O lobo no chão se contorcia, sua pele tremulando como se algo dentro dele tentasse escapar. Seus olhos negros como o abismo refletiam a essência da entidade que o possuía. Kael deu um passo à frente, os músculos tensionados, enquanto Lírica surgia ao seu lado, já em posição de ataque.O resto da alcatéia acordava com os sons guturais que saíam da garganta da criatura. Malthus, sentindo a onda de energia sombria que emanava do lobo, levantou as mãos e começou a murmurar encantamentos.Mas antes que qualquer um pudesse reagir, o lobo possuído saltou para cima de Kael.A Luta Contra as SombrasKael se esquivou no último instante, sentindo as garras passarem a poucos centímetros de seu rosto. O lobo corrompido caiu sobre o chão, mas imediatamente se ergueu, movendo-se de forma anormal, como se suas articulações estivessem sendo manipuladas por algo invisível.Lírica atacou primeiro, suas garras brilhando com um brilho prateado sob a luz da lua. Ela acertou o peito da criatura, mas ao invé
O ar estava carregado com a energia do feitiço de Malthus. O lobo possuído ainda se debatia dentro do círculo de contenção, sua pele se retorcendo em formas impossíveis, enquanto sua voz reverberava em tons distorcidos.Kael sentiu a tensão no ar. O plano era arriscado—invocar Gregor, um espírito há muito desaparecido, para selar a entidade dentro dele. Mas se falhassem... não haveria segunda chance.Lírica passou os olhos pelo grupo, sua mente trabalhando rapidamente.— Precisamos de um local seguro para o ritual. Aqui não vai funcionar.Malthus assentiu, o suor escorrendo pela testa.— Tenho um lugar. Mas... precisamos nos mover agora. Não sei quanto tempo posso manter esse feitiço.Kael não hesitou.— Vamos.A Caminho da Pedra do CrepúsculoA Pedra do Crepúsculo ficava no coração da floresta, um local antigo e esquecido, onde diziam que o véu entre os mundos era mais fino. Se Gregor ainda vagava pela terra dos vivos, era lá que ele seria encontrado.A alcatéia avançava rapidamente
O ar ficou denso, como se o próprio mundo prendesse a respiração. O espírito de Gregor permanecia ali, parado, sua presença oscilando entre o visível e o etéreo. Mas o que fez o coração de Kael acelerar não foi apenas vê-lo ali. Foi perceber que Gregor não estava sozinho.Sombras se moviam ao redor dele, sussurrando em línguas esquecidas. Lírica se aproximou de Kael, seus olhos dourados atentos.— Algo está errado...Kael assentiu, mantendo-se firme.— Gregor, precisamos de você. Essa entidade precisa ser selada e apenas um espírito forte pode contê-la. Você sempre foi um dos mais fortes entre nós.O espírito de Gregor estreitou os olhos.— Você me pede para servir como prisão para algo que devora almas?Kael sentiu o peso das palavras.— Não temos escolha. Se não o fizermos, essa entidade destruirá nossa alcatéia. Você viu o que ela pode fazer. Ela já tomou um de nós.Gregor abaixou a cabeça por um momento, como se ponderasse.— Eu não pertenço mais a esse mundo, Kael. Mas... — Seus
A noite estava pesada, densa como um manto de trevas envolvendo a floresta. O vento soprava entre as árvores, carregando um cheiro úmido de terra revirada e algo mais... algo podre, corrompido.Kael sentiu a presença antes de vê-la. Seu instinto gritou um alerta silencioso. Ao seu lado, Lírica rosnou, os olhos âmbar brilhando na penumbra.— Isso não é normal. — A voz dela era um sussurro afiado, carregado de tensão.Malthus, ainda exausto do ritual que haviam feito horas antes, cambaleou, apoiando-se em seu cajado. Seu rosto estava pálido.— Abrimos uma porta, e algo passou por ela.Então, a floresta se calou.Nenhum pássaro, nenhum farfalhar de folhas. Apenas um silêncio opressor que apertava os pulmões como uma mão invisível.Foi quando ela apareceu.A Criatura Sem NomeEntre as sombras das árvores, uma figura emergiu. Caminhava devagar, como se testasse o próprio corpo, sua pele cinzenta e opaca reluzindo fracamente sob a luz da lua. Seus olhos eram buracos negros, vazios de qualqu
A floresta ainda parecia carregada com a energia da criatura que haviam enfrentado. Mesmo que tivesse desaparecido, Kael sabia que aquilo não era um fim—apenas uma pausa. O ar ao seu redor ainda estava denso, pesado com o cheiro da magia antiga que permeava o local.Lírica permanecia ao seu lado, seus olhos âmbar ainda iluminados pelo resquício de fúria e determinação. Malthus, por outro lado, parecia mais abatido do que nunca. O ritual que haviam realizado naquela noite para tentar conter a criatura claramente o desgastara, e seu olhar carregava uma preocupação que não conseguia esconder.— Ela fugiu, mas não foi destruída. — Lírica quebrou o silêncio, a voz cortante como uma lâmina. — Ela nos testou, queria saber do que somos capazes.Kael sabia que ela estava certa. O jeito que a criatura os observou antes de sumir, o tom sinistro em sua voz ao prometer que voltaria—não era um blefe.Malthus soltou um longo suspiro, passando a mão pelo rosto cansado.— Não estamos lidando com um es
A presença sombria se dissipou na noite, mas o peso da ameaça permanecia. Kael sentia os instintos gritando dentro dele, um aviso silencioso de que algo pior estava por vir. Ele olhou para Malthus, que mantinha o cajado erguido, ainda murmurando encantamentos de proteção.Lírica deu um passo para frente, os olhos fixos na escuridão entre as árvores.— Eles estão vindo. — Sua voz era baixa, quase um sussurro.Kael a observou. Mesmo tentando esconder, ele via o peso da incerteza em sua expressão. Ele se aproximou e pegou sua mão.— Vamos sair daqui. Precisamos planejar o próximo passo.Lírica não protestou, o que só reforçou a gravidade da situação. Malthus assentiu e começou a guiá-los para um refúgio seguro, um antigo templo abandonado na colina mais próxima. Enquanto caminhavam, Kael sentiu o coração apertar. Ele sabia que essa batalha não terminaria sem sacríficios.O Refúgio SombrioO templo era um amontoado de ruínas, com colunas quebradas e musgo cobrindo o chão de pedra. O lugar
A noite estava densa, carregada de presságios sombrios. O brilho pálido da lua banhava as ruínas do templo enquanto Kael observava Malthus recuperar o fôlego. O mago tremia ligeiramente, seus olhos fixos em algo que apenas ele parecia enxergar.Lírica, ao lado de Kael, mantinha a mão firme na empunhadura da espada. A energia ao redor deles vibrava, carregada de uma força arcana que ameaçava se romper a qualquer momento.— Precisamos agir agora — disse Malthus, sua voz rouca. — Se esperarmos mais, eles atravessarão completamente para o nosso mundo, e não teremos forças para detê-los.Kael cerrou os punhos. A lembrança do exército das sombras atravessando o véu era um pesadelo que ele não queria tornar real. Ele olhou para Lírica, que assentiu, seu olhar resoluto.— O que precisamos fazer? — perguntou a alfa.Malthus apontou para o centro do templo, onde um círculo de pedras antigas jazia coberto de musgo. Gravuras ancestrais brilhavam fracamente, como se respondessem à presença deles.
O tempo parecia se esvair como areia entre os dedos de Kael. O vento frio cortava sua pele enquanto o templo vibrava com a energia do ritual. Malthus estava ajoelhado no centro do círculo de runas, o cajado brilhando intensamente, enquanto as sombras ao redor dançavam e rugiam, tentando penetrar a barreira mágica que ainda resistia.Lírica mantinha sua posição ao lado de Kael, a respiração pesada após a batalha. Os olhos dela estavam fixos nele, lendo seus pensamentos antes mesmo que ele os expressasse em palavras. A tensão entre os dois era palpável. Ambos sabiam que o tempo estava acabando.— Não há outra escolha — disse Kael, sua voz grave e carregada de emoção.Lírica avançou um passo, agarrando seu braço com força. — Não diga isso. Nós sempre encontramos um jeito.Ele segurou o rosto dela com ambas as mãos, os polegares acariciando sua pele quente. — Eu não posso te perder, Lírica. Se houver uma chance de salvar você e nosso povo, eu vou tomá-la.Os olhos de Lírica brilharam com