Clara Almirante Dos Reis
Eu estava tão nervosa! Mal conseguia acreditar que estaria casando com um homem tão incrível como Danilo. O tempo não nos definia, nós nos pertencemos desde sempre. Dias intensos e repletos de amor, que jamais sonhei em viver antes. Nem nos romances mais emocionantes lidos imaginava um amor como o nosso.
Em frente ao espelho, presenciava o olhar brilhante de minha mãe, que lutava para manter a maquiagem. Logo atrás, sentados em um sofá branco, meus amigos e padrinhos, Sabrina e Edson, vestidos a caráter.
No reflexo à minha frente, um vestido branco com rendas e pequenas mangas finas moldava cada curva do meu corpo. Um longo decote nas costas e uma pequena calda me deixavam com um ar de princesa. Meus cabelos soltos, com leves ondas, que me lembravam o mar. Maquiagem leve e brincos delicados. Um olhar de menina apaixonada, mas, por dentro, uma mulher esperando ansiosame
O telefone tocou, e Clara correu ansiosamente pelo quarto à sua procura, já que aquele não era um horário comum para receber ligações. Ao encontrá-lo dentro da bolsa, sobre a cômoda, percebeu que já havia parado de tocar e que a tela do aparelho mostrava a chamada perdida e o nome do namorado. No mesmo instante retornou a ligação, precisava descobrir o que o motivara a ligar tão tarde da noite.Manuel e Clara namoravam há quatro anos, mais precisamente desde o dia em que perderam a virgindade juntos. Eram amigos inseparáveis de infância e quando cresceram, se apaixonaram. O começo da relação trouxe mais proximidade e intimidade entre os dois, então falavam sobre tudo. Faculdade, casamento e até quantos filhos teriam eram assuntos corriqueiros. Suas famílias já faziam grandes planos para o tão sonhado dia em que seus fil
Clara e seus amigos chegaram em Torres à noite, e Jaque os buscou na rodoviária.— Oi, meninas! Como estão? — perguntou assim que avistou os três amigos aguardando para pegar as malas ao lado do ônibus.— Jaque! — Sabrina gritou, correndo em sua direção. Ambas eram muito amigas, e a meses não se falavam.— Sah! Que saudade! — ela a abraçou e a ergueu do chão.— Edy, você já conhece a minha tia — Sabrina apontou, e Jaque abraçou Edson. — Tia, essa é a minha melhor amiga, Clara, que eu tanto falava — Sabrina passou o braço por cima do ombro de Clara enquanto a apresentava animadamente.— É um prazer finalmente conhecer a tão famosa Clara. Fico feliz que tenha se juntado a nós esse ano — Jaque a abraçou com ternura. — Vamos, que o Paulo está
A raiva de Clara ultrapassava todos os limites já experimentados. Ser carregada à força por um moleque, que de alguma forma achava ter direitos sobre ela, era um absurdo.— Não acredito que fez isso comigo. Saia da minha frente agora! — Clara gritou e o empurrou para que saísse do seu caminho. Danilo a ignorou mais uma vez, e tomado pelo desejo de calar sua boca, segurou os braços de Clara, a empurrando até a parede do estacionamento, entre duas largas colunas, e a deixando em choque diante da atitude inusitada.— Shh! Por que você gosta de complicar tanto? Eu sabia que você seria minha desde que me encarou naquela sala! — Danilo mantinha os braços da menina presos no alto de sua cabeça, apertando-a de leve contra a parede fria de concreto.As respirações descompensadas, vistas turvas diante da escuridão, lábios secos, mãos suadas
— Você não me respondeu se aceitaria passar o dia comigo. Deixa eu te mostrar a cidade? Até um guia turístico teria esse direito — Danilo perguntou à Clara enquanto ambos se vestiam após outro banho.— Um guia turístico não estaria me vendo nua! — Clara sorriu, se cobrindo com a blusa.— Um guia turístico com benefícios, então? — disse, apontando para si mesmo e se curvando de maneira debochada.— Ok! Encontramos um meio-termo. Pode me mostrar a cidade, mas primeiro preciso ligar para os meus amigos, que devem estar preocupados — Clara se rendeu, e foi até a mesa de uma pequena sala no ambiente ao lado do quarto, para pegar seu celular.Danilo a observava sair, não se sentia tão animado há muito tempo.Geralmente usava o hotel para curtir o carnaval com mulheres fáceis. Ter levadoClar
— Clara, essa é a melhor padaria de Torres. Danilo escolheu muito bem. Você vai amar. — Luiza disse, pouco antes de escolherem a mesa.— Pelo jeito, alguém quer roubar meu lugar de guia turístico — Danilo debochou antes de sentar.— Idiota! Só estou confirmando que sua escolha foi ótima — Luiza respondeu, sentando em frente ao irmão.— Realmente estou faminta! Comeria em qualquer lugar, mas obrigada por escolher a melhor — Clara tomou seu assento, observando o local com mesas e cadeiras de madeira rústica, ambiente climatizado e balcões recheados de tortas e salgados de todos os tipos.— Olhar o cardápio não é a mesma coisa que olhar direto no balcão. Posso? — Danilo levantou, estendendo a mão à Clara para acompanhá-lo até os balcões da perdição.Assim
Danilo abriu a porta do carro para Clara, que ficava cada vez mais curiosa e animada, tentando imaginar aonde iriam.— Você podia me dar pelo menos uma pista, não acha?— Não! Eu também gosto de surpreender — sorriu enquanto fechava aporta.— Cheio de mistérios, esse homem! — Clara resmungou sozinha.— Você pode carregar o seu celular aqui. Eu tenho um cabo USB, vê se é o mesmo — Danilo apontou para o painel do carro ao entrar.— Ah! Obrigado! — Clara se lembrou de indagar sua mãe a respeito de Manuel.— Está tudo bem? — Danilo perguntou ao notar o olhar distante da jovem. — Se eu estiver forçando demais, me avisa.— Não! Tudo o que quero é sumir por um tempo! — Danilo ficou cabisbaixo ao sentir um estranho medo de tudo ser só uma aventura para Cl
Após a intensa entrega, Danilo e Clara foram almoçar em um restaurante próximo da Praia da Guarita. Não conseguiam parar de sorrir.O que tinha acontecido naquele paredão?, Clara tentava entender durante o trajeto.— Quer sobremesa? — Danilo perguntou à Clara, a examinando. Diante da luz vinda da beira do mar, seus olhos estavam ainda mais claros.— Sim! Por favor.— Vou pedir o cardápio.— Não precisa. Estou olhando agora mesmo para a sobremesa que eu quero e tenho certeza que não tem no cardápio. Vamos sair daqui? — Clara se sentia finalmente livre para ser atrevida.— O que você está fazendo comigo, mulher? É impossível ser seu guia turístico, eu me demito! — disse e sorriu, satisfeito diante daquele convite. Emseguida, acariciou o rosto de Clara e repousou o polegar nos l&aacu
— Porra! É sério que não vai me dar o endereço dele, Paulo? — Clara indagava, furiosa, apontando o dedo na direção do rosto do amigo.— Ele foi bem claro quando me disse que não quer saber de você. Viajou para o Rio de Janeiro com os pais logo em seguida. O que quer que eu faça? Elemeu amigo. Sinto muito, mas tenho que respeitá-lo — Paulo repetiu pela milésima vez à Clara, que saiu batendo os pés no piso de madeira em direção ao quarto.Uma grande sensação de perda a dominou de uma maneira que não podia expressar em palavras, pois jamais seria compreendida.Como poderia ter sentimentos tão intensos por alguém que acabara de conhecer?, Clara indagava a si mesma, enquanto se cobria com o lençol para esconder seu semblante desanimado. Ouvia as gargalhadas de Edson e Sabrina, deitados nas re