primeiro porque, com a minha barriga, não haveria lugar para dois e, segundo, porque ele precisava empurrar a cama para o lugar novamente.         &
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Emma                 Fui colocada em uma cama dura que ficava em um outro cômodo sem portas, e adormeci quase de imediato, cansada demais para tentar entender as palavras que Francisco e Antónia trocavam aos sussurros.                 Cedo demais, fui acordada pela mão grande, mas muito delicada, de Francisco tocando meu ombro. Ainda parecia um sonho que ele estivesse mesmo comigo.                 - Precisamos ir, meu amor. – sussurrou depois de me dar um beijo na testa.                 Levantei, cansada demais, e percebi que ainda estava escuro.                 - Quanto tempo eu dormi?                 - Apenas umas duas horas.<
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Guilherme               Soltei o caderno de minha mãe apenas quando li a última página. Não consegui desgrudar os olhos das palavras, minha cabeça absorvendo a história da minha vida que ninguém nunca havia contado.                Ao meu redor haviam copos vazios e pratos com migalhas. Todas as coisas que eu havia consumido noite a dentro enquanto virava página após página com o coração acelerado.                Ergui os olhos. Logo iria amanhecer.                Deitei no sofá com os olhos ardendo e a cabeça doendo ainda mais do que no início do sábado. Se eu soub
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Guilherme                Voltei para o carro arfando.                Eu tinha acabado de interromper o casamento de dois completos estranhos. Talvez as pessoas estivessem perguntando para Emanuele quem era o maníaco, sujo e mal arrumado, que tinha protestado.                Afundei no banco com as mãos no rosto. Eu precisava me acalmar e focar no que era realmente importante. Emanuele não estava se casando e eu poderia conversar com ela sobre o que havia descoberto, e depois pedir desculpas pela cena que tinha criado.                Desci do carro poucos minutos depois porque precisava respirar, e claro, evitar os olhares curiosos dos convidados quando s
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Emanuele                A festa de Ester e Martim foi perfeita, tão animada que quase me esqueci do aparecimento de Guilherme e de suas palavras confusas. Será que era verdade? Que nós dois éramos primos e não irmãos?                Cansada por todo o trabalho da semana, fiquei aliviada ao ver os convidados partindo em seus carros quando o sol começou a descer no céu. Eu precisaria de um longo descanso depois de toda a preocupação em fazer aquele dia o mais perfeito possível.                - Tudo bem com você? – minha irmã passou pela porta da frente após se despedir de uma porção de parentes de Martim.     
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