Sou arremessada brutalmente ao chão, o impacto é violento, como se a força do mundo tivesse sido concentrada naquele único momento de colisão. O baque me faz perder o fôlego instantaneamente, meus pulmões se esvaziam em um suspiro forçado enquanto minha cabeça atinge o chão de mármore com um som seco e surdo. Uma dor intensa explode na parte de trás do meu crânio, irradiando-se para minha coluna como uma corrente elétrica, e por um momento tudo ao meu redor se torna um borrão indistinto, uma confusão de cores e sons misturados.A dor em meu braço, causada pelo aperto implacável do rei Caelum, é rapidamente suplantada por uma nova dor, mais aguda, que atravessa minhas costas e peito. Parece que meu corpo inteiro foi atingido por uma onda de choque, cada osso, cada músculo grita em protesto. A explosão que devastou o salão criou uma força esmagadora, jogando-me ao chão com a brutalidade de uma tempestade. É como se o ar ao meu redor tivesse se tornado pesado, denso, dificultando a respi
O olhar preocupado de Thorne para mim, me faz lembrar do olhar intrigado do rei Caelum. A semelhança entre os dois não se limita apenas a expressão dos seus olhos, os cabelos possuem o mesmo tom, um loiro escuro. Eu mesma coloco uma mecha comprida do cabelo do meu filho atrás da orelha dele.“Você teve apenas um sonho, meu anjinho. Volte a dormir, tá bom?” eu o tranquilizo, afagando os seus cabelos sedosos.“Está bom, mamãe. Mas eu sinto muito que o papai machucou o seu braço, no sonho ele estava muito bravo. Me deixou assustado,” Thorne comenta com um bocejo. Ele se aconchega novamente na cama e eu ajeito a coberta ao seu redor.“Foi só um sonho, nada disso acontecerá. Eu prometo,” respondo com a voz suave. Só que dentro de mim, sinto uma inquietação com suas palavras.Eu sempre me esforcei a acreditar que os gêmeos eram de Alexander, afinal, quais seriam as chances de eu engravidar de uma única vez que transei com um estranho? Mesmo que as chances pudessem ser maiores que um porcent
Os grandes olhos vibrantes e castanhos de Aria se arregalam ao me ver parado na porta, como se tivessem sido apanhados num flagrante. A súbita interrupção, somada à presença imponente dos meus guardas, parece sugar todo o ar do ambiente, transformando o pequeno escritório num lugar ainda mais sufocante e carregado de tensão. É impossível ignorar a proximidade dela com o homem de meia-idade, cuja figura agora me causa um repúdio visceral. A ideia de que ela poderia estar se envolvendo com alguém assim, buscando algum tipo de vantagem, revolta algo profundo dentro de mim.Será que é isso que ela faz? Se deita com qualquer um para ganhar algum benefício? A mera sugestão desse pensamento faz com que meu sangue ferva de raiva contida, embora eu mantenha minha expressão fria e implacável. A visão dos dois tão próximos, com as mãos dele em sua pele, me provoca uma repulsa quase física, como se estivesse testemunhando algo profano.O ambiente está saturado de medo, ao ponto de eu quase conseg
Dessa vez, o toque de Caelum contra a minha pele não é brutal, mas ainda assim, carrega uma firmeza que me faz prender a respiração. Quando ele me puxa para mais perto, sinto o calor do seu corpo irradiando, fazendo com que a distância entre nós se torne praticamente inexistente. Seus olhos verdes, profundos, ficam fixados nos meus, penetrando quase a minha alma Sinto o meu coração acelerar, quase querendo pular para fora do meu peito, martelando em minhas costelas como um tambor de guerra. As lembranças embaçadas daquela noite com o deus grego, ressurgem em minha mente, me causando medo.Caelum não pode ser o pai dos meus filhos. Com tudo o que tem acontecido, com os perigos que o rei sofre com os Wolfspawn Renegades. Meus filhos estariam em risco constante, e essa é uma possibilidade que eu nunca poderia aceitar. Cada fibra do meu ser grita para proteger aqueles que amo, e a mera ideia de Caelum, com seu poder e suas complexidades, se aproximando deles, me apavora.Além disso, há o
ico que coloquei na entrada do calabouço continua intacto, suas correntes brilham suavemente com a luz mágica que emana de dentro. Para qualquer um que não seja um Enchatrix, este calabouço não passa de um local abandonado, esquecido pelo tempo e pela necessidade. Mas para mim, é um santuário, um lugar onde posso ser verdadeiramente eu mesma, onde a fachada que construí como esposa de Caelum se desfaz, revelando meu verdadeiro eu, uma enchatrix moldada pelo poder e pela necessidade.Depois que me casei com Caelum, percebi que precisava de um ponto fixo, um lugar onde pudesse exercer e nutrir meu lado místico. Os feitiços leves, como camuflagem e pequenos encantamentos que consomem pouco da minha energia vital, posso realizar em qualquer lugar, sem grandes preparativos. Mas para algo tão complexo e perigoso quanto o Shifters, a magia proibida que desafia as leis naturais, eu preciso de um santuário. O calabouço, com suas paredes grossas e seus segredos ocultos, é perfeito para isso. A
“O que houve? Você não vai trabalhar essa noite? Está doente, por acaso?” Lyra, minha mãe, indaga com surpresa na voz.Continuo sentada no tapete da sala, brincando com Elowen e Thorne. Os dois estão montando um castelo com peças de plástico e fingindo que é a fortaleza deles.“Por causa do último atentado ao palácio. O rei tem investigado vários funcionários e com isso, o meu chefe fechou o salão pelos próximos dias.” Respondo cabisbaixa, tentando afastar a ansiedade e medo de ficar desempregada.A recordação da minha última conversa com Caelum ainda ressoa em minha mente. A insinuação de que eu estava tendo um caso com o nojento e asqueroso do meu chefe, faz o
Ao chegar em frente ao prédio onde trabalho, um sentimento inquietante começa a se apoderar de mim. Algo parece errado, uma sensação indescritível que se instala como uma nuvem pesada sobre minha mente.Algo parece errado, uma sensação indescritível que se instala como uma nuvem pesada sobre minha mente. Paro por um instante na calçada, olhando para o edifício com uma sensação crescente de desconforto. Consulto meu relógio mais uma vez, verificando o horário. Estou dentro do tempo, e ainda assim, o silêncio que emana do prédio é perturbador. As luzes estão apagadas, as janelas, escuras e opacas, como olhos cegos que se recusam a revelar o que está acontecendo lá dentro. Era para meus colegas já estarem aqui, o som usual de conversas e movimentos deveria preencher
A mulher avança na minha direção como uma tempestade iminente, seus olhos brilhando com uma mistura de ódio e desespero. Atrás dela, cinco policiais armados seguem em sua esteira, seus rostos fechados, preparados para o que parece ser a confirmação de sua crença de que sou culpada. O pânico cresce dentro de mim como uma onda prestes a quebrar. Meu coração bate tão forte contra minhas costelas que parece que vai rasgar meu peito. Levanto as mãos em um gesto de redenção, tentando mostrar minha inocência, mas o gesto parece pequeno e insignificante diante da gravidade da situação.É nesse momento que o cheiro de sangue finalmente atinge minhas narinas, espesso e metálico, preenchendo o ar ao meu redor. A náusea sobe pela minha garganta, misturada ao desespero crescen