Lia Perroni Eu sinto uma onda de tristeza e dor enquanto fecho a porta do quarto de Kairós. Eu sei que nunca mais vou vê-lo novamente, e isso dói. Eu sinto como se estivesse deixando uma parte de mim mesma para trás.Esmel me olha com os olhos cheios de lágrimas.— Mamãe, por que a gente não pode mais ver o tio Kairós? — ela pergunta, com a voz trêmula.Eu respiro fundo e tento explicar de uma forma que Esmel possa entender.— Querida, o tio Kairós está muito doente e precisa de descanso. E a tia Camila está muito triste e precisa de espaço. Então, a gente vai embora e vai cuidar de nós mesmas, okay?Esmel assente, mas eu posso ver a confusão e a tristeza em seus olhos. Eu sei que ela não entende completamente o que está acontecendo, mas eu espero que ela possa entender com o tempo.Eu olho em volta e vejo que estamos em um corredor vazio. Eu não sei para onde ir ou o que fazer em seguida. Eu sinto como se estivesse perdida e sozinha.Mas então, eu lembro de algo que Kairós me disse
Lia Perroni Desço do ônibus e vejo a minha cidade natal, Esmel está em meus braços dormindo. O sol está começando a se pôr, e a cidade está banhada em uma luz dourada.— Deixe que eu te ajudo com as malas, moça! — um rapaz que também estava no ônibus diz, sorrindo.— Obrigada! — digo, sorrindo para ele.O menino me ajuda a colocar as malas em um táxi, e eu dou o endereço para o motorista. Dentro de alguns minutos, estou em frente à minha antiga casa, onde morava com Marcelo.Esmel já havia acordado e olha para mim com curiosidade.— Mamãe, o que estamos fazendo aqui? — ela pergunta, com uma voz suave.Me agacho para ficar do seu tamanho e olho para ela com um sorriso.— Estamos voltando para casa, querida! — digo, tentando soar animada.Ela olha para nossa casa com receio, e eu posso ver a preocupação em seus olhos.— Mas o papai vai te machucar... — ela diz, com uma voz trêmula.Meu coração dói ao ouvir suas palavras. Eu sei que Esmel está com medo, e eu não posso culpá-la.— Não va
Lia PerroniCom a ausência de Marcelo, Esmel e eu jantamos na cozinha, na companhia de Luz. O silêncio é palpável, e eu posso sentir a tensão no ar.Luz quebra o silêncio, sua voz baixa e cuidadosa.— Então, o que a senhora pretende fazer agora? — ela pergunta, seus olhos fixos em mim.Eu suspiro, parando de comer. Meu estômago está embrulhado, e eu sinto uma onda de raiva e determinação.— Pretendo reunir provas para colocar Marcelo na cadeia — eu digo, minha voz firme e resoluta. — Estou cansada de sofrer em silêncio. Eu fugi para tentar reconstruir minha vida, mas ele me achou e me forçou a voltar. Agora percebo que fugir não foi a melhor opção. Eu preciso enfrentar meus problemas de frente, enfrentar Marcelo. Só assim posso ser livre e feliz novamente.Luz me olha com admiração e respeito.— A senhora é muito corajosa — ela diz. — Eu estou aqui para ajudar você em tudo o que precisar.Esmel, que estava quietinha até agora, fala com uma voz suave.— Mamãe, você vai ficar bem? — ela
Lia Perroni Eu tranco a porta do quarto de Esmel e me apoio nela, tentando recuperar o fôlego. Meu coração ainda está batendo forte e meu pescoço dói onde Marcelo me enforcou.Esmel, que estava dormindo, acorda com o barulho e me olha com preocupação.— Mamãe, o que aconteceu? — ela pergunta, sentando-se na cama.Eu me aproximo dela e a abraço forte.— Tudo está bem, querida — eu digo, tentando soar calma. — Eu apenas tive uma discussão com o papai.Esmel me olha com desconfiança, mas não pergunta mais nada. Ela se deita novamente e me abraça.Eu fico sentada ao lado dela, segurando-a forte e tentando me acalmar. Eu sei que preciso encontrar uma maneira de me proteger e a Esmel de Marcelo, mas por agora, estou segura no quarto de Esmel.Enquanto estou sentada lá, eu começo a pensar em um plano. Eu preciso encontrar uma maneira de me libertar de Marcelo de uma vez por todas. Eu preciso encontrar uma maneira de me proteger e a Esmel.E então, eu lembro de algo. Eu lembro de um advogado
Lia Perroni O Sr. Oliveira começa a me fazer perguntas sobre meu currículo e minhas experiências profissionais. Eu respondo com confiança e clareza, destacando minhas habilidades e conquistas.— E por que você acha que é a pessoa certa para esse cargo? — ele pergunta, olhando para mim com atenção.Eu sorrio e respondo:— Eu acho que sou a pessoa certa porque tenho experiência em gestão de projetos e equipe, além de ter habilidades excelentes de comunicação e resolução de problemas. Além disso, estou ansiosa para aprender e crescer com a empresa.O Sr. Oliveira sorri e anota algo em seu bloco de notas.— Muito bem, Lia. Você tem um perfil muito interessante. Vamos conversar um pouco mais sobre o cargo e as responsabilidades.Eu assinto e continuamos a conversar sobre o cargo e as expectativas da empresa. Eu me sinto cada vez mais confiante e animada com a possibilidade de trabalhar na empresa.Depois de cerca de 30 minutos de conversa, o Sr. Oliveira me diz:— Bem, Lia, acho que isso
Lia PerroniO tempo que fiquei no escritório da Dra. Silva foi o suficiente para que o tempo passasse rapidamente. Agora são dez e cinquenta. Meu celular toca, e eu vejo o nome de Marcelo na tela. Eu sinto um arrepio na espinha ao atender a ligação.— Aonde você está? — é a primeira coisa que ele fala, com uma voz autoritária e desconfiada.Eu respiro fundo e tento manter a calma.— Estou no centro, te encontro em frente à escola de Esmel — eu digo, tentando soar natural e despreocupada.Marcelo pausa por um momento antes de responder.— Está bem, mas não se atrase — ele diz, com uma ameaça velada na voz.Eu sinto um frio na espinha ao ouvir as palavras de Marcelo. Eu sei que ele está desconfiado e que eu preciso ter cuidado. Eu respiro fundo e tento me acalmar.— Não me atrasarei — eu digo, tentando soar confiante.Marcelo desliga a ligação sem dizer mais nada. Eu fico olhando para o celular, sentindo-me ansiosa e preocupada. Eu sei que o encontro com Marcelo não será fácil.Pego um
Lia Perroni Eu nunca pensei que fugiria de minha própria vida. Mas aqui estou eu, sentada no banco do passageiro de um ônibus, com minha filha Esmeralda dormindo ao meu lado. Eu olhei para trás, para a cidade que deixei para trás. A cidade onde eu conheci Marcelo, o homem que prometeu me amar para sempre, mas que me transformou em uma prisioneira em minha própria casa. Nós nos conhecemos em uma festa, e ele foi charmoso e atencioso. Eu era uma jovem e ingênua, e acreditei que ele era o amor da minha vida. Mas logo após o casamento, tudo mudou. Ele se tornou controlador e possessivo, e eu comecei a perder minha liberdade. Me lembro perfeitamente da primeira vez que ele me bateu. Eu ainda estava grávida de Esmeralda, e ele estava bêbado. "Você é minha", ele disse, enquanto me batia. Eu pensei em fugi, mas o medo dele me encontra e acaba sendo pior, me fez acovardar. Mas desta vez, eu estava determinada a escapar. O ônibus parou em uma pequena cidade no interior do México. E
Lia Perroni No dia seguinte, acordo bem cedo e me arrumo, preparo o café e chamo Esmel.— Bom dia, mamãe! — disse ela, esticando os braços.— Bom dia, meu amor! — eu disse, abraçando-a.Nós tomamos o café juntas e eu a ajudei a se preparar para o primeiro dia de escola.— Estou nervosa, mamãe — disse ela.— Tudo vai dar certo, meu amor. Você vai fazer amigos e aprender coisas novas — eu disse, tentando tranquilizá-la.Kairós chegou pontualmente para nos levar à escola.— Bom dia! — disse ele, sorrindo.— Bom dia! — eu disse, sentindo meu coração bater mais rápido.Na escola, a diretora nos recebeu com um sorriso.— Bem-vinda, Esmeralda! — disse ela.Esmeralda sorriu.— Obrigada — disse ela.Depois de se despedir de Esmel, Kairós me ofereceu uma carona até a loja.— Obrigada — eu disse.No caminho, conversamos sobre nossos planos para o dia.— Você tem planos para o fim de semana? — perguntou ele.Eu hesitei.— Não sei. Ainda estou me adaptando — eu disse.— Eu posso te mostrar a cida