Dinah o observou por uns longos dez minutos enquanto ele estava ali parado na sala espaçosa, cheia de quadros e espelhos, peças de artes e um sofá de couro. Em algumas vezes, ela gostava de observar as pessoas que esperavam para serem atendidas, apesar de não gostar do voyeurismo, mas era como se pudesse ler o corpo das pessoas e através disso, descobrir algo a mais.
Aquela noite, ela escolheu um vestido de tecido leve até a altura dos joelhos, o cabelos estavam soltos e levemente ondulados, perfumada e sem nenhum joia.
— Boa noite, Benicio. Bem-vindo a minha casa.
Dinah estava parada um pouco atrás dele, aproveitando o momento que ele distraidamente analisava um dos quadros.
— Boa noite e agradeço o seu convite, apesar de que estou um pouco curioso sobre o motivo do jantar.
— Sim, eu sei que está. Não gostaria de sentar?
Dinah indicou para que se sentasse, assim, fez o mesmo na outra ponta.
Lena, retornou à sala trazendo uma bandeja com champanhe dentro de um balde de inox e duas taças e se retirou rapidamente.
— O meu assunto pode parecer um tanto estranho, porém se me ouvir até o final e quando compreender melhor o meu convite, todo esse receio vai desaparecer.
Benicio a analisava e estava mesmo curioso, só não sabia se poderia confiar naquela bela e sedutora mulher.
— Então vamos ao seu assunto.
Dinah seria bem direta para derrubar toda aquela confiança que Benicio ali nutria.
— Você está livre?
Benicio apertou um pouco os olhos, inclinou a cabeça olhou para o lado e voltou a encará-la. Era como se não tivesse compreendido aquela pergunta.
— Eu não entendi muito bem, dona Dinah.
— Primeiro, não precisa me chamar de dona ou senhora, nada disso, e você entendeu o que eu quis dizer, Benicio. Gostaria de saber se aquela atriz que passou o verão ao seu lado, ainda é algo duradouro.
— Como sabe dos meus relacionamentos?
— Digamos que preciso me inteirar melhor das pessoas em minha volta.
— Ah… Isso deve ser uma espécie de brincadeira, o seu marido sabe deste jantar?
— Sou viúva.
— Sinto muito, eu não sabia...
— Não precisa sentir nada, apenas responda a minha pergunta, Benicio.
— Achei que fosse um jantar de negócios.
— E será, quando começarmos a conversar melhor.
Mesmo assim Benicio ainda não tinha relaxado nem um pouco.
— Benicio, naquela festa eu estava com um grupo de empresários e era uma noite importante para a empresa e nada poderia sair errado naquela noite. E hoje, você está aqui. Sei que não me conhece, mas eu sei um pouco sobre você e gostei do que li. E o que eu quero perguntar, ou melhor, a proposta que tenho pra você é rápida, simples e muito objetiva.
Benicio continuou em silêncio, mas a encarava.
— Eu quero você.
Ela foi direta, sem tremer a voz e o seu olhar sempre direto nos olhos daquele homem.
Benicio demorou para compreender, sentiu a boca secar e o seu olhar se perdeu por alguns segundos.
— Desculpe, acho que não entendi muito bem.
— Eu vou explicar. Eu não quero que trabalhe para mim, mas vou precisar de você, sou uma mulher muito ocupada, passo horas em reuniões, longos jantares e poucas viagens de lazer, mas eu preciso relaxar, existem alguns clubes ou serviços para isso, porém não sou adepta. Eu prefiro escolher e fazer uma proposta amigável.
— É um caso? Você quer ter um caso comigo?
— Exatamente.
Benicio ficou agitado, levantou-se e andou de um lado para o outro.
— Isso não tem sentindo algum, você não me conhece e eu não a conheço.
— Eu li algumas coisas sobre você. Sei que é filho de uma atriz de teatro, nasceu na Espanha, morou por aqui e saiu de casa muito jovem, já fez campanhas publicitárias e tem uma agência de publicidade chamada Dois Cubos. Nunca foi casado, não tem filhos e aparentemente está solteiro.
— Eu não estou a venda.
— Mas, a sua agência só tem dois fiéis clientes e eu posso mudar esse quadro. E outra coisa, não se trata de venda, é apenas um acordo, um tempo para que possamos nos conhecer, mas veja bem não é um namoro e sim um acordo de duas pessoas adultas e desprendidas.
— Sexo.
— Sim.
Os olhares cruzaram-se. De um lado o fogo de uma decisão e do outro, ainda com muitas dúvidas e uma leve ironia.
— Sinto muito, Dinah Fontanne, mas comigo. As coisas não funcionam assim. Daqui a pouco, você aparece com roupas de couro e um chicote na mão achando que sou um brinquedo para satisfazer as suas vontades sexuais.
Dinah riu, na verdade segurou a risada alta e divertida que há muito tempo não dava.
— Não, Benicio! Não, isso não é um contrato de dominante e submisso, fique tranquilo. Essa foi engraçada.
— Mesmo eu ter feito você rir, minha resposta ainda é não.
Dinah então respirou, ajeitou-se melhor no confortável sofá.
— Eu ainda não quero desistir de você.
— Isso é alguma brincadeira?
— Não é uma brincadeira, porém pode ser um bom acordo para os dois. Eu posso ajudar nos seus negócios.
—Você estaria me comprando.
— Digamos que posso ser uma conselheira de negócios e levar você ao lugar que tanto deseja e nunca, ninguém irá saber da gente. Seremos discretos e prometo não invadir o seu espaço.
Os olhos de Benicio escureceram.
— Você quer a mim e a outros homens também?
— Se caso você ficar comigo, só serei sua da mesma forma que espero que fique só comigo, mas depois de um tempo você estará livre.
— A sua proposta é muito indecente. Você é bonita, é rica e não precisa nada disso.
— Quem decide isso, sou eu.
— Você só tem relacionamentos assim? Cercando, estudando e oferecendo coisas, isso é errado sabia?
— Benicio, eu só quero que fique um tempo ao meu lado, o que pode ser dias, semanas... Deixa o tempo rolar e tenho certeza que quando menos esperar, você e sua empresa crescerá e muito.
— Uma troca, por sexo? É isso?
Dinah olhou para Benicio que agora estava em pé quase na sua frente.
— Eu diria uma troca de interesses incomuns. Vai ser divertido, Benicio, acredite.
— E o que eu teria que fazer? Por exemplo, agora?
— Fique sem roupa.
Benicio ficou olhando para Dinah, procurando uma resposta à altura, contudo não vinha nada à cabeça, pelo contrário, estava com raiva só que não diria as palavras pesadas que vieram em sua mente.
— Eu não estou a venda. Boa noite.
Benicio deixou aquele apartamento sem olhar pra trás— Era um absurdo!
Ele prometeu que esqueceria aquele incidente...
Horas, dias e semanas depois, Benicio pensava naquela loucura de proposta até começar sentir os efeitos da sua escolha.
Apesar de admitir que a loira era uma mulher atraente que de uma garota risonha passava para uma megera. Porém, Benicio não queria fazer parte de um catalogo de conquistas daquela jovem mulher que agora invadia os seus pensamentos a qualquer hora do dia
Que loucura! Quem aquela mulher pensa que é?!!
Três semanas depois...— Não dá pra acreditar!Os sócios estavam na pequena sala de reuniões da agência Dois cubos.— Estava tudo acertado – explicava Guilherme — A proposta, a ideia e o orçamento. Estava tudo dentro do que tínhamos fechado, só que ontem à noite, recebi um e-mail e o dinheiro da multa já está na nossa conta.— Dinheiro nessas horas não é nada. A campanha era nossa, voltamos à estaca zero, fora que ver a Dois cubos com um emblema pequeno naquele evento de esportes, não está me deixando nada contente.— Parece que somos os novos odiados ou estão nos tratando como moleques.— Estamos perdendo para clientes de longe, nem daqui são… E agora, Guilherme?— Não sei, Benicio… Precisamos mesmo p
Dinah olhou no relógio e eram exatamente dezenove horas, depois de um dia cheio e também muito agradável. Era hora de deixar aquele prédio e ir para o seu cantinho, até mesmo por que receberia uma visita e queria estar linda e perfumada.Dinah abriu um sorriso bobo.Contudo, àquela hora o prédio devia estar menos movimentado e era hora de descer. O motorista já tinha sido avisado quando ela dispensou a secretária poucos minutos atrás. Também já tinha ligado para a cobertura, avisando os seus planos para aquela noite.Agora, só faltava alguns telefonemas, mas isso ela faria no caminho até mesmo porque não queria que a ansiedade a dominasse.— Feliz, minha querida?Aquela voz intransigente de Jaques Fontanne, irmão de Arthur Fontanne. O seu maior adversário e um dos Fontanne's mais ambiciosos que Dinah te
O jantar.A mesa estava convidativa e muito bem alinhada. No ambiente tocava uma música calma, estilo bossa nova.— Então?— Eu assino o documento de fidelidade, estou disposto a embarcar nessa loucura, contando que pare de prejudicar a minha carreira.Dinah gostou do que ouviu e pegou o documento e a caneta e entregou a ele.— Você quer vencer por sua conta e eu quero alguns momentos. É uma troca perfeita e caso você quiser ficar outra pessoa, só quero que me avise com antecedência, está na cláusula.— Não vai ter ninguém — Benicio lia as duas folhas com algumas normas como, por exemplo, tudo que se passasse em quatro paredes, ele nunca, em hipótese alguma contaria para terceiros. Precisava atendê-la assim que fosse chamado e, se caso ele ouvisse ou participasse de algo ligado ao Grupo Fontanne, era para man
Dinah gostou da ousadia e ainda se mantinha por cima de Benicio.— Não vou esquecer — concordou sem desviar o olhar.Benicio com suas as mãos fortes, cercou e cintura de Dinah, sobre a seda delicada e moveu o corpo para beijar os lábios da mulher que invadiu aquele quarto e assim os seus pensamentos.O beijo cheio de paixão e promessas de que não seria apenas aquela vez. Ele estava muito interessado.Benicio tirou a camisola de Dinah com toda paciência e tranquilidade, quando o tecido estava em sua mão foi lançado para o chão.E, ainda sim, ela continuava por cima, abraçada a ele, sentia os lábios quentes em seu pescoço e o seu cheiro sendo exalados pela narina masculina, ficando ainda mais excitada ao sentir a excitação dele aumentando.— Preciso me livrar de uma coisa...— Eu ajudo — respondeu Dinah que foi
Porém, não aconteceu como Dinah queria que fosse. Enquanto sua secretária providenciava o voo e Lena arrumava a sua mala, ainda não tinha recebido o retorno de Benicio, sendo que ligou duas vezes e não tinha conseguido ouvir a voz dele.Contudo, sabia que ele estava na Dois Cubos, então poderia estar em alguma reunião e mantinha o celular desligado.Enviou mensagens e torcia para ele ler.Apenas, quando já estava no aeroporto, pronta para entrar no jatinho é que ele retornou a sua ligação.— Uma viagem às pressas Dinah?— Oi Benicio — responde Dinah se afastando da equipe de voo —Eu pensei se você não gostaria de me acompanhar nessa viagem. Voltaremos no domingo.— Eu não concordo numa coisa.Dinah na ânsia de saber a resposta do outro lado, nem respirou e Benicio continuou.— Eu n&at
O que eles não poderiam imaginar é que foram sim, seguidos e ela tinha sido sim observada um pouco longe do bangalô.— Ela está num bangalô?— Exatamente, senhor. É um conjunto e fica afastado do centro da cidade.— Está sozinha?— Tudo indica que sim. Ela deixou o hotel de madrugada e foi a praia sozinha também. O motorista a levou e voltou, só não sei qual bangalô ela ocupa.— Ela fez reserva pra despistar. Aquela vaca!— E o que faço agora senhor?— Pode voltar. Aquela vaca é dura na queda. Pensei que o motorista era o seu amante, mas pelo visto ela é estranha mesmo, como sempre desconfiei.— Sim, senhor Jaques.— A minha sobrinha está chegando hoje e não quero mais problemas, então volte logo, Igor e nada de gracinhas por a
Benicio sentou-se no sofá confortável daquela sala que tinha as janelas grandes e estavam abertas para uma vista maravilhosa da praia.Ele pensava naquela relação de dois estranhos íntimos, que dividiam poucas coisas, porém não dava dizer que era um relacionamento vazio, algo acontecia quando estava ao lado dela, quando atendia aos desejos dela. Era uma pena que ele começava a querer mais, pois aquela vida solitária não o agradava nem um pouco.Enquanto a esperava, trabalhou em seus projetos.Em alguns momentos, relaxou na rede, almoçou sozinho e viu o tempo mudar, o céu começou a escurecer e o céu azul começava a desaparecer.Mais de quatro horas e nem sinal da Dinah.A chuva começou a cair quando Benicio resolveu passear pela praia.***A reunião demorou mais do que ela queria, fora as mudanças
Quando Dinah entrou naquele edifício da sua empresa, teve que deixar todo o seu lado emocional para trás. Mesmo após ter vivido momentos tão íntimos e lindos, ainda sim, não poderia vacilar, pois tinha um cargo, um sobrenome e uma empresa para comandar.Primeira pauta do dia na sala da diretoria.A reunião com os diretores para explicar as mudanças das negociações, o que deixou a mesa levemente imparcial com sua conduta. A presidente explicou que o futuro resort seria da companhia da mesma forma, assim como outros empreendimentos, mas alguns acharam a sua atitude um pouco arbitrária às leis da Fontanne.Depois de quase duas horas de conversas, a reunião foi encerrada, apenas para uma pausa para o almoço, já que as quatorze horas voltariam para discutir novos assuntos administrativos e estratégicos.Plinio mostrou estar do lado de Dinah, mas quan