André hesitou por um momento e parou.- Solte o Pedro.Ele não era tolo, sabia que nesse momento, a única pessoa que lhe telefonaria seria o verdadeiro manipulador por trás dos panos.Não tinha certeza do que essa pessoa queria, mas era claro para ele que, para esse indivíduo, Pedro não passava de um peão, até mesmo um peão insignificante.Como esperado, a pessoa do outro lado da linha soltou uma risada leve:- Sem problemas, mas o que você planeja oferecer em troca? Afinal, se alguém morreu, alguém tem que ser responsabilizado, não é mesmo?- O que você quer que eu faça?- O que eu quero que você faça? - A pessoa fez uma pausa, com um tom de escárnio. - André, não é sobre o que eu quero que você faça, mas sim sobre o que você deseja.André franzia a testa, sem vontade de jogar jogos de palavras:- Isso significa que não há nada para negociar?- Por que a pressa? - A pessoa perguntou calmamente. - André, você nunca pensou em recuperar sua esposa? Você está satisfeito em perder para ele
Dois dias se passaram desde aquele beijo no quarto do hospital com Gabriel.Durante esses dois dias, Isabela não o visitou nem uma vez.Ela estava receosa, temendo não conseguir conter o amor profundo que sentia, o desejo de estar ao seu lado.Ela não queria isso!O que a deixava ainda mais ansiosa era a ausência de progressos com Pedro.Isso a inquietava e a fazia se sentir perdida, mas André sempre a consolava, dizendo para ela não se preocupar, assegurando que nada de mal aconteceria ao Pedro.Não tinha outra escolha a não ser confiar em André.Para afastar pensamentos desnecessários, ela trocou de roupa, colocou uma máscara e decidiu visitar Sofia.Porém, justo quando estava saindo, encontrou Rodrigo.Ao vê-lo, Isabela instintivamente deu um passo para trás, um tanto assustada:- O que foi agora?- Consegui um advogado para o Pedro, queria saber se gostaria de encontrá-lo para discutirmos alguns detalhes.Isabela balançou a cabeça:- Não é necessário, o André resolverá tudo. - Diss
Carina tinha as orelhas levemente avermelhadas, dizendo com indignação:- Eu não disse que não estava mais irritada.- E você ainda veio trazer flores para Sofia?Carina olhou com desdém para as flores e acenou com a mão:- Com todo o dinheiro que tenho, o que custa comprar um buquê de flores?Isabela sabia muito bem que Carina era orgulhosa.Na verdade, até ela sabia muito bem, só não queria admitir.Ela não queria expor isso, então sorriu:- Contanto que você não esteja aqui para xingar Sofia, está tudo bem.- Eu vim aqui para xingá-la! - Carina mordeu o lábio inferior. - Ela é como uma vagabunda, cativou as almas de todos vocês, vocês todos me comparam a ela, dizendo que eu não sou como ela, que eu não posso substituí-la, sendo que ela já morreu, mas por que os vivos ainda têm que sofrer por causa dos mortos? Se ela ainda estivesse viva, vocês realmente a amariam tanto assim? Eu não acredito! Eu simplesmente não acredito que ela tenha esse tanto de charme!Vendo Carina ainda presa n
Isabela ficou surpresa por um momento, sem reação.Carina, entrelaçando as mãos e mordendo o lábio inferior, disse novamente:- Desculpe, não deveria ter questionado a importância dela. Tudo o que você disse agora... Eu não sabia... Eu...Mas, antes que Isabela pudesse terminar, Carina de repente se virou e rapidamente se escondeu entre os arbustos.No segundo seguinte, Cláudio surgiu no topo da escada, segurando flores, e olhou com surpresa para ela:- Isa? O que você está fazendo aqui?Isabela ficou visivelmente surpresa.Ela lançou um olhar breve na direção dos arbustos e então levantou a mão para enxugar as lágrimas:- Você também veio?Cláudio sorriu, apertando os lábios:- Depois de saber a verdade, achei que deveria vir vê-la. - Disse ele, notando as flores no chão. - Por que você trouxe tantas flores?- Foi a Caca que veio.- Caca? - Cláudio mudou de expressão. - Onde ela está? Ela veio insultar a Sofia de novo? Eu pensei que, depois de tudo o que passamos, ela teria aprendido
Mas, ao correr atrás, ela não viu ninguém, nem sequer um carro.Teria se enganado?Não, impossível. Aquela mulher era a cara da Sofia, como poderia ter se enganado?De repente, um carro veio em sua direção, mas ela simplesmente não teve tempo de reagir.Por sorte, Cláudio correu até ela e a puxou para a calçada.- O que você está fazendo? Correr para a rua de repente é muito perigoso, você sabe?Isabela, atônita por um momento, olhou para ele, confusa, com os lábios tremendo:- Cláudio, eu acabei de... Achar que vi a Sofia...Cláudio, com o coração apertado, olhou ao redor:- Não tem nada aqui, onde você a viu?- Agora mesmo, eu vi... Cláudio, eu realmente vi! - Isabela segurou o braço de Cláudio, o sacudindo fortemente. - Cláudio, não me enganei, ela realmente apareceu...Cláudio olhou ao redor mais uma vez, se certificando de que não havia ninguém, e franzindo a testa, disse:- Sua qualidade de sono tem sido ruim ultimamente, e você tem sofrido de insônia?Isabela assentiu:- Um pouc
Ao retornar ao hospital, Cláudio levou Isabela para o seu próprio escritório, retirou um frasco de medicamentos da gaveta, despejou um comprimido e o entregou a ela.- Tome este medicamento.Isabela o pegou e olhou para ele por um bom tempo, sem engolir.Vendo isso, Cláudio ofereceu a ela um copo de água, encorajando ela:- O que foi? Está preocupada que eu vá te prejudicar?Isabela balançou a cabeça:- Não, não é isso.- Então, o que é?- Eu só estava pensando... Se eu ver a Sofia foi uma alucinação. - Disse ela, levantando a cabeça com uma expressão um tanto triste para Cláudio. - Isso significa que, se eu tomar este medicamento, nunca mais poderei ver a Sofia?Essa pergunta deixou Cláudio sem palavras por um momento.Ele ainda se lembrava de quando se reencontraram; ele havia perguntado a Isabela por que Sofia nunca apareceu em seus sonhos, será que ela ainda estava zangada com ele?Isso o fez hesitar subitamente.Se fosse ele, provavelmente também hesitaria em tomar o medicamento.
Depois de tomar um remédio para dormir, Isabela adormeceu por doze horas seguidas, despertando somente na manhã seguinte.Acordou um tanto confusa, com a intenção de se virar e dormir mais, porém, percebeu subitamente a presença de alguém sentado à beira de sua cama.Esse fato a fez despertar abruptamente. Ao abrir os olhos e fitar a pessoa, o olhar intenso dirigido a ela a fez saltar da cama, assustada.Ao reconhecê-lo, se acalmou, mas ainda irritada, o repreendeu:- Gabriel, você enlouqueceu? Por que está sentado à beira da minha cama sem fazer nada?Gabriel, ao perceber seu olhar irritado e ao mesmo tempo assustado, não conseguiu conter um sorriso:- Você é tão adorável quando dorme que acabei observando por mais tempo do que deveria.- Insano! Acabou de sair da UTI e já planeja retornar?- Isa. - Gabriel mudou o tom, se tornando sério de repente. - Estou aqui porque tenho algo importante para te dizer.Isabela se distanciou ligeiramente:- O que é?- Sei quem está por trás de tudo
Isabela soltou um murmúrio, sentindo suas orelhas coçarem e formigarem, incapaz de resistir a revirar os olhos para ele.- Você está pensando demais.Gabriel, contudo, apenas sorriu e acariciou sua cabeça, dizendo suavemente:- Seja prudente, volte e coloque seus sapatos. Não corra mais descalça da próxima vez.Então, ele se dirigiu ao elevador, passando por Isabela.Ao vê-lo, o policial também seguiu, deixando apenas Isabela para trás.Ela sabia que deveria manter distância, mas vê-lo sendo levado assim fez seu coração doer de forma inexplicável.Ele estava ferido, tendo acabado de sair de uma situação perigosa havia pouco tempo. Como poderia suportar o interrogatório policial e uma cela úmida e apertada?De repente, sentiu alguém puxá-la, e então caiu sentada com força.Ela gritou, virou a cabeça para olhar e percebeu que estava sentada no colo de alguém... Essa pessoa que a puxou era o André.Ela tentou se levantar, mas André a segurou firmemente pela cintura.- Não se mexa. Não es