Os dias sem a companhia de Breno eram solitários mesmo com a reforma da casa as lembranças fluíam na sua mente, no fundo ela sempre soube que era apaixonada por ele, pelo seu jeito reversado de ser, modo brincalhão e segurança que transitava em Breno. Não parecia ser um botânico — é uma atividade tão sensível para um homem como ele cheio de energia e vigor.
E cada momento que eles passavam juntos era memorável e um consolo para seu amor não correspondido, mas afinal, jamais poderia ter Breno? Apesar de lindo e ter várias mulheres aos seus pés nunca se envolvia com nenhuma mulher, sempre cheio de regra com ele mesmo, dizem que a regra é um sinônimo de uma vida organizada. Para Cléo uma vida com regra era uma vida monótona. Talvez, no fundo, ele poderia ser assim por causa do trauma pelo que havia acontecido com o casamento dos seus pais no seu passado que o fez se esconder na vida militar — aonde bege com bege e branco nos branco.
Se ele fosse um militar ambos nunca seriam amigos, Cléo não suportava arrogância deles muito menos o modo de agir como se fossem superior ao cidadão só porque usam uma farda, por outro lado entendia que o treinamento dele era puxado, arriscava a vida e abria mão de muita coisa em nome da pátria.
Viver com a tensão de voltar ou não para casa o destruía muito, como o seu pai, no fundo ele era o capitão do exército perfeito, mas em casa era bruto, jogava toda adrenalina do trabalho em casa e tudo na sua vida e quando não conseguia, o uísque era sua bomba de escape, mas era porque estava pensado no pai, estas lembranças foram e enterradas com ele, o seu pai, o capitão, como gostava de ser chamado serviu ao seu países melhor do que como foi um pai, nunca ouviu um elogio qualquer, só cobrança. Ele queria que ela tivesse o mesmo senso de organização dele, que fosse perfeita, ela nunca seria um exemplar da perfeição e o seu pai nunca percebeu isto.
O lema dele era coragem acima de tudo.
Mas qual o real significado da palavra coragem? Achavam que ele nunca soube a definição da palavra coragem é o seu sentido. Para Cléo tinha a ver com o coração, o centro da esperança do sentimento e um verdadeiro coração e um coração muito forte então verdadeira coragem era o amor ao próximo, e isto que era visto na carta do Ryan, ele era um militar, mas tinha coragem de amar.
Será que Breno tinha esta mesma coragem do Ryan? Só Deus saberia a resposta.
Mas enquanto estava ali, naquela mansão que agora era sua casa, não conseguia pensar num método de encontra um lugar no coração de Breno, queria ser mais do que uma simples amiga e esta viagem vinha para atrapalhar tudo, e outro problema: tudo o que faziam juntos era apenas como amigos — café da manhã, cinema, etc. Começou a buscar saídas e a carta do Ryan para Letícia era algo irreal ir ao Brasil, sempre quis saber como um italiano poderia cair no charme de uma brasileira.
— Droga!
E agora, sentada olhando o azul do mar com a brisa suave do vento esvoaçando o seu cabelo iria abri pela primeira vez as cartas do Ryan. Que tipo de mulher era Letícia capaz de fazer nascer um amor tão grande no homem mesmo há distância?
— Quem é você Letícia? — Pensou Cléo no momento que escolhia uma carta do pequeno estojo. Ela então resolveu pegar uma carta às cegas, de olhos fechados, ao escolher se muniu de coragem e começou a ler.
Primeiro de Agosto
Querida Leticia,
O tempo passa e fico a imagina o seu rosto, por que você ainda não me enviou sua foto? Não me importa se é bela ou não. O que sinto por você é algo incompressível, além do limite da minha imaginação, você é a parte que me completa, é razão do meu viver...
Nossas conversas varam as madrugadas e teclar com você virou um vício, eu te amo a cada dia mais. A vida nos fez se apaixona assim, e todas às vezes que falo com você meu coração palpita de emoção. E quando você não está aqui comigo, teclando... sem nossa conversa eu sinto um vazio, pois não estou simplesmente compartilhado o meu dia e noite, mas sim minha vida e você faz parte dela. Ela fica incompleta sem você, porque você é o meu coração e minha alma, a unidade que jamais tinha conhecido.
Ass. Ryan.
Este rapaz era louco, pensou Cléo, como pode se entregar assim a um amor virtual? Sintia pura loucura naquilo, como poderia isto ter acontecido? Já tinha ouvido falar sobre este tipo de relacionamento, mas nunca podia imagina que alguém pudesse viver a base de amor virtual, que é tolamente ilógico, como você vai saber se a outra parte está sendo fiel a você? Não, isto não faz parte da era moderna e sim de uma carência afetiva, ninguém seria capaz de amar outro assim, mas o Ryan era a prova que esta loucura era real e eu tenho que descobri se para a outra parte foi ou não real ou apenas uma brincadeira da juventude. Talvez ele fosse especial ou um maluco mesmo.
Seu telefone toca tirando-a do seu devaneio. Enquanto pegava outra carta ou fragmento como alguém tivesse rasgado a parte, mais importante. Atendeu lendo o pedaço do papel.
— Alô!
Querida
Amor sem você meus dias ficam perdidos, aonde você está que não me liga? Será que me esqueceu? Sabe, quando ando na rua procuro encontrar seu rosto no meio da multidão, eu penso que você está sentindo o mesmo que sinto por você.
Em breve estarei aí com você, será que você vai estar me esperado? Estou morrendo e é por isto que estou longe de você preciso ir para o Brasil o mais rápido possível... Mas será que você ainda me ama?
Pois eu ainda te amo... Você é minha razão de viver, o sol da minha vida.
Já não consigo viver sem o som da sua voz. Você é minha vida...
— Tá incompleta.
— O que tá incompleta? Sou eu Breno, olha a ligação tá ruim.
— Fala como se não conhecesse a tua voz, mas tô te escutando, seu chato. Como você tá, seu chato? — Ambos falaram uníssono.
— Bem! — Respondeu sorrindo.
— Eu tava aqui lendo as cartas do Ryan.
— Estas cartas talvez fossem de um maluco. Foi o que pensei, mas é muito comovente a sua história, Breno agora quero descobri o máximo desse amor ou dessa história. — Estou alguma resposta, mas o outro lado da linha não emitia som algum. — Alô? Breno?
A ligação havia caído, pois o lugar que Breno estava era difícil o acesso, mas esta ligação só o fez ficar mais preocupado com a Cléo, se ela tentasse descobri mais sobre esta história seria terrível.
Breno não podia deixa que a história de Ryan destruísse a vida de Cléo, assim como destruiu a dele, Ryan fez aquelas últimas viagens para tentar sua cura, mas existiam muitas lacunas abertas na história dele, porque até certo tempo os amigos poderiam acompanhá-lo e visitá-lo durante o tratamento, mas depois Nancy foi a única que ficou perto, e a sua morte foi estranha, ele e Pietro tinham assistido o funeral, mas o porquê de não abrir o caixão? Estavam fartos dos segredos do Ryan, ele era um cara legal, mas o fato de sua família ter desafiado a máfia italiana, não justificava o modo esquisito que Ryan vivia sua vida. Foi ótimo fuzileiro, além da expectativa, mas aquele acidente poderia ser com qualquer um, ele não se entregou, passou dias em coma, mas o motivo dele se entregar para um amor irreal, e por quê deixar rastros desse amor para alguém que nunca viu o fazia se perguntar o que esta pessoa tinha de especial? Pelo que Pietro falou era uma vigarista sem coração, mas por quê Ryan deixou estas pistas que agora ressurgiam das cinzas como uma fênix?
— Não vou deixa que esta história ganhe vida novamente, ela já fez muita vítima no passado. Essa história tem que ficar no passado, e vai ficar, assim que terminar esta operação vou acabar com isto de uma vez. — Resmungou Breno, enquanto observava o mar. O pôr do sol ergueu-se no mar trazendo uma cena belíssima, ele observava e o silêncio envolvia sua mente fazendo-o recordar-se de coisas do passado que nunca tinha notado e a sua preocupação ia além da história do seu amigo. No fundo Breno sabia que Ryan não estava louco, sabia como um amor poderia fazer alguém feliz e ao mesmo tempo destruir, levando ao inferno em questão de segundos, um coração partido jamais seria o mesmo, a lembrança daquele amor deixava marca para toda vida. No fundo ele sabia disto, entendia o seu amigo, pois os que já passaram por uma dor dessas, sabia o que era morrer e ressurgir do inferno e voltar de lá mil vezes até que o paraíso reapareça na manhã como o sol brilhando mostrando a direção que se deve seguir, mas a pessoa muitas vezes não sobrevive e não tem força para lutar e tudo que deseja é sumir, se insolar no seu próprio mundo desejando a morte do que sentir aquela dor dissecando o seu peito.
Ele jamais voltaria a sentir aquela dor novamente e nem deixa que a dor de Ryan votasse à tona, e Letícia jamais saberia o quanto ele sofreu.
E Cléo ia destruir aquele maldito retrato justo com as cartas.
No fundo do coração de uma mulher existe um diamante de duas pontas, uma com uma parte negra e outra branca, mas na maioria dos corações delas era o negro que dominava.
Cléo acordou cedo como de costume e ao se levantar da cama olhou para janela e avistou o azul do mar e o sol que lançava o seu brilho dourado através da nevoa da manhã, abriu a porta desceu as escadas que davam ao terraço e ficou pensando na sua vida, no seu livro e no Breno, e se valia a pena continuar esperando reparar nela, ver através do seu olhar o amor, que ele era o único homem que fazia o seu coração balançar.Depois de algum tempo resolveu tomar uma chuveirada, pensado que daqui algumas horas ela estaria com sua editora para analisar seu livro, nesse momento Cléo pensou que deveria contar sobre as cartas para ter uma segunda opinião sobre o seu plano na verdade, no entanto, queria mesmo era falar com Breno, mas ele estava perdido em alguns projetos de botânica. Dormi não era opção naquela hora, Breno tinha visto o que havia feito com sua falta de controle. Mal sabia ele que Cléo estava naquele momento pesquisando sobre o lugar, e que naquele momento Cléo estava arrumando as malas e partido em direção ao desconhecido lugar das cartas com uma foto tirada do quadro, e que no seu coração Cléo tinha certeza que descobriria a verdade e que Breno fosse para o inferno.Após uma viagem longa, Cléo chegou ao Brasil e apesar do cansaço ficou encantada com a beleza do país e hospitalidade brasileira, da melodia das músicas e o ritmo do batuque da Bahia.Mas não estava ali para se divertir e sim para encontrar repostas, mas ela não sabia que em todo seu trajeto estava sendo seguida por alguém misterioso, quCinco
Nem o frio da noite baiana fazia o coração de Cléo ficar mais calmo, só de imaginar que todos esses anos amou alguém que no fundo era uma sombra do que ela pensava ser. A capa de bom moço havia caído e a revelou um outro homem.— Você se transformou em tudo que eu mais odeio.O pai de Cléo era militar e ela odiou crescer num ambiente militar com a ausência do pai, o pior era que Breno sabia disso, mas omitiu detalhes da própria vida. Embora essa verdade tivesse vido à tona, Cléo amava mesmo assim.Uma chuva fina começou a cair ao longo da praia e seu desespero aumentava, seu coração pedia para ele ir embora.Em meio às sombras alguém a observa
Convencer Cléo a volta com ele para o hotel foi um sacrifício e outro maior foi deixá-lo ficar no mesmo quarto, foi naquele momento que viu o medo, mágoa e recusa de Cléo, Breno soube que havia quebrado o cristal mais fino e puro que existia entre eles e que era a confiança. Breno havia quebrado em mil pedacinhos, mas faria o impossível para reconquistar essa confiança.Ele estava sentado na poltrona, observando-a dormir, via de lance o seu corpo ao fundo, o sol nascia com o seu resplendor magnífico, o passado interferiu no seu presente, mas Breno não deixaria que acabasse com o seu futuro e jurou que apagaria toda aquela dor que viu no olhar de Cléo.Ele não a deixaria trilhar aquele caminho sozinho, estaria com ela.C
Despertar para um novo dia foi a coisa mais difícil para Cléo, ter descoberto toda verdade, e por mais benéfica que fosse, foi dolorosa, e descobrir que Breno estava nisto tudo só piorava a situação, sua vontade era de fica dormindo para sempre, mas era preciso acordar. Ao levantar a cabeça e vê-lo sentado na poltrona ainda adormecido fez seu coração saltar pela boca, não ele não podia ter dormindo ali, a verdade vos libertará, mas nesse caso ele parecia aprisioná-la.Cínico. Como pode ser tão lindo e ser um imbecil de duas caras? Pensou. No entanto, seu coração parecia não entender a realidade do fato. Meu Deus como pode amar um estranho, agora ele não passa de um estranho
Cléo e Breno chegaram juntos à Marabá. Breno conseguiu relaxar e o um lugar aconchegante ajudava por conta do ambiente calmo e com poucos turistas. Havia parado o carro e enquanto verificava no GPS a localização da pousada, ele olhava a cidade que tinha paisagens lindas e uma tranquilidade espetacular. Já começava a gosta do local se Letícia morasse ali e tinha bom gosto para cidadesApesar de curtir o lugar, Cléo tinha um objetivo e não conseguia tirá-lo da mente nem por um segundo, pensado nisto ela olhou para mala que continha as cartas, era seu tesouro particular.Breno acompanhou seu olhar.— Amanhã vamos começa a busca, hoje vamos descasar. — Disse ela num tom calmo.
Os dias amanheciam calmamente como se nada tivesse mudado, mas na verdade a vida de Cléo tinha dado uma reviravolta. O retorno à Itália havia sido terrivelmente constrangedor com Breno apático e mal-humorado. Quando chegaram à terra firme não houve beijo, nem despedida, mas uma péssima desculpa que ambos estavam cansados demais. Cléo viu Breno partir sem mesmo dá um adeus. Já se fazia três meses, estava concluído o livro e a reforma na mansão estava quase finalizada, mas a beleza do lugar constava a tristeza que tinha apossado do coração, ficar ´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´ sentada nas pedras olhando o azul do mar, apreciando sua beleza, de algum jeito o som das ondas aliviava sua dor e contatava com Breno que devia estar em qualquer parte do mundo, pois ela ficou sabe
Este romance é para todas aquelas pessoas que vivem um amor virtual, e por algum motivo este amor não floresce. Mas você amou com intensidade, chorou e gemeu quando descobriu que era uma profunda ilusão virtual. E para aqueles que encontraram sua cara metade através dessa tecnologia, que chamou amor virtual e vive uma bela paixão, e provou que mesmo a distância pode amar e sofrer, pois não existem limites para o amor. Além de acreditar que para o amor não existe barreira ,quando este sentimento é verdadeiro vencer obstáculos numa jornada sem limites em nome do amor . leandra lawlesse