Capítulo 1

ANDREW CARTER: 

Flash Back On:

Olho para o rosto de minha mulher sofrendo com a extrema força que faz para conseguir dar a luz a nossa razão de viver, a nossa filha.

Pego em sua mão lhe dizendo frases reconfortantes e doces transmitindo o meu amor enquanto a vejo gritando e estremecendo.

A cada novo grito que ouço sinto ela apertar mais a minha mão, meus dedos ficam brancos e doloridos pela força colocada, quando seus olhos escuros me encaram, vejo medo e tristeza enquanto lágrimas rolam de seus olhos castanhos por qual eu tanto me apaixonei desde nossa adolescência. 

Os fios escuros e sedosos de seus cabelos grudam em seu testa pelo suor refletido em sua pele morena.

Os Médicos lhe orientam a colocar força e empurrar mais uma vez, e logo minha mulher obedece, contorcendo e gemendo de dor enquanto tenta dar a luz a nossa pequena.

Com a respiração entrecortada seus olhos caem sobre os meus, e dizendo com o rosto banhado de finas lágrimas: 

— Andrew me prometa que vai cuidar da nossa filha com todo amor e carinho do mundo, me prometa que vai amá-la e sempre protegê-la.

Congelo amedrontado ao ouvir aquelas palavras, vendo seu estado lágrimas escapam de meus olhos, passo o polegar secando os seus olhos e digo com a voz suave: 

— Não vai acontecer nada com você meu amor!

— Me prometa, por favor Andrew! — ela me olha pousando sua mão sobre a sua que acaricia seu rosto com ternura.

Deus, não permita que nada de mal a aconteça.

Não a tire de mim…

Não permita que minha filha cresça sem mãe….

— Eu prometo meu amor! — digo beijando sua testa com carinho.

Seu rosto se contorce pela última vez antes de um choro agudo encher a sala, o mundo para ao meu redor quando pouso meus olhos na nossa pequena filha.

Olho para a pequena criança encantado, lágrimas molham meu rosto, os médicos fazem os procedimentos e enrolam a bebê me entregando para segurá-la no colo. 

Pego minha filha em meus braços, sentindo seu pequeno corpinho se ajeitar em meu colo, sorrio emocionado vendo o rostinho belo e delicado, os cabelos negros em perfeita evidência, não consigo ver os seus olhos pois estão fechados enquanto chora em meu colo.

Acaricio o rosto pequeno sorrindo bobo, me viro para Catarina para lhe mostrar nossa filha e lhe dizer que tudo ocorreu bem, agradecê-la por me fazer o homem mais feliz do mundo.

Mas entro em total pânico vendo seu rosto imóvel, os olhos castanhos se fechando lentamente, os aparelhos ligados ao seu corpo fazem uma sequência de som estridente.

O que está acontecendo?

Vejo os Médicos se agitarem a sua volta, e logo tentam reanimar seu corpo por várias vezes com um aparelho de choque.

Lagrimas descem descontroladas pelo meu rosto vendo que minha esposa não responde aos procedimentos, uma enfermeira vem em minha direção tirando minha filha de meus braços.

Não! Não! 

Tento chegar peto de seu corpo mas sou impedido por dois Médicos que tentam me tirar da sala, os empurro soluçando querendo ficar com minha esposa, uma enfermeira que está checando o corpo de Catarina me olha com pesar e me diz com tristeza: 

— Sinto muito Senhor, não conseguimos salvá-la!

Grito caindo de joelhos olhando para o corpo de minha mulher agora sem vida….

Flash Back Off:

Sou acordado dessa lembrança assustadora com o choro de Liza.

Liza cresceu bastante nesses 9 meses, hoje com seus 10 meses a pequena tem seus lindos e sedosos cabelos negros, olhos azuis com os meus, minha princesa é idêntica a mim.

Tento não lembrar da morte de Catarina, e da horrível sensação de ver minha filha crescendo sem conhecer e ter sua mãe com ela. Tento compensar isso dando todo o meu amor a minha única razão de viver….

Levanto e ando apressadamente até o quarto de Liza, entro e a encontro sentada no berço com seus olhos vermelhos tomados pelo choro, me aproximo e a pequena faz um gesto com seus bracinhos gordos para pegá-la no colo.

A levanto em meus braços tentando acalmá-la balançando ela em meus braços e sussurro: 

— Porque a bebê do papai está tão assustada hein? — ela se acalma e faz barulho como se estivesse me contando o que aconteceu.

— Foi um pesadelo com monstros meu amor? — Papai está aqui para proteger a princesa dele! — beijo suas bochechas volumosas, percebo que seu nariz está vermelho, e logo tosses se iniciam.

Isso deve ser começo de gripe, pego uma manta e cubro minha filha, ando de volta ao meu quarto para pegar meu celular, vejo as horas constatando que a babá está atrasada para o trabalho.

A Dona Maria está atrasada para cuidar de Liza, e com o estado em que minha pequena se encontra é melhor ficar de olho nela.

Ligo para Maria e ela logo atende:

— Dona Maria você está atrasada! — digo num tom de advertência. 

— Eu....eu sei senhor Carter mas acabei de saber que minha prima faleceu e terei que viajar com urgência! — ela diz com a voz embargada. 

— A Liza está ficando doente, mas pode ir viajar Dona Maria, sinto muito! — olho para a pequena e vejo que a mesma dormiu novamente, ando de volta ao seu quarto e a deito no berço com cuidado.

Me dirijo ao meu quarto com o celular na orelha enquanto Maria retorna a falar:

— Desculpe senhor e obrigada, sinto muito pela Liza, seria melhor levá-la ao hospital!

— Vou fazer isso.

Sim, tenho que levar minha filha ao médico já que sua babá não poderá vir, me despeço da Dona Maria e ligo para o meu secretário e lhe ordeno cancelar todos os compromissos marcados para hoje pois vou tirar o dia para cuidar de minha pequena….

Vou ao banheiro, faço minha higiene matinal e tomo banho, caminho em direção ao closet e me arrumo para levar minha filha ao médico. 

Depois de vestido, vou ao seu quarto para ver se está tudo bem e desço as escadas indo para cozinha, minha empregada me serve enquanto tomo café da manhã, terminado, volto para o quarto da pequena e arrumo sua bolsa com seus pertences e sua mamadeira de leite.

Olho para Liza e vejo seus lindos olhos azuis abertos me encarando manhosa, sorrio e pego no colo tentando lhe vestir alguma uma roupa já que nunca a  troquei ela, pois Maria fazia isso, sou um pai dedicado, mas me odeio pelo fato de ficar tempo demais na empresa e não ficar o tempo todo ao lado de minha filha.

Pego sua bolsa com seus pertences, e a levo em direção a cozinha, para a alimentá-la antes de sair para o hospital.

Após ela terminar, pego a chave de meu carro e logo caminho em direção a garagem, coloco Liza na cadeirinha e dirijo em direção ao hospital onde minha pequena tem convênio.

    ISABELLA MONTENEGRO:

Acordo com o som do despertador me alertando para levantar e ir trabalhar, levanto caminhando em direção ao banheiro tomar uma ducha bem quente e relaxante e fazer minhas higienes matinais….

Me enrolo uma toalha em volta de meu corpo e tento desembaraçar os meus fios claros fazendo um coque despojado, caminho em direção ao meu closet e escolho uma calça jeans cintura alta preta com uma blusa de manga comprida pois vou vestir o jaleco do hospital por cima.

Passo uma maquiagem bem leve e básica, pego minha bolsa e meu celular e caminho em direção a cozinha, preparo meu café, degusto minha refeição atenta ao horário.

Depois de terminar passo um batom nude, pego meu jaleco e as chaves do meu carro, no Brasil eu não tinha um carro, mas quando me mudei para cá decidir comprar um para se movimentar nas ruas cheias de Seattle...

Assim que saio de meu apartamento, sinto o ar abafado de Seattle atingir minha pele, aceno para o porteiro e caminho em direção ao meu carro.

Dirijo pelas ruas da cidade movimentada até chegar no meu trabalho, o trajeto não é longo, mas prefiro ir de carro para economizar tempo.

Saio do carro e entro cumprimentando meus colegas de trabalho, entro na minha sala colocando o jaleco e pego as pastas dos pacientes com consulta marcada para hoje…

Nesse hospital atendo apenas com consulta marcada, já trabalhei na ala de emergência, mas foi aqui que me encaixei.

Ouço o telefone da minha sala tocar e o atendo de imediato à recepção:

— Dra Montenegro, temos um pai com sua filha querendo ser atendidos imediatamente! — diz a recepcionista. 

— Algum caso de Emergência? — pergunto. 

— A criança está doente, o Dr Paul está atendendo outros pacientes, o pai não quer esperar, deseja atendimento imediato! 

Olho para as consultas marcadas para hoje e vejo que o primeiro paciente deve chegar em meia hora, então posso atender essa criança.

— Pode pedir para eles entrarem por favor! 

— Claro, Dra Montenegro! — ela logo desliga.

Enquanto aguardo a chegada deles, preparo os procedimentos necessários.

Ouço baterem na porta e peço para entrarem.

Quando levanto a cabeça me deparo com um homem moreno entrar segurando uma linda menininha nos braços, mas o que me atrai são a beleza peculiar e os olhos azuis semelhantes ao outro.

O homem me encara com os olhos claros penetrantes, sem motivo sinto meu rosto corar de vergonha, talvez ele perceba que não paro de olhá-lo.

Mantenha a compostura Isabella…

Há poucos minutos eu achava que pessoas perfeitas não existissem, mas agora eu acho que podem existir, só é difícil de encontrar.

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