Isabella Souza Eu queria esquecer essa noite, mas não consigo, apesar da lição que dei ao engomado por me provocar, não consigo parar de desejá-lo. Passei a madrugada inteira me remexendo na cama, o sono não vinha, não somente pensando se alguém o achou e o tirou de lá, mas hoje é o dia em que desejo falecer todo ano. Mesmo não querendo, levanto-me da cama, as lágrimas inundam os meus olhos, caminho até meu closet e pego a caixa que ali guardo cada coisinha do meu filho, volto para a cama e retiro a tampa e o mesmo cheirinho de dez anos atrás me invade. Cada lembrança vem como um furacão desgovernado, pego sua coberta e aperto entre meus braços. Durante um longo período, perguntei a Deus o motivo pelo qual ele permitiu que tudo acontecesse. Puxo a respiração e sinto o seu perfume. Passo a mão na fotografia, que foi tirada de nós dois no hospital. No interior, ainda há um, tip top e o primeiro par de sapatinhos que ganhei da minha mãe. São tantos anos, mas mesmo assim a saudade
Damon Muller O caminho todo eu esbravejo devido a raiva que estou sentindo, pelo o que ela me fez, estaciono meu carro em frente ao café e atravesso a rua, eu nem bem piso na calçada, escuto um grito lá de dentro, e tenho a certeza que é a Isabella. Nesse momento eu esqueço a raiva e o porque vim até ali, corro e entro depressa. Quando atravesso a porta e a encontro sentada ao chão desesperada, ela está com olhos arregalados, com a mão a boca ela chora sem parar. Sem entender eu olho para suas funcionárias que também estão apavoradas. Faço sinal para que me digam o que está acontecendo, elas apontam para caixa em cima do balcão, então me aproximo e olho dentro qual é seu conteúdo. A olhá-la eu tomo um susto com quem se encontra dentro. Um feto morto envolvido em um cobertor. Isso só pode ser uma brincadeira de muito mau gosto. Tampo a caixa, vou até a Isabella e me abaixo na sua frente, ela está abraçada aos joelhos e se balança para frente e para atrás, peço para uma das mulhe
Isabella Souza Ao abrir aquela caixa, o medo e a dor tomam conta do meu ser. Eu sabia que, de alguma forma, ele estava de volta na minha vida, mas como? Eu não quero acreditar que ele seria tão louco a esse ponto. Agora tudo começa a fazer sentido, as rosas por dias, as ligações sem nenhuma palavra, a sensação de estar sendo observada. Como fui burra em achar que ele nunca me acharia, realmente está fazendo tudo novamente, as ameaças, que sofri, ainda caminham comigo permanente, o que mais o João quer de mim? O que ele me tirou não foi o suficiente. No momento em que o Damon me pegou no colo e trouxe para casa, a sensação que senti naquele momento foi de segurança, nossas brigas nada mais importavam, o olhar que dizia estou aqui para você me confortou. Minha angústia é tão grande, o medo me fez pedir para que ele ficasse. Eu só queria que tudo sumisse. — Me faz esquecer? Eu só preciso esquecer. Tentando compreender o que eu dizia. — Como? Vejo receio e dúvida na sua voz. — Só m
Damon Muller Tudo o que a Isabella acabou de revelar me deixou em completo choque, jamais imaginaria que ela teve um filho, e que o ex, na tentativa de se vingar dela, matou a criança e a mãe dela. Minha cabeça está explodindo, e depois de hoje, com certeza, eu admiro essa mulher. — Isabella, o que realmente está acontecendo? Ela levanta-se do meu colo, guarda a caixa com as coisas do filho, abre a porta do quarto, então eu a sigo. Quando chegamos à cozinha, ela começa a preparar um chá. — Você quer? Com movimento de confirmação. Eu a questiono novamente. — Por que você recebeu aquele bebê morto, Bella? Ficando nervosa, ela responde. — Porque meu ex é um maluco. Era para ele estar preso, mas pelo visto ele saiu da cadeia. — Como assim? — Ele foi condenado a dez anos de prisão. Mas deve ter saído antes. Ela aperta os dedos, mostrando inquietação. Eu nunca imaginei que ele viria atrás de mim depois de tantos anos, nem como ele descobriu que estou aqui, mas depois de
Isabella Souza Meu dia já estava uma confusão de sentimentos, dez anos da morte do meu filho e da minha mãe, a caixa com o feto morto, no que tenho certeza de que foi o maluco do João que mandou. Eu e o Damon juntos, agora meu melhor amigo e minha irmã me escondendo que estão juntos, esperava mais consideração deles, eles conhecem minhas neuras, sobre mentiras. — Vamos focar na Isabella, por favor? É Angel que se manifesta no meio de toda essa bagunça, me entregando um copo de água com açúcar e outro para Clara, que está chorando. — Me diz que não é o doido do João? Pergunta Clara, secando as lágrimas do seu próprio rosto. Suspiro e sento no sofá. — Tudo indica que sim. — Mas ele saiu já dá cadeia? Então era ele mandando as rosas e os telefonemas. — Só pode ser ele, quem mais seria tão louco de fazer tudo isso e me mandar aquilo justo hoje, que faz dez anos. — Amiga, não se preocupe, vou caçar esse miserável, e pode ter certeza de que adorarei fazer dele meu brinquedinho,
Damon Muller Há dias nós nos revezamos para vigiar a minha Bella, quer dizer, a Isabella, para que o filho da mãe nem pense em chegar perto dela. Reorganizei minha agenda para que hoje eu possa estar com ela no horário em que as aulas de dança terminarem. Sei também que ela conversou com a irmã e o Thomas e ele me disse que ela conseguiu processar melhor a informação do envolvimento entre ele e a Clara. Antes de sair do escritório, passo pela sala do meu pai, que continua ali. Dou duas batidas com os dedos no batente da porta. — Boa Noite, pai. Estou indo. — Oi, boa noite, você não quer ir jantar comigo e com a Laura lá em casa hoje? — Agradeço, pai, mas infelizmente não posso, eu fiquei de ver como a Isabella está. Preciso liberar o Luke que está com ela. Meu pai me olha e sorri. — Estou vendo que temos uma moça que está mexendo com esse coração aí. Fico surpreso com a afirmação do meu pai. — Não viaja, pai, eu não quero um relacionamento, a única coisa que está acon
Isabella Souza Esse final de semana, ele quer me levar para a casa do seu pai, pois tinha um almoço marcado. Eu disse que não precisava que ficaria com os meninos e minhas irmãs, mas ele insistiu. Quando o Thomas e a Clara falaram que vão ao zoológico com o Theo, Max mandou mensagem avisando que iria sair com uma dos seus contatinhos e pediu para eu ficar de olho em mim, o que me fez revirar os olhos, porque conheço meu amigo. Eu poderia muito bem ter ido para a mansão da Electra lá tem vários soldados, mas não teve jeito, Damon estava cedinho na porta do meu apê. Ouço batidas na porta, mesmo de pijama e com os cabelos todo emaranhados de dormir, eu sigo até a porta e, olhando pelo olho mágico, vejo ser ele. Dou uma ajeitada nos cabelos e passo as mãos nos olhos, espantando o sono. Abro a porta, ele está com uma bermuda de caqui, uma camisa polo preta, tênis social, óculos de sol, e meu Deus, como esse homem é lindo, de qualquer forma, não importa o que esteja vestido. — Bom d
Damon Muller Faz mais de um mês e não conseguimos encontrar o ex da Isabella, isso já está me deixando incomodado, onde será que está escondido? Eu a acompanho todas as noites em que estamos na boate, e várias vezes busco no estúdio, a fim de vê-la dançando. Quando eu não durmo no apê dela, ela está no meu. O corpo dela me hipnotizou, nosso desejo é intenso, jamais poderia imaginar que minha sócia, que vivia em pé de guerra, era, na verdade, a dançarina misteriosa. Isabella é uma mulher incrível, sei que jurei não repetir as mulheres, mas desde que ela entrou na minha vida, só tenho olhos para ela. A companhia dela é agradável, o sexo, então não sei o que fazer, não sei quais são os meus sentimentos, muito menos os delas. Percebi o incômodo dela, aquele dia em que a Maria falou que ela, sim, seria a moça certa para eu casar. Ela anda bem calada por esses dias, o comportamento dela está diferente, isso me deixa inquieto, então hoje decidi levá-la para jantar, para ver se consigo in