— I- Ivan. — Sem opção pra objeção, pelo jeito sem opção pra fuga, também. — Aonde você...?
— Só cala a boca! — Mandou, autoritário, e ele obedeceu. Incrivelmente, sem a menor contestação, ele simplesmente não falou mais nada até Ivan o empurrar consigo pra dentro do banheiro, o prensar na parede e segurar seu rosto numa única mão: os dedos espremendo suas bochechas. — "Você tá cagando pra mim"; "você ficou assim do nada", "você está frio comigo"; o que foi isso, hein, Vinícius?!? — Falou entre dentes. — Tá querendo me deixar puto ou sua intenção foi mesmo me deixar excitado?!
— E- excitado?... — Corou fortemente; Ivan colando s
Olhar pra si pode ser perturbador às vezes; principalmente quando você se sente uma bagunça, olhar pras próprias pupilas contraídas dentro das íris no reflexo do espelho pode ser o mesmo que olhar para um infinito de escuridão e vazio: um verdadeiro inferno.— É porque são janelas muito pequenas. — Haroldo lhe explicava. — Sabe, os olhos são janelas muito pequenas, então parece que é tudo um grande vácuo, mas se você olhar pra dentro com o coração... Aí sim. — Ele sorriu-lhe, aquele sorriso que fazia seus lábios parecerem, sim, a fina silhueta de um coração. — Aí você vê um universo todinho, com as nebulosas mais brilhantes e coloridas que se possa imaginar.—
— Esquece o que aconteceu ontem, ok? — Fabrício falou com toda a despretensão do mundo, fechando seu armário e jogando a mochila nos ombros.Vinícius poderia simplesmente ter aceitado a sugestão, e, de fato, apenas deixar tudo pra lá, mas não foi o caso. Era demais pra sua cabeça Ivan estar todo emburrado com ele de uma hora pra outra e Fabrício fingindo que ele era um nada depois de o procurar chorando e pedindo um beijo de consolo.— Esquece o caralho. — Foi então sua resposta enquanto puxava o mais novo pelo pulso e o virava pra si a força. — Ontem rolou alguma coisa entre a gente, e eu não vou deixar de lado, você que lute.— Vinícius, escu- hm! — Ele passou
— Ok, 28 vezes é demais. — Ivan já chegou no quarto reclamando. — Tudo bem que eu demoro um pouco pra responder, mas 28 é demais. — Encostou a bolsa num canto e pôs a chave em cima da sua mesa, suspirando. — Se você está bem, e não aconteceu nada de grave, não me ligue 28 ve- Vinícius! — O roommate o abraçou apertado de repente, e ficou ali agarrado nele, como um coala. — Tá... Talvez você não esteja realmente bem.— Eu precisei. — Disse, esfregando levemente a testa na curva do seu pescoço. — Precisei... Que você viesse pra casa. Eu quero conversar com você.— Hu... — Ivan o abraçou de volta pela cintura e andou com ele até baterem os joelhos na cama, o inclinando
— Mais uma vez.— Nã- não, Ivan, eu já disse. — Cobriu o rosto em chamas com as mãos. — A- aliás... Nós estamos resolvidos agora, né? A gente po- pode sair da cama agora, certo?— Você que pensa. — Disse; a voz chorosa há um segundo agora aveludada e grossa, seu rosto após choro inesperada e fodidamente sexy.— Ivan... — Tentou se afastar quando Ivan voltou a ficar de quatro sobre si; a língua passendos despretensiosamente nos lábios fartos e os olhos estreitos fixos nos seus, as pupilas dilatadas, os cabelos negros suados sobre a testa: fora de contexto, parecia até que Ivan estava prestes a comê-lo, tipo, literalmente; um predador incansável que finalmen
— Aonde você estava? — Perguntou quando sentiu o colchão afundar do seu lado; perguntar "por que chegou tão tarde?" não adiantava mais mesmo, não ia nem tentar.— Aonde você acha que eu estava? — Ivan retrucou com impaciência, puxando o edredom pra cima das pernas e o abraçando por trás, ao que ele só abraçou mais o próprio travesseiro. — Mh?— Em algum lugar que eu deveria saber, talvez? — Olhou pra trás de soslaio, vendo Ivan revirar os olhos, mesmo sob a luz fraca do abajur. — Você não estava na academia até essa hora, Ivan! Nem tenta mentir pra mim que você não consegue!— E alguma vez eu tentei? — Mesmo com raiva na voz, Ivan d
— Droga, você tem dedos tão pequenos. — Vinícius finalmente quebrou o gelo com uma risada embargada. — Vem cá.— Mgh! — Vinícius o puxou pra si com as mãos no seu rosto, e ele fez o mesmo com as mãos no rosto dele. — Você é muito...mh... muito chato.— E você é insuportável. — Passou os braços pelo seu pescoço. — Mas eu te amo tanto... tanto... Mmg... — Apertou o abraço, ao que Ivan passou um braço pela sua cintura. — Tanto, amor, eu te amo tanto!...— Eu te amo mais. — Ele disse, sério, como se fosse uma confissão, e muito secreta, andando com ele até tropeçarem ao pé da cama e caírem
— Então vocês vão mesmo...— Não, claro que não, ele só... — Os olhos de Ivan encheram de lágrimas, de novo; ele virou um gole de cerveja da caneca grande na boca pra disfarçar, mas foi tão afoito que deixou um pouco de bebida escapar no canto. — É claro que a gente não vai divorciar, ele só quer... Morar... Sozinho...— E não é a mesma coisa? — Jean perguntou, ao que ele bateu a caneca tão forte na mesa que a cerveja pulou pra fora numa onda.— E eu sei lá se é a mesma coisa, tô pouco me fudendo, o que importa é que eu vou cuidar dele, não importa aonde ele esteja. — tomou o que sobrou da cerveja, apesar de mais da metade esta
Estavam fazendo exatamente um ano de namoro, e poderia parecer muita pressa pra quem ficasse sabendo que aquela seria a forma extravagante de comemorar a data, mas os dois rapazes tinham uma promessa, e estavam levando muito a sério: iam se casar, um ano depois, se o namoro desse certo por todo esse tempo; e deu mais certo do que poderiam imaginar. Mas, mesmo assim, Vinícius...— Estou nervoso, — Mesmo prestes a unir laços eternos com seu melhor amigo e namorado Vinícius estava uma pilha de nervos, literalmente tremendo nas bases. — Estou nervoso, meu Deus! O que eu faço?!? Yuri, me ajuda, eu tô nervoso, o que eu faço?— Respire. — Yuri aconselhou.— Respire? Como assim, "respire"? Eu já estou respirando, não estou?&nbs