Já se passaram 23 dias desde que comecei a fazer a Prova da Gratidão e hoje voltamos para a Ilha da Coroa, pois amanhã é o Canto das Sereias, minha coroação. Se eu disser que não estou nervoso, com certeza é mentira. Minha barriga dói, minhas pernas tremem só de pensar nesse evento sagrado, não só para mim, mas para todos que vivem em Aurora.
Preciso agradecer mais vezes a Franco por não ser meu criado, e sim meu grande amigo, que sempre me conforta e me acalma quando estou aos nervos.
Sento-me defronte à penteadeira e fito-me no espelho. Meu cabelo está maior, preciso cortar e ficar mais apresentável para a coroação.
Ouço batidas na porta.
– Entre!
Sei quem é.
Franco é o único que bate na porta do meu aposento e fala comigo, os demais funcionários do castelo não consegu
Uma bela manhã, mas não deixo de estar muito nervoso e com dor de barriga. Se ela estivesse cheia, com certeza estaria, neste exato momento, sentado no vaso sanitário colocando tudo para fora. O que me deixa um pouco confortável e mais tranquilo é saber que os Guardiões estão aqui no castelo e o barulho que fazem é muito notório e divertido.Sento-me defronte à penteadeira, vestindo a roupa de dormir, e começo a praticar o discurso que ensaiei com o Franco... falando nele, ele poderia aparecer para me tranquilizar mais, porém, com Sebastian aqui pegando em seu pé, ele fica afastado e só aparece quando eu o solicito...Levanto-me, vou até o lado da cama e puxo a corda que toca o sino na sala dos serviçais.Não demora muito para que eu ouça batidas na porta. Aproximo-me dela e a abro. Franco olha-me com os olhos brilhando. Com certeza, esta
– Se eu disser que não estou nervoso, com certeza estarei mentindo. – Todos riem. – Confesso que pensei inúmeras vezes em fugir, em voltar para meu mundo. Não por causa de vocês, mas por causa de mim mesmo, que sempre fui causador de problemas e meu principal talento era ser grosso com todos. – Umedeço meus lábios. Levanto-me. – Mas tudo isso mudou quando conheci de verdade este lugar fantástico. Quando o tornei a minha realidade e principal família. Não estou aqui em Aurora para ser centro das atenções, e sim dá-la a vocês. Não estou aqui para usufruir da realeza, e sim presenteá-la a vocês.“Eu sempre me senti sozinho, isolado de tudo, sem lugar para ir, sem um mundo que eu pudesse chamar de meu, sem um lugar para chamar de lar. Meu único amigo era meu gato e até ele às vezes ia embora. Tinha a Elisa tamb&eacut
Depois que a Rainha Soraia deixa o castelo, o clima no ambiente muda completamente. Ficamos em silêncio. Sento-me no trono e encaro os Guardiões, que retribuem o olhar. De verdade? Não faço a mínima ideia do que fazer ou falar.Estou eu sozinho ou estão ao meu lado? Fico perguntando-me isso, já que a pessoa que estava ao meu lado me respaldando sempre, tornando-se meu amigo engraçadinho, resolveu me usar e me trair, mostrando-me que sou apenas um mimado solitário.A Rainha Soraia está ao meu lado, isso me conforta um pouco, mas não estou conformado, preciso saber como ele foi capaz de fazer isso comigo. Preciso saber o que lhe fiz para guardar tamanha indiferença, abrir a boca para falar coisas sentimentais e depois me apunhalar pelas costas.Se o que ele sentia por mim fosse correspondido, eu estaria realmente fodido, por retribuir um sentimento falso. A fa
Sebastian tem me evitado. Costuma ir agora à biblioteca fazer suas pesquisas sem mim. Diz que sou muita distração para qualquer um que estiver com foco e concentração, mas eu sei bem o que está acontecendo. Ele está vendo que também sou uma pessoa legal para se fazer amizade e não quer que isso venha a acontecer, então dá as costas como um covarde.Ele fez muito isso durante a Prova da Gratidão.Não vou correr atrás de alguém assim, vou continuar minhas buscas com ou sem ele.Vou até a biblioteca já à noite, enrolado em um hobby azul. O castelo é iluminado por vários lampiões. Abro a grande porta do mar de livros e encontro a solidão. Dou um breve suspiro desapontado. Por mais que eu diga que não ligo, sinto um pouco a falta de Sebastian ao meu lado, fazendo essas pesquisas cansativas.
O que significa profecia? Quando não estou focado em algum livro sobre poderes e habilidades, pego-me pensando profundamente nas palavras que Filipe falou para mim quando o encontrei comendo aqueles lindos peixes voadores, os Crukys. Ele fez muito isso durante a Prova da Gratidão.Quando dois corações se encontrarem, o destino de tudo estará selado com sangue. Quando o amor parecer ser o maior inimigo, a fé que estava apagada acenderá com o uivo do lobo de toque celestial.A vontade que tenho é de também pedir ajuda a Sebastian, para juntos decifrarmos essas palavras que podem de alguma forma nos ajudar no que estamos procurando tanto.Ouço batidas na porta do meu aposento, levanto-me, caminho até ela e a abro.– Achei! – Sebastian atravessa a porta rapidamente, sentando-se em uma poltrona.– O quê, exatamente? &
A sensação que tenho é de que o tempo está brincando comigo. Quando parece que vai acelerar, me tortura terrivelmente dentro desse castelo. Estou exausto de tanto praticar alguns dos meus poderes novos e Sebastian parece estar mais entediado que eu. Só vive falando de como os seus companheiros estão precisando de sua ajuda, mas prefiro ficar aqui com ele, morrendo de tédio, do que sozinho.Deitado em meu aposento, esperando o sono da noite chegar até mim, tenho uma ideia um pouco louca. Eu posso usar meus poderes para sair daqui sem realmente sair. Posso brincar com Sebastian. Abro um grande sorriso e sento-me na cama.Em posição de meditação, respiro fundo, fecho meus olhos e concentro-me no que desejo fazer. Quero entrar na cabeça da Sebastian e levá-lo para lugares a que eu sempre quis ir, mas não consegui, por medo ou por repreensão dos meus pais.
Um beijo apaixonado fala mais que milhões de palavras bonitas. Um sentimento perigoso precisa ser vivido para que o sujeito se avigore a cada decepcionar. Beijar o Sebastian sempre fora um desejo reprimido meu, mas que nunca ousei alimentar por medo da consequência que viria após.Me apegar a alguém não é uma opção minha, sei quais são as feridas deixadas e não sei lidar com a dor... não a aceito. Ainda!Aquele aroma gostoso de baunilha que senti quando conheci Sebastian, que mordia uma barrinha, agora transforma-se em gosto, que circula minha boca enquanto nos beijamos ferozmente. Prendo minha respiração diversas vezes e tudo que desejo é continuar saboreando-o, mas ele afasta-se, ofegante, segurando meu rosto, olhando em meus olhos.– Não podemos... – Sussurra buscando fôlego. Quando Sebastian faz
O que estou sentindo agora é algo que vai além de todos os sentimentos que já suportei. Uma dor intensa que explode em meu coração, espalhando-se para todo o meu corpo, arrepiando-o.Raiva? Ira? Sim...Encaro Sebastian com nojo, repulsa, e a vontade que tenho agora é de estourar a sua cara. Sinto meu rosto arder, enrubescendo. Cerro os meus punhos com muita força... estou espumando e com a respiração pesada.– Como você tem coragem de me chamar assim depois de me usar? Como ousa falar comigo assim? Já não lhe basta a dor da rosa? – Pergunto fuzilando-o com os olhos.– O que aconteceu foi real! – Sebastian sussurra parecendo estar angustiado.– Real? – Pergunto em um sussurro misturado com um riso debochado.– Você não sentiu? – Ele pergunta se aproximando de mim.Vê-lo se aproxi