Dinah demorou para encontrá-lo novamente, eram tantos colegas, mídias e curiosos que acabou demorando em deixar o salão e chegar até o setor privativo que acontecia a festa do evento.
Entre alguns parabéns e leves ameaças cordiais e normais do mundo dos negócios, Dinah e o seu advogado chegaram ao salão.
— Vai ficar um pouco mais?
— Apenas mais alguns minutos...
Dinah o avistou perto do bar conversando com um casal, a conversa parecia um tanto amistosa entre goles e risadas.
— Fico preocupado em deixá-la aqui.
— Plinio, aqui estou segura, pode ir e amanhã tudo volta ao normal. Eu quero apenas terminar esta bebida e bater papo com uma amiga.
Plinio a olhou estarrecido, mas se convenceu quando uma mulher baixinha e de corte chanel veio correndo em direção de Dinah, com sorrisos e abraços.
— Dinah! Belíssima festa e os prêmios da Fontanne! Que orgulho dessa mulher.
— Bondade sua… Olha quando acontecer o próximo chá das mulheres não esqueça de me chamar.
— Querida, o seu pedido é uma ordem. Aliás, sempre comunico a sua secretária que sempre fala que sua agenda é cheíssima...
— Ah, isso vai ter que mudar...
O advogado sabia que a chefe odiava aquele tipo de bajulação, mas não sabia quais as reais intenções da mulher, então se calou e se despediu deixando a chefe, ali entregue ao círculo social.
Dinah, fitou Benicio novamente, mas este não a enxergava de maneira alguma.
Então, veio um dos planos mais ridículos e talvez eficaz num lugar como aquele, mesmo não sendo mestre em simular, porém lembrou-se que uma vez funcionou com uma amiga do colégio e então colocaria em prática. Até mesmo por que não aguentava a conversa da mulher.
A loira se posicionou próximo ao trio e ouvindo a conversa do pequeno grupo que a mulher de corte chanel reunia ali em sua volta, foi então que, discretamente tirou um dos brincos e o deixou cair no chão. Com um toque do salto, empurrou na direção do trio, isso tudo bem discretamente e no tempo certo de agir.
— Querida, cadê o seu brinco?
Dinah fingiu não entender e passou os dedos na orelha esquerda.
— Óh, deve ter caído...
— Eles estavam agorinha aí, vamos procurar… Pessoal, vamos abrir espaço. Uma pérola caiu no chão… Um brinco lindíssimo. Vamos por favor, todos olhem no chão.
Algumas pessoas começaram a se mobilizar e a procurar entre eles garçons e até o casal, mas o rapaz foi que ficou parado, olhando aquele murmúrio que começou atrás das suas costas.
Benicio olhando aquela situação parou e fitou Dinah que parecia bem preocupada.
Dinah fingia bem.
Benicio deu dois passos para frente e encontrou a pérola, abaixou-se e pegou o brinco.
—Deve ser isso que procura.
Agora, Dinah teria tempo para avaliar melhor, o homem de ombros largos, de traços finos e olhos verdes, os fios do cabelos devidamente disciplinados.
— Sim, você a encontrou. Obrigada.
— Amiga que sorte! – disse a moça que mobilizou a todos minutos antes— Dinah é uma mulher de sorte… O caso aqui foi resolvido, querida. Eu já volto.
Dinah ainda o analisava.
— Parabéns pelo prêmio… O que é um grande prêmio perto de uma simples pérola – Benicio tinha um tom muito irônico e o que era para afastar a ricaça acabou criando um efeito ao contrário.
— Os dois tem valores, cada um ao seu modo- respondeu Dinah — Se fosse só pela sorte, essa já teria acabado porque já passa da meia-noite.
Aquelas últimas palavras da empresária, saíram sem querer, mas, para o jovem rapaz não surtiu efeito algum.
— Bom, mais uma vez, parabéns.
— Obrigada. Agradeço também por ter encontrado o meu brinco, boa noite.
— Boa noite.
Dinah não iria insistir, não ali naquela festa, e viu que teria que usar a estratégia que usava sempre. Educadamente deu ‘boa noite’ a todos e se retirou do lugar, quase escoltada pela mulher que a ‘ajudou’ sem querer na sua aproximação.
— Esse homem que achou o seu brinco, que homem lindo! Meu marido que não me escute – dizia rindo e se abanando com a mão esquerda.
— O que tem esse rapaz? – fingiu o desinteresse enquanto aguardava o motorista.
— Ele é publicitário, morava na Espanha… É filho de artista, acho que até já fez cinema quando era mais jovem… Ele se chama Benicio; Benicio Pavano.
— Nunca o tinha visto antes – ainda mantinha a falta do interesse
— Deveria sair mais vezes… Você é viúva, não está morta e é linda.
— Os negócios não me permitem e também jovens aventureiros não me agradam tanto...
— Homens como era o seu marido não existem mais… É uma pena, minha querida.
Dinah mudou o olhar ao ouvir aquelas palavras e pensou
Você não sabe de nada...nada.
Quando para o seu alivio, o seu carro chegou. Assim ficaria longe daquela bajulação noturna, levando consigo um nome, um alvo.
E no conforto do seu carro a caminho da sua casa, pensava em apenas um nome
"Benicio Pavano"
Dois dias depois...
— Aqui está o que pediu.
Plinio deixou a pasta vinho em cima da mesa de Dinah, assim que todos os diretores deixaram a sala de reunião.
— Como está o andamento da compra daquelas terras no Paraná? Já foram todos removidos?
— Estamos em finalização.
— Sem a força policial, assim espero.
— Aquela vez foi necessária, Dinah… As terras tinham sido invadidas e já pertencia ao grupo Fontanne.
— O problema depois é ter que fazer acordos com os abutres, abafar o caso com a imprensa e nas redes sociais. Odeio ter que fazer isso.
Plínio continuava em pé no meio daquela sala confortável, decorado por profissionais competentes. Esse foi o primeiro luxo que Dinah promoveu na Fontanne, mudando a sala e as áreas dos demais departamentos que pareciam sem vida e cores.
Depois mudou algumas direções, trazendo assim admiração de muitos e certos ressentimentos de outros.
Dinah parou de falar e olhou para a pasta, aquela pasta era um código, apesar de ter mais de dois anos que Plínio não entrava mais com aquela pasta na sala da presidência.
Plínio deu alguns passos para a porta de saída, mas antes de sair falou em um tom preocupado e deixou-a em cima da mesa.
—Tome cuidado.
—Você sempre fala isso e eu sempre digo que estou bem segura.
—Ele é diferente— disse Plínio.
Dinah pegou a pasta e não abriu, e curiosa o questionou:
—Diferente como? Gay?
—Não. Não se trata disso, ele é heterossexual. O que quero dizer é que ele não é ambicioso, a vida do rapaz é estável, digamos que ele quer mostrar para o mundo que pode conseguir as coisas pelo lado do bem, sabe… Ele é um sonhador.
Dinah abriu a pasta e viu a foto do Benicio numa campanha publicitária de óculos de sol de uma marca bem famosa, de alguns anos atrás. Ali naquelas folhas brancas, cheias de palavras, tinha escrito tudo que precisava saber. E, com um sorriso misterioso, a empresária disse:
—Gosto de homens sonhadores.
Plínio concordou balançando a cabeça e deixou a sala da presidência. Passou pela secretária e a avisou para não incomodar a Dinah nos próximos dez minutos, não passar ligações ou avisar da próxima reunião e que segurasse tudo até a dona da Fontanne a chamar.
A secretária executou a ordem sem maiores problemas.
Enquanto isso, Dinah começou a ler com maior atenção, como se estivesse com um contrato minuciosamente importante e de maior sigilo. Ali, na verdade, era um resumo da vida do seu mais novo pretendente.
E assim que leu, logo traçou um plano e continuou a sua rotina daquele dia, mas uma coisa era certa, ela queria vê-lo mais uma vez.
Um convite para dois.
Benicio fitava aquele convite há mais de dez minutos e ainda não sabia o que fazer. Era um pouco mais das seis da tarde e a agência já estava fechada e aquela noite não estava querendo nem ir ao barzinho, nem à academia.
Ele tinha em mãos um convite para um jantar na cobertura de Dinah Fontanne, a mulher que foi a grande premiada daquele evento e que perdeu o brinco bem perto de onde ele estava. Só que o que ele viu naquela mulher, além de beleza e classe, pode também sentir ambição.
E aquele jantar, o que poderia significar?
Mas, Benicio era um homem curioso apesar do seu modo como lidar com as situações da vida, principalmente a profissional. Aquele ero o único jeito de descobrir o que aquela empresaria queria.
Assim que decidiu, pegou o seu blazer esporte que estava no encosto da cadeira e vestiu por cima da camisa azul, pegou as chaves e deixou o escritório.
O trânsito daquela noite não estava tão carregado, chegou rapidamente ao bairro luxuoso e na hora marcada.
O edifício Garden era um dos mais modernos e discretos daquela região.
Benicio chegou e sua entrada foi liberada sem restrição desde a portaria até a cobertura, mas tudo era gravado pelo circuito de segurança.
Quando chegou foi recebido pela governanta.
— A dona Dinah está em um ligação. Ela logo irá recebê-lo. Entre e fique à vontade, senhor Pavano.
— Obrigado.
Benicio olhava em volta todo aquele ambiente e não se intimidou, ainda mais por ter sido criado no conforto até os dezesseis anos de idade, foi quando pediu para ser emancipado pela mãe para poder trabalhar e viajar para onde quisesse. Agora com trinta e dois anos, não estava arrependido de nada.
Mas, àquela curiosidade sobre aquele jantar e aquela mulher, era isso que ainda não estava entendendo. Apesar de já ter aceitado e agora estava ali, naquele apartamento luxuoso, esperando-a.
Dinah… Dinah Fontanne… O que essa mulher quer?
Dinah o observou por uns longos dez minutos enquanto ele estava ali parado na sala espaçosa, cheia de quadros e espelhos, peças de artes e um sofá de couro. Em algumas vezes, ela gostava de observar as pessoas que esperavam para serem atendidas, apesar de não gostar do voyeurismo, mas era como se pudesse ler o corpo das pessoas e através disso, descobrir algo a mais.Aquela noite, ela escolheu um vestido de tecido leve até a altura dos joelhos, o cabelos estavam soltos e levemente ondulados, perfumada e sem nenhum joia.— Boa noite, Benicio. Bem-vindo a minha casa.Dinah estava parada um pouco atrás dele, aproveitando o momento que ele distraidamente analisava um dos quadros.— Boa noite e agradeço o seu convite, apesar de que estou um pouco curioso sobre o motivo do jantar.— Sim, eu sei que está. Não gostaria de sentar?Dinah indicou para que se sentass
Três semanas depois...— Não dá pra acreditar!Os sócios estavam na pequena sala de reuniões da agência Dois cubos.— Estava tudo acertado – explicava Guilherme — A proposta, a ideia e o orçamento. Estava tudo dentro do que tínhamos fechado, só que ontem à noite, recebi um e-mail e o dinheiro da multa já está na nossa conta.— Dinheiro nessas horas não é nada. A campanha era nossa, voltamos à estaca zero, fora que ver a Dois cubos com um emblema pequeno naquele evento de esportes, não está me deixando nada contente.— Parece que somos os novos odiados ou estão nos tratando como moleques.— Estamos perdendo para clientes de longe, nem daqui são… E agora, Guilherme?— Não sei, Benicio… Precisamos mesmo p
Dinah olhou no relógio e eram exatamente dezenove horas, depois de um dia cheio e também muito agradável. Era hora de deixar aquele prédio e ir para o seu cantinho, até mesmo por que receberia uma visita e queria estar linda e perfumada.Dinah abriu um sorriso bobo.Contudo, àquela hora o prédio devia estar menos movimentado e era hora de descer. O motorista já tinha sido avisado quando ela dispensou a secretária poucos minutos atrás. Também já tinha ligado para a cobertura, avisando os seus planos para aquela noite.Agora, só faltava alguns telefonemas, mas isso ela faria no caminho até mesmo porque não queria que a ansiedade a dominasse.— Feliz, minha querida?Aquela voz intransigente de Jaques Fontanne, irmão de Arthur Fontanne. O seu maior adversário e um dos Fontanne's mais ambiciosos que Dinah te
O jantar.A mesa estava convidativa e muito bem alinhada. No ambiente tocava uma música calma, estilo bossa nova.— Então?— Eu assino o documento de fidelidade, estou disposto a embarcar nessa loucura, contando que pare de prejudicar a minha carreira.Dinah gostou do que ouviu e pegou o documento e a caneta e entregou a ele.— Você quer vencer por sua conta e eu quero alguns momentos. É uma troca perfeita e caso você quiser ficar outra pessoa, só quero que me avise com antecedência, está na cláusula.— Não vai ter ninguém — Benicio lia as duas folhas com algumas normas como, por exemplo, tudo que se passasse em quatro paredes, ele nunca, em hipótese alguma contaria para terceiros. Precisava atendê-la assim que fosse chamado e, se caso ele ouvisse ou participasse de algo ligado ao Grupo Fontanne, era para man
Dinah gostou da ousadia e ainda se mantinha por cima de Benicio.— Não vou esquecer — concordou sem desviar o olhar.Benicio com suas as mãos fortes, cercou e cintura de Dinah, sobre a seda delicada e moveu o corpo para beijar os lábios da mulher que invadiu aquele quarto e assim os seus pensamentos.O beijo cheio de paixão e promessas de que não seria apenas aquela vez. Ele estava muito interessado.Benicio tirou a camisola de Dinah com toda paciência e tranquilidade, quando o tecido estava em sua mão foi lançado para o chão.E, ainda sim, ela continuava por cima, abraçada a ele, sentia os lábios quentes em seu pescoço e o seu cheiro sendo exalados pela narina masculina, ficando ainda mais excitada ao sentir a excitação dele aumentando.— Preciso me livrar de uma coisa...— Eu ajudo — respondeu Dinah que foi
Porém, não aconteceu como Dinah queria que fosse. Enquanto sua secretária providenciava o voo e Lena arrumava a sua mala, ainda não tinha recebido o retorno de Benicio, sendo que ligou duas vezes e não tinha conseguido ouvir a voz dele.Contudo, sabia que ele estava na Dois Cubos, então poderia estar em alguma reunião e mantinha o celular desligado.Enviou mensagens e torcia para ele ler.Apenas, quando já estava no aeroporto, pronta para entrar no jatinho é que ele retornou a sua ligação.— Uma viagem às pressas Dinah?— Oi Benicio — responde Dinah se afastando da equipe de voo —Eu pensei se você não gostaria de me acompanhar nessa viagem. Voltaremos no domingo.— Eu não concordo numa coisa.Dinah na ânsia de saber a resposta do outro lado, nem respirou e Benicio continuou.— Eu n&at
O que eles não poderiam imaginar é que foram sim, seguidos e ela tinha sido sim observada um pouco longe do bangalô.— Ela está num bangalô?— Exatamente, senhor. É um conjunto e fica afastado do centro da cidade.— Está sozinha?— Tudo indica que sim. Ela deixou o hotel de madrugada e foi a praia sozinha também. O motorista a levou e voltou, só não sei qual bangalô ela ocupa.— Ela fez reserva pra despistar. Aquela vaca!— E o que faço agora senhor?— Pode voltar. Aquela vaca é dura na queda. Pensei que o motorista era o seu amante, mas pelo visto ela é estranha mesmo, como sempre desconfiei.— Sim, senhor Jaques.— A minha sobrinha está chegando hoje e não quero mais problemas, então volte logo, Igor e nada de gracinhas por a
Benicio sentou-se no sofá confortável daquela sala que tinha as janelas grandes e estavam abertas para uma vista maravilhosa da praia.Ele pensava naquela relação de dois estranhos íntimos, que dividiam poucas coisas, porém não dava dizer que era um relacionamento vazio, algo acontecia quando estava ao lado dela, quando atendia aos desejos dela. Era uma pena que ele começava a querer mais, pois aquela vida solitária não o agradava nem um pouco.Enquanto a esperava, trabalhou em seus projetos.Em alguns momentos, relaxou na rede, almoçou sozinho e viu o tempo mudar, o céu começou a escurecer e o céu azul começava a desaparecer.Mais de quatro horas e nem sinal da Dinah.A chuva começou a cair quando Benicio resolveu passear pela praia.***A reunião demorou mais do que ela queria, fora as mudanças