Silver não prestou atenção ao café fumegante à sua frente que dizia beba-me. Seu olhar estava voltado para a frente, de braços cruzados, para a mulher que sorria e engolia um pedaço de bolo doce demais para seu gosto.As duas estavam sentadas em uma cafeteria de esquina, longe de qualquer ouvido que pudesse atrapalhar a conversa.-Seu café vai esfriar- Dulce limpou os lábios delicadamente com o guardanapo e o colocou de lado.Silver não podia negar que a mulher tinha um charme de partir o coração. Com seus cabelos brilhantes penteados em ondas perfeitas, maquiagem perfeita em traços bem posicionados, uma cintura pronunciada que ela não se importava em exibir e uma aura que atraía até mesmo o mais beta.-O que você deseja discutir comigo?- Ela sabia perfeitamente a resposta para essa pergunta, mas, por respeito, ela a fez.-Bem, em primeiro lugar, para conhecer a pessoa que conseguiu tirar meu alfa de mim e, em segundo lugar, para lhe contar algumas coisas.-Eu não tirei seu alfa de vo
Falcon a viu suspirar e fechar os olhos. Ele não havia notado, mas ela parecia mais do que cansada, preocupada, mas não com o tipo de expressão que ele havia mostrado a ela antes.-O que o deixou preocupado?-Nada- ela esticou o pescoço, quebrando qualquer nó de tensão que havia se formado, -estou bem, são apenas pequenos problemas pessoais-.Falcon não acreditou em nenhuma das palavras dela, sentou-se na mesa e passou a mão pelas costas dela, levando os dedos aos seus ombros e iniciando uma massagem suave e reconfortante.Silver estava prestes a protestar ao primeiro toque, mas as palavras não saíram de sua boca, pois uma onda relaxante a invadiu, deixando-a fascinada. O cheiro dele tão próximo parecia uma droga que a deixava fora de si, dessa vez sem causar desconforto.Dedos mágicos desfaziam todos os nós que ela encontrava em seu pescoço, clavícula e ombros. Ela tentou desviar a atenção daquela nuca virgem e sem marcas, à espera das presas dele.Ele sentiu o cheiro dela ficar mais
Falcão cerrou os punhos enquanto olhava para o seu telemóvel em cima da mesa de café em frente ao sofá da sala. O relógio marcava quase duas da manhã e ele ainda não tinha recebido a chamada ou a mensagem de que estava à espera.Só tinha tirado o casaco e a gravata, mas ainda se sentia sufocado. As suas esperanças de que ela comunicasse com ele estavam a desvanecer-se. Culpava-se a si próprio por ter alimentado tantas esperanças e ter sido tão teimoso no processo. Tinha-se afeiçoado tanto a esta mulher que, sem se aperceber, a queria sempre ao seu lado.Podia ser devido à ligação dos casais destinados, mas ele conhecia um ou dois casos em que isso não acontecia, e as duas pessoas viviam juntas apenas porque a ligação as fazia rejeitarem-se uma à outra, não porque se amassem.Mas a sua personalidade forte e determinada, a forma como ela lhe respondia, o cheiro do seu corpo e a forma como ela o fazia sentir, tinham-no cativado. Não se importava que ela não tivesse o mesmo estatuto que e
Falcão ouviu o som da porta da frente a abrir-se e soube imediatamente de quem se tratava. Só havia uma pessoa que podia entrar em sua casa, para além de Leo e da sua família, sem que ele se incomodasse.Mas desta vez foi diferente, porque, em vez de ir diretamente para o seu quarto, ouviu-o a caminhar em direção ao local onde o seu companheiro de destino estava a descansar.Sentou-se rapidamente na cama e vestiu um par de calças de seda, grunhindo, o seu gosto por dormir apenas em roupa interior estava a pregar-lhe partidas.Os seus olhos arregalaram-se de susto quando a ouviu gritar e abriu a porta do seu quarto.-Zacarias, não a assustes- gritou usando a sua Voz sem consequências.A imagem era um pouco perturbadora. O próprio Falcão tinha de admitir que a sua amiga não era propriamente alguém que passasse despercebida e tinha a certeza de que a tinha assustado, especialmente pela forma como a tinha acordado.Ainda bem que te levantaste, poupas-me o trabalho, vão os dois para a sala
Morto, morto, morto, a palavra ecoava-lhe vezes sem conta na cabeça. Ela não conseguia acreditar no que estava a ouvir. Se eles tivessem conseguido... O seu corpo começou a tremer e uma fina camada de suor apareceu, fazendo com que os cabelos da sua testa se colassem à pele. Levou as mãos ao colo e apertou-as com força. Primeiro, tinha sido enganada ao ser mantida na ignorância sobre o seu verdadeiro estatuto - ela era uma ómega, não uma beta. Depois, havia a questão de um namoro e de um noivado quase imposto, do qual ela não conseguiu tirar praticamente nada de positivo, e finalmente os comprimidos, que ela tomava há anos, por amor de Deus. Ela tomava-os há anos, por amor de Deus. E se ela não tivesse conhecido Falcão, o que teria acontecido? Será que eles tencionavam deixá-la morrer assim? As unhas cravam-se-lhe na pele sem que ela se aperceba. Estava tão concentrada nos seus pensamentos que não reparou no seu exterior. Falcão colocou uma mão sobre ela e agarrou-a, impedindo-a de s
Falcão lambeu os lábios sem se aperceber. A simples ideia de ter o seu ómega à sua disposição excitava-o ao máximo. Os seus olhos começaram a ficar mais nítidos e o verde neles tornou-se mais intenso.Apertava o lençol debaixo dos dedos e uma gota de suor escorria-lhe pelas costas. A camisa de seda que trazia vestida começou a agarrar-se à pele e ele só a tirou para tentar refrescar-se com o ar condicionado. Fechou os olhos e soltou um suspiro. Tinha de se conter. Era um alfa e não um alfa qualquer que se deixava levar pelos seus instintos. Tinha sido bem criado e treinado no seu autocontrolo para não cair aos pés de qualquer ómega atrás do seu dinheiro. Mas como poderia ele negociar isso com o seu lado mais selvagem, que lhe deixava as virilhas duras ao ponto de doer para reclamar o seu ómega.Levantou-se da cama e dirigiu-se à casa de banho. Sabia que outro duche não ajudaria. Só lhe restava uma opção. Rezar aos mil santos em que ela não acreditava para que fossem suficientemente
Falcão conduziu Prata, com um braço à volta da cintura, pela entrada principal do local onde se iria realizar a reunião dos presidentes da empresa. O cheiro dos alfas era bastante denso e atingiu Prata, fazendo-a cambalear ligeiramente.-Tens a certeza que é boa ideia estares aqui?-Conhece todos os pormenores do projeto?- abanou a cabeça para se concentrar.Mesmo assim, não precisas de te esforçar tanto, eu podia ter conseguido, estou preocupado contigo Silver, não quero ver-te desconfortável com alguma coisa- disse ele.Soa muito bem vindo dos lábios da pessoa que se aproveitou do meu corpo enquanto eu estava a dormir- olhou por cima do ombro e ergueu uma sobrancelha para ele, -pelo menos deu-se ao trabalho de me perguntar o que eu queria?Silver teve de admitir que estava realmente irritante naquela tarde. Tinha passado tantas horas a dormir que parte do seu corpo estava entorpecido e não saber o que se passava à sua volta estava a dar-lhe cabo dos nervos. Por outro lado, o cheiro
Falcão fechou a porta do quarto, respirando pesadamente e encostando-se à porta. As imagens que via estavam envoltas numa névoa avermelhada que em breve o faria perder o controlo. Ele não podia acreditar que seu zelo havia chegado mais cedo. Ele tinha preparado condições para manter Silver separada dele durante todo o dia, mas aparentemente tê-la por perto tinha sido sua faca na garganta. Ele pegou na sua mala e procurou pelo seu inibidor, sem sucesso.Revirou a roupa, os bolsos e nada. A pequena bolsa onde as guardava sempre não estava lá. Não se lembrava de as ter tirado. Só podia pensar que tinham sido deixadas algures na casa. Virou-se para ver se podia ir lá abaixo comprar algumas, mas já era tarde demais. Tudo à sua volta ficou vermelho e o seu raciocínio voou para longe, deixando a parte mais selvagem de si que ansiava por devorar o seu companheiro.Silver olhou Michel Norman de cima a baixo com um olhar que assustaria qualquer homem. Mas não este alfa que estava acostumado a c