Daniel
Presente e passado fundiam-se de maneira desordenada pela mente entorpecida de Daniel. As lembranças do amor perdido e toda a pressão que vinha vivendo atualmente, o levaram a beber ainda mais naquela noite solitária. Sentia-se vazio e tolo. E mais ainda a falta dela e tudo o que representara para ele. Quanto mais bebia, mas sufocado se sentia. E aquela ideia de largar tudo novamente, fugir para longe de toda aquela amarra que a vida lhe atribuía, o atraía como um imã.
É claro que tinha responsabilidades. O professor Alberto se encarregara disso. Não que estivesse desdenhando da sua sorte. Se não fosse por ele
CarolEla chegou à casa de Brian fula da vida. Largada pela amiga num bar que não conhecia, com gente que não conhecia. Fora humilhada por uma namorada raivosa e colocada num taxi, sem direito a reagir. Nunca sentira tanta raiva na vida. Iria embora no dia seguinte, e Priscila que fosse às favas. Estava cansada de ficar à sombra da amiga.Deixou-se cair no sofá em frente à TV e ficou calada, olhando as imagens sem realmente vê-las. Sua mente era um turbilhão de outras imagens menos elegantes. Pensava em como teria sido bom derrubar aquela desqualificada que torcera seu braço na frente de uma multidão de pessoas. E pensar que chegou a defender a
DanielEsgotado, em plena ressaca física e emocional, Daniel resolveu não ir ao laboratório naquela manhã. Sabia que teria que dar uma resposta aos apelos de Renan e sabia qual seria essa resposta, por isso, resolvera adiar o máximo possível essa conversa. Sem dizer que sua cabeça parecia uma escola de samba. Durante aquele interminável dia, cumprira os arranjos necessários para seu próximo passo na vida. Só não esperava que o amigo fosse bater em sua porta, ainda naquela noite.- Hei, Dan! Você está aí? – impaciente, espalmava a porta, enquanto apertava a campainha, insistentemente.- Já vou! - resmungou, suspi
CarolAinda era muito cedo, porém Carol estava farta de ficar rolando no colchão, vendo a amiga dormindo a sono solto. Aqueles sonhos estranhos teimavam em assombrá-la. Se não bastasse sonhar sempre com aquele mesmo médico, crivando-a de perguntas das quais ela se cansava rapidamente de responder, agora passara a sonhar com Daniel. Sentia-se cansada. Talvez, correr pelo condomínio, ler um bom livro, ou tomar sol na piscina, até que Priscila resolvesse acordar, pudesse ajudá-la a colocar a cabeça em ordem. Ou quem sabe nadar um pouco e sentir a água envolver seu corpo. Seria bom, se soubesse nadar. Um sorriso discreto passou por seu rosto
Incapaz de controlar sua mente, que acabara de ficar enciumada, Carol resolveu verificar se a amiga já havia acordado. Quem sabe conversando com ela, sondando-a, pudesse decidir se tornar uma pessoa ousada a ponto de tomar a iniciativa com Brian. Abriu a porta de mansinho, apenas para vê-la ronronando feito uma gata. Fechou a porta frustrada e olhou o corredor. Deu alguns passos e se viu em frente ao quarto dele. A porta estava aberta. A cama arrumada. Viu sua sunga torcida, descansando no box, através da porta aberta da suíte. Varreu os olhos até pousá-los num violão apoiado na parede, no canto da janela. Sem muito pensar, foi até ele. Pegou-o pelo braço, fechando seus olhos. Deslizou o polegar pelas cordas macias e o som encheu-lhe os ouvidos. Levou-o consigo até a piscina, e lá se sentou sobre a toalha, ao lado do guarda-sol, encostando a caixa harmônica no peito. Foi assim que Brian a viu.
DanielDepois de cair na estrada e de passar por tantos lugares incríveis, Daniel sentia-se cansado, mas feliz. Não cansado dos amigos que fizera, nem dos amores de uma noite que tivera. Sentia-se cansado de não ter um lugar que pudesse chamar de seu. Pensou que havia encontrado esse lugar próximo a uma fazenda de gado no Pantanal, onde morou e trabalhou por quase um ano. Como ele adorava aquele lugar. Aprendeu a montar, laçar novilho, tocar o gado e até mesmo tocar berrante. Porém, do que mais gostava era das noites enluaradas onde, ao redor da fogueira, sentia-se um trovador, despejando seus versos de amor. Falava de moças a sonhar, de amores roubados, sempre co
CarolCarol e Brian estavam na cozinha preparando o almoço, quando Priscila desceu sonolenta, abriu a geladeira e se serviu de um copo de água. Enquanto bebia, percebeu os olhares furtivos que eles trocavam. É claro que ela havia sacado o lance entre os dois. Conhecia muito bem o irmão. Só não queria que a amiga sofresse, caso Brian resolvesse aprontar com Carol. Não queria perder a amizade dela.- Brian – levou o copo mais uma vez a boca, analisando-o.- Sim – respondeu ele , com meio sorriso no rosto.- Sua namorada estava na festa do Rafa. Ela parecia bem à vontade nos braços do seu amigo Beto
DanielDaniel ainda fugia. Fugia de si mesmo. Às vezes sentia que toda essa andança, todo esse caminho sem pouso, que tanto desejou um dia, não lhe era mais suficiente. Principalmente depois que quase fora obrigado a se tornar o que não queria, por um sogro maquiavélico. Andar sem destino tinha suas vantagens; fugir de tudo o que o magoava ou exigia uma atitude, era uma delas. Mas um dia as pessoas têm que encarar seus problemas de frente. Pegar o touro a unha, como diziam. Ele havia deixado algumas coisas para trás, coisas que precisavam ser finalizadas. Deixou o amigo Renan, que sempre esteve com ele nas horas em que tudo parecia perdido; e de certa forma, deixou que a
CarolDepois de passarem algum tempo namorando no quarto de Priscila, Brian ouviu um carro estacionar na garagem da casa. Vestiu a camisa depressa, fazendo Carol erguer a sobrancelha, apreensiva.- O que foi? - perguntou diante de seu comportamento desconfortável.- Acho que os meus pais chegaram.- Óh! Esqueci-me deles - disse, erguendo-se da cama e ajeitando-se da melhor forma possível.- Talvez seja melhor que eles me vejam na sala, do que aqui no quarto da Pri, roubando beijos ousados da amiga dela – sorriu, ao estender a mão para ela, beijando-a novamente.- Se fosse em minha casa, meus pais te esfolariam vivo.- Lembre-me de