Hassan andava de um lado para o outro, impaciente. Ele encontrava-se em seu escritório em casa. Olhou para a porta sendo aberta e foi de encontro ao secretario Jahid.
–Então o que conseguiu?
–As noticias não são nada agradáveis – falou mostrando um relatório a ele – Os outros governantes querem tirar Abu-Dhabi de seu domínio. Temos que conseguir o apoio dos vizinhos Dubai, Sharjah e Ajman, mas o senhor sabe que para eles o único governante capaz de governar o seu reino, de forma sensata, é aquele que tem uma mulher ao seu lado.
–Eu sei – falou sério.
–O senhor tem que se casar o mais rápido possível.
–Sobre o apoio dos orientais, conseguiu?
–Não, eles estão inflexíveis e afirmam que as culturas são muito diferentes e, por isso, não querem firmar um acordo.
–Isso é ridículo. Deve ter outra forma de resolver isso.
–Podemos falar com os conselheiros.
–Chame-os agora mesmo – falou sentando em sua cadeira, viu o seu secretario sair e olhou o seu celular. Desligou ao ver não ter recebido nenhuma chamada ou mensagem de Lana. Minutos depois a porta foi aberta novamente, mas desta vez cinco anciões adentraram o recinto, sentaram-se em um sofá e esperaram Hassan começar a falar – Obrigado por terem vindo. Preciso saber como proceder nestas circunstancias: Meus inimigos querem me destronar enquanto a crise econômica começa a se expandir por falta de investimento dos orientais. Eles se negam a investir qualquer quantia considerável por temer a união das duas culturas. O que me aconselham a fazer?
–Primeiramente conseguir aliados – falou o primeiro ancião. –E acho que todos concordam comigo que deveria se casar, já passou da idade.
–O meu casamento não é a questão da reunião – falou sério – temos assuntos mais importantes para tratar.
–Eu não acho que o casamento deva ser excluído da pauta. – o ancião mais novo se pronunciou – vejo que está muito interessado no capital estrangeiro. Você deve se casar e isso é um fato, príncipe Hassan, mas como não escolheu nenhuma mulher árabe, vejo que a única alternativa é casá-lo com uma oriental. Com isso vamos conseguir o apoio deles e ainda mantendo o status de homem respeitável.
–E no que isso me ajudará com meus inimigos?
–O príncipe conseguirá mais aliados agindo desta forma.
Hassan parou para analisar as circunstancias, as quais estava submetido e não viu outra alternativa.
–Eu aceito. Secretario Jahid, procure todas as candidatas coreanas, cuja família seja importante e me traga um relatório sobre elas. Preciso disso para menos de uma semana.
–Sim senhor – Jahid assentiu, anotando o pedido do príncipe em sua agenda.
Hassan olhou para os homens sentados a sua frente e percebeu que pela primeira vez na vida, não queria estar naquela posição que ocupava. Ele teria que despedir-se de sua paixão o mais rápido possível, antes que ela descobrisse de suas intenções.
**********
Yoon Hee andava apressada pelas ruas de Seul, ela estava atrasada para seu emprego de atendente em uma loja de roupas de grife. Caminhava esbarrando-se nas pessoas, entrou no shopping e andou o mais rápido que podia com o salto alto. Entrou ofegante na loja indo de encontro à gerente.
–Desculpe-me pelo atraso, isso não acontecer novamente – Yoon Hee desculpou-se.
–Não vai mesmo – a gerente disse com um sorriso frio – você está despedida. Não foi a primeira vez e não será a ultima em que se atrasa, pode pegar as suas coisas e ir embora – falou dando as costas para ela.
–Hã? – a olhou surpresa, assimilando o que acabara de ouvir – isso não está certo – sussurrou- Isso não é justo – disse aumentando o tom de voz – eu sempre fiz tudo o que me pediu, mesmo não sendo da minha área. Terminei inúmeros balancetes para você e é assim que me agradece? Só porque atrasei algumas vezes, muito poucas por sinal. – disse séria – acho injusto que queira me demitir.
–Eu não quero te demitir, eu vou fazer isso – falou com um sorriso no rosto – já estava cansada de você atraindo as atenções por aqui. Se não sair agora, irei chamar os seguranças.
–Você não pode estar falando sério – falou cruzando os braços – não vou sair daqui ate que mude de opinião.
–Okay – pegou o telefone, falou algumas palavras e minutos depois dois homens adentravam a loja – é essa. Podem levá-la – disse aos seguranças.
–Ei... Me larguem – Yoon Hee gritava, debatendo-se na tentativa deles a soltarem – ei, me larguem. Vamos conversar, eu só quero meu emprego de volta – dizia ao ser carregada para fora da loja. Eles ignoraram os seus protestos e a jogaram no chão do lado de fora da loja, logo depois a sua ex-gerente apareceu jogando a bolsa dela ao seu lado.
–Não volte mais aqui, sim? – falou dando as costas a ela.
Yoon Hee segurou as lagrimas, pegou a sua bolsa do chão e levantou-se. Tentou ignorar os olhares que as pessoas lhe lançavam. Andou apressada ate a saída do shopping e assim que viu o céu azul, reluzente, não conseguiu segurar as suas lagrimas, chorou sozinha sem importar-se com os curiosos que a olhavam. Após trinta minutos, ao cessar suas lagrimas, foi para a estação de metrô, não demorou muito e logo estava em casa. Sua antiga casa ficava no local mais, bem, localizado de Seul enquanto a sua nova casa ficava na região mais barata. Sorriu ao comparar a sua antiga vida com a nova. Entrou em casa e viu os sapatos de sua mãe e irmã ainda do lado de fora.
–Cheguei – disse tirando seus sapatos e entrando em casa.
–Filha? Aconteceu algo? Você não deveria estar no trabalho? – uma mulher um pouco mais baixa que Yoon Hee, com cabelos pretos na altura do pescoço perguntou.
–Hã? Na verdade... Como posso dizer isso? – se perguntou ao olhar para a sua mãe – eu ganhei folga. Na verdade hoje era meu dia de folga, mas tinha me esquecido – riu de forma nervosa – estou com a cabeça cheia. Vou tomar um banho e descansar um pouco. – disse indo em direção ao quarto que dividia com sua irmã. Assim que abriu a porta viu um par de pernas balançando e sorriu ao ver sua irmã estudando em sua cama – Você deveria estar na mesa e não na cama – falou entrando.
–Oi – So-Yeon falou sorrindo – não deveria estar no trabalho a essa hora?
–Eu sei – disse com voz de baixa – isso não vem ao caso – foi em direção ao guarda-roupa, pegou uma peça de roupa e saiu do quarto sem responder a irmã. Entrou no banheiro, despiu-se lentamente e deixou a água quente cair sobre o seu corpo. Fechou os seus olhos e deixou suas lagrimas se misturarem com a água quente. Ela teria que conseguir outro emprego que pagasse tão bem quanto aquele e deixaria de lado, mais uma vez, o seu sonho de estudar historia. Parece que isso é uma sina- disse tentando sorrir. Saiu do banho, enxugou-se e se olhou no espelho. Ela não via mais a menina que antes gostava de sorrir, apenas via uma mulher com responsabilidades e obrigações, a qual não sorria com freqüência desde a morte de seu pai. Vestiu uma calça de moletom cinza, uma blusa branca simples e saiu do banheiro com seus cabelos molhados. Entrou no quarto e foi em direção computador, digitou rapidamente e logo estava procurando um novo emprego.
*****
–Como posso escolher entre essas mulheres? – Hassan se lamentou ao olhar para as fotos das coreanas – elas são todas iguais aos meus olhos.
–Sheik, tenha paciência – secretario Jahid disse sorrindo – leia os relatórios com calma e escolha a mais aceitável. Está tudo ordenado por classificação de importância e influencia.
–Certo – falou ao começar a ler o primeiro relatório – não posso me casar com ela. Ela nunca iria concordar com as minhas ordens e ainda é compradora compulsiva. – falou colocando a primeira pasta da pilha de lado.
–Compradora compulsiva? Não me lembro de ter algo assim.
–Está escrito: Nas horas vagas gosto de ir ao shopping para distração, tradução gosto de andar mostrando minha beleza por ai e gastando o dinheiro de minha família. Definitivamente a resposta para ela é não. – pegou o próximo relatório e começou a ler - está aqui é aceitável – colocou no lado esquerdo de sua mesa e assim continuou ate chegar ao ultimo relatório da pilha – essa Park Yoon Hee me parece ser interessante.
–Senhor... A família dela perdeu toda a influencia. Nem sei por que a coloquei entre todas as outras – disse estendendo a mão para pegar o relatório.
–Essa daqui... Poderia dar uma boa princesa para Abu-Dhabi. Ela é esforçada, sabe valorizar a imagem do homem na família, valoriza o dinheiro conquistado e ainda cuida de sua família. Ela é independente, respeitável e esforçada. Acho que acabo de entrar a nova princesa de Hassan al-Rashid. – sorriu ao olhar para a foto dela – ela se parece igual a todas as outras, mas espero que sua personalidade seja cativante. Prepare o meu jato particular, quero ir para a Coréia, ainda hoje. Quero conhecê-la e propor-lhe casamento o mais rápido possível. – ordenou ao secretario Jahid.
–Mas... Senhor... Tem certeza que quer alguém como ela? O senhor poderia escolher qualquer uma das moças mais ricas e influentes.
–Riqueza e influencia eu tenho. Só preciso de uma esposa oriental, correto? Então devo escolher alguém com qualidades para ficar ao meu lado. Prepare tudo, quero ir hoje, o mais rápido possível.
Jahid assentiu e olhou para o Sheik Hassan torcendo para que ele não se arrependesse de sua escolha mais adiante. Saiu para preparar os pormenores da viagem. Em poucas horas Sheik Hassan estaria de frente para Yoon Hee, sua futura noiva.
Sheik Hassan foi recebido por uma aglomeração de fotógrafos no aeroporto. Tentou se desvencilhar sem sucesso, precisou da ajuda dos seguranças para ir embora. A mídia encontrava-se curiosa em saber o motivo da ida do Príncipe Sheik árabe Hassan al-Rashid a Coréia. Assim que saiu do aeroporto entrou no carro preto que o esperava. Sentou-se no banco de trás e respirou aliviado.–Odeio visitar países diferentes. Os repórteres não me deixam em paz – confessou.–Cuidarei para que isso não aconteça – secretario Jahid disse olhando pelo retrovisor do banco do passageiro – devemos ir vê-la agora ou ir para o hotel?–Ao hotel. Quero tomar um banho e dormir
Yoon Hee ficou parada com os cartões em sua mão, mas ao ver a sua irmã parada a olhando, tentou sorrir.–O que o príncipe de Abu-Dhabi estava fazendo aqui? – So-Yeon perguntou a sua irmã.–Como sabe que ele era o príncipe?–Eu vi uma matéria dele na internet. Todo mundo quer saber o motivo da vinda dele a Coréia. Há muita especulação na mídia e juntando isso com o jeito calado dele cria-se um alvoroço.–Quando descobriu que ele era ele?–Quando ele disse o nome dele e logo depois o lugar de onde tinha vindo, foi fácil – disse dando de ombros &nda
O secretario Jihad olhava sem jeito para a mulher a sua frente. Yoon Hee não se parecia com a pessoa que ele imaginava. Ela estava demonstrando estar triste quase deprimida com o casamento. Eles estavam sentados em um café próximo ao trabalho dela. Em cima da mesa havia uma agenda, onde Jihad anotava tudo que achava pertinente, e duas xícaras de café, sendo que a dela estava intocada.–Tem algo errado senhorita Park? – Jihad perguntou ao vê-la pálida sem expressão.–Não.–Certo. Você tem alguma duvida antes de começarmos a falar sobre o casamento?–O Príncipe Hassan é um homem... Bom?
Seis dias haviam se passado desde o encontro de Yoon Hee com o príncipe Hassan. O casamento aconteceria no dia seguinte. Yoon Hee estava em seu quarto, arrumando a ultima mala quando So-Yeon entrou no quarto, sentando-se na cama.–Vou ficar com saudades – So-Yeon disse olhando para sua irmã – prometa que vai me ligar sempre.–Pode ficar tranqüila. Você não ficará livre de mim – disse sorrindo.As duas irmãs ficaram se olhando como se soubesse que não se veriam tão cedo. No olhar de ambas era possível ver a angustia e a saudade.–Precisa de ajuda, filha? – a mãe delas disse entrando no quarto – que clima é es
Após o casamento, Hassan e Yoon Hee dirigiram-se para o carro, o qual esperava por eles em frente ao hotel. Ao passar pela recepção, Yoon Hee percebeu os olhares curiosos que as pessoas lhe lançavam, afinal ela estava parecendo uma noiva, ao lado do príncipe e ao redor deles alguns seguranças os acompanhavam. Entrou no carro assim que saiu do hotel, concentrando a sua atenção na paisagem, enquanto Hassan encontrava-se sentado ao seu lado, em silencio.E agora? O que vai acontecer depois que ficarmos a sós? Não quero ir para a cama com alguém que não amo. Yoon Hee se perguntava em pensamento ao olhar pela janela do carro.–Yoon Hee? – Hassan a chamou com a sobrancelha erguida.–Hã
Yoon Hee ficou estática ao sentir os lábios de Hassan sobre os seus lábios. Os seus olhos demonstravam o que sentia naquele momento: perplexidade. Ela sentia Hassan apertá-la mais contra si, a língua dele passeava entre seus lábios, como se pedissem permissão para adentrar em sua boca. Seu corpo não sabia como reagir a aquela caricia.–Então será pelo modo difícil – Hassan disse com um sorriso no rosto, afastando-se dela – Sem problemas, adoro um desafio. – Ele sorriu, afastou o cabelo do pescoço dela e começou a beijá-lo. Passando a mão pela nuca dela enquanto mordiscava o seu pescoço, sorriu discretamente ao escutar um, tímido, gemido vindo dela – Você não poderá dizer que não está gostando depois disso.
Yoon Hee acordou sentindo o seu corpo dolorido. Abriu os seus olhos, lembrando-se da noite passada e logo seu rosto avermelhou-se. Ela virou-se e constatou estar sozinha em sua cama, procurou por algum vestígio da presença de Hassan e não encontrou nada. A única prova que a noite passada não havia sido o sonho, estava nos lençóis da cama. Uma pequena mancha avermelhada. Quando ia se levantar da cama, Kalima adentrou em seu quarto, com um sorriso no rosto.–Majestade – falou sorrindo – vim preparar o vosso banho.–Não precisa – Yoon Hee disse tentando se cobrir – é melhor você ir, qualquer coisa lhe chamo.–Não posso. Foi ordem direta do vosso esposo – falou indo e
Yoon Hee abriu os olhos e sorriu ao ver Hassan deitado ao seu lado. Levantou-se da cama com cuidado e foi para o banheiro. Tomou um banho rápido, mas ao voltar não o encontrou mais em seu quarto. Olhou para a porta de comunicação e a viu aberta. Deduziu que ele havia voltado para o seu quarto, suspirou. Vestiu-se com uma calça jeans, uma regata e saiu do quarto. Andou pelos corredores sem prestar atenção e quando percebeu havia se perdido. Olhou ao redor com o intuito de se lembrar de algo, mas sem sucesso. Viu uma porta entre aberta, andou ate ela e a abriu, vagarosamente. Entrou, sem fazer barulho e foi surpreendida por um homem usando, apenas, uma toalha enrolada em sua cintura.Ela gritou, assustada e virou-se, dando-lhe as costas. Escutou-o falando algo em árabe.–Eu n&a