A namorada de Gabriel não estava em nenhum lugar que Milana pudesse ver. — O que deseja falar, senhor Gabriel Ryan? — A sós? Ela inspirou fundo.— Não acho apropriado — ela respondeu e Gabriel a encarou por uns momentos, antes de sentar-se. — Tio, pode nos dar licença? — Ele fica — Milana disse firme. Ela não queria que ninguém os visse cochichando sozinhos. Não, ela teria cuidado, porque naquele meio, ela poderia se dar muito mal. E o cargo dela como delegada poderia ser tirado dela se ela se metesse em algum escândalo com gente daquele nível. Sentindo que algo não ia bem, Wayne levantou e inclinou-se em direção a Milana. — Vou buscar bebidas. Tudo bem? Ela compreendia que era a forma mais educada e que não levantaria suspeitas dos outros. — Tudo bem — ela falou, com a mão quase no rosto de Wayne, como se trocassem algum segredo. Ele sorriu com charme para ela e tocou-lhe no queixo. Gabriel apertou os punhos debaixo da mesa. — Que porra, Milana? — ele perguntou e ela mexeu
Ollie Ryan foi quem fez o discurso, de forma desinibida, como se estivesse acostumado aos palcos. — Vamos dar início ao leilão! Uma salva de palmas dos convidados. Milana viu quando a namorada de Gabriel sentou-se ao lado dele. Ela queria se apoiar nele, mas ele mexeu o ombro, afastando-a. Ela fez beicinho e Gabriel pareceu não dar atenção. — O primeiro item é um colar de rubis. A pedra principal possui quarenta quilates… O apresentador estava mostrando a peça através de imagens em uma tela montada ali no jardim. — Alguém usa isso? — Milana perguntou a Wayne. — Depende do local, da ocasião… — ele disse. — Você quer? Ela negou com a cabeça. Wayne estreitou os olhos e sorriu de lado. — Quinze milhões — ele falou, levantando a placa, e Milana arregalou os olhos. — O que tá fazendo? Gabriel levantou a placa. — Dezesseis milhões. — Para com isso, Wayne! — ela falou quando ele foi levantar o braço. Wayne trocou a placa de mão e a levantou. — Dezessete milhões! — Wayne, você nã
— Sim. Achei uma sacanagem muito grande. Estavam chamando ele de corno e tudo. O olhar de Wayne escureceu. Se Gabriel não fizesse algo com relação àquilo, ele mesmo faria. De todo jeito, a carreira de Bree Gardner não existia mais. No caminho para casa, Milana acabou cochilando e Wayne passou o braço pelos ombros dela. Ele a observou e sorriu. Aquela mulher era completamente diferente das mulheres que ele já tinha conhecido. E talvez por isso mesmo ela tivesse despertado o interesse dele.Os lábios de Milana apresentavam apenas um leve vermelho, fantasma do batom que ela não quis retocar. Wayne sentia-se inexplicavelmente atraído e inclinou-se, como se fosse beijar Milana, porém, ele parou. Ela estava dormindo, nunca lhe deu aquele consentimento. Wayne ergueu-se, repreendendo-se por tais pensamentos. Mas uma coisa ele tinha certeza: ele a cortejaria. Sem dúvidas. Talvez não imediatamente, mas ele não se afastaria e, caso ela quisesse, ou desse qualquer abertura, ele aproveitaria a
Gabriel estava na Mansão, ainda. Ele tinha dormido lá, depois da confusão com Bree. Ela acabou falando mais do que deveria, mas a sorte de Gabriel é que ninguém de importância estava ali para ouvir. Por Gabriel não tocar nela, ela ficou com ódio. Ele disse que ela deveria se segurar até o contrato terminar e ela tinha concordado. Em troca, além de dinheiro, ele usaria a influência dele para conseguir alavancar a carreira dela. Porém, Bree não aceitou o fato de Gabriel a rejeitar na cama. Ela tentou inúmeras vezes, inclusive ficou por cima dele e colocou a mão no membro dele, que não se animou de jeito nenhum. Na festa, ela inclusive o chamou de “broxa”. As coisas só pioraram quando ela percebeu Gabriel olhando demais para Milana e, depois de ganhar o colar, deixar claro que Bree nem mesmo colocaria os olhos na peça! Ele se sentou na cama, sentindo uma terrível dor de cabeça. Após tomar um banho e remédio para ressaca, Gabriel desceu. O avô já estava tomando na sala, fazendo palavr
Wayne se aproximou mais de Gabriel. — Do que tá falando? — Sabe por que eu decidi assumir a Bree? Porque eu peguei uns papos estranhos da Milana com um cara! — Gabriel disse e fungou. — Que papos? — Ela parecia ter alguém que queria vê-la. E o cara não devia ser muito mais velho do que ela. Ela deve ter um filho por aí. Não, filha. E ela não queria ver a criança! Wayne sentiu como se ele pudesse socar Gabriel ali mesmo. — Ela nunca teve nenhuma gestação, Gabriel. Eu não sei de onde tirou essa porra! — Eu vi! E ouvi! — Ela dizendo que não queria ver a filha dela? — Não… — Gabriel pareceu incerto. — Mas o que mais seria? Heim? O cérebro de Wayne parecia capaz de ter uma ideia, como uma resposta na ponta da língua, mas ele não conseguia alcançá-la! — Ficou sem palavras, tio? — Eu confio na Milana, Gabriel. Você não perguntou nada a ela, imagino? — E pra quê? — Você nem sabe direito das coisas e pulou para conclusões! Agora, bom… é tarde, não é? — Escuta aqui… — Não, você
— E se continuar com essa merda, vai sair dela antes dele, também — Gabriel deu dois passos para trás ao ouvir Milana. Ele respirou fundo. — Milana, você e eu estávamos indo bem. Até eu pegar você conversando com aquele cara sobre ter uma criança que você não queria visitar! Milana se sentou no sofá, sentindo–se tonta. Gabriel deu um passo em direção a ela, mas Wayne já estava ali. — Eu não tenho filha nenhuma! Quando foi isso? — Na mesma semana que… que eu te dispensei — Gabriel disse, engolindo em seco. — O único “cara” com quem eu falei foi com Brenan — ela olhou para Wayne. — O meu padrasto. Gabriel começou a rir. — Padrasto? Se duvidar, o cara é mais novo do que o meu tio Wayne, porra! — Gabriel olhou com deboche para Wayne, insinuando que ele era velho. — Quer saber? Eu to indo embora. — Gabriel, espera — Wayne disse. Ele sentia que as coisas seriam finalmente esclarecidas! Ele queria Milana, mas não atrapalharia a vida dela! — Eu não quero saber. Dane-se! Ela, você,
Gabriel foi para casa e o bar dele não parecia ter álcool o suficiente, porém, ele não queria sair. Ele não queria ver pessoas. — Que inferno! — ele jogou o copo contra a parede, ouvindo o utensílio se espatifar. Ele colocou a cabeça entre as mãos e sentiu as lágrimas descendo pelo rosto. Ele lembrou que Milana disse que aquele homem era o padrasto dela. Gabriel soltou uma risada.— Ela nem sabe mentir direito! — ele torceu a boca em desgosto. No entanto, a dúvida já estava ali. E se fosse mesmo? E se… e se ele tivesse entendido as coisas errado? E se o homem e Milana não tivessem qualquer relacionamento amoroso? Gabriel não sabia mais o que pensar e a cabeça dele doía terrivelmente. Ele resolveu ir para o banheiro e tomar um banho frio, para poder se deitar e tentar dormir. No dia seguinte ele teria uma reunião — ainda bem que não seria pela manhã, ou ele estaria ferrado. Wayne esperou até que Milana dormisse e voltou para casa. Ele segurava o volante com força. — Como é que aqu
Milana estava sentada, lendo, quando o interfone tocou. Ela tinha feito uma senhora reclamação sobre qualquer um poder subir. — Alô? — ela falou após apertar o botão. — Mi… — ela reconheceria aquela voz. — Preciso… falar com você! — Você está bêbado, Gabriel. Vá embora. — Não! — ele choramingou e Milana fechou a ligação, voltando para o sofá. O interfone voltou a tocar e ela ignorou. E de novo, e de novo. — Milanaaaaa! — ela ouviu o grito de Gabriel do lado de fora. Era baixo, bem baixinho, porém, se ela podia ouvir, imagine os vizinhos de andares mais abaixo? — Mas que droga! — a delegada reclamou e foi para o interfone. — Vá embora! — Não! Amor… por favor… “Não seria melhor resolver logo isso?”, ela se perguntou. O problema era ele estar bêbado. Milana decidiu descer e pedir que Gabriel se fosse. Se ele a visse, talvez ficasse satisfeito e fosse embora! Ela pegou as chaves, o celular e desceu. Ao chegar lá, Gabriel estava apertando os botões dos interfones e ela o empurrou.