POV MARIA EDURDA
Assim que cheguei no hospital, me dirigi ao quarto onde Maria Dolores estava. Bati levemente na porta e abri, deparando-me com Élida sentada ao lado da cama.
Não sei exatamente o que senti ao ver aquela cena... Talvez chegou a passar na minha cabeça que aquele lugar era meu. Mas sabia que o tempo havia passado e o lugar pertencia àquela menina magricela e com olhos grandes e cheios de afeto, que talvez amasse a babá mais do que eu amava minha mãe biológica atualmente.
- Duda? – Ela me olhou, retirando a mão que estava sobre a de Élida.
Élida olhou para a própria mão sobre a cama e levantou-se, tentando um sorriso:
- Vou... Sair para deixar vocês conversarem sozinhas.
- Não... Não tem necessidade! – Falei imediatamente.
Senti o cheiro de Fucking Fabulous invadindo o quarto e não precisei olhar para
- E se soube antes... Por que não me contou? Qual sua intenção ficando ao meu lado sem dizer a verdade?- Eu tinha medo que você fugisse de mim. Sabia que precisava ter calma...- Você sabia onde eu estava... Nunca passou pela sua cabeça voltar até a mansão Hauser para me ver?- Eu tinha um acordo com Alexis...- Assim como David tinha com TumbaLinda... E conseguiu quebrá-lo. E o deles era um acordo legalizado. Você tinha um acordo de boca com Alexis... Nunca sentiu saudade de mim?- Eu senti... A cada dia da minha vida. Você sempre foi o que eu tive de mais precioso.- Quando temos algo precioso e sabemos o quanto amamos... É impossível ficar longe.- Tentou me procurar quando cresceu?- Conforme o tempo foi passando eu imaginei que você não queria me ver... Que realmente tinha me abandonado.- Você estudou, se form
David beijou meu queixo e disse com os lábios ainda na minha pele:- Não quero fazê-la sofrer... Não quero ser mais um que a magoou...- Eu sofro por você... Mas a culpa não é sua. – Declarei.- Sinto tanta falta da sua pele, da sua boca... – seus lábios foram subindo em direção aos meus, que deixei que os consumisse de forma voraz.Nossas línguas se entrelaçaram numa dança já conhecida, saudosa, apressada. Meu coração parecia que explodiria dentro de mim só de saber que seria tocada por ele novamente. Eu queria que o tempo parasse exatamente naquele momento, para que eu pudesse ficar para sempre daquele jeito, nos braços de David Dulevsky.Eu havia errado. E tantos outros haviam errado comigo. A vida era um eterno jogo de erros e acertos. E eu não estava mais disposta a jogar. Nunca fui uma pessoa aventurei
Engoli em seco e embora tivesse sentido vontade de chorar, decidi que não havia mais sentido em ficar me debulhando em lágrimas. Teria que superar... Assim como superei tantas outras coisas que achei que seriam insuperáveis.Levantei a mão na direção dele, ensaiando um aceno de despedida. David retribuiu e logo voltou a falar com o médico, como se eu fosse somente a foda da vez.Virei as costas e saí, parecendo que o ar me faltava e o lugar tivesse ficado incrivelmente minúsculo.Estava tão atordoada que quando fui passar pela porta, bati em alguém. Fui desculpar-me quando me deparei com...- Eliardo? – Fiquei completamente surpresa.- Duda? – ele sorriu, como se fosse um velho conhecido – Não acredito que é você! – Me abraçou.Mal consegui retribuir o toque, confusa. Eliardo estava bem diferente de quando est&aacut
O que eu não esperava era encontrar David Dulevsky, Élida Dulevsky e Maria Dolores presentes no evento. As mesas redondas estavam muito bem decoradas com parte das flores das notas olfativas usadas nos perfumes de cada um dos perfumistas concorrentes.Fiquei um tempo imóvel, sentindo minhas pernas trêmulas, certa do motivo: a presença do CEO da D.D., que eu não via há algum tempo. Depois do ocorrido no hospital, ele respeitou meu pedido e me deu o tempo que solicitei. E por mais que eu soubesse que aquilo era necessário, a dor da saudade feria imensamente. Esperei que David tomasse uma decisão quanto a me perdoar ou não e me procurasse, mas aquilo não aconteceu. Embora eu tivesse noção de que tinha que tirar aquele homem da minha cabeça, o coração recusava-se a obedecer.Nossos olhos se encontraram e senti como se tivesse sido incendiada por dentro. Até
- Tudo isto é nervosismo? Você vai ficar com vontade de fazer xixi se ficar muito tempo lá em cima. – Verbena lembrou-me.- Eu sempre amei jasmins... Nunca me passou pela cabeça enjoar com meu aroma favorito. Deve ser o nervosismo. – Observei.Não sei se algum momento poderia ser mais tenso do que aquele, que era o anúncio dos três finalistas. E então chamaram para subir ao palco eu, Ashley e Milo Alantis, um velho conhecido no ramo do perfume, que sempre concorria, mas nunca havia levado o prêmio.Milo era a aposta principal dos perfumistas mais renomados, por conta de sua experiência. Ashley e eu, certamente uma surpresa para todos... Até mesmo para mim, que praticamente concorria comigo mesma, já que tinha bem dizer criado toda a fragrância do Flor da Lua.Quando me encaminhei ao palco, tentando subir os degraus altos com meu vestido longo justíssim
- Então quando criei a fragrância do perfume que depois Ashley nomeou flor da lua... – o silêncio transformou-se em várias pessoas falando ao mesmo tempo.Eu poderia simplesmente pegar meu troféu, ir embora e seguir minha vida sendo uma perfumista renomada e requisitada. Mas Ashley optou por continuar tentando me derrubar. E já não era de agora que eu estava bem cansada de todos que me faziam sofrer, principalmente ela.Cheguei a pensar em poupá-la daquele vexame, porque perder o troféu de primeiro lugar, por si só, já a deixaria completamente no chão e teria que cumprir um contrato que assinou às cegas comigo. Mas ela não merecia um pingo de pena.Continuei falando em meio ao burburinho. Quem quisesse ouvir a verdade, que se calasse. Ashley tentou pegar o microfone da minha mão, mas David impediu com firmeza, segurando-a pelo braço.Dei um
- Amor? – Olhei-o, arqueando a sobrancelha e lembrando-me do “futura senhora Dulevsky” que ele havia dito em público.Nos encaramos e só pelo fato de ter os olhos dele nos meus já senti um frio na barriga que pareceu suceder-se por um novo enjoo. Estaria eu tendo náuseas só de olhar para David?- Como vocês conseguiram entrar todos ao mesmo tempo? – perguntei, engolindo a saliva que se acumulava na minha garganta.- Esqueceu que trabalho aqui? – Verbena perguntou – E teoricamente seria minha noite de folga... Mas decidi ver minha melhor amiga ganhar o troféu de perfumista do ano. No entanto ela me fez parar aonde? No hospital, onde eu deveria estar de plantão... Creio que eu não deva tirar folga, já que raramente o faço e sempre que decido trocar a escala, parece que tudo conspira contra mim. – Ela sorriu.- Está nas mãos de
- Isso... É surreal! – ele riu, observando minha barriga.- Quando você acha que engravidei? – franzi a testa, curiosa – Numa tirada na hora H?- Não me interessa quando foi... Só me interessa que aconteceu... Que esta criança está aqui... Dentro de você. E... É nossa! Por mais medo que eu esteja sentindo neste momento, estou feliz.- Minha mãe me deixou e foi embora... Meu pai fingiu ser meu avô para não assumir a paternidade... Sua mãe desistiu da maternidade para viver a vida... Será que podemos ser bons pais, mesmo não tendo bons exemplos? Basta pensar em fazer tudo diferente do que foi feito conosco?- Poucas coisas na vida vêm com manual, não é mesmo? Há quase um ano atrás eu recebi a notícia da morte do meu pai junto com a de que seria o tutor de minha irmã adolescente. Tive medo... Passei