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06. Pobre não tem paz, parte 2

Therasia

“Isso não pode estar acontecendo”.

As palavras pesam em minha cabeça como um tijolo.

A porta escancarada é indicada por minha vizinha. Parece um pouco preocupada, talvez por ter medo de que seja a próxima vítima, contudo, não consigo pensar nela agora.

Olho para as coisas reviradas ainda da porta e mordo o lábio com força.

Ando apressadamente e nem mesmo escuto as informações dadas por minha vizinha, porque eu não tenho nada de valor a ser roubado, quer dizer, há somente uma coisa e é o que procuro agora, já que o notebook velho que demora três horas para ligar pesa em minha mochila.

Agacho-me no meio das roupas jogadas no chão do pequeno quarto que mal cabe a cama e a cômoda e procuro em todos os locais pela caixinha vermelha que deixei escondida no meio das minhas calcinhas.

A carne de meu lábio se rompe quando concluo que não poderei encontrá-la.

Eles a acharam. O único pertence que ainda tinha da minha mãe foi levado.

O colar que minha mãe mais amava e me presenteou quando fiz dezesseis se foi.

Eu não devia ter deixado a caixa em casa. Manter na minha bolsa como o notebook seria mais seguro, entretanto, tinha medo de ser assaltada na rua também, mas acabou que a opção escolhida não serviu de nada.

Eu não tomei a melhor das decisões.

— Que merda — xingo e soco a madeira caindo aos pedaços.

Até mesmo um soco faz com que parte dela vá para o chão.

Sabia desde o início que o prédio não era o melhor se tratando de segurança, mas pensei que pelo menos seria um teto sobre a minha cabeça e que uma hora eu poderia deixá-lo para trás. Estava errada de pensar que o futuro brilhará.

Ergo-me deixando a bagunça para trás e me assusto quando a presença masculina fica diante dos meus olhos. Quem é esse sujeito usando um terno tão caro? Não preciso saber como entrou. A porta está escancarada por conta do ladrão.

— Senhorita Foxwolt, se puder me acompanhar — fala usando um tom agradável.

— Está louco? Por que entrou na minha casa? — Pergunto para o estranho, vasculhando o cômodo atrás de alguma coisa que possa usar para me defender.

Posso estar desesperada por dinheiro, mas ainda não enlouqueci a ponto de fazer atos ilegais. Também quero manter todos os meus órgãos intactos até o fim da vida se possível.

— Estava procurando você a pedido do senhor Armvtz — explica, o que não me diz nada, somente de que não está atrás de mim por conta da minha dívida. — Não havia uma porta onde eu pudesse bater — declara.

— Está debochando de mim? — Pergunto a ele. — Se não estou te devendo nada, e não há mais o que dizer, saia da minha casa. Não conheço ninguém com esse nome e não quero conhecer — declaro dando passos para frente.

Quero ver a sua reação a meu avanço, dependendo dela posso mensurar quão fodida estou, no entanto, ele apenas recua como se quisesse mostrar que não está aqui com intenções ruins. Não piores do que invadir.

— Da próxima vez, ainda que não haja uma porta, lembre-se de aguardar do lado de fora — peço indicando a porta arreganhada para ele sair antes que eu fique furiosa e decida tacar tudo que tiver em meu caminho na sua cara.

Aceitando o que lhe indiquei, vai embora e fico encarando os curiosos que não perdem tempo em averiguar o que ainda há na casa. Acham que pode ter algo mais que roubar? Se houvesse o ladrão, não seria burro de deixar para trás.

— Ei, você pode comprar uma tranca nova para mim? — O filho adolescente de uma das minhas vizinhas parece muito ansioso pelo serviço, sabe que será recompensado com dinheiro.

Às vezes, pago-o para aguar minhas plantas. Sinto que é melhor que ganhe dinheiro assim do que se juntando a uma gangue. Não sei se estou fazendo muito por ele de verdade, mas é o que dá para fazer sendo pobre.

— É claro — anuncia sorridente e tiro a mochila das costas procurando por minha carteira. Solto um suspiro irritado quando noto que não há muito dinheiro e que terei que sacrificar uma ou duas refeições para trocar a m*****a tranca.

Por que alguém invadiria a minha casa?

Com certeza não me pareço com alguém que tenho dinheiro.

Todas as minhas roupas são de segunda mão.

Evito ficar com as roupas que Iliana e Reese me dão exatamente por saber que acabariam atraindo a atenção aqui, por conta disso as uso somente quando saímos juntas. Não teria como saberem que aquele colar estava aqui, apesar de seu preço exorbitante.

Nunca o vendi apesar de saber o seu valor porque não queria perder a última coisa que restava da minha mãe. Vendi todas as ouras joias e fiquei somente com ela. Ainda assim não foi suficiente para lidar com a quantidade de juros que continuava a crescer fazendo com que a dívida logo triplicasse de valor.

Entrego o dinheiro a ele que se apressa para comprar a fechadura depois de tirar uma foto daquela que foi estragada. Não terei dinheiro para mandar trocar, por isso o jeito será resolver com minhas próprias mãos. Com tantos anos tendo que resolver o que desse com elas trocar uma fechadura não é um problema.

Mando uma mensagem para meu chefe dizendo que provavelmente terei um pequeno atraso na minha conta, já que levara um tempo para colocar a nova fechadura. O homem responde rápido. Em outra situação, diria estar esperando por uma mensagem minha, mas nesse caso é impossível.

Como poderia saber que estou afundando na merda?

Apesar da mensagem breve, diz que tudo bem, desde que compense saindo mais tarde. Nem fala de descontar minhas horas, já que sabe que preciso do dinheiro de todo modo. Calculo quantas horas a menos terei que dormir hoje e prendo o breve desejo de chorar.

Eu não posso perder tempo desse modo.

Tenho muito o que fazer e não há uma maneira fácil de solucionar meu problema.

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