Eu explico tudo o que aconteceu, informando que Killey está bem e que conseguimos salvá-lo de uma investida inimiga. Mas, ao invés de alívio, vejo apenas impaciência no rosto dela.— E o Dentuço? — ela insiste, incisiva.Solto um suspiro, tão frustrado quanto ela.— Fugiu.Vejo seus olhos se estreitarem, sua mandíbula se contrair. Também estou puto com essa situação, mas agora não adianta remoer isso.— Precisamos nos reagrupar e continuar a missão — sugiro.Ela não responde imediatamente. Em vez disso, muda o foco.— E seu amigo Netlinker?— Ele está bem.Mas sei que não é isso que ela quer ouvir. Ela me encara e ordena:— Então chama ele. Quero que comece a analisar esses datachips e tente quebrar as criptografias enquanto eu cuido do resto.— Certo, vou chamá-lo.Pego o rádio e faço a chamada sem hesitar. Enquanto espero resposta, noto que Kira mexe em algumas caixinhas cheias de datachips e me entrega e sua atenção logo se volta para o rio.— Jair, vou seguir pelo rio e chamar alg
Logo que me preparava para sair da área do acampamento, Killey apareceu segurando uma monokatana. Sem hesitar, ele se ofereceu para me ajudar. Antes que eu pudesse responder, estendeu a lâmina para mim.— Aqui, achei que fosse precisar. — Disse, sem rodeios.Peguei a monokatana, sentindo seu peso familiar na mão, enquanto ele continuava com sua preparação. Carregava também um rifle pesado, que colocou dentro de um carro junto com um suporte para a arma.— Você tem certeza? Posso ver que seus pontos ainda estão visíveis. Concordo que vá, mas apenas como apoio. — Declaro, sem deixar espaço para discussão.— Como se eu tivesse sido algo além disso durante toda essa incursão. — Killey responde em um tom seco e baixo, sem interromper seu trabalho.Ele então aponta para uma moto e olha para mim.— Kira, sei que você não gosta de andar dentro de locais fechados, então ajeitei essa para você. — Um leve sorriso escapa de seus lábios.Fico realmente surpresa. Não faço ideia de como ele percebeu
A explosão das granadas abalou a estrutura da porta, soltando fragmentos de concreto e deixando marcas de queimadura no metal. Mas o que realmente me pegou de surpresa foi o que aconteceu em seguida.Uma maluca de patins?Fiquei parada por um instante, absorvendo a cena. A garota era pequena, com cabelos loiros presos em duas xuquinhas e luzes rosa e roxo destacando-se sob a iluminação precária. Pele clara, olhos azuis vibrantes, sardas espalhadas pelo rosto juvenil. Mas o detalhe mais absurdo? No lugar dos pés, ela tinha implantes de patins.Antes que eu pudesse reagir, ela disparou pelo corredor—rápida, muito rápida—mas o controle não acompanhava a velocidade. O impacto foi grotesco quando ela se chocou contra a parede no final do corredor, o baque ressoando pelo espaço apertado.Fiquei olhando, incrédula. Então, sem conseguir evitar, soltei uma risada baixa. Era ridículo, estúpido e, de alguma forma, hilário.Mas a diversão não durou.A garota se levantou de um pulo, olhos ardendo
Manaus. Meu apartamento. Ivan e G.E.S.S. conversam, mas minha mente está em outro lugar. Faz dias que penso nisso. Lutar contra as corporações, agir pelo povo. Mas como? Um nome, uma identidade, um plano... Ainda não tenho nada disso.Então, o interfone toca. Me levanto, atendo sem pensar muito. Mas a voz do outro lado me faz congelar.— Teresa?Eu só a vi uma vez, mas sei quem ela é. E sei com quem ela anda. Teresa é uma mídia e também era namorada de Chang Liu.O que diabos ela quer comigo?Teresa entra no meu apartamento como se fosse a dona do pedaço. Nem pede permissão, só passa pela porta com aquela atitude de quem acha que o mundo gira ao seu redor. Reviro os olhos. Não entendo o que acontece com a mulherada hoje em dia. Isso me faz lembrar de Lucy—ela também agia como se mandasse aqui. Um leve ressentimento me atravessa. Passamos dias juntos e, de repente, ela morreu.E Dragon... Esse eu evito pensar. As lembranças dele vêm carregadas de coisas que prefiro deixar enterradas.T
Quando abro a porta, me deparo com a última pessoa que imaginei ver novamente. Mas, depois de todas as revelações de hoje, já nem sei mais o que é possível ou não.A cobaia que "resgatamos" na Europa está bem ali, diante de mim. Diferente da última vez que a vi, agora ela parece uma adolescente comum—saia plissada, camiseta branca de gola, um colete por cima. Mas, observando melhor, percebo que ela é uma adolescente. Não deve ter mais do que dezesseis anos.Antes que eu possa reagir, ela simplesmente entra, como se já fosse parte do ambiente. Mais uma vez, me pego pensando sobre essa estranha confiança que certas mulheres parecem ter ao invadir moradias alheias.— Então é aqui que você se esconde. — Sua voz carrega um tom casual, como se fôssemos velhos conhecidos.Ela se vira para mim, estendendo a mão com naturalidade.— Prazer, eu sou Analisa.Antes que eu possa responder, um vulto se move rapidamente ao meu lado. G.E.S.S. surge como um raio entre nós dois, apertando a mão dela com
Passamos um tempo organizando o espaço para passarmos a noite ali. Encontramos alguns colchonetes largados pelo lugar, demos uma boa limpada e os espalhamos pelo chão. Já era noite, bem tarde, e o cansaço pesava nos nossos corpos. Enquanto arrumávamos tudo, G.E.S.S se encarregou de pedir comida—estávamos famintos, exaustos e com alguns machucados.Aproveitei um momento de pausa para entrar em contato com Teresa. Sentia que podia confiar nela, então pedi que viesse nos encontrar na manhã seguinte e passei o endereço.Na manhã seguinte, acordamos espalhados pelos colchonetes. O ambiente parecia ainda mais estranho à luz do dia. Analisa estava sentada na posição de lótus, imóvel, como se estivesse em transe. Observei seus olhos; não havia nada de incomum neles, mas a expressão vazia entregava o que estava acontecendo—ela estava conectada à rede.Pouco depois, conforme combinado, Teresa chegou. Carregava uma sacola com pães e um tubo de pasta que parecia ser algum tipo de patê de soja—ou
Analisa sorri, um sorriso cínico, quase divertido. Teresa e eu trocamos olhares, nossas mentes trabalhando a mil por hora. Se são irmãs, então traçar o perfil familiar e descobrir as origens de Kira será muito mais fácil.Teresa parece hesitante, sem querer interromper o que, aparentemente, é um reencontro familiar. Mas minha mente já está processando informações rápido demais para ignorar a discrepância.Nos arquivos da Europa, quando invadimos a Vortoli e resgatamos Analisa, descobrimos que ela era uma cobaia havia pelo menos dez anos. Já Kira… segundo os registros, ela foi cobaia por apenas quatro anos.Algo não bate.Kira é mais velha que Analisa. Se os dados estiverem corretos, isso significaria que ela foi capturada quando tinha apenas seis anos.Minha cabeça entra em parafuso. O estômago revira. As informações se embaralham na minha mente como peças de um quebra-cabeça que simplesmente não se encaixam. Algo está muito errado nessa história.Teresa percebe meu olhar perdido e se
Kira é uma jovem alta, com 1,84 m de altura e 79 kg de músculos e ossos tão fortificados quanto aço. Ela é um Sicário, a elite assassina. Soldados, mercenários e agentes como ela são moldados para atuar como armas vivas neste universo brutal. Denominada pelo capitão Yamamoto, conhecido como "Black Death", como Onna Bugeisha (Samurai feminina), Kira sempre carrega uma monokatana, é uma espada que ao invés do aço mais tradicional, ela tem uma lamina translúcida de alta tecnologia. Extremamente afiada, porem bem mais frágil que outros tipos de materiais.Kira está no topo de um prédio, banhada pela luz da lua. Sua pele, tão alva quanto mármore, reluz sob o brilho noturno enquanto ela observa o caos urbano abaixo. Ruas movimentadas, luzes neon piscando, conversas abafadas, tiros, explosões, carros e motos cruzando avenidas intermináveis. Os carros voadores da Niesdra são os esportivos mais famosos – são veículos de impulso vetorial – e cortam o ar sobre a cidade que nunca dorme. Existem a