Do outro lado da casa, no escritório, os quatro homens estavam reunidos. Don Henrico Salvatore, Vitor, Antony e Vincent. Como de hábito quando todos se reuniam, ninguém falava até Don iniciar a reunião.Don Henrico estava contrariado com essa situação. Ele queria muito Vincent no comando da família. Aborrecia-se com isso, mas escondia seu desgosto sob uma discreta máscara de desinteresse silencioso. Sabia que Vincent era mais capaz de dirigir os negócios por não ser muito ambicioso, e priorizar o bem de todos. Bem diferente de Vitor. Lucas, seu outro filho, nem contava, caçula da família, ele ainda não tinha uma opinião formada a respeito dele. Só o tempo iria dizer se ele seria um bom administrador ou não. Vincent, seu filho, era um homem reservado, e isso era um ponto positivo ao seu favor. Para comandar a família, era necessária essa fr
Acordar enroscado num corpo macio e quentinho não era mais novidade para mim. Estávamos de frente um para o outro na larga cama de casal. Renata estava com a cabeça embaixo do meu queixo, e sua respiração quente era uma sensação muito agradável que eu sentia na minha garganta. Um de seus braços envolvia meu corpo, e uma perna dela tinha ido parar no meio das minhas. Minha respiração ficou agitada quando eu me vi nessa situação e a minha ereção matutina reclamava, querendo tirar proveito disso.Passei minha mão por suas curvas suaves. Renata, sorrindo, me apertou mais ao seu encontro.— Que horas são?— Nem sei.Estiquei meu pescoço e fitei o rádio relógio.— É tarde, dez horas.Ela me olhou assustada.— Dez horas?Eu beijei sua testa e a apertei em meus braços.&m
RenataVincent estava estranho. Desde a hora que ele tinha saído do escritório. Ele parecia tenso.Lá fora, Vincent chamou seus homens. Cinco deles. Ficou um bom tempo conversando com eles. Depois veio em minha direção com uma cara estranha.Já instalados no nosso carro, antes de ele ligar o motor, eu disse:— Vincent. Se abra comigo. Aconteceu alguma coisa?— Não, meu anjo. Vamos nos divertir. Não quero falar sobre trabalho.Eu fiz uma careta, fingindo estar com raiva dele. Mas isso só o fez rir. Logo ele dirigia e esquecemos do assunto.Quando chegamos ao restaurante, aguardamos um pouco na entrada com dois de seus homens. Enquanto os outros três entraram como cães farejadores, olharam tudo, atentos. Depois de estudarem o lugar, deram sinal para Vincent e foram se espalhando pelo recinto.Eu odiava isso.Vincent puxou a cadeira para eu me senta
Eu não soube mais o que aconteceu depois disso. Eu evitava aquela família e Lorenzo também nunca mais tocou no assunto. Acho que foi difícil admitir que eu estava certa. Dois meses depois, ele morreu. Estremeci. Afastei meus pensamentos e me troquei. Vesti uma calça jeans e uma camiseta branca, tênis. Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo.Pronto!Sem perda de tempo, saí do quarto e caminhei à procura de Vitor. Alguns empregados lidavam com a casa na sua rotina diária. Uns varriam, outros passavam pano, outros cuidavam do jardim. A casa estava vazia. Só faltava a cozinha. Lá encontrei Don Salvatore sentado em uma cadeira, sorrindo para a matriarca. Felícia quando me viu, fechou a cara.— Deseja alguma coisa, minha jovem? — Don perguntou com simpatia.— O café está servido na mesa de jantar. — Felícia avisou.Eu disfarcei, dizendo
Duas semanas se passaram tranquilas... tranquilas até demais. Não consegui falar com Vitor. Ele parecia me evitar a todo custo.Às vezes eu pensava em deixar o passado aonde estava. Mas então, eu me perguntava: isso era justo com Vincent?E esse mau-caráter assumiria os negócios da família, sendo o novo Don?Não! Não estava certo isso!Imagine tê-lo mandando em tudo e todos.Me lembrei da conversa que tive com Vincent alguns dias atrás sobre morarmos aqui em definitivo. Contei que o pai dele tinha me pedido isso e que Felícia estava mais amistosa comigo. E que assim, ele não precisava sair de casa para vir até o quartel-general e nós ficaríamos mais tempo juntinhos. Vincent se surpreendeu com a minha proposta e gostou muito disso.Suspirei e me aconcheguei mais nos braços de Vincent. Sorri quando senti seus braços me envolvendo ma
Aos poucos os homens foram surgindo na área para participarem do churrasco. Eu notei que Vitor ainda não estava entre eles. Voltei meus olhos para Vincent e perguntei:— Já comeu?— Não, vou fazer um prato para mim. Meu estômago está nas costas.Eu sorri.— Ótimo, enquanto você faz isso, eu vou dar uma passadinha no banheiro. — Minha voz oscilou. Não importava quão determinada eu estava para falar com Vitor, mas só de pensar, parecia algo assustador.Ele assentiu para mim e depois de dar um beijo na minha testa se afastou.Que diferença entre esse homem e Lorenzo. Sempre gentil, amoroso. Suspirei. Uma pena ser da mesma família!Entrei na sala caminhando devagar. Nessa hora, a porta fez um ruído e Vitor surgiu. Ele parecia outra pessoa. Seus olhos me olharam com frieza diabólica. Meu passado estava na minha frente. Eu mal co
Caminhei tranquilamente entre as pessoas e sorri quando vi Giovanna numa área mais reservada da casa que tinha um grande balanço. Ela estava longe dos olhos de todos, amamentando meu filho, alheia a tudo que aconteceu.Isso não podia ter me saído melhor!Fui em direção a ela sem pressa, ganhando tempo para que Rodrigues sumisse com Renata.— Giovanna. — Eu a chamei. Giovanna imediatamente se levantou com nosso pimpolho nos braços, estranhando o fato de eu procurá-la, geralmente não nos falávamos muito nas festas. Eu só conversava com ela quando todos iam embora. — Renata passou mal. Você poderia ir até o nosso quarto?— Dio. O que houve? — Ela perguntou, intrigada.— Não sei. Ela estava bem, de repente desmaiou. Vincent está aflito e pediu que você fosse ficar com ela.— Eu irei. Será um prazer.
VincentJá passava da meia noite quando voltei para casa. Cansado de rodar tudo e entrar em cada hotel que ficava nas redondezas. A princípio, trabalhei como se ela tivesse fugido, a mando do meu pai. Mas nada! Nem sinal dela. Eu não tinha palavras para descrever o que eu senti nesse dia. Estava arrasado. Ódio, tristeza me inundavam por dentro. Agradeci aos céus quando Vitor disse que me ajudaria.Dio Santo, eu ainda me perguntava: como pode acontecer tudo aquilo debaixo do meu nariz? E tinham muitos narizes no churrasco, e ela sumiu do nada. O ódio intenso e súbito me fizeram crispar minhas mãos.Sim! Eles a tiraram de mim! A despeito do que pensam, sei que ela não fugiu.Homens meus estavam de tocaia em frente à casa de Raul Sebastian. Mãos de policiais, delegados foram molhadas para ignorarem os próximos acontecimentos.Bebi de um gole só meu uísque e e
VitorEu ainda não tinha conseguido ir até Renata, tudo estava muito tenso ainda. Vincent parecia um louco. Revirando a cidade atrás dela. Todo cuidado era pouco. Eu estava mantendo-a com vida, esperando que ele desistisse. Eu queria matá-la pessoalmente, mas claro, não antes de tirar uma casquinha.Agora eu estava tranquilo, sentado com meu pai no sofá, quando Vincent entrou na sala que se encheu com seus homens e os meus. Um velho ensanguentado preso pelo colarinho nas mãos dele.Empalideci. Não é que ele conseguiu!Tentávamos pegar Raul Sebastian há muito tempo, desde a morte de Lorenzo. Não sei se isso seria bom.— Chame Rubens, o interrogatório vai começar.Eu engoli em seco quando vi a cara de Vincent segurando Raul. Meu irmão nem parecia o mesmo. Há cinco dias ele não fazia a barba. Sua barba estava descuidada e grand