Luca estava em casa, completamente sozinho. Sem Sofia, sem as crianças, sem Draco, Dwayne, Emilly ou qualquer outra pessoa. Pela primeira vez em muito tempo, ele havia pedido para que todos deixassem a casa livre. Apenas naquela manhã ele percebeu o quanto precisava desse momento para colocar seus pensamentos em ordem.Sofia estava grávida, o que por si só já era surpreendente, considerando sua frágil condição de saúde. Para tornar as coisas ainda mais caóticas, a gestação era de risco, e sua esposa era teimosa ao extremo.Dwayne, seu irmão do coração e melhor amigo, atravessava problemas em seu casamento. Ele e Emilly pareciam incapazes de se comunicar como antes, e isso o deixava visivelmente carente nos últimos dias. Luca não sabia como ajudar, pois ele próprio estava emocionalmente confuso.Além disso, sua base em East York havia sido consumida pelo fogo, levando consigo a vida de funcionários que estavam com ele havia anos. Diferente de outros mafiosos, ele se importava com as vi
Sofia se sentia uma péssima amiga. Como podia ser tão egoísta? Emilly estava com problemas, e ela sequer havia percebido. Se não fosse por Luca contar... Mas ainda havia tempo para resolver tudo. E ela e seu amorzinho tinham um plano. Confessava para si mesma que era um pouco arriscado, mas fariam assim mesmo.Chamou Emilly para beber algo. A amiga estranhou o convite, afinal, eram apenas nove da manhã. Para disfarçar, Sofia disse que era apenas um suco de laranja na cozinha. As duas seguiram para lá.— Amiga, você está estranha, mas não tenho muito tempo. Preciso ir para o restaurante — disse Emilly.Sofia bebeu o suco rapidamente, pois também não tinha tempo a perder. Ao se virar para sair da cozinha e ir em direção à sala, sentiu-se mal. Sua visão começou a escurecer, e, antes que pudesse entender o que estava acontecendo, viu Luca vindo em sua direção. Depois disso, não viu mais nada.— Amor, e o Dwayne? — perguntou Sofia.— Dormindo como um anjinho no avião... Agora vamos, precis
Luca voltou para Toronto, mas as coisas não saíram como o planejado. O novo fornecedor não conseguiu entregar as armas, pois elas ficaram retidas na fronteira. Isso o obrigou a ir pessoalmente até lá, já que ultimamente não estava confiando em ninguém.O fornecedor era do Alasca, então Luca se dirigiu ao território de Yukon, na fronteira com o Canadá. Lá, começou a elaborar um plano para o caso de cair em uma armadilha. Decidiu ir até Dawson City, onde possuía uma base inativa próxima da fronteira e outra ativa no centro da cidade.Ele marcou o encontro para a meia-noite e levou cerca de cinquenta homens. Enquanto aguardavam, tiros foram disparados na escuridão, tornando difícil identificar sua origem. Contudo, estavam preparados com óculos de visão noturna.Em pouco tempo, perceberam que estavam cercados e vários de seus homens já haviam caído. O confronto começou, e após muitos tiros, conseguiram capturar três inimigos para interrogatório. No caminho de volta ao carro, Luca sentiu a
Dwayne não conseguia acreditar no que acabara de ouvir de Draco. Como um homem experiente como Luca poderia acabar caindo em uma cilada dessas? Agora, ele estava ali, preocupado e de mãos atadas. Não podia simplesmente pegar um voo para lá sem levantar suspeitas. Sentia-se impotente. Com raiva, desferiu um soco contra a parede ao lado da porta.— Droga.— O que te tirou do sério desse jeito? Raramente te vejo assim, ou melhor, nunca.A voz feminina fez com que ele se virasse bruscamente.— Sofia? O que você está fazendo aqui? — perguntou, surpreso.— Espero que não esteja escondendo nada de mim — ela respondeu, desconfiada.— Sofia, por favor, estou ocupado agora e...— Não estou conseguindo falar com o Luca e pensei que você poderia tentar. Não dormi essa noite, tirei apenas um cochilo e sonhei com ele dizendo que me amava e que iria me amar pela eternidade... Só que depois algo o puxou para longe de mim. — Uma lágrima rolou pelo rosto dela, e Dwayne instintivamente a limpou.— Ele..
Dwayne estava absorto nos últimos acontecimentos quando seu celular vibrou. Pegou-o imediatamente e abriu a mensagem de Draco. Era uma foto de Luca em uma cama de hospital. Não suportava olhar para a imagem por muito tempo.Largou o telefone na mesa e socou-a três vezes, sem ter certeza de quando começou a chorar. Sentia-se um idiota por isso, um homem do seu tamanho derramando lágrimas. Abaixou a cabeça e deixou o choro vir, até que escutou uma voz que apertou seu coração.— Dwayne... Isso... aqui... é mentira, né? Diz que é?Ele levantou a cabeça e viu Emilly segurando seu celular.— Meu Deus, Emilly, ainda bem que é você e não a Sofia. Tranque a porta, por favor...Depois de contar tudo a Emilly, ela desabou na cadeira, os olhos se enchendo de lágrimas.— Amor, por favor, vai ficar tudo bem. Precisa ficar tudo bem.— Você conhece a Sofia, Emi. Ele não vai acordar hoje, e ela realmente vai pegar o primeiro voo amanhã. O que faremos para evitar isso?— Não vejo outra opção senão sedá
Luca despertou sentindo-se grogue e dolorido, com o som irritante de um bip constante ecoando em seus ouvidos. Olhou ao redor e percebeu que estava em uma UTI. Incomodado, retirou a máscara de oxigênio e em seguida removeu o pequeno aparelho preso ao seu dedo, responsável pelo bip incessante. Em questão de segundos, médicos e enfermeiros entraram apressados no quarto apertado, acotovelando-se para alcançá-lo. Foi então que avistou o doutor Lewis.— Luca? Nossa, graças a Deus! Por um instante, achei que hoje seria o dia em que Draco acabaria comigo — disse Lewis, aliviado.Luca soltou uma risada fraca, ainda sentindo o peso da dor.— Acho que... quero sair daqui e ir para casa.— Não dá, Luca. Dessa vez, a situação foi mais séria. Você precisa permanecer aqui por enquanto e continuar usando a máscara de oxigênio. Não pode se esforçar.— Avise o Draco que já despertei e que quero meu telefone. Sofia deve estar surtando. A gente não fica sem se falar por muito tempo, e eu preciso saber s
Luca estava deitado na cama do hospital quando ouviu o barulho característico de passos apressados se aproximando. Sofia chegou como um furacão, sua presença sentida antes mesmo de entrar no quarto. Ele conseguia ouvir sua discussão com Draco do lado de fora, que tentava convencê-la a descansar. Mas Sofia era teimosa, e não demorou para que conseguisse o que queria.Assim que entrou no quarto, seus olhos encontraram os de Luca. Ela permaneceu parada, sem dar mais um passo, a expressão de dor e alívio misturada em seu rosto, os olhos cheios de lágrimas.— Amor, são quase quatro horas da manhã, por que não foi para casa descansar? Você sabe que sua gestação precisa de cuidados — ele disse, preocupado.Ela não respondeu de imediato, parecendo perdida em seus próprios pensamentos.— Pequena, eu te amo — completou ele, suavemente.Aquelas palavras pareceram despertá-la. Sofia caminhou rapidamente até ele, hesitante, e perguntou:— Eu posso te tocar? — Apontou para o curativo no meio do pei
Após seis dias no hospital, Luca finalmente recebeu alta, mas com algumas condições.— Luca, você precisará permanecer na ala hospitalar da casa por pelo menos mais quatro dias e seguir todas as exigências médicas. Seu corpo já suportou mais balas no peito do que deveria. Você está com trinta anos, e não tem mais a mesma resistência de seis anos atrás. Sei que você é forte, mas uma hora seu corpo pode não aguentar. Não teste seus limites.— Precisa de muita coragem para falar assim comigo, Lewis. Mas você tem razão, eu vou cumprir as recomendações médicas.— Ah, mas vai mesmo. Agora você tem quatro filhos e vai criá-los até que saiam de casa.— Essa é sua maior preocupação? Temos dinheiro suficiente para criar os quatro, além dos nossos netos e bisnetos... Acho que minha falta não seria sentida.— Doutor Lewis, posso bater nele? — Sofia interveio, impaciente.— Oi? Acho que não, né!— Assim que você se recuperar, Luca, me aguarde.— Não me olhe assim, mocinha. Eu que ensinei esse olha