Renata SouzaO ronco baixo do motor do avião preenchia o silêncio desconfortável entre mim e Eduardo. Meu corpo estava tenso, minhas mãos entrelaçadas sobre o colo, os olhos fixos na pequena tela à minha frente, fingindo que estava interessada no mapa de voo. Mas a verdade era que minha mente estava em outro lugar, tentando ignorar a presença sufocante ao meu lado. Eduardo parecia confortável demais, reclinado em seu assento, uma perna cruzada sobre a outra e aquele ar de quem estava sempre no controle. Eu sabia que ele notava minha postura rígida, a forma como meu corpo se mantinha afastado do dele, como se qualquer aproximação fosse me queimar. E, de certa forma, queimaria. Foi então que senti sua mão pousar na minha coxa, firme e sem cerimônia. Meu corpo enrijeceu no mesmo instante, e segurei a respiração por um segundo antes de soltar o ar devagar, tentando não demonstrar a onda de nervosismo que percorreu minha espinha. — Você está tão afastada de mim — Eduardo disse, a voz
Jhulietta DuarteO voo foi longo, e apesar de ter conseguido algumas horas de descanso, eu ainda sentia meu corpo levemente dolorido do tempo que passei sentada. Assim que o piloto anunciou o pouso em Zurique, espreguicei-me discretamente no assento e ajeitei os cabelos, tentando me preparar para o frio que nos aguardava lá fora.Ao meu lado, Nicolas estava atrás de mim, ele mexia no celular, provavelmente resolvendo alguma questão de trabalho antes de desembarcarmos. Ethan, por outro lado, estava animado, observando a paisagem pela pequena janela do avião como se fosse sua primeira vez na Suíça.Assim que as rodas tocaram o solo, senti um alívio. Finalmente havíamos chegado.— Bem-vinda à Suíça, baby. — Nicolas murmurou atrás de mim. — Sinta-se em casa. Revirei os olhos com um pequeno sorriso.— Você age como se fosse o dono do país.Ele finalmente me olhou, um sorriso presunçoso brincando nos lábios.— Bom, eu sou dono de algumas partes.Balancei a cabeça, rindo. Nicolas sempre tin
Nicolas SantoriniAssim que entramos no restaurante, o aroma delicioso de ervas frescas e molho de tomate caseiro tomou conta do ambiente. O lugar era sofisticado, mas ao mesmo tempo aconchegante, com decoração clássica que remetia diretamente à Itália. Os lustres dourados pendiam do teto, iluminando as mesas elegantemente postas com toalhas brancas impecáveis e taças de cristal. Ethan estava animado, andando ao meu lado com um brilho nos olhos. Eu sabia o motivo. Ele adorava a comida do tio Luiggi tanto quanto eu. Ao chegarmos à recepção, uma jovem muito bem arrumada nos recebeu com um sorriso profissional. — Boa noite, senhores. Bem-vindos! Em que posso ajudá-los? — Poderia chamar o proprietário? — perguntei, cruzando os braços com um sorriso de canto. Ela pareceu surpresa por um momento, mas rapidamente se recompôs e assentiu. — Certamente, senhor. Um instante. A recepcionista se afastou e troquei um olhar divertido com Jhulietta, que parecia intrigada. — Você sempr
Nicolas Santorini O jantar no restaurante do tio Luiggi estava sendo exatamente como eu esperava: animado, delicioso e, claro, cheio de implicâncias entre Eduardo e eu. Era algo natural. Desde que nos conhecíamos, trocávamos farpas e provocações sempre que estávamos no mesmo ambiente, e aquela noite não seria exceção. — Nicolas, você mastiga igual a um velho rabugento — Eduardo zombou, enquanto cortava um pedaço da lasanha que tinha pedido. Levantei uma sobrancelha, fingindo indignação. — E você come como se estivesse fugindo de uma guerra, Eduardo. Diminua a velocidade antes que engasgue e eu tenha que salvar sua vida. — Se eu engasgar, Renata pode fazer a manobra de Heimlich — ele respondeu, dando um sorriso para ela. Renata suspirou, revirando os olhos. — Vocês dois parecem duas crianças brigando pelo último pedaço de bolo. Eduardo riu, se recostando na cadeira. — Quer que eu mostre a minha "criança interior" para você, Renata? Antes que ela respondesse, Jhulietta
Jhulietta DuarteO vento fresco da noite acariciava minha pele enquanto Nicolas guiava-me pelo píer até o barco. As luzes suaves refletiam na água tranquila, criando uma atmosfera mágica e intimista. Eu sentia meu coração acelerar, tomada por uma mistura de surpresa e encantamento.— Você realmente se superou dessa vez, Senhor Santorini — murmurei, entrelaçando meus dedos aos dele.Ele sorriu de canto, aquele sorriso presunçoso que tanto me tirava do sério, mas que também me fazia perder o fôlego.— Eu sempre me supero quando se trata de você, minha musa.Meu peito se aqueceu com suas palavras, e antes que pudesse responder, ele me ajudou a subir no barco. A embarcação balançou levemente, mas Nicolas segurou minha cintura, firme e protetor, garantindo que eu me sentisse segura.— Tudo bem? — ele perguntou, estudando meu rosto.— Sim, mas confesso que estou surpresa. Como conseguiu organizar tudo isso sem que eu suspeitasse?Ele piscou, travesso.— Eu sou um homem cheio de truques.O
Renata SouzaEu estava quieta, observando tudo ao meu redor, sem me esforçar para interagir. Ethan, por outro lado, estava animado como sempre. Seus olhos brilhavam enquanto se divertia com o padrinho.Eduardo, descontraído, brincava com o garoto de forma leve, mas ainda exalava aquela energia irreverente que eu já conhecia bem. Ethan parecia se divertir com o clima, mas eu… eu estava diferente.— Ei, Ethan! Adivinha o que eu vou te contar? — Eduardo disse, animado, cheio de expectativa.Eu sabia o que viria em seguida. Ele ia soltar mais uma daquelas piadinhas que, sinceramente, já não me arrancavam nem um mísero sorriso.— O quê, tio Edu? — Ethan perguntou, visivelmente empolgado.Balancei a cabeça e, com um suspiro, deixei escapar um “idiota”, sem me importar com quem pudesse ouvir. Eduardo, claro, não ligou. Ele fazia questão de ser o centro das atenções, mesmo que suas piadas não tivessem o efeito desejado.— Bem, você sabe o que dizem, né? — Eduardo começou, com um sorriso trave
Jhulietta DuarteO calor suave dos lábios de Nicolas contra minha pele foi o que me despertou. Pequenos beijos eram espalhados pelo meu pescoço, subindo até minha mandíbula, e depois descendo novamente. Um sorriso preguiçoso se formou em meus lábios antes mesmo de abrir os olhos.— Você realmente não cansa, não é? — murmurei, sentindo um arrepio gostoso percorrer meu corpo.— Nunca quando se trata de você, meu amor. — A voz dele era rouca, ainda carregada pelo sono.Abri os olhos devagar, encontrando os dele me observando com um brilho intenso. Nicolas apoiava o rosto sobre uma das mãos, debruçado ao meu lado, enquanto seus dedos deslizavam preguiçosamente pelo meu braço.— Devíamos levantar. — Minha voz saiu arrastada, sem muita convicção.— Para quê? — Ele arqueou uma sobrancelha.— Para buscar Ethan e explorar a Suíça! — anunciei, animada, espreguiçando-me.Nicolas franziu o cenho e fez um som de desagrado.— Ou… podemos aproveitar um pouco mais a nossa manhã. — O sorriso travesso
Voltar para o hotel depois de uma manhã incrível explorando a Suíça deveria ser o momento perfeito para relaxar, mas assim que Renata abriu a porta do quarto, eu soube que alguma coisa estava errada.Seus olhos evitavam os meus, e seu rosto trazia uma expressão indecifrável, uma mistura de preocupação e confusão. Ela tentou disfarçar, forçando um sorriso, mas eu a conhecia bem demais para cair naquilo.Troquei um olhar rápido com Nicolas, e ele entendeu na hora.— Ethan, vem comigo. Vamos para o quarto trocar de roupa — ele disse, pegando o filho pela mão.Ethan olhou para mim, como se questionasse se tudo estava bem, e eu apenas sorri.— Te encontro daqui a pouco, pequeno — garanti, vendo os dois saírem do quarto.Assim que a porta se fechou, virei-me para Renata e cruzei os braços.— Agora, desembucha, amiga. O que aconteceu?Ela soltou um suspiro pesado e afundou-se na poltrona próxima à janela, passando as mãos pelos cabelos.— Eu estou fodida, Jhulie — murmurou, balançando a cabe