05

Érica não teve uma infância fácil também, foi criada pelos avós, seu pai assim como o meu morreu a alguns anos, e a mãe de Érica ainda é viva, mas vive isolada, numa depressão profunda pela perda do seu par, muitos dizem que ela não vai durar muito mais, não come, não sai, apenas fica no quarto, só quem entra lá é a avó de Érica, é triste vê-la no estado em que está, mas hoje é dia de alegria.

Caminho um pouco pelo lugar, vejo muitos rostos, mas não sinto nada, acho que não será dessa vez, decido tomar um pouco de ar, saio pelas portas duplas e caminho para fora, onde tem um jardim que dá na floresta que cerca nossa matilha, respiro fundo o ar puro e gelado e minha loba enlouquece sem mais nem menos, olho para o lado e lá está ele, olhando para o jardim a sua frente, todo elegante, com roupas finas e claras, ele bebe seu drinque e respira fundo sentindo meu cheiro, meu coração acelera a mil, meu peito sobe e desce rápido, tento descer o olhar mais não consigo, é mais forte do que eu, ele sente o cheiro no ar e olha diretamente pra mim, “merda” sussurro, sabendo bem o que vem pela frente, ele me encara e seus olhos ficam pretos e retornam, com seu lobo me reconhecendo como par, minha loba também o reconhece, minhas pernas tremem e assim que olho nos olhos dele sei que será impossivel, ele é da elite, e pior, é o futuro alfa da matilha do norte, Matt continua a me encarar e eu a ele, seu rosto fica indecifrável quando ele se vira e vem caminhando devagar em minha direção como um predador atrás de sua caça, começo a recuar sabendo bem de todas as leis da matilha, ele me puxará lá pra dentro e me rejeitará sem nem pensar duas vezes, minhas pernas tremem e tento ao máximo me controlar, abro as portas e me apresso em buscar uma saida, entro no meio de várias pessoas esbarrando em algumas, eu preciso mesmo sair daqui, corro para fora do grande salão e sem pensar, tiro os saltos na calçada e corro o mais rápido que posso para casa.

Quando finalmente chego em casa, tranco a porta e me encosto nela ofegante ainda da corrida, passo as mãos pelo rosto sem acreditar ainda no que aconteceu, a deusa da lua só pode estar de brincadeira comigo, me destinar logo ao futuro alfa, uma ômega jamais foi luna da nossa matilha, somos tajados de fracos, só prestamos para servir.

Respiro fundo e sigo para o quarto, tiro meu vestido e entro no chuveiro, tento me controlar, mas minha loba está completamente enlouquecida em minha mente, querendo que eu tivesse ficado com o nosso par, mas é algo impossivel, e sei que mais dias ou menos dias, a rejeição irá acontecer.

Saio do banho e seco meu cabelo com a toalha, enquanto minhas lágrimas caem mesmo sem eu querer, me deito e fico pensando em como seria uma vida ao lado do Matt, não o conheço bem, nem nunca troquei sequer duas palavras com ele, mesmo assim, imagino uma vida feliz ao lado do meu par, mesmo que em sonho, adormeço.

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