O amanhecer quebrava lentamente a escuridão que havia se abatecido sobre o mundo. Kael e Lírica, agora mais unidos do que nunca, observavam o horizonte da montanha onde se encontravam. O vento suave acariciava seus rostos, mas algo no ar ainda parecia pesado, como se o mundo estivesse à espera de um evento iminente. Kael sabia que o momento decisivo estava se aproximando, e com isso, as escolhas que ele faria agora poderiam significar a salvação ou a destruição de tudo o que amava.Lírica ao seu lado permanecia em silêncio, sua postura ereta e seus olhos fixos no vazio, como se já soubesse o que estava por vir. Ela havia se tornado mais do que uma aliada; ela era a luz que o guiava nas horas mais escuras. E embora Kael sentisse o peso da responsabilidade sobre seus ombros, ele também sabia que não poderia enfrentar tudo sozinho. Lírica era sua força, assim como ele era a dela.— Kael... — Sua voz baixa cortou o silêncio, mas a intensidade por trás das palavras fez com que Kael virasse
Kael e Lírica continuaram a jornada pelas montanhas, os ventos cortantes e o clima tenso que pareciam ser reflexo do estado interior de ambos. A revelação de Nyra ainda ecoava em seus pensamentos, e, à medida que avançavam, o peso de suas palavras começava a se fazer sentir com mais intensidade. A aproximação do Coração de Noctis, e o fato de que Kael fosse, de alguma forma, a chave para ativá-lo, fazia seu coração pulsar mais rápido. Ele sabia que aquele poder era algo mais do que uma simples arma; era algo que poderia destruir tudo o que ele conhecia, ou mudar o curso do futuro.Lírica, ao seu lado, caminhava em silêncio, mas Kael podia sentir o peso de suas emoções. Ela estava com ele, mas o medo, sutil, estava presente em cada passo. Ela sabia o que o Coração de Noctis representava para Kael, e ainda assim, ela não o deixaria desistir. A confiança mútua entre os dois era a única coisa que, naquele momento, dava a Kael alguma esperança de que talvez o amor fosse a força capaz de co
A batalha interna de Kael não havia terminado. Embora o poder do Coração de Noctis estivesse agora sob seu controle — ou pelo menos, ele acreditava que sim —, as cicatrizes deixadas pela luta eram profundas. Sua mente ainda ecoava com os sussurros de poder, a tentação de deixar o Coração guiá-lo para suas próprias ambições. Mas ele sabia que esse não era o caminho. Ele havia resistido à escuridão, mas, agora, mais do que nunca, ele compreendia que o maior inimigo não estava diante dele, mas dentro de si mesmo.Ao seu lado, Lírica observava com uma intensidade silenciosa. Ela sabia o que Kael estava passando. Ela sentia sua luta, o conflito que borbulhava dentro dele, como se fosse parte de sua própria alma. Ela o amava, mas também sabia que, ao tomar o Coração, Kael tinha carregado um peso muito maior do que ele imaginava. O poder, mesmo nas mãos de um guerreiro como ele, podia ser uma maldição.— Você ainda está pensando nele, não é? — Lírica disse, quebrando o silêncio enquanto cami
A batalha contra Jace ainda ecoava nas cavernas que Kael e Lírica haviam se retirado para se recuperar. O ambiente estava carregado de tensão. Kael sentia o peso de suas próprias escolhas e do que havia sido desencadeado dentro dele. O Coração de Noctis pulsava em seu peito, mas ele não sentia o mesmo controle que antes. Algo estava mudando, algo que ele não conseguia entender completamente. Era como se uma sombra estivesse se formando dentro dele, uma parte dele que ele não podia mais ignorar.Lírica, sempre ao seu lado, sentia a mudança. Ela podia ver a luta que Kael estava travando, não só com Jace, mas consigo mesmo. Ele estava tentando se manter firme, mas as palavras de Jace, as ameaças de que o poder do Coração o consumiria, estavam começando a fazer efeito. Ela sabia que ele estava à beira de uma decisão, uma decisão que poderia mudar tudo entre eles.Enquanto eles caminhavam pela caverna, o som das gotas de água caindo ecoava, e as sombras dançavam nas paredes, criando formas
Capítulo 1: O Uivo na EscuridãoA lua cheia pairava no céu, uma esfera prateada que iluminava a floresta com um brilho fantasmagórico. O vento soprava entre as árvores antigas, carregando o cheiro de terra molhada e madeira queimada. Para Kael, era apenas mais uma noite solitária — o tipo de noite que havia se tornado tão familiar quanto o som de seu próprio batimento cardíaco.Ele caminhava entre as sombras, sua forma lupina quase indistinguível do ambiente ao redor. O pelo negro como carvão o tornava invisível à luz da lua, mas seus olhos brilhavam em um tom dourado que denunciava sua presença para qualquer um que olhasse de perto. Não que houvesse alguém por perto. A essa altura, Kael já sabia que ninguém ousava se aventurar tão profundamente na floresta proibida, um território que até mesmo as alcateias evitavam.Ele não tinha escolha. Como renegado, o exílio era sua única opção. E essa floresta — perigosa e imprevisível — era o único lugar onde ele podia existir sem medo constant
A floresta parecia respirar ao redor deles, viva com sons sutis que apenas os lobos podiam captar. Galhos se curvavam com o peso do vento, folhas dançavam no ar, e, ao longe, o uivo de uma coruja cortava o silêncio. Kael mantinha a postura rígida enquanto Lírica se apoiava em seu braço, os passos dela hesitantes, mas teimosos.O cheiro de sangue ainda pairava no ar, um lembrete de que a batalha havia sido vencida, mas não a guerra.— Você está desacelerando — Kael comentou, sem olhar para ela.Lírica soltou um suspiro exasperado, erguendo o queixo.— Eu estou ferida, não morta.Ele lançou um olhar de canto de olho, o brilho dourado de seus olhos visível mesmo sob as sombras.— Por enquanto.Ela ignorou o comentário. Lírica não era do tipo que demonstrava fraqueza, mesmo quando cada passo fazia sua visão escurecer por um instante.— Quanto tempo até chegarmos ao vale? — perguntou ela, tentando soar firme.Kael não respondeu imediatamente. Ele conhecia bem a floresta e sabia que o camin
A manhã chegou silenciosa, trazendo consigo uma névoa densa que se espalhava pelo vale como um manto. A luz pálida do sol mal atravessava as árvores altas, e o abrigo de pedra parecia ainda mais isolado.Kael observava a pequena fogueira que haviam acendido dentro da cabana, os olhos fixos nas chamas dançantes. Ele não confiava naqueles novos lobos, especialmente em um deles — um jovem chamado Eryon, cuja postura rígida e olhar evasivo o deixavam desconfortável.Lírica, por outro lado, parecia mais serena. Apesar de suas feridas ainda não estarem totalmente curadas, ela já havia começado a traçar um plano.— Precisamos nos mover antes que a noite caia — disse ela, sua voz firme, mas baixa o suficiente para não despertar suspeitas.Kael inclinou-se contra a parede da cabana, cruzando os braços.— Ótimo. Vamos direto para a boca do lobo.Lírica lançou-lhe um olhar impaciente.— Se não recuperarmos o artefato, Darius vai nos encontrar de qualquer forma. Ele já está nos caçando, Kael. Não
Capítulo 4: A Chama que Nunca Se ApagaA Floresta Proibida nunca fora um lugar de paz, mas naquele momento, ela parecia respirar com uma vida própria, como se o próprio ambiente soubesse que algo grandioso — e fatal — estava prestes a acontecer. A cada passo que Kael dava, ele sentia o peso do destino em suas costas, mais pesado do que qualquer batalha que já tivesse enfrentado. Ele olhou para Lírica, que estava a alguns metros à frente, e, por um momento, o silêncio entre eles falou mais do que palavras poderiam dizer.Lírica, apesar de sua aparência fria e imperturbável, carregava consigo o peso do mundo. As cicatrizes de seu passado e os segredos que guardava podiam ser lidos nos olhos dela — e Kael sabia que ela não era de compartilhar facilmente suas fraquezas. Mas ele sentia que estava chegando perto de entender quem ela realmente era, e isso despertava algo dentro dele, algo que ele não conseguia controlar.— Você me preocupa, Lírica. — A voz de Kael cortou o silêncio.Ela viro