Nicolas SantoriniMeu coração ainda estava acelerado. A imagem de Jhulietta pálida, tremendo e em choque, gravada na minha mente como uma maldita cicatriz. Eu nunca a tinha visto assim, nunca a vi tão vulnerável. O medo em seus olhos… O pânico… Aquela dor que ela carregava e que, até aquele momento, eu desconhecia por completo.Respirei fundo, tentando conter a fúria que ainda borbulhava dentro de mim. Se eu tivesse demorado mais um pouco para chamar a segurança, talvez tivesse feito algo que me arrependeria. Mas não. Eu precisava manter a cabeça fria. Já tinha tomado providências quanto ao desgraçado que a machucou no passado. Agora, havia outra questão a ser resolvida: Olivia.Jhulietta estava mais calma agora, mas ainda assim, deixá-la sozinha me deixava inquieto. Segurei seu rosto entre minhas mãos e olhei bem dentro dos seus olhos.— Preciso resolver uma coisa, meu amor. Mas Renata vai ficar com você. Está tudo bem?Ela hesitou por um instante antes de assentir.— Está tudo bem,
Jhulietta DuarteO teto do quarto parecia tão vazio quanto eu me sentia por dentro. Meus olhos ardiam, e o peso da noite ainda pressionava meu peito, tornando difícil até respirar. As imagens ainda estavam vivas na minha mente, e, por mais que eu tentasse afastá-las, pareciam presas em um ciclo sem fim. Cada detalhe, cada sensação… tudo me assombrava. O olhar daquele homem, a forma como meu corpo congelou, como se tivesse voltado no tempo. A impotência. O medo. Fechei os olhos com força, tentando sufocar as lágrimas, mas era impossível. A dor transbordava de dentro para fora, e antes que percebesse, o choro silencioso se transformou em soluços. Eu odiava me sentir assim. Odiava essa fraqueza que parecia me consumir. O colchão afundou levemente ao meu lado, e o calor familiar de Nicolas me envolveu antes mesmo que ele tocasse em mim. Não precisei abrir os olhos para saber que ele estava ali. O cheiro amadeirado, o som da respiração firme… Ele sempre chegava na hora certa. — Meu
Olívia MarquesCruzei a porta da minha cobertura com um sorriso vitorioso nos lábios. A sensação de ter estragado a noite perfeita de Nicolas e Jhulietta era simplesmente deliciosa. Eles podiam até achar que estavam acima de tudo, mas eu sabia que, no fundo, Jhulietta nunca passaria de uma garota quebrada tentando fingir que pertencia ao mundo dos Santorini.Deixei minha bolsa no sofá e fui até o bar, servindo-me de um bom vinho tinto. Meu celular vibrou no bolso, e por um segundo, achei que já fossem as primeiras notícias pipocando nos sites de fofoca. Mas quando vi a tela, franzi a testa. Era uma mensagem de um dos meus contatos dentro do departamento de polícia."Paulo foi preso. Sem fiança."Meu sorriso diminuiu, mas não desapareceu completamente. Não era bem o que eu esperava, mas, no fim das contas, isso não me afetava diretamente. Paulo aceitou o dinheiro para aparecer no jantar e cumprir sua parte no plano. Se foi burro o suficiente para ser pego, o problema era dele. Pois eu
Jhulietta DuarteAcordei com um cheiro delicioso de café invadindo o quarto, seguido pelo aroma suave de pão quentinho e frutas frescas. Meus olhos piscavam preguiçosamente quando senti o colchão afundar ao meu lado.— Bom dia, meu amor. — A voz rouca de Nicolas soou próxima, me despertando completamente.Virei-me para encará-lo e encontrei seu sorriso acolhedor. Ele segurava uma bandeja com um café da manhã caprichado: café fumegante, suco de laranja, torradas crocantes, ovos mexidos e uma pequena taça com frutas picadas. Mas o que realmente capturou minha atenção foi a única rosa vermelha ao lado do prato.Sorri ao pegá-la, levando-a ao nariz para sentir seu perfume delicado.— Assim eu vou acabar mal acostumada… — brinquei, levantando o olhar para ele.Nicolas se inclinou, tocando meu queixo com os dedos antes de roçar os lábios nos meus em um beijo suave.— Esse é o plano — sussurrou contra minha boca. — Quero mimar você todos os dias.Senti meu coração se aquecer.— Eu não sei o
Nicolas SantoriniA noite estava perfeita. O céu limpo e estrelado, a brisa fresca tocando levemente nossas peles enquanto caminhávamos para dentro do restaurante. Eu segurava a mão de Jhulietta, e Ethan andava ao nosso lado, animado, observando tudo ao redor com seu olhar curioso.O restaurante que escolhi para o jantar era sofisticado, mas ao mesmo tempo aconchegante. O ambiente era iluminado por luzes amareladas, criando uma atmosfera intimista. Um garçom nos conduziu até uma mesa próxima à varanda, de onde podíamos ver as luzes da cidade brilhando ao longe.— Esse lugar é lindo! — Jhulietta comentou, admirando a decoração.— Escolhi com carinho — sorri, puxando a cadeira para que ela se sentasse.Ethan sentou-se ao meu lado, mexendo nas figuras do cardápio infantil.— O que você quer pedir, campeão?Ele franziu a testa, analisando as opções como se estivesse decidindo algo extremamente importante.— Hmmm… acho que quero hambúrguer com batatas fritas.Ri, balançando a cabeça.— Nad
Nicolas SantoriniAo chegar na empresa, fui direto para minha sala. Mas, assim que abri a porta, vi Eduardo largado na minha poltrona, com os pés apoiados sobre a mesa e um sorriso despreocupado no rosto.Soltei um suspiro, fechando a porta atrás de mim.— Quantas vezes eu já te falei para não invadir minha sala como se fosse sua?Eduardo deu de ombros, sem se dar ao trabalho de se mexer.— Ah, relaxa, cara! Sua cadeira é confortável demais para eu resistir.— Eu ainda vou instalar um sensor que dispare um alarme toda vez que você pisar aqui sem ser convidado.Ele riu e, finalmente, tirou os pés da mesa, se ajeitando na cadeira.— Então, como foi o fim de semana? Jhulie está bem?Parei ao lado da mesa, soltando um suspiro antes de responder.— Está bem. Ela é forte… mais forte do que muita gente imagina.Eduardo me observou por alguns instantes, assentindo lentamente.— Ela é mesmo. Mas sei que tudo isso não tem sido fácil para ela.— Nem para mim — admiti, passando a mão pelo cabelo.
Renata Souza O dia tinha sido cansativo, como sempre. Ser professora exigia paciência, dedicação e um amor incondicional pelo ensino, mas havia dias em que até minha paixão pela profissão não era suficiente para aliviar o desgaste. Depois de passar horas corrigindo provas e preparando atividades para os alunos, tudo o que eu queria era um banho e uma noite tranquila. Por isso, depois de sair da escola, decidi passar no mercado antes de ir para casa. Comprei uma garrafa de suco de uva, já que não posso beber vinho, também comprei um pouco de chocolate. Sei que devido a gravidez deveria me alimentar bem, mas comer uma besteira uma vez ou outra é normal. Peguei o que precisava e fui para o caixa, sem muita pressa. Enquanto esperava minha vez, troquei algumas mensagens com Jhulietta, que me atualizou sobre os últimos acontecimentos. Suspirei, preocupada. Sabia que minha amiga era forte, mas a obsessão daquela mulher poderia trazer problemas. "Se precisar de qualquer coisa, me avise.
Jhulietta Duarte Dois meses se passaram desde que Renata teve um novo encontro assustador com o ex-marido, e agora estávamos prestes a embarcar para a Suíça. Eu nunca tinha saído do país antes, então minha empolgação estava no nível máximo! — Você vai amar a Suíça, mamãe — Ethan disse, ajeitando a alça da mochila no ombro. — A comida, as paisagens, o clima… — Isso se você conseguir sobreviver ao frio — Nicolas acrescentou, rindo enquanto pegava sua mala. Revirei os olhos e bati de leve no braço dele. — Eu sobrevivo, ok? Mas se eu virar um picolé, você me esquenta. — Isso é óbvio, minha esposa — ele respondeu com um sorrisinho convencido. Olhei para ele de olhos semicerrados. — Ah, então você já me promoveu de noiva a esposa? — É só uma mera formalidade — Nicolas deu de ombros. — Alguém me prometeu um casamento simples e romântico e estou contando com isso. — Você terá tudo o que quiser. — Sorri para ele. — Mamãe… Papai… — Ethan resmungou. Eduardo chegou naque