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                 Abri os olhos e pareciam ter se passado anos. Espreguicei jogando os braços para cima e rolei para ficar de barriga para baixo. Tinha sido o melhor sono em tanto tempo que eu não conseguia nem mensurar. Estava completamente descansada, relaxada e renovada.                Me levantei e afastei as cortinas para abrir a porta que levava para a varanda. Já havia escurecido e apenas a lua iluminava as árvores ao redor. Eu podia me acostumar com aquela paisagem, viver longe do caos da cidade parecia ser muito bom.                - Senhorita... – escutei a porta se abrir e dei um pulo. Eu tinha trancado, não tinha?                Quando me virei meu
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                - Acorde, senhorita. – a voz me fez dar um pulo – Desculpe. – ela pediu diante do meu espanto.                Sentei na cama, a cabeça confusa pela noite mal dormida, e dei de cara com Gabriele.                - Gabriele, e sua mãe? – perguntei num impulso, confundindo minhas memórias.                - Ah... – por um instante pensei que Angélica pudesse ter morrido por causa do tiro, mas depois as memórias começaram a surgir lentamente – Meus pais morreram num acidente de carro. – Gabriele completou instantes depois numa voz meio frágil – Meus pais adotivos estão trabalhando...&nbs
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                Enquanto voltava para casa depois de me despedir de Luciana, eu ainda estava com um sorriso no rosto. Tinha certeza de que Lucas, no meu outro mundo, se comportaria da mesma forma se eu fosse mais aberta e menos receosa.                Quando estávamos juntas, todas as preocupações pareciam pequenas porque eu sabia que ela sempre me estenderia a mão se eu precisasse. E claramente ela se sentia da mesma forma em relação a mim.                A pose irritada e a aparente falta de vontade de falar comigo, eram apenas manifestações da chateação dela por termos ficado afastadas e por acreditar que eu poderia ter me tornado uma pessoa diferente.         &n
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                Enquanto comemos pizza sentados no sofá assistindo um filme, qualquer preocupação foi varrida da minha mente. Apenas curti o momento familiar, que não acontecia há tanto tempo, como se fizéssemos isso sempre.                Deixei minha mente fantasiar que tudo aquilo sempre esteve ali ao meu alcance. Uma vida sem grandes preocupações, a família unida no final do dia e uma pessoa legal com quem conversar.                Luciana... Era inevitável pensar nela, seu rosto ficava pipocando na minha mente de tempos em tempos.                - Vou passar alguns dias fora. – a voz de meu pai me levou para fora dos meus pen
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                Assim que eu abri os olhos duas sensações terrivelmente fortes me atingiram quase que simultaneamente, fazendo com que o ar me faltasse e eu me sentasse de um pulo na cama.                Primeiro, a dor que parecia que partiria minha cabeça, segundo, a lembrança dos olhos castanhos brilhantes e intensos da garota que eu conhecera na noite anterior.                Claro que eram conhecidos, vinham de um passado distante. Os olhos de Daren.                O pânico foi seguindo pelas minhas veias até meu coração, fiquei em dúvida se meu coração acabaria explodindo com a força dos próprios batimentos, ma
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                - Você não respondeu se está bem. – Marco disse no que pareceram horas depois.                - De certa forma sim. – sussurrei em resposta.                Não estava machucada só com o nariz dolorido, mas minha mãe estava caída na casa e eu não sabia se ia sobreviver. Sem contar que eu não sabia o quanto Gabriele estava machucada por causa daqueles monstros. E meu pai e Luciana estavam por aí, perdidos em algum lugar.                - Como me achou? – perguntei um tempo depois.                - Pela janela da garagem. Eu j&
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               Saí novamente da casa, era impossível ficar com meu pai e fingir que não tinha nada acontecendo. Mamãe estava fora de perigo, mas a mágoa e a dor da traição não estavam esquecidas.                O sol começava a baixar no horizonte assim que entrei na floresta, com um pouco de medo pelas sombras que se formavam, mas decidida a ir até a casa de Luciana.                No fim das contas, não foi difícil de encontrar. Pouco tempo depois me deparei com duas casas simples de madeira, construídas quase lado a lado.               A casa de Luciana e de Marco. Ambas mergulhadas na escuridão, com nenhuma porta ou
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                Quando acordei e vi o teto, fiquei confusa. Parecia que eu estava dormindo há muito tempo, muito mais do que as horas que estava habituada.                Me endireitei no sofá, alongando o pescoço dolorido e procurei o relógio na parede:  três horas da manhã. Nossa, eu devia ter caído no sono assim que cheguei.                Olhei a janela, afastando levemente a persiana cinza chumbo com os dedos. Lá fora a lua estava cheia, majestosa, iluminando a cidade completamente silenciosa.                Meu olhar percorreu a rua lá embaixo, observando alguns carros estacionados. A cena familiar me soou um pouco estranha, mas afas
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