Luca despertou sentindo-se grogue e dolorido, com o som irritante de um bip constante ecoando em seus ouvidos. Olhou ao redor e percebeu que estava em uma UTI. Incomodado, retirou a máscara de oxigênio e em seguida removeu o pequeno aparelho preso ao seu dedo, responsável pelo bip incessante. Em questão de segundos, médicos e enfermeiros entraram apressados no quarto apertado, acotovelando-se para alcançá-lo. Foi então que avistou o doutor Lewis.— Luca? Nossa, graças a Deus! Por um instante, achei que hoje seria o dia em que Draco acabaria comigo — disse Lewis, aliviado.Luca soltou uma risada fraca, ainda sentindo o peso da dor.— Acho que... quero sair daqui e ir para casa.— Não dá, Luca. Dessa vez, a situação foi mais séria. Você precisa permanecer aqui por enquanto e continuar usando a máscara de oxigênio. Não pode se esforçar.— Avise o Draco que já despertei e que quero meu telefone. Sofia deve estar surtando. A gente não fica sem se falar por muito tempo, e eu preciso saber s
Luca estava deitado na cama do hospital quando ouviu o barulho característico de passos apressados se aproximando. Sofia chegou como um furacão, sua presença sentida antes mesmo de entrar no quarto. Ele conseguia ouvir sua discussão com Draco do lado de fora, que tentava convencê-la a descansar. Mas Sofia era teimosa, e não demorou para que conseguisse o que queria.Assim que entrou no quarto, seus olhos encontraram os de Luca. Ela permaneceu parada, sem dar mais um passo, a expressão de dor e alívio misturada em seu rosto, os olhos cheios de lágrimas.— Amor, são quase quatro horas da manhã, por que não foi para casa descansar? Você sabe que sua gestação precisa de cuidados — ele disse, preocupado.Ela não respondeu de imediato, parecendo perdida em seus próprios pensamentos.— Pequena, eu te amo — completou ele, suavemente.Aquelas palavras pareceram despertá-la. Sofia caminhou rapidamente até ele, hesitante, e perguntou:— Eu posso te tocar? — Apontou para o curativo no meio do pei
Após seis dias no hospital, Luca finalmente recebeu alta, mas com algumas condições.— Luca, você precisará permanecer na ala hospitalar da casa por pelo menos mais quatro dias e seguir todas as exigências médicas. Seu corpo já suportou mais balas no peito do que deveria. Você está com trinta anos, e não tem mais a mesma resistência de seis anos atrás. Sei que você é forte, mas uma hora seu corpo pode não aguentar. Não teste seus limites.— Precisa de muita coragem para falar assim comigo, Lewis. Mas você tem razão, eu vou cumprir as recomendações médicas.— Ah, mas vai mesmo. Agora você tem quatro filhos e vai criá-los até que saiam de casa.— Essa é sua maior preocupação? Temos dinheiro suficiente para criar os quatro, além dos nossos netos e bisnetos... Acho que minha falta não seria sentida.— Doutor Lewis, posso bater nele? — Sofia interveio, impaciente.— Oi? Acho que não, né!— Assim que você se recuperar, Luca, me aguarde.— Não me olhe assim, mocinha. Eu que ensinei esse olha
Sofia estava no provador, admirando-se no espelho com seu último vestido, quando uma mulher entrou e a acertou com um golpe, mencionando que Mikhai Petrov lhe mandava lembranças. Sofia não fazia ideia de quem era esse Mikhai.Apesar do impacto, a pancada na cabeça não foi suficiente para fazê-la desmaiar, mas a deixou desorientada e mentalmente confusa. Antes que pudesse reagir, a mulher a jogou no porta-malas do carro. Seu celular havia ficado na bolsa dentro do provador, o que tornava a situação ainda mais complicada. Precisaria improvisar, já que não poderia se esforçar muito devido à gestação. O jeito seria usar a cabeça.O carro parou e Sofia ouviu a mulher falando:— Eu trouxe a princesinha para o Mikhai, como ele pediu. Está no porta-malas, só não sei se está viva. A coisinha é pequena, parece uma criança.Ela debochava da altura de Sofis e ria. Isso a irritava profundamente. Por que todos implicavam tanto com sua altura? Ela tinha 1,58m, o que não era tão baixo assim. Mas, de
Depois que Eleonora foi embora, Sofia sabia que precisava ganhar tempo. Ao mesmo tempo, a preocupação a deixava inquieta. Ela tinha certeza de que Luca não reagiria bem a essa situação, e, apesar de já não se abalar tanto quanto antes, sabia que ele não estava em seu melhor dia. Precisava limpar a mente e se concentrar.— Tenho até pena de você... Mentira, não tenho não. — disse Natasha, com um sorriso cínico.— Eu também não tenho de você, principalmente quando Luca souber que você colocou essas patas imundas em mim. — Sofia retrucou sem hesitação.Quando Natasha ergueu a mão para lhe dar um tapa, uma voz grave e rouca interrompeu:— Nem pense em danificar a mercadoria, Natasha.— O que esse imbecil disse? — Sofia ergueu a voz, deixando claro que a provocação era intencional.— Garota insolente. Este homem é Mikhai Petrov. Abaixe a cabeça e não fale com ele sem permissão. — Natasha repreendeu-a, irritada.— Ai, sua voz é tão irritante. Seja lá quem for esse Mik sei lá o quê, não sou
Com tudo o que havia acontecido e com a morte de Mikhail Petrov, Luca precisou chamar Dmitri. Ele conhecia bem o velho inimigo e era essencial saber o que esperar após sua morte. Afinal, Sofia havia matado o desgraçado que queria abusar dela e vendê-la. Luca teria tido o maior prazer em torturá-lo, mas agora precisava se concentrar na sua recuperação.Na noite anterior, Draco entrou em contato com Dmitri, que estava na Rússia e chegaria apenas à noite. Enquanto isso, Luca iniciava pequenos exercícios para recuperar sua melhor forma. Seu ombro e seu braço precisavam se fortalecer o mais rápido possível.Sofia estava na sala em uma chamada de vídeo com as crianças e já fazia mais de uma hora que brincavam, até que um menino de quase quatro anos passou correndo pela sala com um avião de brinquedo.Ao encerrar a chamada, ficou observando o pequeno, que corria para lá e para cá com seu aviãozinho. Seu rostinho possuía traços marcantes e seu cabelo preto caía sobre os olhos em uma franja ad
Helena estava no trabalho desde às seis da manhã. Sua filha, Sofia, também trabalhava com ela na limpeza. No entanto, enquanto Sofia saía às onze, Helena só terminava o expediente às três da tarde.— Mãe, vou limpar os banheiros do lado esquerdo, e a senhora limpa os do lado direito, tudo bem? — disse Sofia.— Claro, filha. Pegue seu carrinho de limpeza. Eu já completei com o que estava faltando.— Obrigada, mãe. Te amo muito.— Também te amo, minha filha.De repente, Helena sentiu uma dor no peito e, ao mesmo tempo, um frio congelante no coração. Segurou-se no carrinho de limpeza e pensou em chamar Sofia, mas ela já estava um pouco distante. Pegou sua garrafinha de água, tomou um gole e seguiu em direção aos banheiros que precisava limpar.Pouco tempo depois, Sofia retornou.— Mãe, vou para o segundo piso. Já terminou ou precisa de ajuda? — Ao olhar para Helena, percebeu seu semblante pálido. — Mãe, está se sentindo bem?— Claro, minha filha. É só um mal-estar. Vamos para o segundo p
Ao sair do trabalho, Sofia se deparou com sua tia Ellen esperando por ela.— Oi, tia, veio buscar minha mãe?— Sofia, entra no carro! — respondeu Ellen, de forma fria.Sofia a olhou, mas a tia evitou encará-la. Percebendo o tom ríspido, obedeceu e entrou no carro. O silêncio as acompanhou durante todo o trajeto.Quando chegaram ao hospital, Sofia franziu a testa, sentindo o coração acelerar.— Por que estamos aqui, tia?Mais uma vez, não obteve resposta. Apenas seguiu Ellen pelos corredores, até que pararam diante da mesma sala onde, um mês antes, havia visto seu pai pela última vez. Seu peito apertou.— O que está acontecendo? — perguntou, sentindo o medo crescer dentro de si.Ellen suspirou antes de falar:— Sua mãe me pediu para cuidar de você. Ela estava com câncer há dois anos e, em vez de melhorar com a quimioterapia, só piorou. Sua mãe faleceu há uma hora... Eu sinto muito. Não pude trazê-la a tempo para uma última conversa.Sofia começou a rir de forma histérica, incapaz de pr