CAPÍTULO 7

               — E desde quando te dei satisfação do que eu faço ou deixo de fazer se você é um banana que nunca fez nada nessa vida, eu sempre tive que tomar as rédeas de tudo! — Domingos estava estarrecido com o que acabou de ouvir. E se perguntava: “Será que eu conheço minha mulher?”. Seu sangue ferveu de raiva e de arrependimento de ter deixado as coisas chegarem ao ponto em que chegou, mas antes de tomar qualquer atitude queria saber o que a família fizera de tão grave a ponto de querer expulsar da fazenda.

          — Ainda quero saber o que essa família fez de tão grave assim?

          — É um problema meu que não te diz respeito! — Domingos chegou ao seu limite, não era de gritar com ninguém muito menos com a sua família, mas ouvindo sua esposa falar daquele jeito arrogante fez sair do sério.

           — Escute aqui sua maluca, muitas coisas eu engoli esses anos todos suportando você porque eu me conheço. E sei até onde vai o meu limite, mas agora estou vendo que cheguei ao fundo do poço dos meus limites. E pra eu subir terei que fazer muito esforço. Ou você me fala o que está acontecendo ou a gente se separa agora mesmo? — Falou gritando que fez assustar até os pássaros que estavam na capota de uma árvore centenária. E Cecília sentiu seu corpo arrepiar ouvindo o eco distante como se estivesse ficando surda não acreditando que aquele era seu marido falando em separação.

         Entrou em desespero e agora não sabia como sair daquela enrascada, acreditou que ele não teria coragem.

         — Separação? É isso mesmo que eu ouvi?

         — Exatamente isso mesmo que você ouviu se não me contar o que está acontecendo por querer afastar a família que nos ajudou tanto, e se temos tudo é graças a eles!

          — Você está blefando, não sabe fazer nada sem mim!

         — É mesmo! Então tente pagar pra ver, se quiser chamo agora meu advogado, e tratamos da separação. Eu te dou a metade do que é nosso casamos com separação de bens eu fico com a fazenda e você com as lavouras, nossos filhos decidem com quem eles querem ficar assim não vou precisar mandar meus amigos embora! O que acha da proposta?

         — Você é ridículo. Está ficando louco e não sabe o que está falando. Sem mim não teria tudo o que temos!

        — É aí que você se engana, sem a família dos meus amigos nós não teríamos o que temos. Mas já que não quer me contar vou ligar pro meu advogado vir aqui essa noite vou convocar meus filhos e colocar essa situação pra eles!

         — Não ousa fazer isso, eu a proíbo!

— Domingos ficou mais espantado com o tom arrogante de sua mulher, de fato não era essa Cecília doce que ele conheceu um dia e se apaixonou e teve três filhos. Estava finalmente conhecendo outro lado obscuro dela. E deu um grito mais forte perdendo o controle.

       — Você não manda mais nada aqui, vou chamar advogado pra resolver essa situação de uma vez por todas. Agora tenho certeza que o afastamento do meu filho tem dedo podre seu. E o fato de João ter expulsado a filha dele tem haver com isso, mas já que não quer dizer eu mesmo vou perguntar!

— Não se atreve a falar com essa família m*****a que vai se ver comigo!

         — Está me ameaçando?

         — Estou! — Domingos saiu bufando e não teve dúvidas. E foi ligar para seu advogado comparecer a noite na fazenda. E também convocou todos os trabalhadores da fazenda. E João e Jussara e seus dois filhos. Domingos estava cansado de ser mandado por sua mulher, e sempre ouvia as pessoas falarem mal pelas costas de que ele era um homem fraco que se deixava ser mandado pela mulher.

         E isso deixou incomodado. E já teve vontade de chutar o balde faz tempo, mas não encontrava motivos e agora tinha um. E descobriu que sua mulher não era o que ele imaginava. E deixou tomar conta das coisas, assim o deixava em paz, mas estava arrependido de ter deixado as coisas chegarem a esse ponto. E no fundo ele sabia quem era, mas preferiu fechar os olhos. Antes tarde do que nunca para mudar e acordar para a realidade.

       Cecília não levou a sério as ameaças do seu marido. No ar da sua arrogância acreditava que ele não seria capaz de chegar ao ponto de querer a separação. Ela acreditava que ele não seria capaz de viver sem ela. Por outro lado, não era uma má ideia ficar com as terras e as plantações de soja, milho e feijão. Assim faria o que quisesse e ia se sentir livre do seu marido que sempre achou ele um banana na opinião dela, é claro, e assim não precisava ver mais a cara da família de João.

         E principalmente de Jussara que não podia mais nem ouvir a voz dela. Quando chegou a noite todos estavam na mesa jantando. A família de João e os filhos de Domingos que não entenderam o que estava acontecendo, e porque da reunião? Cecília teve um ataque histérico.

         — Posso saber o que está acontecendo aqui na minha casa?

         — Nossa casa você quis dizer, mas a partir de hoje você pode se mudar se quiser? Os incomodados que se retirem! — Todos estavam surpresos com a nova atitude de Domingos, tomando pulso firme, e determinando regras da casa. Coisa que ele nunca o fizera. Ninguém entendia mais nada.

          — Mas o que está acontecendo aqui! Alguém pode me explicar? Falou o filho mais velho. — Domingos tomou a palavra e pediu silêncio a todos.

          — Eu chamei advogado para tratar da nossa separação, eu e a mãe de vocês estamos nos separando! — Uma pergunta na mente de todos que estavam presentes.

          — Como assim se separando? — Não aceitavam bem a ideia de separação depois de muitos anos casados e que nunca aconteceu nas redondezas. Seria um escândalo. O que iam pensar as pessoas. Embora os filhos e noras soubessem que o temperamento de Cecília era difícil conviver, e até tinham pena dele aguentar tanto tempo.

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