Joseph
Quando Elsie me apressou não pensei que teria que ficar esperando na frente do quarto do meu irmão por ele não ter conseguido se desprender da sua foda da noite. Claro, o conheço bem, contudo, ainda tive um estalo de surpresa por ver a loira saindo antes dele do cômodo com a máscara idêntica à da sua amiga nas mãos.
— Ah! Olá — cumprimenta ligeiro, com um sorriso grande. — Ele está saindo — avisa e vira-se para ir embora balançando a mão para dar tchau.
Ao que parece as duas amigas não são problemáticas quando se trata de fodas casuais, entretanto, ela ainda espera para uma despedida no começo do dia, diferente da coelha fujona.
— A Iliana já saiu? — Pergunta meu irmão ajustando o terno. Deve ter pedido que alguém o trouxesse. — Eu disse que a levaria em casa — comenta. — Nem vestiu algo diferente.
— Ela é uma mulher adulta que sabe o que faz — pontuo, contudo, noto que eu não cheguei a perguntar em momento nenhum qual era o nome da coelhinha. Ela se foi sem me dizer ou perguntar qual era o meu.
— Ela sabe fazer muitas coisas, por isso peguei o número dela — garante Peyton. — Vamos lá antes que Elsie coma a gente vivos.
Apoia uma mão em minhas costas e começa a me empurrar para irmos até o elevador.
— Foi tão bom para querer o número dela?
— Não creio que deveria te dizer coisas assim — zomba meu irmão. — Não sou como você, sabe disso. Não tem mulheres com as quais gostaria de foder de novo? Mas com essa sua regra de não repetir as coisas você perde a oportunidade.
— Você é aquele que diz que estou perdendo alguma coisa — pontuo.
— Sim, claro, você continua com a chave do seu coração no rabo — brinca. — De toda forma, ela é legal, interessante, para dizer o mínimo.
— Pelo visto fez mais do que foder — pondero.
— Um pouco mais — conta sem rodeios.
Peyton tem razão. Estamos em momentos da vida em que procuramos coisas distintas. Por mais que não esteja em um relacionamento ele não foge dele, já eu não tenho o interesse de começar um depois de o meu ter fracassado tão incrivelmente.
Achava que os problemas que existiam se resumiam a meu desejo de ter uma família, mas depois de escavar todos os porquês, percebi ser muito pior e assim escolhi manter meu coração bem longe do jogo.
Por mais que tenha se passado um bom tempo não tenho a intenção de colocá-lo em campo de novo, pois não quero correr riscos que podem vir a me foder de novo. Talvez seja covardia, contudo, não me importo.
É como escolhi viver.
***
Therasia
— Isto está passando um pouco da conta — fala minha colega de grupo.
O homem que deveria estar nos observando somente para saber se estamos ou não cumprindo com nossas tarefas tem em seus olhos desejos que deveria conter, contudo, o fato de não fazer isso é o que nos põe nessa situação complicada de agora.
— Devemos continuar ignorando, não temos como denunciar nada — digo a ela.
Porque, por mais que nos olhe dessa maneira, não agiu de outra maneira, ou seja, não temos provas de nada. Tudo o que temos são seus olhares nojentos e constantes em cima de nós. Até mesmo suas palavras, ele sabe medir para não serem tão explícitas quanto a seu interesse.
— Com certeza não queria enfrentar algo assim no fim do curso — reclama outra, mas não tem muito o que fazer. Somos estudantes e ele um professor pelo qual temos que passar se quisermos nos formar.
— Therasia está certa, não tem como fazer nada — pontua. — Mas creio que você aproveitou bem o seu fim de semana — brinca, não consigo compreender o que diz, então ela leva uma mão até o pescoço apontando para uma área dele.
Como continuo sem entender, ela me entrega um espelho dobrável e solto um suspiro vendo a marca avermelhada não somente onde ela disse, mas em outros dois pontos do meu pescoço. Que merda.
Acordei tão cansada que depois de fazer minhas higienes nem olhei no espelho. Não tinha tempo, tinha que correr para faculdade para terminar esse trabalho antes de ir até o meu primeiro trabalho.
Tudo que fiz foi passar apressadamente protetor solar no rosto durante o tempo que fiquei no metrô, mas o fiz somente pelo conhecimento que tenho da minha face. Não tinha um espelho onde verificar.
— Aquele bastardo não pensou que ficaria marcas — murmuro fazendo círculos com o indicador em cima delas esperando que sumam um pouco mais rápido.
— Quer usar um pouco de maquiagem?
— Não, vai ser um problema quando eu for para o trabalho — digo esfregando um pouco mais. —, mas obrigada pelo aviso, pelo menos saberei o que estão olhando em mim.
— Como se fossem te olhar somente por isso — brinca a que me entregou o espelho. — Deve ter sido muito bom — pondera ela.
— Ele sabia como usar o seu pau — conto e elas riem um pouco alto, levando o professor a se aproximar, está sempre procurando por um motivo para chegar mais perto.
— Vocês não podem ser muito barulhentas, vão acabar atrapalhando os seus amigos — articula, fica perto demais do meu braço, move a sua mão e sei bem o que ele faria, assim, me inclino para o lado para o homem não pensar em colocar sua mão em meu ombro.
Não caio no mesmo truque duas vezes.
— Essa pode ser uma aula livre para terminar seus trabalhos, mas ainda é necessário manter a disciplina — profere, e com um tom desse, com um conselho tão claro, quem diria que quer muito mais do que ensinar suas alunas.
Por sorte, conseguimos cortar a maioria das interações desnecessárias dele antes que se tornassem mais explícitas, por esse motivo não temos como fazer uma denúncia. Se há alguém que não pôde, não fez uma, nem falou conosco.
— Nós iremos — respondo. Não tenho medo de usar um tom mais duro, porque se ele não sabe que existe limite, o desenharei bem no meio da sua cara para não esquecer jamais.
Therasia— Você está indo muito bem — fala o homem e gostaria que não houvesse esse sorriso na sua face. Faz com que o veja de um modo ainda pior. Com muitos anos, você se acostuma a entender o que os homens querem quando têm você em vista.— Obrigada — respondo, porque acredito que não dizer nada pode dar a ele a impressão de que quero que continue a me elogiar e tudo o que desejo é sair daqui ligeiro para correr até o meu trabalho.Se não fosse esse trabalho em grupo poderia conseguir algumas horas extras.Descarto a ideia. Iliana me mataria. Já vive falando sem parar que estou trabalhando demais e que em algum momento o meu corpo cobrará o preço por todo esse exagero.Mas o que posso fazer?Meu pai se encheu de dívidas na tentativa de abrir um negócio e depois sumiu no mundo, deixando para os agiotas somente o meu número. Com eles não tem negociação. Querem o que devo no dia certo e, se eu não tiver como pagar, bom, eles têm muitas ideias sobre o que querem fazer comigo caso eu não
Therasia“Isso não pode estar acontecendo”.As palavras pesam em minha cabeça como um tijolo.A porta escancarada é indicada por minha vizinha. Parece um pouco preocupada, talvez por ter medo de que seja a próxima vítima, contudo, não consigo pensar nela agora.Olho para as coisas reviradas ainda da porta e mordo o lábio com força.Ando apressadamente e nem mesmo escuto as informações dadas por minha vizinha, porque eu não tenho nada de valor a ser roubado, quer dizer, há somente uma coisa e é o que procuro agora, já que o notebook velho que demora três horas para ligar pesa em minha mochila.Agacho-me no meio das roupas jogadas no chão do pequeno quarto que mal cabe a cama e a cômoda e procuro em todos os locais pela caixinha vermelha que deixei escondida no meio das minhas calcinhas.A carne de meu lábio se rompe quando concluo que não poderei encontrá-la.Eles a acharam. O único pertence que ainda tinha da minha mãe foi levado.O colar que minha mãe mais amava e me presenteou quand
JosephO homem continua mantendo a cabeça baixa.Sabe que não cumpriu com sua tarefa, por esse motivo não consegue me encarar como deveria. Não é uma missão impossível, tudo o que tinha que fazer era trazer a mulher para podermos conversar.— O que ela disse? — Pergunto. Não foi difícil encontrar informações sobre ela.Iliana, a amiga que está fazendo com que meu irmão sorria mais, é uma modelo agenciada por um conhecido meu. É a galinha de ovos de ouro dele, e mesmo que não tenha visto interações delas naquela noite.Reese Cobb, uma das atrizes favoritas da minha irmã, é amiga delas, aquela que disponibilizou o convite para que pudessem entrar, por ser um evento fechado.— Senti que ela me bateria se continuasse falando — articula o sujeito e não parece estar brincando. — Aconteceu um incidente, por isso entendo a irritação dela.— Que tipo de incidente? — Questiona o meu irmão, que estava contendo a sua risadinha o máximo que podia.Se não fosse aquela notícia absurda chegando a nos
Therasia— Cara, é a segunda vez que você aparece na minha frente, na terceira vou jogar óleo quente na sua bela face — aviso, o encurralando no beco do lado do prédio. — Não fui clara?— Está trabalhando e eu sinto muito te incomodar, mas eu também estou trabalhando e o meu chefe quer se encontrar com você — fala, e talvez por saber como chefes podem ser pés no saco, que podem demitir quem quiserem somente por estarem irritados, me compadeço um pouco do que diz.— Quem diabos é o seu chefe? — Inquiro. Tenho certeza de que não ouvi falar sobre alguém que usaria um segurança que demonstra educação para se aproximar de mim.Os agiotas preferem xingamentos e puxões.Tudo que mostre o quanto podem passar dos limites se o dinheiro não cair em suas contas.— Joseph Armvtz, CEO da Arms entertainement — diz e puxa um cartão de visitas de seu bolso. O entrega a mim mantendo uma distância, quem sabe por ter medo de que eu aja grosseiramente depois da minha ameaça.— Eu realmente não o conheço —
Therasia— Você está suspirando mais do que o normal hoje — me fala o homem com quem trabalho há algum tempo. Temos uma boa sincronia, pois consegue fazer toda a sua parte sem incomodar ninguém.— Nem sei como tenho tempo para isso, Josh — digo, ele sorri, como se não pudesse acreditar que consigo soltar piadas como essa. Sabe um pouco da minha situação.— Pode tirar a sua pausa daqui a dez minutos — me avisa, e o movimento está bem tranquilo para que não me sinta incomodada em deixá-lo sozinho. — Tente tirar um cochilo, te fará bem.— Se eu dormir agora, talvez só acorde de manhã — brinco, reparando em como a sua expressão muda quando olha para frente. Se estivéssemos em outro lugar, diria que ele vê um fantasma e pondera sobre correr ou não.Decidida a verificar o que incomoda Josh, observo a pessoa na frente do balcão e sinto que talvez devesse procurar por alguém que leia a minha sorte. O sujeito diante de mim é alguém reconhecível, dado que não faz tanto tempo assim que nos encont
Therasia— Estou aproveitando a minha pausa para conversar com você — pontuo rapidamente, já que o breve descanso que teria é jogado para longe devido a seu interesse estranho em mim. — Comece antes que eu pense que é melhor te dar uma surra.— Parece que você fica mais engraçada quando está cansada — profere Joseph, se sentando na cadeira.Tem algumas delas na área de descanso dos funcionários, assim como uma cama e é nela que me sento, já que é o que me coloca mais longe dele.Pelo sorriso em seu rosto, deve ter considerado que esse é o motivo para ter escolhido onde ficaria. Tenho sorte de o meu chefe nesse trabalho ser melhor do que o outro, mas não posso abusar.Se criar uma confusão aqui, serei tratada como qualquer outro funcionário.— Se sabe que estou esgotada, fale logo — peço movendo uma mão para frente, como se oferecesse a ele o dom de falar antes que fique mais irritada. Independente do que diga, nada vai me fazer entender as suas escolhas.— Primeiro preciso dizer que o
JosephMinha intenção, vindo até aqui, era mostrar que não sou tão estranho quanto ela pode considerar e que minhas intenções não são ruins. Não nego que também me senti meio curioso por quem Therasia é costumeiramente depois daquela ligação, o que foi motivo de risadas para o meu irmão.No entanto, estar diante dela me fez perceber um pouco de por que ela reage a tudo com mais intensidade do que as pessoas normalmente fazem, porque é como se algo a perseguisse continuamente.Quem manteria a sua personalidade suave depois de algo assim?Contudo, levei um pouco mais de tempo tentando compreender como seria a melhor abordagem e talvez deva agradecer por ela me ouvir, apesar de todas as críticas preenchendo os seus olhos.Fiquei receoso dela achar que sou um tipo de pervertido.Foi bom me preparar para todas as possibilidades, contudo, não pensei que acabaria a convencendo liberando algum dinheiro. Após toda a investigação feita acerca da vida dela, descobri o quanto precisa dele, todavia
TherasiaSinto uma dor de cabeça irritante quando finalmente consigo impedir que as lágrimas rolem pelo meu rosto. Preciso de um grande esforço para me afastar do corpo de Joseph, pois ele me segurava como se quisesse garantir que não fugiria.No entanto, se eu colocar as minhas ideias no lugar, qual seria o motivo para ele querer algo do tipo? Aquele positivo… ainda que seja verdadeiro, não tem nada a ver com Joseph.Sinto um susto momentâneo quando ele ergue o meu rosto ligeiro, encarando os meus olhos e ainda experimento uma leve ardência neles, contudo, as poucas lágrimas que existiam dentro de mim já foram usadas.Pensei que nunca mais choraria, uma vez que me habituei às minhas desgraças, mas essa noite mostrou que pobre sempre pode se foder um pouco mais, basta ter algo que possa acontecer que ocorrerá, como uma praga.— Se sente um pouco mais calma? — me pergunta, com o seu tom de voz mais baixo, parece usá-lo dessa maneira para não me assustar, mas o que poderia ser mais assu