Agora, Wayne não sabia o que deveria fazer. Jane e ele não eram próximos, e ele tinha olhado para algo privado, dela. “Quando eu for deixá-la em casa…”, ele disse a si mesmo e viu como Jane ficou nervosa ao guardar o telefone. Ela olhou sem graça para Wayne e percebeu, pelo canto do olho, que já tinha água servia em cima da mesa. Jane pegou a bebida. — A senhorita tem planos para o próximo fim de semana? — Wayne perguntou e Jane engoliu a água que quase foi pelo lugar errado. — Ah, não. Não exatamente. — Ela falou e Wayne podia dizer que a mulher estava incomodada. — Talvez eu assista alguns filmes. — De que tipo de filmes você gosta? Jane achava interessante o esforço de Wayne em manter conversa. — O senhor sabe que não precisa “fazer sala” para mim, não é? — ela perguntou e o médico franziu de leve a testa. — Não entendi. — A conversa. Quer dizer, o senhor está sendo agradável, mas… não é preciso. “Que diabos?” Wayne se perguntou e se endireitou na cadeira. — Senhorita Gor
— Se fosse, eu não perguntaria, doutor Ryan. Não tenho o costume de me fazer de sonsa. — Não foi isso o que eu insinuei. Me desculpe. — Wayne disse, sinceramente. Ele limpou a garganta. — Eu quero sair com você. Wayne tinha gostado de Miranda, estava disposto a ficar com ela e, com o tempo, deixar que os sentimentos se desenvolvessem. Porém, lá no fundo, ele sabia que as coisas não seriam assim. Então, ela voltou para Gabriel e “vida que segue”. Quando ele viu Jane, sentiu algo diferente. Então, isso foi um alerta para que ele visse que não estava apaixonado por Miranda. Ele estava então apaixonado por Jane? Definitivamente não. Ele gostava dela, sentia-se atraído, isso era certo, mas não a conhecia bem o suficiente. Mal tinha interagido com a mulher, por favor! Jane puxou o ar e olhou para o lado. Ela sorriu triste. — Sabe, acho que o senhor pode me deixar onde eu possa pegar um táxi e pronto. — Ela falou e Wayne ficou confuso. — Por que eu faria isso? Vou levá-la em casa! — P
— Isso é… sério? — Jane perguntou e mordeu os lábios. — Absolutamente. Eu quero te conhecer melhor. Só me diz… você não tem um outro cara, né? Tipo, um que você seja apaixonada, ou um ex-namorado que não é exatamente ex…? Ele só queria ter certeza de que não se deixaria gostar daquela mulher que, desde o primeiro momento, fez o interesse dele ficar ativado, para depois acabar com um coração partido. Com Milana doeu, mas não foi algo que o deixaria aleijado pra vida, no entanto, ele tinha aprendido uma boa lição: não se envolva com uma mulher que ainda gosta de outro cara. — Ah, não… — Jane franziu a testa de leve. — Definitivamente não. — Maravilhosa. Então, cinema, amanhã…— E o senhor? Tem uma ex maluca que vai aparecer e querer a minha morte? — Duvido. Não namoro há anos. Ele teve uma namorada, e não acabou nada bem. Mas foram anos, muitos anos antes, quase uma década. Não tinha nem chance de a mulher aparecer por agora e reclamar algum direito. — Então tá certo. Não estou
— Jane! — ele disse e se aproximou assim que conseguiu se mover. Ele olhou para o interno. — O que aconteceu?! — Ela fraturou o braço e a clavícula. Tem também uma possível fratura no joelho, mas ainda não fizemos o raio-x desse local. Ela já chegou inconsciente. Wayne queria saber o que tinham feito com ela! Era isso o que ele queria saber. Quem, como? Por quê? Por que alguém machucaria Jane? O interno, vendo como Wayne parecia mal, achou que não era bom o médico ficar ali. Era óbvio que Wayne conhecia Jane, ou não teria dito o nome dela. — Doutor Ryan, é melhor que o senhor se afaste e… Wayne não estava pensando normal. Ele sabia que não era certo um médico atender um paciente que ele conhecia, não naquela situação, pois o emocional poderia falar mais alto. No entanto, ele era o mais capacitado e o inferno que ele iria permitir que Jane tivesse menos do que o melhor! Além disso, ele sabia o que ela precisava, não confiaria aquela mulher a outro par de mãos. Ele começou a dar a
*FLASHBACK*Jane abriu a porta de casa sem se dar conta de que não estava sozinha ali. A mente dela estava ocupada com Wayne e como ele parecia interessado nela. De verdade.Ela tinha medo de que ele estivesse apenas sendo gentil por piedade, por ela ser uma paciente com câncer. Mas por que ele faria isso? Talvez por gratidão, afinal, ela salvou o avô dele. Que mal haveria em ser simpático com alguém que, muito provavelmente, não viveria tanto?Ela não viu a sombra se movendo à direita.Não até ser empurrada com brutalidade contra a parede, o som do impacto abafado pela madeira da porta ainda se fechando.— Olha só quem chegou! — a voz cortou como faca. Familiar. Fria. Assustadora.Jane cambaleou, e o salto baixo não a salvou da queda. Ela bateu o ombro e o quadril no chão, soltando um grito abafado.— Nolan?! — a voz dela falhou.O homem se aproximou devagar, como se saboreasse a cena. O casaco escuro escondia a postura de lobo prestes a atacar. O rosto dele estava vermelho, não de r
— Wayne… — Jane murmurou, com a voz fraca. — Eu… eu não tenho recursos pra… esse quarto… mal me aguento aqui no tratamento do câncer, não posso ficar aqui. Por favor, tem como pedir que me transfiram?Wayne sentiu um bolo na garganta ao ouvi-la falar daquela maneira. Sim, pelo lugar onde Jane morava — Barnum, um bairro para classe média a trabalhadora. Não era o mais perigoso, porém, era o típico bairro que pessoas que querem economizar ou não podem pagar por mais, moram —, ele já sabia que ela não poderia pagar um quarto daquele, e que o próprio tratamento devia ser uma facada. “E pensar que uma pessoa precisa sofrer tanto para conseguir atendimento médico… O mínimo!” Ele abanou a mão na frente do corpo, indicando que aquilo não era um problema. — Jane, não é com isso que você deve se preocupar agora. — Ele se aproximou mais, o olhar firme, porém gentil. — Você precisa descansar. E não conversar.Jane abriu a boca para responder, mas foi silenciada por um gesto inesperado: Wayne i
Wayne reconheceu Jordan Stevens antes mesmo de vê-lo por completo. O investigador estava encostado na parede, braços cruzados, olhar atento. Não vestia nada que chamasse atenção — jeans escuros, camisa cinza de mangas arregaçadas, o mesmo casaco gasto de sempre. Mas seus olhos… aqueles olhos enxergavam o que ninguém via.— E então? — Wayne perguntou, direto.Jordan ergueu o queixo em cumprimento antes de tirar um pequeno envelope do bolso interno do casaco. Ele fez sinal com a cabeça e eles se afastaram alguns passos do quarto.— Temos um nome. Nolan Parker. É o cara que feriu a Jane.Wayne sentiu o maxilar endurecer. Confirmar o que já suspeitava era pior do
Wayne ajustou o paletó escuro no espelho retrovisor do carro antes de descer. A expressão era impassível, o olhar, gélido. Estava sóbrio, silencioso e pronto. Não precisava de arma. Quando Wayne Ryan decidia agir, não era com força bruta — era com precisão cirúrgica. Sua influência era sutil, mas poderosa. E essa noite seria lembrada.Os homens que trabalhavam para ele já estavam posicionados, discretos como sombras. Wayne sabia que Roberto Vazquez não era um criminoso comum — era um jogador de alto nível, o tipo de homem que valorizava símbolos. Por isso, Wayne trazia o dele: o broche ancestral dos Ryan preso à lapela de seu paletó — uma fênix dourada com olhos de rubi. Um sinal silencioso de que ele não era um homem qualquer. Não, ele não perte