— O que você achou que estava fazendo? — Olivia questionou com seu tom de voz seguro, tão sério quanto sua expressão, assim que sua mãe abriu a porta para atendê-la.
— O que você acha que está fazendo? Uma mulher casada, Olivia? Uma mulher casada! — Emily gritou com certo pavor mesclado a obviedade e Olivia bateu à porta atrás de si com um sorriso irônico em seu rosto como quem o entrega para preservar o que resta de sua sanidade.
Entre o verde que aparentava dividir-se em verde folha e verde sálvia, Giulia caminhou ao seu lado, a luz do sol tocava sua pele e como se fosse ela um espelho, brilhava quase que discretamente, fosse em seu rosto, fosse em seu ombro, os raios de sol tocavam ainda seus cachos como se sempre tivessem aquela intimidade.Seria Giulia tocada pela luz solar sinônimo de arte exposta? Olivia se sentiu tola ao se fazer tal questionamento, noite passada muito se demorou a dormir.A hospedagem era
—Ora, não faça essa cara! Logo arranjará emprego! — Emily disse tentando soar positiva, mas recebeu um olhar entediado da filha.—Você está falando sério? Já faz três meses que eu estou tentando! E Veneza é um ponto turístico e tanto, ou seja? Deveria ser mais fácil e não mais difícil! — Olivia respondera impaciente desviando seu olhar para o lado esquerdo, sua mãe examinou-a cuidadosamente num curto intervalo de tempo e suspirou. —Com olhos que parecem enxergar tão bem e você me deixa isso acontecer? Que descaso! Isso é um insulto, você só pode ser notava! Eu exijo falar com o dono disso aqui! — A senhora de cabelos grisalhos, rosto redondo e rechonchudo com olhos pequenos, queixo grande e lábios exagerados tingidos de um vívido rosa reclamava com empenho, batera sua mão grande contra a mesa e chamou atenção dos demais clientes sem nem ao menos se importar. — Um cabelo! Um cabelo na minha comida! — Ela berrou olhando ao redor com olhos arregalados alternando entre os rostos dos clientes como que para aterrorizá-los com sua horrível aparente verdade.Um encontro
O que ocorreu no dia que se seguiu fora o que as pessoas de fato chamam de desencontro, era por volta de dez da manhã, no quarto de hóspedes, o pequeno e por isso, corajoso Thomas dormia tão entregue ao sono como se houvesse acabado de dormir, em verdade o parque o havia cansado na noite anterior, todos aqueles brinquedos, todas aquelas outras crianças, o colorido estava até nas comidas! Aquilo fazia com que seus pequenos olhos brilhassem. Noutro quarto, não ao lado, no entanto, não muito distante daquele, estavam Max eAmber, ela dormia com mexas de cabelo em seu rosto, seu braço direito estava esticado assim como o esquerdo que estava por sobre a barriga de Max que tinha sua perna direita para fora da cama com seu pé
Após tantas pesquisas cuidadosas, já não era novidade para Giulia que ao chegar na charmosa Itália era como estar em algumas fotografias dos livros. Tampouco pôde surpreender-se ao ficar sem fôlego quando chegou em Veneza.“A cidade mais romântica” seu marido Robert disse com um suspiro romanesco, e ainda que pudesse ouvi-lo, Giulia ocupava-se enchendo seus olhos cor de mel de uma beleza tão estúpida como aquela. “Existem mais turistas aqui do que moradores”, Robert continuava a dizer coisas das quais Giulia sabia. “Bom dia. Não estranhe minha ausência, saí cedo (não sei que horas você lerá isso) para um passeio sem destino em mente, quem sabe eu consiga alguma inspiração?”.Giulia havia escrito num bilhete que deixara no criado-mudo para caso de Robert acordar antes de sua chegada. Ela saiu com o notebook contra o peito, mordiscou o lábio inferior, sentia que apesar de o sol aquecê-la, as sombras podiam fazer frio, uma vez que ainda se tratava do início da primavera. Naquela manhã, Olivia entrou noiltuocaffécom um meio sorriso, sentou à sua mesa favorita e pediu o de sempre: cappuccino acompanhado de um croissant com geleia, e num típico italiano questionou para Dante:—Quem é aquela mulher que está sempre vindo pela manhã? — Dante a olhou como se fosse ela uma estúpida.A mesa favorita
Uma variante italiana
Era uma manhã de quarta-feira, o sol estava caloroso, timidamente a primavera ia tomando seu formato, se reivindicando. Giulia acabava de tomar seu café da manhã noiltuocaffé, sentia-se mais sonolenta do que o comum para aquele horário. Ela bocejou novamente e Olivia sentou-se à mesa dando-a “bom dia”, Giulia nem ao menos havia percebido sua chegada e aproximação.Saindo de seus devaneios, ela desejou-a “bom dia” de volta e então o que deveria se seguir seria: Olivia tirar a pasta de cor amarela de sua mochila, tirar seus papéis da pasta e