Dois

2011

— Tem certeza que vai comprar este lixo que você chama de casa? Está arruinada, Cléo, pense o quanto vai gastar na reforma. Eu entendo que a casa tem uma vista privilegiada, mas não compensa o valor investido.

Breno fazia de tudo para Cléo não comprar a casa que trazia péssima recordação no seu íntimo, ele estava sofrendo com lembrança do seu passado com segredos que havia jurado nunca revelar. Por ironia do destino Ítalo — ex-namorado da Cléo — tinha encontrado a antiga mansão do Ryan. Ítalo era esnobe, não sabia como Cléo havia namorado um espécime deste. Breno se perguntava como ele havia encontrado o lugar, a casa não tinha nenhum anúncio de venda, ninguém sabia nada sobre a velha mansão.

— Tenho certeza, eu quero comprar esta casa. — Respondeu Cléo

— Será que o proprietário não podia dar um desconto? — Falou ítalo.

— Eu duvido, morreu há alguns anos, era órfão e não tinha parente, e quem cuida da casa é um cara chamado Pietro Solomom e ele não deseja vender, talvez por isto o preço salgado. 

Breno apenas escutava o que Ítalo falava, ele mesmo havia pedido que Pietro dobrasse o preço da casa.

— Mas esta casa tem algo especial, uma magia, um encanto, algo que chama a minha atenção, me prende só de olhar para ela. Tem algo muito especial aqui. Entenda, sei que esta mansão está um caos, mas ela demonstra que a pessoa que morava aqui tinha um coração puro.

E com esta última palavra de Cléo, Breno saiu da sala para respirar fundo.

— Cléo!

— O que foi? Sei você que não gosta da casa, mas pare de gritar, droga cadê você, Breno?

— Aqui no quarto, com o seu namorado. — Falou de um jeito afetado. 

Cléo não se deu ao trabalho de responder a ironia de Breno, não sabia por que ele estava com um mau humor.

— Olha o que achei, parece o único lugar da casa que tá em condição de uso.

— O quê? Como isto pode acontecer? Logo este lugar. . . — murmurou Breno.

— Disse algo? — Perguntou Cleo.

— Não! — respondeu secamente. 

Breno, no seu íntimo, estava abismado, o lugar estava intacto, a mesma colcha de cor azul veludo, estava no mesmo tom como o tempo jamais tivesse passado, os móveis apesar da poeira continha o mesmo glamour daquela época. Breno se viu transportado para muitos anos atrás e um filme passou pela sua cabeça. As conversa do Ryan ao celular com sua amada, as brincadeira dele, Breno realmente sentia falta do seu amigo e estar ali agora o fazia sentir-se pequeno diante de tanta saudade.

— Venha ver isto, Cléo.

— Já estarei aí contigo em um minuto, mas se for mais uma besteira sua, Ítalo você irá partir agora. 

Cléo ficou muda quando viu a beleza do lugar.

— Veja, é impressionante, não acha? — Falou ítalo.

— Sim. Ítalo como este lugar pode está assim comparada ao restante da casa isto é um milagre.

— Veja, Cléo, esta pintura.

— Que linda esta pintura, parece de uma mulher, não acha, Breno?!

— Para mim é apenas mais uma decoração insignificante.

— O que é isto, Breno? — Cléo indagou, diante do crescente mau humor dele.

— Eu sei lá, pelo que sei a casa é sua.

O quarto era todo pintado de bege claro com móveis raríssimo que valia uma fortuna, a cama baixa era colocada de um jeito que pudesse ver a pintura na parede, a pintura era de uma rosa conhecida com copo de leite no Brasil pertencente à família araceae que originaria da áfrica do sul, mas foi introduzida em todo território português e no meio o rosto de uma mulher belíssima, a pintura tinha um fundo na cor terra Siena natural e preto e branco titânio, em cima estava escrito “te amarei para sempre”. E uma barra com uma medalha de resina quadrada pintada cor de terra Siena e preto e prata que gravava o nome da mulher. Era o único lugar que estava meio apagado como se alguém tivesse tentado apagar o nome dela da declaração de amor “Letícia meu amor eterno. Razão do meu viver” e em cima estava escrito “te amarei para sempre”.

— Como isso pode tá intacto assim, sem nenhuma fissura o resto da casa está desmoronando, mas aqui não — era o que ele queria saber, fora ele e Pietro, mas ninguém sabia desse quarto, já era para está desmoronada como resto da casa, mas estava bem cuidado, parecia que alguém vivia ali na sobra da ruína.

— O que é aquilo, Breno?

— Sei lá, já disse que a casa é sua.

— Por que este mau humor, se quiser pode ir embora. Nada o prende aqui, Breno! O convidei porque somos amigos e gosto da sua opinião, mas vejo que está aqui obrigado, então siga seu caminho.

Mas ele não escutou o fim da frase. Breno viu a caixa, a bendita caixa de madrepérola que eles haviam escondido e deixado com ela todo o passado para trás. 

— Uma caixa que pensava nunca mais fosse ver. — Cléo não entendeu que Breno falou, pois estava encantada com a beleza do pequeno móvel em suas mãos e tinha sido talhada em um tipo de madeira rara que não sabia o nome, mas os detalhes da caixa era magníficos. Era uma caixa dourada com adorno prata colocada diante da foto tipo um santuário.

— O que será isto?

— Não sei, mas deve valer uma nota preta, deve ser uma relíquia de família. — Sobre isto Ítalo tinha razão, a caixa era uma relíquia de família, mas se valia alguma grana isto ele não sabia.

— Não a caixa, seu idiota, este lugar. — Retrucou Cléo.

Cléo tentou abrir, mas não conseguiu e passou para Ítalo que tentou e terminou jogado no lugar que encontrou.

— Olha que está com uma chave, vou tentar abrir, mas está um pouco emperrada.

Ítalo tentou abrir, mas não conseguiu porque na verdade aquela velha caixa tinha um pequeno segredo para abrir, e só Breno sabia e diante da aguçada curiosidade da Cléo ele resolveu satisfazê-la, meio que para compensa sua instabilidade emocional.

— São cartas. — Exclamou ítalo.

— Para quem será?

- Para a mulher da foto, não é óbvio? 

“Este camarada está me tirando a paciência”. Pensou Breno.

— Você vai jogar fora, Cléo? — Perguntou Breno

— Não. Depois vejo isto. — Respondeu rudemente, pois estava farta da chatice dele.

Cléo estava naquela festa não por sua escolha, mas porque Breno tinha um pai insano por casamento, mas ela jurou que este era o último casamento que ela iria participar, até porque em breve ela estaria ocupada demais com a reforma da casa e vivendo sua nova vida, sem o incomodo de ninguém, ela tinha que terminar aquele livro e a solidão era a melhor opção.

— Como vai a reforma, Cléo?

“Que droga, que falta de sorte encontrar o Ítalo logo agora que venho tentando retirar do meu pensamento”, pensou Cléo. Aquele cara tinha sido seu namorado, tudo bem que tinha sido ele a encontrar a sua casa, ou melhor, aquela mansão arruinada, mas seu interesse era irritá-la, mas o tiro saiu pela culatra, porque havia se apaixonado pelo lugar. 

A visão resplandecente do jardim que a fazia ficar horas ali olhando para o nada e imaginando a vida, e talvez fosse ali que Ryan escrevia as cartas, o lugar é muito romântico e tinha uma beleza extraordinária, o caminho lardeado de pedra que tanto leva para piscina ou para a caminhada à praia, a casa tinha um ar de castelo abandonado pedindo para ser restaurado.

Quando criança sonhava em morar num castelo e aquela mansão tinha seu ar medieval, era então agora o seu castelo. E era ali que ela queria ficar e ia ficar, e dar um ar moderno ao ambiente sem retira a essência do lugar, a paz, e seu mistério.

— Breno cadê você? Breno vocês está atrasado de novo! — Cléo resmunga em silêncio e naquele momento sua paciência estava no limite já não aguentava mais ficar um minuto naquela festa.

— Este sorriso, não me diga que está lembrado do velho tempo? — Falou com uma piscadinha querendo abraçá-la.

— Não. — Empurrou com delicadeza. — Estou pensado na minha casa.

— Bastante interessante, que ótimo e como vai o livro. Vai fazer mesmo? Faz anos que você... 

— Não sei, Ítalo.

Cléo mudou de assunto, pois não queria fala sobre seu livro, pois era algo que Ítalo sempre debochava, nunca deu atenção, o seu egoísmo era do tamanho do seu ego, nunca havia pensado que um cara que havia ajudado quando ele estava na pior fosse tão insensível, mudasse no instante que sua vida melhorasse, abandonando quando mais precisou dele, por educação não havia rompido de vez com ele, mas o fato de voltar para a ex-namorada quando sua vida havia melhorado deixando a atual sem nenhuma explicação, desnotava o carente Ítalo, só Deus sabia explicar porque raio ela ainda falava com ele. E agora o simples fato dele tentar flertar como mostra o patife que é.

— Você conheceu o dono ou algum amigo dele?

— Como? — Perguntou Ítalo sem entender a mudança do assunto.

— O antigo dono da mansão.

— Infelizmente não, o cara era reservado, há boatos que ele era espião ou alguém do governo, ou quem saber um mercenário, um assassino bem pago. Pois no velório só havia figura importante, carro de luxo, muitos falam que alguém muito importante veio para cerimônia, e algumas ruas foram fechadas, basicamente só sabemos isto e que se procurar por Pietro Solomom ele poderá lhe ajudar em algo.

— Eu já tentei, mas para mim é apenas alguém que gostava de uma vida simples sem agitação, quanto ao seu trabalho não sabe o que dizer o que ele fazia será que não era um designer de interior julgado por aquele belo quarto.

— Bem, isto seria um belo tema para o seu livro.

— Talvez.

— Tudo pode acontecer, o cara poderia ser um ermitão que chorou a perda de um grande amor até o fim da vida. Ao contrário do que vimos aqui nesta festa... tem gente que não vê o quanto está sendo ridículo. — Comentou Ítalo.

— Olha quem fala — murmurou Cléo.

— O que disse?

— Nada.

— Bem, uma sugestão: é melhor do que escrever sobre um mistério com luz apagada, corpo sumido e aparentemente mutilado, e no final sendo encontrado na velha mansão pela polícia.

— Chega, Ítalo!

— Calma, estava apenas brincando.

— Você está debochado do meu trabalho. Você tem um péssimo jeito de brincar, o seu humor é negro e cruel, Ítalo. Sua falta de compaixão destrói a sua beleza física.

Naquele momento percebeu o quanto estava sendo rude e jogando toda a magoa do fim de seu romance com ele e toda sua raiva, ela jamais deviria tê-lo namorado, ele sempre foi superficial demais.

— Desculpe. — Murmurou saindo de perto dele.

Ela não escutou a resposta de ítalo ele apenas a observou se afastando, Cléo sempre foi calma. Esta sua é real natureza, aquela natureza agressiva não condizia com ela, mas era o que Ítalo despertava nela, diferente de Breno que acalmava sua alma. 

Naquele momento avistou Breno que estava atrasado no casamento do seu próprio pai. Ele estava lindo. Sua descendência árabe e italiana o fazia ter um charme único, com cabelo na altura do ombro, solto, uma brisa suave fez seu cabelo esvoaça e seu lindo olho azul celestial tinha um brilho suave que só seu magnífico, ele parecia um ator de filmes. Ele era o seu Chris Pine particular, mas com cabelo mais comprido, no tamanho certo para uma mulher segurar enquanto beijava e enquanto suas mãos vagavam para além...

— O que há com você? — Perguntou Breno. Se aproximando e retirando-a do devaneio.

— Nada.

— Parece nervosa.

— Pouco. Algo sem muita importância.

— Entendo.

Sim ela está e muito, mas não ia admitir e não queria falar sobre o assunto. Pensou Cléo.

— Oh... Estou apenas irritada de vir para outro como irei chamar isto, vamos dizer que é apenas mais um casamento do seu pai.

— Cléo, sacarmos não lhe cai bem.

— Entendo.

Seu pai estava se casando pela oitava vez, para ele não existia namoro só casamento, chegava ao cúmulo do ridículo. O motivo dele estar atrasado era porque estava sendo testemunha do sétimo divórcio do seu pai, e ao mesmo tempo estava assinando o novo contrato de pré-nupcial enquanto sua noiva bêbada pedia um acordo de quarenta e seis por cento e mais o apartamento de Portugal.

Não que seu pai fosse má pessoa o velho era fascinado por mulher nova, ele era apenas um velho lobo que gostava de dominar presa novinha, que não entendeu ainda que não namorar é mais fácil e traz menor prejuízo.

— Como ficaram os contratos? — Pergunto Cléo.

— Alguns por cento, apartamentos e uma bela pensão tudo que uma jovem mulher deseja.

— Garota de sorte vai brinda a ela — as risadas de Cléo encheram o lugar.

— Hum, o quê? — Perguntou, enquanto Cléo o cutucava, enquanto pegava distraído um docinho 

— Sua nova mãe está chegando.

— Breno, querido, agora você tem que me chama de mamãe.

— Nos seus sonhos. — Resmungou Breno.

— O que falou, querido? — Era inacreditável o quanto Ella estava bêbada e seu pai sorria feito um bobo para os amigos contado vantagens e fingido felicidades, era o cúmulo do absurdo precisava sair dali.

— Falei que está encantadora, Ella.

— Vamos embora, Cléo.

A noite estava linda, o céu muito estrelado, uma noite meio fria para estação do ano, daria uma boa noite romântica aonde os casais poderiam ficar abraçados olhando as estrelas, mas Cléo sabia que Breno estava aborrecido, mas aquilo tinha que parar ambos tinham que dar um basta naquilo, ficar se galeado não seria uma maneira de aproveita a noite.

— Breno, gostou da festa.

— Um pouco.

Cléo era uma idealista apaixonada, sua essência era pura e delicada, sua beleza era rara uma bela morena com olho verde do mar, na verdade, seu olho ora era verde depois castanho uma mistura estranha, de estatura média, adorava praticar exercício, o seu preferido era corrida, tinha tudo no lugar certo e sua beleza levantava qualquer defunto e fazia muito homem suspirar a sua volta. 

Falado em pessoa morta estava preocupado com esta mania dela andar pesquisando sobre a vida de Ryan, que ficou obcecada demais com a história dele.

Não conseguia entender como estas cartas foram aparecer ali, depois de tantos anos sua história reaparece do nada, será que estava cobrando a promessa? Única coisa que não estava com a carta eram as alianças, talvez tivesse sido roubada.

— Não, é maluquice minha — resmungou Breno. Ninguém sabe nada sobre ele então a Cléo logo iria desisti desta história, dessas malditas cartas.

— Terra para Breno.

— Oh... Desculpe.

— Por que ficou tão calado?

— Nada não, vamos.

— Você sabia que anda muito resmungão?

— Eu?

— Sim. O senhor parece aquele velhinho reclamando da vida e dos filhos — e Breno entrou na brincadeira e fez a imitação perfeita de um ancião e ambos caíram na risada. —Breno, este é o último casamento que venho do seu pai, guarde bem esta minha palavra.

— Eu adoro você. Retruco de modo decisivo para mudar o roteiro da prosa.

— Eu também te adoro, mas estou falado sério, minha nossa Breno, Ella parece ser uma irmã, mas nova sua.

— Bem, o que posso dizer ele não sabe namorar, e no fundo tenho medo de magoar o velho. Ele tem seu defeito, mas sempre foi um bom pai e no fundo acho que ele tenta encontra nessa namorada a imagem da minha mãe que por descuido ele perdeu.

— Falando sério, seu pai não ver sua mãe há quanto tempo?

— Sei lá! A culpa é dele. Falta de tentativa dela não foi, o velho tem cabeça dura.

— Apenas diga que o ama, que poderiam encontra outa maneira de ser feliz que este é o seu desejo ele seja feliz com alguém da idade dele, não com esta vigarista que está se casando.

— Pegou pesado, você faz parecer tudo tão fácil, Cléo.

— É fácil, é apenas você falar com seu coração, dizendo que está feliz por ele estar feliz. Mas ele tem que parar de brincar de casinha, ele não é mais nenhuma criancinha para isto.   

No fundo sabia que Breno estava magoado com seu pai, aquilo na verdade chegava a ser ridículo, o filho que devia estar se casando e não o pai. 

— Vou vai ter que viajar a trabalho. — Falou Breno, para mudar o rumo da conversa.

Breno como Pietro ainda continuava servido à marinha sempre que tinha alguma missão era obrigado a mentir para Cléo, isto o deixava péssimo por dois motivos: ela odiava fuzileiro devido os maus exemplo do pai dela, e outro porque era não autorizado falar sobre as viagens. Mas adoraria contar a verdade para ela, sempre mentiu quando saia em missão e isso o deixava muito mal. 

Mas também este assunto servia para colocar um ponto final na história do caso amoroso do seu pai.

— Viajam como assim?

— Você não tinha parado de fazer estas viagens? E a gente como fica? Ah... Estou acostumada com a nossa rotina café no bar toda sexta, as piadas nas quartas, as corridas matinais na segunda, como vou superar agora.

— Lembra aquela oportunidade que falei que eu queria ir conhecer Amazônia, que é sonho de todo biólogo? Devido a vasta fauna e os exemplares raros de espécime que existe lá. — Mas outra mentira aí como odiava isso. — Então, fui chamado para termina a pesquisa lá. Você ficou triste, mas é uma oportunidade única... Ei vamos lá sorria.

— Não, lembro que você tinha me falado sobre este sonho de se enfiar na selva com índio, Breno. E não estou triste, apenas ficarei solitária.

— Então porque está com esta cara de triste. 

Por inúmera razões. Pensou Cléo.

— Tem certeza que deve ir?

— É uma oportunidade única.

— Mas e nossa conversa? Sei que estou sendo egoísta, mas por que não fica aqui? Não vou aguenta ficar tanto tempo longe de você.

Breno sabia que sua viagem durava meses, mas isto não mudava nada, quando voltasse recompensaria ela, este é o motivo por que nunca tinha se casado, sua esposa ia ficar, mais tempo só do que com ele, esta é vida que escolheu, a adrenalina corria no seu sangue, mesmo que às vezes tivesse que mentir sobre o seu paradeiro por uma questão de segurança. Mas era isto que sabia fazer de melhor, quando escolheu servi ao seu país sabia que tinha que fazer alguns sacrifícios. 

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