Eliza
Passei cinco longos anos reclusa naquele maldito hospício, assim eu chamava o internato onde fui gentilmente obrigada a permanecer durante todo esse tempo. Recebendo somente a visita da "tia" Rose e da minha mãe uma vez por ano. Pois, para o restante da família, eu já havia deixado de existir.No início tudo foi muito difícil para mim, éramos separadas por pequenos grupos nos inumeráveis alojamentos, que chamavam de struttura. Meninos de um lado e meninas do outro. Mas eu sempre dava um jeito de escapar para o lado B, por assim dizer, e foi assim que acabei conhecendo o Enzo o meu companheiro de inúmeras aventuras e o meu único amor.(...)Fui colocada na sala do castigo tantas vezes que até perdi as contas. Acabei até fazendo amizade com o Fred. Querem saber quem é ele? É um ratinho cinza muito simpático por sinal. Adorava comer as migalhas de pão que eu jogava pra ele todas às vezes que aparecia por ali. E isso eram no mínimo umas três vezes por semana durante um ano. Então, logo podem imaginar que de uma forma ou de outra deveria ter certa intimidade com aquele bicho peçonhento, e para ficar menos informal o apelidei por Fred. Até que o nome era fofinho.Após esse ano de adaptação pude perceber que seria inútil relutar sobre a minha situação. A minha m*****a sentença já havia sido dada pelo meu querido papai e eu mal sabia que o verdadeiro motivo eu ainda iria descobrir.(...)Após completar o ensino médio, aos dezoito anos, e aprender tudo o que uma mocinha de boa família deveria saber para ingressar na família Delfine, pude ser liberta da minha prisão por assim dizer. Meu cárcere seria de uma maneira diferenciada a partir de agora. Moraria numa linda e luxuosa mansão juntamente com Rose, minha titia querida.Ao chegar no local fiquei encantada com cada cômodo daquele lugar. Tudo era muito sofisticado, aconchegante e com riquezas de detalhes que tornava tudo ainda mais bonito. Afinal ela estava sendo muito bem paga para me manter tão confortavelmente e ser tão gentil todos esses anos. Ela era tão amável que chegava a embrulhar meu estômago. Mas falarei um pouco sobre ela em outro momento.A sala de estar era a mais detalhada de toda a casa. Tinha um estilo bem rústico e único, além da bela sacada com vista para um lindo lago.A cozinha era aconchegante e muito harmoniosa. Com móveis rústicos e cores vibrantes, chamando a atenção de qualquer pessoa.Ainda havia uma sala exclusiva para o jantar. Que parecia mais o trono de algum imperador. As cadeiras eram todas ricas em detalhes feitos manualmente em ouro, além da riqueza em detalhes por todo o ambiente. Realmente eu me sentia uma verdadeira bonequinha de luxo. Mas tudo isso continuava sendo insignificante pra mim e não via o momento de desaparecer desse lugar.Por fim fui conhecer onde seria a minha nova prisão, mas dessa vez de luxo. Abri a porta e me deparei com um ambiente muito sofisticado. Não sendo nada diferente do restante da casa. A riqueza de detalhes desse lugar era impressionante, retratava fielmente o pouco que eu recordava do meu quarto na infância antes de ser enjaulada naquele manicômio.A partir de agora eu poderia ir às ruas, mas sempre na vigilância do meu querido King Kong, assim eu chamava o armário ambulante que me acompanhava em todos os lugares possíveis e até impossíveis. O único lugar que eu tinha certa privacidade era no meu quarto, mas mesmo assim, ainda tinha dúvidas se haveriam escutas ou câmeras escondidas por todo o ambiente. Cheguei até a procurar algumas vezes, mas nunca encontrei nada.Enquanto estava no colégio interno nunca fui incomodada ou tive a honra de conhecer meu futuro marido Enrico. Mas, assim que coloquei os pés na minha segunda prisão tive a maravilhosa surpresa que ele estaria afastado do país por longos três anos prestando serviços militares. O que me trouxe grande alívio, pois teria muito mais tempo para pensar numa maneira de elimina-lo de uma vez da minha vida.(...)Alguns dias depois...Alguns dias depois a minha chegada, por eu muito insistir, Rose me levaria até um local onde seria a minha total libertação: A Universidade. Lá eu poderia fazer tudo aquilo que eu sempre quis e nunca pude.Ela relutou, mas acabou aceitando todas as minhas justificativas, de que eu precisava de muito mais instrução para me tornar esposa do poderoso Enrico Delfine.Sempre fui muito ardilosa e no fim sempre fazia o que queria. Mesmo que depois tivesse que sofrer as consequências, mas sofria com gosto por ter feito o que desejava.Lá passei os melhores anos da minha vida. Aprendi muito, sorri, chorei, conheci novas e maravilhosas pessoas. Além de poder reencontrar o Enzo.Ai o Enzo, só de lembrar dele me causa uma grande nostalgia dos lindos e marcantes momentos que passamos juntos. Especialmente do modo como ele me ajudou a eliminar definitivamente Rose e Enrico da minha vida.(...)Dias atuais...Respirei fundo ao olhar para o relógio amadeirado pendurado na parede branca da sala do meu minúsculo apartamento e perceber que chegava o momento de retornar para o lugar onde nasci. A linda e melancólica cidade de Palermo, uma das cidades que ficavam localizadas na ilha da Sicília. Era a quinta cidade mais populosa da Itália e era o maior centro cultural, histórico e comercial da Sicília.Havia recebido uma irrecusável proposta de trabalho e agora mais do que nunca eu precisava daquele dinheiro. Tentei relutar por se tratar do lugar onde anos atrás fui praticamente exilada pela minha própria família. Mas definitivamente eu necessitava daquele emprego.Não sei se seriam capazes de me reconhecer, afinal estou com a fisionomia completamente diferente do dia em que fui expulsa daquela casa. E já fazia anos que não via minha mãe. Tudo o que eu recebia dela durante esses últimos anos eram cartas relatando todo a sua angústia e sofrimento por viver longe de mim. Além é claro de se sujeitar as ofensas e modos grosseiros do poderoso Vitorio Grecco. Não sei como minha mãe suporta passar por todas as humilhações que ele certamente a obriga engolir. E o pior, é por que ela suportava tudo isso até hoje? As últimas notícias que tive dela consegui notar que ainda existia melancolia e amargura em suas palavras. Como eu adoraria reencontra-la e dizer que estou aqui ao seu lado. E principalmente, que comigo ela nunca mais sofreria ou derramaria lágrimas que não fossem somente de alegria. Com certeza nem ela seria capaz de me reconhecer. Por isso decidi que havia chegado o momente de fazer uma grande surpresa. Mas no fim, quem seria a grande surpreendida, era eu.(...)ElizaMe chamo Eliza Grecco, hoje tenho exatamente vinte e cinco anos. Sou formada em jornalismo, mas tenho uma segunda profissão, que tem se tornado um escape para todas as minhas frustrações. A Dança Contemporânea! Mas hoje realizo outro tipo de dança que também não deixa de ser uma arte e muito em breve apresentarei à vocês.Meu sonho era me tornar uma dançarina mundialmente conhecida. E de uma certa forma acabei conseguindo, por assim dizer. (...)Porém, também amo o jornalismo, pois através dele pude conhecer diversas histórias, lugares, culturas e além é claro de pessoas maravilhosas. Uma delas é a Sophie, uma mulher exuberante, forte e de uma beleza inigualável. Ela foi minha chefe e hoje se tornou a minha melhor amiga. Foi através dela e por ela que o maledetto Hyago Venturini entrou na minha vida. E foi a partir desse dia que minha história começou a mudar completamente. E por incrível que pareça, mudou para muito pior. (...)Horas antes de chegar à Palermo...Dias atuais..
Dias atuais... Palermo... Mansão dos GrecoCatarine Grecco (Mãe de Eliza)Já faziam muitos anos que não via a minha doce Eliza. Para ser precisa, desde o dia em que Rose foi encontrada morta dentro daquela casa. Tudo indicava que ela havia sido sequestrada pela máfia. Bem, foi isso que Victorio tentou me fazer acreditar. Afinal, não suportava mais todas as minhas perguntas e indagações, logo foi para o modo mais prático como era do seu costume. E insistia que os D'Angelis tinham algo haver com tudo isso, principalmente com o desaparecimento da Eliza. Mas, eu tinha certeza absoluta que o único culpado por todas as nossas desgraças seria o meu próprio marido.Desde que nos casamos consegui comprovar inúmeras vezes tudo o que ele seria capaz de fazer para alcançar seus objetivos. (...)Nosso casamento foi arranjado pelos nossos pais. Meu pai era um fazendeiro muito rico, dono dos melhores vinhedos de toda Toscana, mas foi perdendo tudo e ficando na mais completa mísera. O vício do jogo,
Catarine Quando dei por mim já havia amanhecido. Acordei Marco e ele despertou rapidamente. Ouvimos alguns passos se aproximando. Nos vestimos e ficamos escondidos atrás de alguns barris de vinho. Olhamos e vimos o meu pai passar em frente ao galpão caindo de bêbado como sempre, depois de mais uma noite inteira jogando. Eu já começava a sentir o meu corpo tremer, pois já sabia que iria levar uma nova surra. Marco segurou meu rosto e olhou dentro dos olhos dizendo:— Arruma algumas mudas de roupas e me aguarda aqui exatamente à 1h da madrugada. Virei te buscar para fugirmos juntos. Nunca mais esse homem tocará em você. Porque se isso acontecer novamente eu juro que o mato. Nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida.— Tudo bem meu amor, mas para onde vamos?— O lugar não importa meu amor. O que realmente importa é ficarmos juntos. Eu não vou permitir que nos separem e muito menos que você continue sofrendo abusos desse maledetto. — nos abraçamos forte, nos beijamos e ele foi e
Eliza GreccoMedo... recordações... e a maldita crise de ansiedade tentavam invadir meus pensamentos à todo custo.Tudo voltou com força total. Sentia que tudo em minha volta escurecia. Novamente esse desgraçado tentava a todo custo destruir a minha vida mas, estava muito enganado ao pensar que me tinha em suas mãos. Após ouvir que aquele maledetto do Hyago havia capturado Sophie e Anna senti o desespero e a dor se apossarem do meu corpo me fazendo perder o chão. Mas eu precisava mais do que nunca me manter forte para mantê-las em segurança. Enxuguei as lágrimas que insistiam em rolar dos meus olhos deixando meu rosto completamente inchado. Olhei para aqueles homens que estavam me acompanhando e percebia que me analisavam como se eu fosse um pedaço de carne prestes a ser vendida. E de algum modo não estavam errados. Realmente era assim que mais uma vez eu me sentia. Um puro e valioso objeto.Eles estenderam a mão para me ajudar a levantar do chão, após eu desabar com o telefonema da
Eliza GreccoEsse nome Arthur D'Angelis, não me era estranho. Será o mesmo Arthur que conheci h mais de quinze anos atrás no orquidario? Bem, infelizmente serei obrigada a conviver com essa dúvida, pois ao que tudo indica eu não tenho como sana-la jamais. Meu caminho e o destino que me aguardam são bastante indecifráveis. Logo não terei tempo para investigar ou procurar por tal resposta. Meu único objetivo nesse momento é o bem estar da minha família, que consistia na Anna e na Sophie, e por elas sou capaz de tudo.Aqueles desgraçados me colocaram num jatinho e fomos direto para Palermo. Dentro de poucas horas, enfim retornarei ao lugar onde só conheci sofrimento e dor. Mas dessa vez a minha história seria muito diferente, pois já deixei de ser aquela menina ingênua e hoje me tornei uma mulher forte capaz de tudo por aqueles que amo.(...)Olhava em volta e como sempre Hyago era cercado de luxos. Gostava de ostentar seu poder a todo custo. O jatinho era impecável, tinha a cor branca p
Catarine Grecco / Mansão GreccoDurante todos esses anos que passei a fazer parte da família Grecco sempre suspeitei que havia algo por trás de toda essa rivalidade entre essas famílias. E hoje eu poderia descobrir o verdadeiro motivo pelo qual esse ódio se arrasta por todos esses anos, trazendo sofrimento e a angústia de tantos inocentes.— Pois bem, então se acalme e sente aqui nessa poltrona bem a minha frente. Agora você descobrirá o verdadeiro motivo da guerra entre D'Angelis e Grecco. — Victória disse respirando fundo— Estou pronta para ouvir. — disse recostando meu corpo na poltrona e analisando cada uma de suas palavras minuciosamente.— Essa é uma richa que surgiu desde os bisavós do meu marido. A família Grecco sempre foi a pioneira no comércio e mais conhecida por toda Sicília. Tinham muitas terras, mas meu sogro desejava uma em especial, a que pertencia aos D'Angelis. Pois, segundo ele, era uma terra muito fértil e a única terra que poderia ter uma bela plantação de pinol
"O segredo de uma pessoa pode ser comprometedor; mas, em família torna-se um ato de insanidade. " ▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎ElizaNão sei porque aquele homem me deixou tão entusiasmada dessa forma. Logo eu que só me senti encantada pelo Enzo. Mas com esse sujeito não posso dizer que seja um encantamento que esteja sentindo, mas sim, uma gigantesca curiosidade em desvendar seus segredos e mistérios que com certeza o cercam. Sua atitude viril e forte me chamaram muita atenção.Baixei meus óculos escuros e fiquei observando todo seu comportamento naquele momento, podendo perceber de imediato que ele era muito hábil em resolver problemas. Pois, rapidamente deu instruções para os seguranças e lhes entregou um cartão. Possivelmente ali teria tudo o que eu necessitava para aquietar a minha curiosidade por esse homem. Pois, essa era a única palavra que definia esse meu desejo desenfreado por ele. Tudo não passava de uma mera curiosidade.O motorista e os seguranças estavam voltando um pouco ner
Estive distante por tanto tempo, e esses longos anos que fiquei longe da mama e do babo só fizeram aumentar a minha saudade. Se eles soubessem tudo o que vive e quantas recordações carrego em meu peito entenderiam o que digo. Noites, farras e mulheres não conseguiram preencher o vazio que trago em minh'alma desde o dia que conheci Eliza, exatamente há dezessete anos atrás. Sei que era um pré adolescente e não entendia nada sobre a vida e principalmente de amores, mas carrego no meu peito esse sentimento por ela até hoje, e tenho certeza que o mesmo acontece com ela.Hoje tenho quase trinta anos de idade e ainda me recordo claramente do seu rosto doce e sua voz meiga quando conversamos pela única vez no orquidario. Já tive muitas mulheres, nossa, uma mais linda e atraente do que a outra. Mas nenhuma chegava aos pés da minha linda Eliza. Há não ser por hoje, quando conheci a Bella dentro do avião. Nossa! Ela é uma mulher simplesmente deslumbrante e faz jus ao seu nome. Mas percebi que