Capítulo 217 Don Alexei Kim O corpo de Malu estava relaxado contra o meu, sua respiração ainda um pouco acelerada depois do que acabamos de compartilhar. Eu a segurava contra o peito, sentindo o calor da sua pele, o leve subir e descer de sua barriga sob minha mão. Pensei que ela fosse adormecer logo, como sempre fazia depois de momentos como esse. Mas senti seu corpo se remexer levemente, como se algo estivesse em sua mente. — Alexei? — sua voz soou baixa, quase hesitante. — Sim, meu amor? — murmurei, beijando o topo de sua cabeça. Ela ficou em silêncio por alguns instantes antes de soltar um suspiro. — Eu estava pensando… — começou, e o tom em sua voz me fez ficar alerta. Afastei um pouco o rosto para poder olhar para ela. — O que houve? — perguntei, traçando círculos leves em sua barriga com a ponta dos dedos. Malu umedeceu os lábios, respirando fundo antes de continuar. — Não é nada demais, só… — ela hesitou e então riu baixinho. — Acho que est
Capítulo 218 Yuri Eu não aguentei esperar. Alexei queria que o encontro fosse às oito. Como se eu tivesse paciência para perder mais uma hora esperando. Como se eu fosse sentar e fingir que tudo estava bem, sabendo que o homem que sempre vi como um pai agora estava tentando me matar. Então marquei para as sete. O café que herdei de Vladislav fechou mais cedo. Mandei os funcionários para casa, mantendo apenas o confeiteiro de confiança nos fundos. Levei dois soldados comigo, mas os obriguei a esperar do lado de fora. Não queria ninguém perto o suficiente para interferir. Sentei na cadeira da mesa do canto, de onde podia ver a porta e cada reflexo na vitrine de vidro. Pedi um café, mas não bebi. O líquido escuro esfriava lentamente diante de mim, assim como minhas mãos, que estavam geladas. Não de medo, de raiva. A raiva que pulsava sob minha pele como eletricidade prestes a se soltar. Meus ombros estavam rígidos. Minha mandíbula, travada. Cada minuto
Capítulo 219 Don Alexei kim Dentro do carro fiquei impaciente. — Nossa, como vamos saber o que está acontecendo? — Fica tranquilo, Don. Eu desconfiei mais cedo que o menino pudesse fazer algo imprudente. Estava ansioso, então me precavi. Implantei um micro escuta no casaco dele quando colocou sobre a cadeira. Ele não imagina, mas estou acessando, vamos conseguir ouvir toda a conversa, porque ele levou o casaco — Fred disse e balancei a cabeça. — Nossa, ainda bem... Bom trabalho, Fred. Observei pela mira o interior da cafeteria, os vidros refletindo o brilho fraco da iluminação da rua. Através dos fones, ouvi cada palavra trocada entre Yuri e Roman. Fred, ao meu lado, estava igualmente atento, acompanhando tudo. — Você viu como ele segurou o cara pelo colarinho? — Fred murmurou, os olhos fixos no vidro onde acompanhávamos a conversa e víamos os movimentos. — Eu vi. Vi a raiva no rosto de Yuri, a tensão em seus ombros, a forma como seus dedos tremiam de vont
Capítulo 220 Yuri O maldito me olhava o tempo todo enquanto eu dirigia. Meus olhos estavam fixos na estrada, mas cada músculo do meu corpo estava alerta. Minha mão direita segurava o volante com firmeza, enquanto a esquerda permanecia descansando sobre minha arma, pronta para agir ao menor movimento suspeito de Roman. Ele não parava de falar. Estava me irritando pra caralho. — Seu pai era um bastardo, Yuri. Você sabe disso, não sabe? — Soltou uma risada baixa, como se estivesse compartilhando uma piada suja. — Manipulador, egoísta... e ainda assim, todo mundo se ajoelhava para ele. Ridículo. Eu mantive minha expressão neutra, mas dentro de mim, uma raiva surda queimava. Ele deve repetir o mesmo de mim por aí. — Ele não confiava em ninguém — Roman continuou, cruzando os braços. — Nem mesmo em você. Se tivesse confiado, teria te contado sobre o cofre. Mas não. Ele te deixou no escuro como a todos os outros. Meus dedos apertaram mais forte a coronha da arma. Que v
Capítulo 221 Yuri O tempo desacelerou no instante em que vi sua mão deslizando para o gatilho. Fui mais rápido. Já passei por isso antes. Já vi esse movimento centenas de vezes por Nazar, Fred e Alexei. Já matei homens que hesitaram um segundo a mais. Roman não era diferente. Eu só estava com mais raiva dele do que dos outros, pela traição. Antes que ele pudesse reagir, minha mão disparou para frente. Meus dedos agarraram o cano da arma e empurrei para o lado, torcendo seu pulso no processo. O disparo ecoou pela sala, mas a bala atingiu apenas a parede. — Que isso? — Ele rosnou de dor, tentando puxar o braço de volta, mas eu já estava em movimento. Minha outra mão socou seu rosto com força. O impacto fez sua cabeça girar para o lado, e aproveitei a abertura para chutá-lo na lateral do joelho. O estalo seco foi seguido por um grito. — AHHHH! — Roman cambaleou para trás, a arma escapando de seus dedos. Peguei-a antes que tocasse o chão. Sem dar tempo p
Capítulo 222 Yuri O escritório ficou em silêncio assim que Roman foi arrastado para fora. A minha respiração estava pesada, mesmo que eu não quisesse admitir. Fiquei ali, parado, observando a marca de bala na parede, os cacos do quadro no chão, o sangue espalhado. Meus dedos ainda estavam cerrados, rígidos ao redor da arma no coldre. A adrenalina ainda percorria meu corpo, mas agora vinha acompanhada por um peso estranho. Eu tinha vencido. Então por que diabos não me sentia satisfeito? — Você agiu muito bem, Yuri. — A voz de Alexei veio da porta. Virei apenas a cabeça, encontrando seu olhar avaliador. Ele estava encostado no batente, os braços cruzados, mas a expressão séria denunciava que aquilo não era um elogio. — Mas não agiu corretamente. — Minha mandíbula travou. Alexei entrou na sala, caminhando lentamente até parar à minha frente. Seu olhar escuro perfurava o meu, e eu já sabia o que vinha a seguir. — Você quebrou o combinado. Saiu sozinho, s
Capítulo 223 Yuri Guardei tudo no cofre, exceto a pasta preta. Fechei a porta e segurei o arquivo com força, as palavras "Destruição da Família Kim" ainda queimando em minha mente. Minha respiração estava irregular, meu peito subindo e descendo com raiva. Meu próprio pai queria Anastasia morta. Isso era tudo que importava agora. Girei nos calcanhares e saí do escritório a passos firmes. Meus dedos apertaram o couro do volante com força durante todo o caminho até a casa de Alexei. Minha perna balançava, a adrenalina ainda pulsando no meu sangue. Estava bem escuro quando cheguei, mas não me importei. Saí do carro e marchei até a porta, batendo com força. Fred abriu, arregalando os olhos ao me ver naquele estado. — Onde está Alexei? — rosnei. Fred nem discutiu. Só deu espaço para eu passar. Cruzei o corredor direto para o escritório, onde Alexei estava sentado, analisando papéis. Assim que me viu, ergueu uma sobrancelha. — Yuri? Não disse nada. Joguei a
Capítulo 224 Anastasia Kim Me sentei à mesa com mais força do que deveria, tentando ignorar a sensação irritante revirando meu estômago. Meu olhar voltou para a garota loira, que agora estava parada ao lado do homem que havia entrado depois dela. — Don Alexei, esta é minha filha, Tatiana. Como combinado, ela veio para sua esposa auxiliar no treinamento e nos preparativos do casamento. — O homem falou com uma reverência respeitosa, como se estivesse entregando algo valioso. Tatiana... Até o nome combinava com ela. Seus cabelos compridos estavam parcialmente presos de forma elegante, sem um fio fora do lugar. Os olhos azuis eram serenos, sem arrogância. E a postura… Deus! Impecável. Nada em seu jeito parecia forçado. E para completar o quadro, ela mal olhou para os homens na sala. Nenhum olhar furtivo, nenhuma tentativa de chamar atenção. Apenas permaneceu ali, educada e serena, como se esse mundo não a afetasse. "Perfeita." Malu se inclinou para cochichar no me