Chorei. Algo estava muito errado. Os dedos de Mogli vieram a minha mente, dedos pálidos e veias azuis. Os lábios também, rachados, um pouco cheios e levemente corados. Os cabelos negros escorregando para dentro da banheira enquanto eu os cortava, tentando dar forma, manter tudo na mesma proporção. As laterais ficaram mais baixas do que eu gostaria, e, mesmo curtos, ainda cairiam sobre seus olhos, cinzas, nebulosos, tristes e doces.Estamos perdendo o que fizemos voltar.Não me atropele dessa vez... Talvez, se eu o fizesse, as coisas voltassem ao normal. Eu poderia sair, comprar cervejas e encher o velho cantil de latão com algo ácido, que derretesse a garota como sulfúrico. Poderia ligar o som do Nissan até que os alto-falantes explodissem. Acordaria dois dias depois, com a boca amarga e a visão turva, com fome e mal cheiro. Não lembraria de nada, do CD que havia se repetido até cansar, das danças sobre o sofá, de como a mesa foi parar entre duas ro
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