Carol
Após a amiga se despedir dos pais, Carol recolheu-se ao quarto para um breve cochilo, enquanto Priscila se preparava para a balada à noite, no barzinho mais movimentado da cidade. Ao acordar, notou a casa em silêncio. Procurou pela amiga e não a encontrou. Resolveu tomar um longo banho e lavar os cabelos. Terminado o seu ritual, destrancou a porta do banheiro e quase desmaiou diante da visão parcial de um rapaz subindo a escada, de dois em dois degraus, e seguindo pelo corredor em sua direção.
- Até que enfim resolveu se lembrar de que tem casa – disse ele se aproximando, enquanto ela tentava se esconder, da melhor maneira possível,
DanielApós deixar o bar e todo o seu passado de amigos para trás, Daniel sentiu-se perdido. Abriu a porta do apartamento e, sem acender a luz da sala, jogou-se no sofá se permitindo recordar, coisa que não fazia há muito tempo. Aquela sensação de vazio o havia acompanhado até ali. Não podia negar o quanto havia mexido com ele, vê-la naquela noite, trazendo de volta sentimentos que há muito ele havia guardado. Eles namoraram há um bom tempo. Sentia que a menina era todo seu futuro. Conheceram-se no bar Baiuca quando o Formigão e o Johnny estavam tocando. Ele logo reparou nela. Era a moça mais bonita do lugar. Seu cabelo castanho claro, me
CarolPriscila entrou subitamente no quarto, pegando Carol na cama, a olhar fixamente a foto do belo rapaz, enquanto cantarolava baixinho.- Meu Deus! Ainda não se arrumou? Você está concentrada de novo. Nem nas férias sossega?- Como sabe que estou concentrada? – sorriu para a amiga, escondendo a foto dentro do seu fiel companheiro, o caderno.- Sempre que está concentrada em alguma coisa, você cantarola essa música. É sempre a mesma. Acho que nem percebe que faz isso.- Não percebo mesmo. É involuntário.- Por que está olhando a foto de um cara, que sabe Deus se existe, em vez de estar se a
Brian prescrutava o semblante de Carol que o encarava com certo pesar. Aquela era uma pergunta difícil de responder.- Não olhei para mulher alguma. Quando ela soube que há uma estranha em minha casa e que essa estranha passará uns dias lá, simplesmente ficou histérica. – encarou-a, deixando-a novamente ruborizada.- Óh, Meu Deus! Eu não fazia ideia. Quer que eu fale com ela? – disse levantando assustada, fazendo-o pegar instintivamente em seu pulso.- Ei! Tá tudo bem, estranha.- Por que fica me chamando de estranha?- Por que estou em desvantagem. Parece que você sabe tudo sobre mim e eu nem mesmo sei seu nome.- Não sei tudo sobre você. Apenas que é um babaca que pega no pé da pobrezinha da sua irmã e não a deixa respirar – disse, com um sorriso maroto nos lábios.- Então &eacu
DanielPresente e passado fundiam-se de maneira desordenada pela mente entorpecida de Daniel. As lembranças do amor perdido e toda a pressão que vinha vivendo atualmente, o levaram a beber ainda mais naquela noite solitária. Sentia-se vazio e tolo. E mais ainda a falta dela e tudo o que representara para ele. Quanto mais bebia, mas sufocado se sentia. E aquela ideia de largar tudo novamente, fugir para longe de toda aquela amarra que a vida lhe atribuía, o atraía como um imã.É claro que tinha responsabilidades. O professor Alberto se encarregara disso. Não que estivesse desdenhando da sua sorte. Se não fosse por ele
CarolEla chegou à casa de Brian fula da vida. Largada pela amiga num bar que não conhecia, com gente que não conhecia. Fora humilhada por uma namorada raivosa e colocada num taxi, sem direito a reagir. Nunca sentira tanta raiva na vida. Iria embora no dia seguinte, e Priscila que fosse às favas. Estava cansada de ficar à sombra da amiga.Deixou-se cair no sofá em frente à TV e ficou calada, olhando as imagens sem realmente vê-las. Sua mente era um turbilhão de outras imagens menos elegantes. Pensava em como teria sido bom derrubar aquela desqualificada que torcera seu braço na frente de uma multidão de pessoas. E pensar que chegou a defender a
DanielEsgotado, em plena ressaca física e emocional, Daniel resolveu não ir ao laboratório naquela manhã. Sabia que teria que dar uma resposta aos apelos de Renan e sabia qual seria essa resposta, por isso, resolvera adiar o máximo possível essa conversa. Sem dizer que sua cabeça parecia uma escola de samba. Durante aquele interminável dia, cumprira os arranjos necessários para seu próximo passo na vida. Só não esperava que o amigo fosse bater em sua porta, ainda naquela noite.- Hei, Dan! Você está aí? – impaciente, espalmava a porta, enquanto apertava a campainha, insistentemente.- Já vou! - resmungou, suspi
CarolAinda era muito cedo, porém Carol estava farta de ficar rolando no colchão, vendo a amiga dormindo a sono solto. Aqueles sonhos estranhos teimavam em assombrá-la. Se não bastasse sonhar sempre com aquele mesmo médico, crivando-a de perguntas das quais ela se cansava rapidamente de responder, agora passara a sonhar com Daniel. Sentia-se cansada. Talvez, correr pelo condomínio, ler um bom livro, ou tomar sol na piscina, até que Priscila resolvesse acordar, pudesse ajudá-la a colocar a cabeça em ordem. Ou quem sabe nadar um pouco e sentir a água envolver seu corpo. Seria bom, se soubesse nadar. Um sorriso discreto passou por seu rosto
Incapaz de controlar sua mente, que acabara de ficar enciumada, Carol resolveu verificar se a amiga já havia acordado. Quem sabe conversando com ela, sondando-a, pudesse decidir se tornar uma pessoa ousada a ponto de tomar a iniciativa com Brian. Abriu a porta de mansinho, apenas para vê-la ronronando feito uma gata. Fechou a porta frustrada e olhou o corredor. Deu alguns passos e se viu em frente ao quarto dele. A porta estava aberta. A cama arrumada. Viu sua sunga torcida, descansando no box, através da porta aberta da suíte. Varreu os olhos até pousá-los num violão apoiado na parede, no canto da janela. Sem muito pensar, foi até ele. Pegou-o pelo braço, fechando seus olhos. Deslizou o polegar pelas cordas macias e o som encheu-lhe os ouvidos. Levou-o consigo até a piscina, e lá se sentou sobre a toalha, ao lado do guarda-sol, encostando a caixa harmônica no peito. Foi assim que Brian a viu.