Analisa sorri, um sorriso cínico, quase divertido. Teresa e eu trocamos olhares, nossas mentes trabalhando a mil por hora. Se são irmãs, então traçar o perfil familiar e descobrir as origens de Kira será muito mais fácil. Teresa parece hesitante, sem querer interromper o que, aparentemente, é um reencontro familiar. Mas minha mente já está processando informações rápido demais para ignorar a discrepância. Nos arquivos da Europa, quando invadimos a Vortoli e resgatamos Analisa, descobrimos que ela era uma cobaia havia pelo menos dez anos. Já Kira… segundo os registros, ela foi cobaia por apenas quatro anos. Algo não b**e. Kira é mais velha que Analisa. Se os dados estiverem corretos, isso significaria que ela foi capturada quando tinha apenas seis anos. Minha cabeça entra em parafuso. O estômago revira. As informações se embaralham na minha mente como peças de um quebra-cabeça que simplesmente não se encaixam. Algo está muito errado nessa história. Teresa percebe meu olhar perdido
Quando Killey apareceu sozinho, meu coração já se apertou. Ao me aproximar, ele desabafou: dizia que Kira estava bem, mas algo em sua voz e no brilho evasivo dos olhos denunciava que havia mais por trás daquela afirmação. Mesmo assim, eu sabia que Kira era de fibra inquebrável—implacável e determinada, nunca se deixando abalar. — Killey, por que Kira não voltou com você? — perguntei, intrigado e com uma nota de preocupação que não conseguia disfarçar. — Ela simplesmente se lançou na floresta, lá perto do esconderijo do Dentuço — respondeu, a voz carregada de desdém, como se o episódio fosse apenas mais um detalhe irrelevante. Enquanto ouvia, minha mente fervilhava de questionamentos sobre esses dois personagens tão distintos. Killey, embora não compartilhasse da mesma perícia tática de Kira, demonstrava habilidades bélicas impressionantes. Com seu rifle de assalto, operava com uma precisão quase cirúrgica, e suas manobras no boxe tailandês revelavam uma fluidez e letalidade que tran
Nosso retorno para Manaus foi tranquilo. Jair, Iara, Ghost, Killey e eu seguimos juntos até onde deixei minha moto. Jair já sorri para mim antes mesmo de eu oferecer o capacete extra para ele. — Vem comigo — digo, estendendo o capacete. Ele aceita sem hesitar e o veste, enquanto Iara sobe no bugue com Ghost, enquanto Killey apenas acena com a cabeça antes de montar em sua própria moto e partir. Assim que Jair se acomoda atrás de mim, sinto suas mãos pousarem suavemente na minha cintura. Um aperto leve, seguro. Meu corpo reage instantaneamente. Não sei dizer se já senti isso antes, se já fui tocada assim por outro homem. Minha mente é um quebra-cabeça com peças faltando, e essa é uma delas. Mas uma coisa eu sei: gosto da sensação. Acelero, mantendo o foco na estrada. Destino: Biocom. Preciso entregar o relatório da missão e devolver o projeto recuperado. Mas o melhor de tudo? Trouxe comigo outros projetos que a Dra. Chambers tentava vender. Assim que chego ao prédio, sou chamada se
Cheguei a Manaus e fui direto ao prédio da BioCom. Na minha mente, aquele era o único lugar que realmente conhecia — e eu tinha uma missão a cumprir. Assim que cheguei, retirei dos bolsos os datachips com as gravações, organizei o relatório e segui até a sala de Xiaomei. Anunciei minha presença, ciente de que Kira ainda não havia chegado. Provavelmente, ela estava levando Jair até Logan ou, no mínimo, colocando-o em um táxi para seguir até lá. Assim que recebi autorização, entrei rapidamente. — Srta. Xiaomei, está tudo aqui. Xiaomei pegou os chips sem hesitação, inserindo-os um a um. Seus olhos afiados analisavam cada vídeo com precisão cirúrgica. De repente, sua expressão endureceu, e sua voz veio afiada como uma lâmina: — Há um vídeo em que uma mulher de patins atira no olho cibernético de Kira. No vídeo seguinte, Kira aparece com um olho normal de volta. Como isso aconteceu, Killey? Onde está o vídeo sobre isso? O tom incisivo dela me pegou desprevenido. Seus punhos cerrados de
Adentro a sala de Alessandro. Kira sai, deixando-nos a sós. Esse homem foi um dos poucos que nunca cederam ao meu charme. Muitos já caíram nas minhas provocações, mas ele e Douglas parecem imunes aos meus feromônios e ao meu poder de sedução. Meu corpo foi modificado para ser o objeto de desejo de qualquer homem e até de algumas mulheres. Exalo feromônios que turvam o raciocínio, tornando a conversa mais fluida e deixando-os vulneráveis às minhas sugestões. Uso meu charme pessoal, perfumes estrategicamente escolhidos e roupas que destacam as áreas certas, aquelas que podem distrair qualquer um. Mas Alessandro... Alessandro nunca se importou. Na verdade, ele já reclamou do meu cheiro. Por um tempo, cheguei a pensar que ele fosse homossexual, mas então o vi com Amanda e percebi que não era o caso. Ele gosta de princesinhas. Kira não é uma princesinha. Kira tem uma beleza que beira o irreal, mas seu corpo é forte, musculoso, aprimorado por implantes. Alessandro sempre odiou implantes.
Entro na sala de Alessandro sem hesitar, entregando-lhe o relatório, os chips contendo os projetos e os dossiês detalhados que a Dra. Chambers compilou sobre os criminosos ligados a Dentuço e à Cidade da Sucata. Nomes de políticos, chefes de famílias mafiosas, líderes de gangues e corporativos poderosos desfilam pelo papel como uma teia de podridão. A lista parece interminável. Ele recebe os documentos em silêncio, folheando algumas páginas sem pressa. Quando finalmente ergue os olhos para mim, há algo estranho em seu olhar. Algo que me faz hesitar por um instante. Mas ele apenas me dispensa com um aceno contido. Viro-me para sair, e então vejo sua secretária. Aurora. O nome surge na minha mente quase automaticamente. Meus olhos ficam presos nela por um instante mais longo do que deveriam. Algo nela desperta uma sensação incômoda — uma familiaridade que não consigo explicar. Ela me encara de volta e sorri, um sorriso amplo, talvez excessivamente entusiasmado. Depois, avança em minha
Recebi uma mensagem de Kira. Ela vai mandar uma galera para minha casa. Mas não estamos lá, e ela não sabe disso. Mal tivemos tempo de conversar — ela me encontrou, me deu uma missão e foi embora. Corro até o prédio para, ao menos, estar pronto para receber quem quer que vá ao meu apartamento. Logo, um grupo chega em um bugue. São três pessoas. O primeiro é um homem imponente, grande e forte, com traços que lembram um leão. A segunda é uma mulher exótica, de pele morena clara. Magra, de estatura mediana, ela usa o cabelo rastafári com neons azuis brilhantes. O terceiro é um sujeito de cabelos espetados, tingidos de verde, com um estilo que lembra um punk. Magro, também de estatura mediana, veste roupas largas e usa uma viseira no rosto — parecida com os óculos que G.E.S.S. usa. Me aproximo do grupo, e algo dentro de mim diz que esses só podem ter sido enviados por Kira. Não sei explicar, mas parece a cara dela. O homem alto dá um passo à frente, a presença dele é imponente, e su
Teresa fica paralisada. Kira... como ela sabe? Ou será que apenas desconfia? Mas com base em quê? Ela acabou de chegar e já lançou essa bomba. E se for verdade… será que, sabendo que Killey é Chang, Teresa ainda vai querer voltar para ele? Mas Kira age como se nada tivesse acontecido. Apenas para, observando Analisa entrar no recinto. — Olá, Analisa. Irmã. — Sua voz é firme, sem hesitação. Ela se posiciona diante dela, cruzando os braços antes de continuar: — Enquanto você lê dados computacionais, os famosos zeros e uns... — dá de ombros, como se fosse algo trivial — ...eu leio tudo o que é biológico. O que um dia foi. O que ainda é. Ela pausa por um instante, deixando que suas palavras se assentem, antes de prosseguir com um brilho afiado no olhar. — Quando carreguei Killey na última missão, toquei nele. E li toda a informação contida em seu corpo. Foi assim que descobri que ele é Chang. Além disso, usaram Anastasys nele. E o Anastasys tem meu DNA... parte dele. Kira dá um sorris