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Capitulo 11 - Tropeções e Mentiras

Ele ia me beijar

Ele ia me beijar

Ele ia me beijar? Eu ia beijar ele?

Não, claro que não, eu nunca faria algo assim. Eu não era tão idiota para arriscar o meu trabalho, de jeito nenhum.

Bato a cabeça no encosto do carro gemendo baixinho. Mas que merda, o que eu estava pensando? Em nada pelo visto.

Agradeço o motorista e desço do carro suspirando quando vejo meu prédio. Um dia e meio e já tinha me metido nas maiores das confusões, isso é bem o meu estilo mesmo. Mas se for pensar pelo lado positivo, eu consegui convencer Giliarde mudar drasticamente o preço, e agora Declan era o dono de mais um prédio imponente.

Ahh e também consegui sobreviver ao voo de volta, enfiei os fones no ouvido, e segurei o apoio para o braço com força, sem tocar em Declan no processo.

Declan......Argh.

Ainda mais isso, quem já se viu gostar de chamar o nome do chefe? Abro a porta e empurro a mala pela alça, vou direto para o sofá e deito minha cabeça tentando deduzir alguma coisa que não Declan Campbell, não vou muito longe por acaso.

Olho ao redor do apartamento e o vejo silencioso demais, me sento rapidamente no sofá e dou um sorriso.

- Jasper?

Silêncio

Opa, hora de colocar meu plano em prática

................................

- Olha só quem voltou – Jasper abre a porta e eu o olho por cima do livro que estou lendo – A garota viajante. Como foi a..... – Bum! – Que merda é essa?

Começo a rir da sua posição jogada no chão e ele olha ao redor de si antes de fazer uma careta para mim.

- O que você colocou aqui?

- Digamos que eu esfreguei bastante com cera

Meus braços estavam doloridos, mas depois dessa queda (que eu gravei a propósito) tinha valido a pena.

- Você é muito idiota

- Ah eu sou idiota? E a bomba de glitter? Eu fui parecendo uma discoteca para o aeroporto

Ele começa a rir e eu lhe mostro o dedo do meio, ele se levanta massageando a bunda e se joga ao meu lado no sofá, beijando minha testa.

- Tudo bem, agora me conta como foi

Então eu conto, mas deixo de lado o quase beijo, ou seja lá o que tenha sido. Essa história não é algo a ser contado, mas guardado a sete chaves.

.......................

Não gosto das sextas feiras, elas são estranhas, hora você fica animado porque está perto do final de semana, hora você fica chateado por que ainda precisa trabalhar mais dois dias.

Que enrolação.

Grampeio o conjunto de papeis e os coloco em cima da minha mesa, tudo tinha se organizado por meio de ligações com Amanda, então foi bem fácil terminar essa parte, agora só faltava as duas assinaturas.

Pego o tablet e risco um item da lista, subindo a página vejo a tarefa que menos gosto: escrever um e-mail para todos os colaboradores sobre a patente comprada por Daniel, e marcar uma reunião com todos eles, em um dia em que todos possam.

- Conseguiu acertar as coisas com Amanda? – pulo na cadeira com o mínimo infarto e finjo não ficar vermelha com sua proximidade apontando para as três vias do contrato sobre a minha mesa – Muito bem, posso assinar?

- Não, primeiro precisa ler, para ver se está certo

- Não preciso.... – O telefone começa a tocar e eu atendo rapidamente

- Escritório do sr. Campbell

- É Brown, poderia....

Desligo o telefone e me volto para Declan esperando que ele conclua sua frase, mas ele não conclui, na verdade ele olha com a expressão surpresa para mim e depois para o telefone

- Você acabou de desligar na cara de alguém?

- Era Brown, e a não ser que tenha mudado de ideia, vou continuar desligando

Ele ri e nega com a cabeça pegando os contratos, ele dá dois passos, mas para quando uma notificação de acesso chega ao meu computador, olho para ele e ele aponta para o elevador.

- Pode deixar que eles entrem, eles vieram concertar

- Concertar?

Dou acesso livre e dois homens entram na sala dizendo boa tarde e se dirigindo para a máquina.

Aquela porcaria de máquina

Me levanto e entro na sala de Declan com raiva, deixando a porta entreaberta

- Vai concertar? Tá falando sério?

- Eu preciso de café Kallie, e tenho certeza que você também

- Prefiro suco

- Prefere nada

- Você não sabe as minhas preferencias Declan – jogo as mãos para o alto irritada – Eu vou quebrar essa máquina de novo

- Não vai, porque não vou ficar pedindo café, prometo

Olho desconfiada para ele, e ele sorri inocentemente. Revirando os olhos saio da sala e fecho a porta vendo o serviço deles começarem e terminarem rapidamente alegando um parafuso solto.

Agradeço e lanço um olhar assassino para a máquina antes de continuar o que tenho que fazer

................................

- Florzinha, que bom ver você de novo

Dou um sorriso falso a Sônia enquanto ela desfila pela sala indo em direção a sala de Declan. Ela abre a porta com um floreio e eu faço uma careta com sua animação falsa quando encontra Declan.

- Olha só quem voltou – sua voz ainda dentro da sala é ouvida por mim, parece mínimos gritos irritantes – Como foi a viagem querido?

Reviso o e-mail corrigindo os erros ortográficos e clico em enviar, a mensagem sobe e logo em seguida estou livre da pior parte. Movo o pescoço relaxando e reviro os olhos quando Sônia me chama da sala dele.

- Florzinha

- Sim? – abro a porta e dou um passo para dentro e pela expressão divertida de Declan sei que não vou gostar do que vou ouvir.

- Poderia nos trazer uma xícara de café? – ela diz piscando os longos cílios, olho para ela piscando os olhos também.

- Ah sinto muito, mas a máquina foi quebrada......

Ela se vira para Declan triste com um beicinho e eu aproveito a chance para completar em tom baixo com uma expressão de raiva, olhando fixamente para ele

- Violentamente 

Ele ri e coloca a mão na boca fingindo uma tosse, dou meia volta e fecho a porta.

Café uma porcaria.

..............................

- Não precisa vim amanhã

Espera, isso é o que chamam de canto dos anjos?

- Como disse? – pergunto só para ouvi-lo dizer novamente

- Amanhã preciso estar em outro lugar, pode tirar o dia de folga

- Tudo bem

Termino de guardar minhas coisas com a maior calma possível, mas por dentro estou dançando como uma louca, pensando no dia inteiro só para mim.

- Tente entrar em contato com Amanda para ver qual é o melhor dia para ela assinar esses papeis – ele coloca as três vias em cima da minha mesa e vejo suas assinaturas.

- Não tem nada a ser corrigido?

- Não

- Tudo bem então

Ele fecha a porta da sua sala e eu o olho por cima do ombro enquanto ando até o elevador.

- É bom mesmo que tenha lido

- Porque acha que eu não li?

- Porque eu coloquei um valor menor do que você pediu no contrato

- O que? – ele pega uma das vias e vasculha, eu paro no meio do caminho e começo a rir da sua expressão. Quando ele chega na página do valor ele olha e estreita os olhos para mim – Espertinha

- Mentiroso

É claro que eu não ia mudar nada nos contratos, não sou idiota, mas pegar ele na mentira foi uma sensação incrível.

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