— Sintam-se em casa. Vou buscar toalhas e roupas — Luiza saiu do quarto de hóspedes da casa de seus pais, deixando Clara, Sabrina e Edson a sós sentados em uma cama enorme. O ar estava pesado e os olhares buscavam respostas por todos os lados. Um sentimento preenchia o silêncio: aflição.
Luiza caminhava inconsolável pelo corredor, um turbilhão de emoções percorria seu corpo, trêmulo em resposta. No caminho para a o quarto de Danilo, ouviu sua voz banhada de cólera e desespero, parou em frente à porta, e a visão foi de cortar o coração da pessoa mais fria do mundo. Seu irmão, que sempre fora tão doce e tranquilo, gritava ao telefone:
— Eu quero que você destrua esse cara! — Danilo se virou e, ao encontrar os olhos da irmã, abaixou a cabeça, nitidamente abalado — Sim, ele mesmo!
Luiza encarou por alg
“A Polícia Militar de Torres conseguiu efetuar a prisão em flagrante de um homem identificado como Paulo Correa dos Santos, por tentativa de estupro contra uma jovem na praia próximo ao Quiosque Cheirinho.A PM foi informada sobre o suposto crime pela cunhada da vítima. Paulo teria tentado abusar sexualmente da jovem, mas a cunhada e o namorado chegaram ao local no momento do crime. O suspeito estava alcoolizado e foi rendido rapidamente.A vítima prestou depoimento juntamente com todos que presenciaram a cena. Paulo está preso aguardando julgamento e deverá pegar pena de 6 anos a 10 anos de reclusão.A jovem traumatizada afirmou conhecer o agressor, pois era tio de sua melhor amiga, que também prestou depoimento e permanece inconsolável.A esposa do agressor foi internada no hospital após uma crise de hipertensão, mas já
Clara Almirante Dos ReisEu estava tão nervosa! Mal conseguia acreditar que estaria casando com um homem tão incrível como Danilo. O tempo não nos definia, nós nos pertencemos desde sempre. Dias intensos e repletos de amor, que jamais sonhei em viver antes. Nem nos romances mais emocionantes lidos imaginava um amor como o nosso.Em frente ao espelho, presenciava o olhar brilhante de minha mãe, que lutava para manter a maquiagem. Logo atrás, sentados em um sofá branco, meus amigos e padrinhos, Sabrina e Edson, vestidos a caráter.No reflexo à minha frente, um vestido branco com rendas e pequenas mangas finas moldava cada curva do meu corpo. Um longo decote nas costas e uma pequena calda me deixavam com um ar de princesa. Meus cabelos soltos, com leves ondas, que me lembravam o mar. Maquiagem leve e brincos delicados. Um olhar de menina apaixonada, mas, por dentro, uma mulher esperando ansiosame
O telefone tocou, e Clara correu ansiosamente pelo quarto à sua procura, já que aquele não era um horário comum para receber ligações. Ao encontrá-lo dentro da bolsa, sobre a cômoda, percebeu que já havia parado de tocar e que a tela do aparelho mostrava a chamada perdida e o nome do namorado. No mesmo instante retornou a ligação, precisava descobrir o que o motivara a ligar tão tarde da noite.Manuel e Clara namoravam há quatro anos, mais precisamente desde o dia em que perderam a virgindade juntos. Eram amigos inseparáveis de infância e quando cresceram, se apaixonaram. O começo da relação trouxe mais proximidade e intimidade entre os dois, então falavam sobre tudo. Faculdade, casamento e até quantos filhos teriam eram assuntos corriqueiros. Suas famílias já faziam grandes planos para o tão sonhado dia em que seus fil
Clara e seus amigos chegaram em Torres à noite, e Jaque os buscou na rodoviária.— Oi, meninas! Como estão? — perguntou assim que avistou os três amigos aguardando para pegar as malas ao lado do ônibus.— Jaque! — Sabrina gritou, correndo em sua direção. Ambas eram muito amigas, e a meses não se falavam.— Sah! Que saudade! — ela a abraçou e a ergueu do chão.— Edy, você já conhece a minha tia — Sabrina apontou, e Jaque abraçou Edson. — Tia, essa é a minha melhor amiga, Clara, que eu tanto falava — Sabrina passou o braço por cima do ombro de Clara enquanto a apresentava animadamente.— É um prazer finalmente conhecer a tão famosa Clara. Fico feliz que tenha se juntado a nós esse ano — Jaque a abraçou com ternura. — Vamos, que o Paulo está
A raiva de Clara ultrapassava todos os limites já experimentados. Ser carregada à força por um moleque, que de alguma forma achava ter direitos sobre ela, era um absurdo.— Não acredito que fez isso comigo. Saia da minha frente agora! — Clara gritou e o empurrou para que saísse do seu caminho. Danilo a ignorou mais uma vez, e tomado pelo desejo de calar sua boca, segurou os braços de Clara, a empurrando até a parede do estacionamento, entre duas largas colunas, e a deixando em choque diante da atitude inusitada.— Shh! Por que você gosta de complicar tanto? Eu sabia que você seria minha desde que me encarou naquela sala! — Danilo mantinha os braços da menina presos no alto de sua cabeça, apertando-a de leve contra a parede fria de concreto.As respirações descompensadas, vistas turvas diante da escuridão, lábios secos, mãos suadas
— Você não me respondeu se aceitaria passar o dia comigo. Deixa eu te mostrar a cidade? Até um guia turístico teria esse direito — Danilo perguntou à Clara enquanto ambos se vestiam após outro banho.— Um guia turístico não estaria me vendo nua! — Clara sorriu, se cobrindo com a blusa.— Um guia turístico com benefícios, então? — disse, apontando para si mesmo e se curvando de maneira debochada.— Ok! Encontramos um meio-termo. Pode me mostrar a cidade, mas primeiro preciso ligar para os meus amigos, que devem estar preocupados — Clara se rendeu, e foi até a mesa de uma pequena sala no ambiente ao lado do quarto, para pegar seu celular.Danilo a observava sair, não se sentia tão animado há muito tempo.Geralmente usava o hotel para curtir o carnaval com mulheres fáceis. Ter levadoClar
— Clara, essa é a melhor padaria de Torres. Danilo escolheu muito bem. Você vai amar. — Luiza disse, pouco antes de escolherem a mesa.— Pelo jeito, alguém quer roubar meu lugar de guia turístico — Danilo debochou antes de sentar.— Idiota! Só estou confirmando que sua escolha foi ótima — Luiza respondeu, sentando em frente ao irmão.— Realmente estou faminta! Comeria em qualquer lugar, mas obrigada por escolher a melhor — Clara tomou seu assento, observando o local com mesas e cadeiras de madeira rústica, ambiente climatizado e balcões recheados de tortas e salgados de todos os tipos.— Olhar o cardápio não é a mesma coisa que olhar direto no balcão. Posso? — Danilo levantou, estendendo a mão à Clara para acompanhá-lo até os balcões da perdição.Assim
Danilo abriu a porta do carro para Clara, que ficava cada vez mais curiosa e animada, tentando imaginar aonde iriam.— Você podia me dar pelo menos uma pista, não acha?— Não! Eu também gosto de surpreender — sorriu enquanto fechava aporta.— Cheio de mistérios, esse homem! — Clara resmungou sozinha.— Você pode carregar o seu celular aqui. Eu tenho um cabo USB, vê se é o mesmo — Danilo apontou para o painel do carro ao entrar.— Ah! Obrigado! — Clara se lembrou de indagar sua mãe a respeito de Manuel.— Está tudo bem? — Danilo perguntou ao notar o olhar distante da jovem. — Se eu estiver forçando demais, me avisa.— Não! Tudo o que quero é sumir por um tempo! — Danilo ficou cabisbaixo ao sentir um estranho medo de tudo ser só uma aventura para Cl