Daniel
Por mais que Daniel quisesse retomar a vida que havia deixado para trás, aquele lugar, embora o fizesse se lembrar do entrevero ocorrido com o Dr. Schiavon anos atrás, também o fazia sentir-se em casa, principalmente por causa dos amigos que fizera no bar da Mo, sem dizer, a própria Mo. Todas as noites, durante o mês que passou ali, ele tocou naquele bar. Já não via mais aqueles olhares cansados e desanimados que presenciara da primeira vez em que pusera os pés naquele lugar abandonado. Até mesmo o olhar de Mo mudara. Podia ver a alegria estampada nos rostos dos homens que chegavam, já pedindo suas cervejas geladas, ao invés da pinga sol
CarolApequenina gargalhava com as cócegas que recebia das mãos da mãe, enquanto a tirava do banho e a enxugava:- Eu te amo, sabia? – disse a mãe para a menina de cabelos castanhos avermelhados.- Você me amou antes? - perguntou a menina com o patinho de borracha na mão.- Como assim, antes? Quando ainda estava em minha barriga?- Não. Antes.- É claro que sim – respondeu, sem entender o que a pequena perguntava.- Marina? – a pequena chamou, fazendo a mãe olhar assustada para ela.- Do que me chamou?-
DanielAlgumas semanas se passaram desde a última conversa de Daniel com Mo sobre sua doença. Ela estava se arrastando durante o dia, deixando o bar praticamente aos seus cuidados. Sentia-se dividido e arrasado, principalmente ao ver a dor estampada em seu rosto, sem se queixar e sem querer tocar no assunto. Aquela olheiras arroxeadas o incomodava sobremaneira. Seus clientes já haviam notado que algo estava errado com ela. Tinha tantas perguntas para lhe fazer, mas ela o evitava quando percebia para qual rumo se encaminharia a conversa. Aquela angústia que sentia acabou suplantando todas as suas dúvidas. Já estava mais do que na hora de fazer algo. Deixou Mo sozinha no ba
CarolCarol e Brian saíram naquela manhã ensolarada, cada qual perdido em pensamentos. Porém, as cores refletidas pelo raio do sol através do para-brisa do carro, não conseguiam clarear a imensidão negra que tomava conta de Carol.- Tá tudo bem? – perguntou Brian, pegando em sua mão, enquanto dirigia.- Tá. - respondeu apreensiva.- Já estamos chegando. Acha que ela vai estar em casa?- Sim.Entraram na cidade, pela Avenida São Carlos, e em poucos minutos, Brian estacionava em frente à casa de Carol.- Quer que eu vá com você? – perguntou
DanielTarde da noite, depois de se sentir angustiado durante o dia todo após sua visita na ESAS, Daniel fechar o bar para Mo. Antes de se deitar recebe o tão aguardado telefonema de Renan:- Ei Dan?- E aí cara. Diga que vai me ajudar. - disse, sem preâmbulos.- Não foi fácil. Tive que inventar uma história, mas sim, consegui. Vou te ajudar, mas terá que trabalhar durante à noite.- Quando? - pergountou ansioso.- Venha depois que o bar fechar. Quanto mais tarde, melhor.- E o segurança do Campus? Vamos ter problema com ele?- Não. Já resolvi tudo.- Valeu, cara. Quando posso
CarolVocê está bem? – perguntou Brian, assim que Carol entrou no carro, visivelmente pálida.- Estou – respondeu a um Brian desconfiado.- Não parece estar. Como foi?- Horrível, mas eu tinha que tentar – fez silêncio, olhando o nada que se descortinava à sua frente, enquanto Brian dirigia – E antes que me pergunte, ele não é meu pai.- Entendo – disse, virando a rua e entrando na Avenida São Carlos – O que vai fazer agora?- Vou tentar descobrir onde ele está.Brian dirigia em silêncio, perdido em seus próprios pensamentos, quando Carol deixou a po
Carol entrou no laboratório após Brian ter saído para um lanche. Estava próxima do entendimento, tinha certeza de que em mais algumas horas, conseguiria fazer a coisa funcionar. Foi quando viu Renan parado na bancada em que ela trabalhava, olhando seu caderno de anotações. Sentiu-se traída e irritada. Que direito ele tinha de mexer em suas coisas? Não sabia que aquilo era particular? Caminhou decidida até ele:- O que está fazendo? – perguntou visivelmente furiosa.- Nada. Pensei que pudesse ter anotado algo sobre a pesquisa. – disse, fechando o caderno, mantendo o semblante impassível, enquanto colocava as mãos no bolso do jaleco.- Isso não lhe dá o direito de mexer nas minhas coisas.Renan balbuciava alguma desculpa, mas ela já não o enxergava mais. Sua mente fora atacada por diversas cenas que corriam velozes, se misturando &agra
CarolCarol ainda estava calada, com a garganta doendo; porém, agora estava segura naquele carro que a levava de volta para casa. Seu pai dirigia atento à estrada, enquanto sua cabeça descansava no colo da mãe, que acariciava seus cabelos.Tudo acontecera muito rápido. Renan caído no chão e depois, sendo agarrado pelo segurança da Universidade e levado para longe dela. Brian a olhava petrificado. Acabara de salvar sua vida. Ela tentou agradecer, mas ele a impediu com um gesto das mãos.- Eu ouvi tudo. Sinto muito – disse pesaroso.- Eu me lembrei – Carol disse num fio de voz, encarando-o, aflita.<
Carol Pouco antes de Carol conseguir os trâmites legais para compartilhar os segredos da Fosfoetanolamina, uma notícia no jornal da tarde chamou sua atenção, enquanto eles almoçavam. Um senhor, de idade avançada, tendo atrás de si o Campus da ESAS, dizia à repórter que o entrevistava: - É com muito pesar que lamentamos a morte de um dos professores mais renomados dessa Entidade Escolar. O professor Renan era muito estimado pelos alunos e um grande amigo. Estamos de luto. - Ele foi encontrado pela manhã, já sem vida. O senhor pode nos informar a causa da morte? – perguntou a jovem, ansiosa pelo furo da reportagem. - Ainda não sei de nada. A Universidade acabou de receber a notícia e estamos todos em ch