Lia PerroniDepois de esperar por tanto tempo na sala de espera, me ofereço para levar as crianças até a lanchonete. Estamos todos famintos e precisamos de um pouco de energia para continuar esperando. São oito e meia da manhã e, até agora, não comemos nada. Somente Esmel havia comido um sanduíche com Nescau antes de sair de casa.Me sento junto com as crianças para tomarmos o café. Bia e Lian estão quietas, ainda assustadas com o que aconteceu com Kairós. Esmel, por outro lado, está um pouco mais animada, brincando com o açúcar da mesa.Nesse momento, meu celular toca. Eu sei exatamente quem é. Não preciso olhar para a tela para saber.— Foi você, não foi? — pergunto, sem enrolação, assim que atendo a ligação.Marcelo ri do outro lado da linha, um som que me faz sentir um arrepio na espinha.— Eu? O que que fiz agora? — ele pergunta em um tom deboche, como se não soubesse exatamente do que estou falando.Eu sinto uma onda de raiva e medo. Como ele pode ser tão cruel e insensível?— N
Lia PerroniOlho ansiosa para Camila, sentindo um nó na garganta. Eu sei que preciso explicar tudo para ela, mas não sei por onde começar.— Deixa eu te explicar... — tento falar, mas sou interrompida por Camila.Ela levanta a mão, como se estivesse pedindo silêncio.— Eu realmente gosto de você, Lia — ela diz, com uma voz triste. — Mas depois do que aconteceu com Kairós, eu só posso pedir que se afaste dele e vá embora.Eu sinto um choque, como se tivesse levado um golpe no estômago. Eu não esperava que Camila reagisse dessa forma.— Camila, por favor, me ouça... — digo, tentando explicar.Mas Camila balança a cabeça, como se não quisesse ouvir.— Não, Lia. Eu não quero ouvir nada. Eu só quero que você se afaste de Kairós e vá embora. Ele não precisa de mais problemas na vida dele.Eu sinto uma onda de tristeza e desespero. Eu sei que não posso deixar Kairós agora, não quando ele está precisando de mim mais do que nunca.— Camila, por favor... — digo, tentando convencê-la.Mas Camila
Lia Perroni Eu sinto uma onda de tristeza e dor enquanto fecho a porta do quarto de Kairós. Eu sei que nunca mais vou vê-lo novamente, e isso dói. Eu sinto como se estivesse deixando uma parte de mim mesma para trás.Esmel me olha com os olhos cheios de lágrimas.— Mamãe, por que a gente não pode mais ver o tio Kairós? — ela pergunta, com a voz trêmula.Eu respiro fundo e tento explicar de uma forma que Esmel possa entender.— Querida, o tio Kairós está muito doente e precisa de descanso. E a tia Camila está muito triste e precisa de espaço. Então, a gente vai embora e vai cuidar de nós mesmas, okay?Esmel assente, mas eu posso ver a confusão e a tristeza em seus olhos. Eu sei que ela não entende completamente o que está acontecendo, mas eu espero que ela possa entender com o tempo.Eu olho em volta e vejo que estamos em um corredor vazio. Eu não sei para onde ir ou o que fazer em seguida. Eu sinto como se estivesse perdida e sozinha.Mas então, eu lembro de algo que Kairós me disse
Lia Perroni Desço do ônibus e vejo a minha cidade natal, Esmel está em meus braços dormindo. O sol está começando a se pôr, e a cidade está banhada em uma luz dourada.— Deixe que eu te ajudo com as malas, moça! — um rapaz que também estava no ônibus diz, sorrindo.— Obrigada! — digo, sorrindo para ele.O menino me ajuda a colocar as malas em um táxi, e eu dou o endereço para o motorista. Dentro de alguns minutos, estou em frente à minha antiga casa, onde morava com Marcelo.Esmel já havia acordado e olha para mim com curiosidade.— Mamãe, o que estamos fazendo aqui? — ela pergunta, com uma voz suave.Me agacho para ficar do seu tamanho e olho para ela com um sorriso.— Estamos voltando para casa, querida! — digo, tentando soar animada.Ela olha para nossa casa com receio, e eu posso ver a preocupação em seus olhos.— Mas o papai vai te machucar... — ela diz, com uma voz trêmula.Meu coração dói ao ouvir suas palavras. Eu sei que Esmel está com medo, e eu não posso culpá-la.— Não va
Lia PerroniCom a ausência de Marcelo, Esmel e eu jantamos na cozinha, na companhia de Luz. O silêncio é palpável, e eu posso sentir a tensão no ar.Luz quebra o silêncio, sua voz baixa e cuidadosa.— Então, o que a senhora pretende fazer agora? — ela pergunta, seus olhos fixos em mim.Eu suspiro, parando de comer. Meu estômago está embrulhado, e eu sinto uma onda de raiva e determinação.— Pretendo reunir provas para colocar Marcelo na cadeia — eu digo, minha voz firme e resoluta. — Estou cansada de sofrer em silêncio. Eu fugi para tentar reconstruir minha vida, mas ele me achou e me forçou a voltar. Agora percebo que fugir não foi a melhor opção. Eu preciso enfrentar meus problemas de frente, enfrentar Marcelo. Só assim posso ser livre e feliz novamente.Luz me olha com admiração e respeito.— A senhora é muito corajosa — ela diz. — Eu estou aqui para ajudar você em tudo o que precisar.Esmel, que estava quietinha até agora, fala com uma voz suave.— Mamãe, você vai ficar bem? — ela
Lia Perroni Eu tranco a porta do quarto de Esmel e me apoio nela, tentando recuperar o fôlego. Meu coração ainda está batendo forte e meu pescoço dói onde Marcelo me enforcou.Esmel, que estava dormindo, acorda com o barulho e me olha com preocupação.— Mamãe, o que aconteceu? — ela pergunta, sentando-se na cama.Eu me aproximo dela e a abraço forte.— Tudo está bem, querida — eu digo, tentando soar calma. — Eu apenas tive uma discussão com o papai.Esmel me olha com desconfiança, mas não pergunta mais nada. Ela se deita novamente e me abraça.Eu fico sentada ao lado dela, segurando-a forte e tentando me acalmar. Eu sei que preciso encontrar uma maneira de me proteger e a Esmel de Marcelo, mas por agora, estou segura no quarto de Esmel.Enquanto estou sentada lá, eu começo a pensar em um plano. Eu preciso encontrar uma maneira de me libertar de Marcelo de uma vez por todas. Eu preciso encontrar uma maneira de me proteger e a Esmel.E então, eu lembro de algo. Eu lembro de um advogado
Lia Perroni O Sr. Oliveira começa a me fazer perguntas sobre meu currículo e minhas experiências profissionais. Eu respondo com confiança e clareza, destacando minhas habilidades e conquistas.— E por que você acha que é a pessoa certa para esse cargo? — ele pergunta, olhando para mim com atenção.Eu sorrio e respondo:— Eu acho que sou a pessoa certa porque tenho experiência em gestão de projetos e equipe, além de ter habilidades excelentes de comunicação e resolução de problemas. Além disso, estou ansiosa para aprender e crescer com a empresa.O Sr. Oliveira sorri e anota algo em seu bloco de notas.— Muito bem, Lia. Você tem um perfil muito interessante. Vamos conversar um pouco mais sobre o cargo e as responsabilidades.Eu assinto e continuamos a conversar sobre o cargo e as expectativas da empresa. Eu me sinto cada vez mais confiante e animada com a possibilidade de trabalhar na empresa.Depois de cerca de 30 minutos de conversa, o Sr. Oliveira me diz:— Bem, Lia, acho que isso
Lia PerroniO tempo que fiquei no escritório da Dra. Silva foi o suficiente para que o tempo passasse rapidamente. Agora são dez e cinquenta. Meu celular toca, e eu vejo o nome de Marcelo na tela. Eu sinto um arrepio na espinha ao atender a ligação.— Aonde você está? — é a primeira coisa que ele fala, com uma voz autoritária e desconfiada.Eu respiro fundo e tento manter a calma.— Estou no centro, te encontro em frente à escola de Esmel — eu digo, tentando soar natural e despreocupada.Marcelo pausa por um momento antes de responder.— Está bem, mas não se atrase — ele diz, com uma ameaça velada na voz.Eu sinto um frio na espinha ao ouvir as palavras de Marcelo. Eu sei que ele está desconfiado e que eu preciso ter cuidado. Eu respiro fundo e tento me acalmar.— Não me atrasarei — eu digo, tentando soar confiante.Marcelo desliga a ligação sem dizer mais nada. Eu fico olhando para o celular, sentindo-me ansiosa e preocupada. Eu sei que o encontro com Marcelo não será fácil.Pego um