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Capitulo 8 - Uma quase aposta

- Eu vou matar você – eu rosno baixinho e Tori arregala os olhos fingindo inocência

- Não é nada demais amiga, é só um experimento

- Experimento? Você está maluca?

Olho ao redor e vejo Sarah uma funcionária, nos observando curiosa enquanto diminui os passos pelo saguão. Estou esperando no térreo que Campbell chegue, mais uma reunião fora do escritório e dessa vez estou munida com informações mais que necessárias, só não esperava que Tori também tivesse informações nada desejáveis.

- Olha, a gente vai e se diverte juntas. Mas estando acompanhadas de dois homens muito bonitos e simpáticos.

- Você não sabe disso, lembra? Você acabou de concordar em um encontro as escuras Tori

- Eu sei, mas a minha colega disse que são muito gentis e eu confio nela

- Não vou, ponto final – ela revira os olhos e se aproxima enquanto eu procuro a saída de emergência mais próxima

- Para de ser covarde Kallie, nós vamos no sábado e iremos curtir uma deliciosa visita a uma exposição de quadros, e depois quem sabe? Um jantar romântico e....

- Jones?

Me viro de supetão e vejo Campbell nos olhar alguns passos a distância, seus óculos escuros combinando perfeitamente com a camisa social verde e o paletó preto. Faço uma careta para Tori e o acompanho até a saída.

- Conseguiu as informações?

- Sim

- Algo de errado?

- Não

- A não ser pelo fator de que é uma empresa nova no mercado

Fico assustada por ele puxar conversa, mas rapidamente me recupero clicando em uma pasta enquanto o carro continua a deslizar pelas ruas.

- Ela pode até ser nova, mas o número de clientes é potencialmente alta, e se não for por algumas ressalvas tem uma taxa de crescimento admirável.

- Que ressalvas? – ele pergunta tirando os olhos do telefone, clico em uma imagem e viro o tablet para que ele veja – William O’Connor?

- Exatamente

- E o que isso significa exatamente? – volto o tablet para mim e começo a contar a pequena, mas significante história do empresário.

- Ele é um apostador, tem mais de 55 anos e não sabe controlar o dinheiro e nem a própria vida. Ano passado apostou que venceria em um jogo de cartas e acabou perdendo o carro que tinha acabado de comprar. Há quatro anos ele apostou que o pequeno restaurante vegano de Amanda Shefield conseguiria atingir o sucesso com poucos meses e para contrariar as estimativas ele acertou.

Olho para Campbell que está me observando agora sem os óculos escuros.

- Onde está querendo chegar?

- Simples, ele como apoiador principal de Amanda vai apostar alto demais nessa nova empreitada, só estou torcendo para que a dona não vá pelos seus pensamentos.

Ele sorri de lado antes de se virar para mim e arquear a sobrancelha

- Deixe-me ver se entendi, está querendo dizer que vou receber um enorme pedido da parte de William, pedido esse que Amanda não será capaz de arcar?

- Sim, só tiraria a parte de que Amanda não poderia arcar, ela poderia, mas gastaria mais do que o necessário por agora.

Campbell fica em silencio e o carro estaciona lentamente na entrada do pequeno restaurante. Ele desce primeiro e abre a porta do carro ao meu lado, olho para ele e vejo o sinal de um sorriso.

- Vamos ver se está certa mesmo Srta. Jones

Reviro os olhos e o sigo para dentro do restaurante. Ao contrario da outra sala fria e branca, essa sala é pequena e aconchegante, com poucas cadeiras distribuídas, então me sento ao lado de Campbell enquanto eles se apresentam.

- Tenho que confessar que amo as suas construções, elas são incríveis.

- Obrigada – Campbell se senta ao meu lado e vejo o quão desconfortável ele fica, mas Amanda simplesmente continua citando todas as construções e dizendo das quais mais gosta. Então quando ele pigarreia uma terceira vez eu coloco a mão sobre a boca ocultando um sorriso.

Ele olha para mim de lado e faz uma pequena careta, minha risada aumenta e eu começo a tossir para fingir. Sinto sua mão me dando tapinhas fortes nas costas e me movo para longe dele.

- Obrigada – eu falo e o vejo sorrindo quando percebe que Amanda parou de falar e está nos observando de pé – Desculpe, eu não quis atrapalhar

- Ah não, tudo bem, de toda forma, acho que estava deixando o sr. Campbell envergonhado pela minha animação.

- Tenho certeza de que ele gostou muito da sua animação

Campbell bate sua perna na minha com força e eu volto os meus olhos para o tablet a minha frente escondendo o sorriso.

- Podemos começar não é querida?

William fala e eu olho para cima, ele parece ser bem mais velho de perto, com olhos escuros e pele bastante pálida, como se não visse o sol a muito tempo, o que fez com que a gravata vermelha se destacasse de forma absolutamente errada. Tiro os olhos dele e acompanho os slides de Amanda com suas ideias iniciais, ao final vejo que é tudo muito simples e delicado, com a aparência que ela deseja.

- Parece ser bem ao seu estilo srta. Shefield – Campbell cutuca e eu me impeço de revirar os olhos. Tudo bem, talvez eu estivesse errada e....

- Mas é claro que isso só são planos pequenos, ela me deu a oportunidade de mostrar um plano mais completo, mas especifico – William desliza uma folha grande em nossa direção e o desenho vai de grande para exagerado – O restaurante é um sucesso, precisa de bem mais especificidades do que mostrado, precisamos construir algo maior.

Não preciso nem olhar para Campbell para exibir o meu sucesso, ele mesmo faz isso por mim, rindo baixinho de cabeça baixa. Ele fica um tempo em silencio e logo em seguida levanta a cabeça e olha diretamente para Amanda.

- Aceito a sua proposta inicial srta. Shefield, se concordar com o valor posso começar a fazer os planejamentos.

- Sim, por favor – ela responde animada, enquanto que William olha de um para outro confuso.

- Mas os meus planos são bem melhores e...

- Desculpe William, mas tenho que discordar. A sua proposta foge do que Amanda está querendo trazer para o restaurante.

- Como assim? Eu trouxe tudo e muito mais – vejo Campbell suspirar irritado ao meu lado

- Esse é o problema, trouxe demais. Pelo que eu entendi Amanda quer algo familiar, mas ao mesmo tempo detalhista, algo marcante que faça com que os clientes voltem. E não que fiquem assustados pelo preço que vão encontrar em somente olhar para a fachada do restaurante.

Vejo Amanda concordar silenciosamente comigo, enquanto que William parece afrontado com as nossas respostas, mas isso parece ser assunto encerrado para Campbell que se levanta e estende a mão me ajudando a sair da cadeira.

- Minha assistente vai entrar em contato com você Amanda, o mais rápido possível e os detalhes serão resolvidos.

- Muito obrigada sr. Campbell

Saímos da sala e só quando entramos no carro que ele se vira para mim de novo, um sorriso brincando em seus lábios

- Tive muita sorte em não apostar nada com você

- Agradeça por isso

- Ah eu com certeza agradeço, mas me diga, como sabia disso?

- Digamos que eu apostei em uma ideia

Ele ri baixinho e vejo o motorista franzindo a testa de leve, guardo o tablet em minha bolsa e me encosto no estofado. Minutos depois vejo o celular dele acender com uma nova mensagem e ele logo responder em seguida.

- Como está as reuniões essa semana?

- Você tem duas reuniões marcadas

- Cancele elas, preciso ir para Filadélfia essa semana

- Tudo bem – cancelo as reuniões pelo celular e faço uma anotação para lembrar de ligar para Amanda e começar a escrever o contrato.

- Você virá comigo, dois dias no máximo

- O que? – desligo o celular e me viro no banco – Porque?

- Porque estou fechando contrato na compra de um prédio só que isso gera muita confusão e digamos que o dono está cobrando mais do que deveria, preciso de ajuda nisso.

- Eu posso tentar ajudar daqui mesmo

- Você vai espertinha, ponto final

Começo a resmungar, mas paro quando ele começa a sorrir como se tivesse ganhado uma discussão. Me viro para a janela e não tiro os olhos de lá até que sou forçada a sair do carro.

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