Kael sentiu o peso das palavras de Valtor se assentar sobre seus ombros como uma sombra inevitável. O que antes parecia ser uma jornada em busca de um propósito agora estava profundamente enraizado em algo maior e mais perigoso do que ele jamais imaginara. O Coração de Noctis, a linhagem dos Deuses Antigos, e a promessa de poder eram como correntes invisíveis, puxando-o em direção a um destino que ele não tinha escolhido.Ele se afastou ligeiramente, seus olhos fixos no horizonte em uma tentativa de escapar da tensão que pairava no ar. O vento cortava a floresta, sussurrando como se também estivesse à espera da escolha que ele estava prestes a fazer.Lírica estava ao seu lado, sua presença sólida e constante. Ela sabia que Kael estava lidando com algo que desafiava tudo o que ele acreditava ser verdade, e embora seu vínculo fosse inquebrável, ela sentia a dúvida crescer entre eles. Ela sabia que Kael estava dividido.— Kael, você tem que entender... não importa o que Valtor disse, voc
A noite caía rapidamente sobre a floresta, tornando-se mais densa e abafada a cada passo que Kael e Lírica davam. O vento havia cessado, e a única coisa que cortava o silêncio eram os sons de seus pés movimentando-se pela folhagem. Kael sentia a tensão apertar seu peito, o peso das últimas palavras de Lírica ainda ressoando em sua mente. Eles haviam deixado Auron nas mãos dos curandeiros que os acompanhavam, mas ele sabia que algo mais estava em jogo — algo muito maior do que um simples ataque de uma criatura desconhecida.Quando chegaram à clareira, o ar parecia ainda mais pesado. Lírica parou, olhando em volta, seus sentidos aguçados. Ela sentia como se estivessem sendo observados, como se a própria floresta estivesse respirando em sincronia com eles.— Eu não gosto disso, Kael. — Sua voz era baixa, mas carregada de uma preocupação palpável. — Algo está se aproximando. Algo... não natural.Kael parou ao seu lado, seus olhos escaneando as sombras. Ele sentia o mesmo. O instinto estav
O ar estava denso, carregado de uma eletricidade estranha e inquietante. Kael e Lírica estavam de pé no centro da clareira, rodeados pelas árvores que pareciam distorcidas pela crescente tensão que os cercava. A revelação de Nyra ainda ecoava na mente de Kael, seus pensamentos se emaranhando nas possibilidades de um destino irrevogável. O Coração de Noctis estava mais do que uma fonte de poder; era uma força primordial que ele não podia simplesmente controlar, mas que exigiria sacrifícios imensuráveis.Lírica, sempre atenta, olhou para ele com uma expressão grave, seus olhos penetrantes refletindo a mesma preocupação que ele sentia. O silêncio era sufocante, apenas o som da brisa que passava pelas árvores quebrava a tensão no ar.— Kael... — Ela disse, sua voz baixa e carregada de significado. — O que vamos fazer agora?Ele respirou fundo, sentindo o peso das palavras de Nyra mais uma vez, mas desta vez ele não cedeu ao desespero. Não depois de tudo o que havia vivido. Não depois de t
O amanhecer quebrava lentamente a escuridão que havia se abatecido sobre o mundo. Kael e Lírica, agora mais unidos do que nunca, observavam o horizonte da montanha onde se encontravam. O vento suave acariciava seus rostos, mas algo no ar ainda parecia pesado, como se o mundo estivesse à espera de um evento iminente. Kael sabia que o momento decisivo estava se aproximando, e com isso, as escolhas que ele faria agora poderiam significar a salvação ou a destruição de tudo o que amava.Lírica ao seu lado permanecia em silêncio, sua postura ereta e seus olhos fixos no vazio, como se já soubesse o que estava por vir. Ela havia se tornado mais do que uma aliada; ela era a luz que o guiava nas horas mais escuras. E embora Kael sentisse o peso da responsabilidade sobre seus ombros, ele também sabia que não poderia enfrentar tudo sozinho. Lírica era sua força, assim como ele era a dela.— Kael... — Sua voz baixa cortou o silêncio, mas a intensidade por trás das palavras fez com que Kael virasse
Kael e Lírica continuaram a jornada pelas montanhas, os ventos cortantes e o clima tenso que pareciam ser reflexo do estado interior de ambos. A revelação de Nyra ainda ecoava em seus pensamentos, e, à medida que avançavam, o peso de suas palavras começava a se fazer sentir com mais intensidade. A aproximação do Coração de Noctis, e o fato de que Kael fosse, de alguma forma, a chave para ativá-lo, fazia seu coração pulsar mais rápido. Ele sabia que aquele poder era algo mais do que uma simples arma; era algo que poderia destruir tudo o que ele conhecia, ou mudar o curso do futuro.Lírica, ao seu lado, caminhava em silêncio, mas Kael podia sentir o peso de suas emoções. Ela estava com ele, mas o medo, sutil, estava presente em cada passo. Ela sabia o que o Coração de Noctis representava para Kael, e ainda assim, ela não o deixaria desistir. A confiança mútua entre os dois era a única coisa que, naquele momento, dava a Kael alguma esperança de que talvez o amor fosse a força capaz de co
A batalha interna de Kael não havia terminado. Embora o poder do Coração de Noctis estivesse agora sob seu controle — ou pelo menos, ele acreditava que sim —, as cicatrizes deixadas pela luta eram profundas. Sua mente ainda ecoava com os sussurros de poder, a tentação de deixar o Coração guiá-lo para suas próprias ambições. Mas ele sabia que esse não era o caminho. Ele havia resistido à escuridão, mas, agora, mais do que nunca, ele compreendia que o maior inimigo não estava diante dele, mas dentro de si mesmo.Ao seu lado, Lírica observava com uma intensidade silenciosa. Ela sabia o que Kael estava passando. Ela sentia sua luta, o conflito que borbulhava dentro dele, como se fosse parte de sua própria alma. Ela o amava, mas também sabia que, ao tomar o Coração, Kael tinha carregado um peso muito maior do que ele imaginava. O poder, mesmo nas mãos de um guerreiro como ele, podia ser uma maldição.— Você ainda está pensando nele, não é? — Lírica disse, quebrando o silêncio enquanto cami
A batalha contra Jace ainda ecoava nas cavernas que Kael e Lírica haviam se retirado para se recuperar. O ambiente estava carregado de tensão. Kael sentia o peso de suas próprias escolhas e do que havia sido desencadeado dentro dele. O Coração de Noctis pulsava em seu peito, mas ele não sentia o mesmo controle que antes. Algo estava mudando, algo que ele não conseguia entender completamente. Era como se uma sombra estivesse se formando dentro dele, uma parte dele que ele não podia mais ignorar.Lírica, sempre ao seu lado, sentia a mudança. Ela podia ver a luta que Kael estava travando, não só com Jace, mas consigo mesmo. Ele estava tentando se manter firme, mas as palavras de Jace, as ameaças de que o poder do Coração o consumiria, estavam começando a fazer efeito. Ela sabia que ele estava à beira de uma decisão, uma decisão que poderia mudar tudo entre eles.Enquanto eles caminhavam pela caverna, o som das gotas de água caindo ecoava, e as sombras dançavam nas paredes, criando formas
Capítulo 1: O Uivo na EscuridãoA lua cheia pairava no céu, uma esfera prateada que iluminava a floresta com um brilho fantasmagórico. O vento soprava entre as árvores antigas, carregando o cheiro de terra molhada e madeira queimada. Para Kael, era apenas mais uma noite solitária — o tipo de noite que havia se tornado tão familiar quanto o som de seu próprio batimento cardíaco.Ele caminhava entre as sombras, sua forma lupina quase indistinguível do ambiente ao redor. O pelo negro como carvão o tornava invisível à luz da lua, mas seus olhos brilhavam em um tom dourado que denunciava sua presença para qualquer um que olhasse de perto. Não que houvesse alguém por perto. A essa altura, Kael já sabia que ninguém ousava se aventurar tão profundamente na floresta proibida, um território que até mesmo as alcateias evitavam.Ele não tinha escolha. Como renegado, o exílio era sua única opção. E essa floresta — perigosa e imprevisível — era o único lugar onde ele podia existir sem medo constant